sábado, setembro 30, 2006

Deslocalizações

Algumas vozes querem fazer-nos crer que os nossos baixos salários já não são assim tão baixos, daí o desinteresse do investimento estrangeiro (argumento para justificar a inexistência de aumentos). Que as fábricas fecham por cá e o capital foge para o Leste barato ou para os gigantes emergentes.
Que só nos resta o turismo, isto é, vender sol, mar e areia que não produzimos e que nem sequer nos pertence.
Pobres portugas! Caros demais como operários, só lhes resta buscar renda no servir hermanos à mesa.

Mas...

... Se assim é, por que é que a Honda resolveu expandir a sua capacidade de produção no norte da Europa, criando 500 novos empregos na sua fábrica no sul do Reino Unido e aumentando a força de trabalho local para um total de 5000 trabalhadores?
E por que é que estes mesmos empregos muitas vezes acabam por ficar nas mãos dos emigrantes portugueses que para ali foram à procura de salários mais altos?

Há aqui qualquer coisa que os modelos, finlandês ou não, não explicam.

terça-feira, setembro 26, 2006

segunda-feira, setembro 25, 2006

"The God delusion", por Richard Dawkins


O autor de "O gene egoísta" volta a atacar. Para grande desconsolo dos maluquinhos dos designs.

(clique aqui para vêr a entrevista com Jeremy Paxman)

quarta-feira, setembro 20, 2006

Em defesa do papa

O agnostico que sou a tal me obriga.

Da Metafisica dos Alquimicos

Em resposta excelente ao arrazoado de asneiras que por ai' se escreve, inclusive' nos jornais, uma frase simples de Ludwig Kripphal que esclarece quem ainda nao quis perceber:

E' aqui reside a grande diferença entre a ciência e os “ismos”. O criacionismo é a crença num conjunto de respostas, enquanto que a ciência é um processo movido pelas perguntas.
.

E tambem vale a pena passear pelo resto do blogue.

sexta-feira, setembro 15, 2006

Soool!

Amanhã sai o Sol.

JAS já anunciou que vai ser publicada uma sondagem sobre o pior presidente da República dos últimos 50 anos e avisou que o resultado vai ser uma surpresa.

Eu não conheço a sondagem mas deixem-me adivinhar: O pior presidente foi Mário Soares.

Não é de admirar. Soares é identificado como o pai do regime democrático e, para uma parte muito significativa dos Portugueses, a democracia é vista como uma chatice e a responsável por todos os males do país:

- A descolonização ( como se fosse possível contrariar os ventos da história e a vontade conjunta dos EEUU, URSS e China. Note-se que, uma vez instaurada a democracia, os defensores do império rapidamente esqueceram a atitude dos EEUU e rapidamente de adaptaram à nova situação e alaparam aos EEUU: massa e poder justificam tudo, nomeadamente uma boa dose de oportunismo realista )

- O PREC

- A reforma agrária ( sensata, para o tempo, e da autoria de António Barreto )

- A crise económica ( provocada pelos choques petrolíferos )

- A austeridade de 83-85 ( e a recuperação das finanças do país, liderada pelo competente Ernâni Lopes, numa coligação PS-PSD e que deu a Cavaco o dinheiro para distribuir as benesses dos seus governos )

- A queda de Cavaco ( provocada por crescentes múltiplos, de autismo e gastos excessivos )

- A imigração ( que substituiu a emigração dos tempos em que nem os Portugueses podiam sobreviver em Portugal )

- E finalmente o "vergonhoso" apoio dos "súcias" ao terrorismo e aos seus amigos, agora abrandado por Sócrates e Amado ( Freitas foi o último resquício )

Tudo isto tem uma figura associada: Mário Soares.

Deixem-me explicar: o miserável Estado Novo forjou um arranjo de interesses mesquinhos e medíocres que satisfazia as nossas "elites" e a nossa "classe média", que consistia essencialmente num funcionalismo de "mangas de alpaca".

Esse arranjo tinha o apoio de uma significativa parte de população com excepção de algumas minorias educadas e cosmopolitas e esmagava um povo afogado na miséria.

Só foi derrubado pela gueera de África e pelas aspirações corporativas dos Capitães.

Depois veio o inefável PREC e as desgraças associadas como a volta dos "retornados".

O PREC passou e a mentalidade do Estado Novo foi lentamente voltando. Hoje, quando e democracia é cada vez mais posta em causa, essa mentalidade está forte como não estava há 30 anos.

Essa mentalidade vota e sempre votou num partido, o partido que mais governou Portugal em democracia e que é, na verdade o principal responsável pelo país que temos hoje.

Aparentemente, o ciclo desse partido está a acabar, mas nem por isso a mentalidade dominante vai mudar.

Sócrates deve ter conhecido essa sondagem antes de apoiar Soares à presidência como forma de pôr a esquerda no seu lugar.

Pobre Sócrates, ganhou o poder mas não pode mudar de povo!

Mesquinhez, medicridade, saloiice, malandrice de carteirista: são as nossas características.

É bom que Soares perca.

Para alguns, basta virar a sondagem ao contrário para sonhar com um país de gente educada e honesta.

Pelo menos, aquece o coração.

terça-feira, setembro 12, 2006

Prós e amadores

A Comendadora Campos Ferreira tem pelo menos o mérito inegável de convidar as pessoas certas para os debates certos.

O facto de interromper excessivamente os convidados para formular as suas próprias opiniões ou de colocar perguntas simplórias não é relevante.

Importante é convidar as pessoas certas para os debates certos.

No de ontem, sobre o 11/9, terrorismo, etc. pôs do lado dos prós o Pacheco Pereira, um dos mais idependentes e eficazes defensores dos gajos que estão a conduzir a política Americana e que acreditam que Eva saiu de uma costeleta de Adão, ou, pelo menos, fingem que acreditam; e Helena Matos, outra franco-atiradora fanática mas relativamente independente.

Dos contras ( amadores ), Mário Soares e um casal de muçulmanos.

O Maroca está coberto de razão mas está velho e faltam-lhe a paciência para aturar a canalhice e no geral faltam-lhe a memória e as faculdades argumentativas.

Assim sim comendadora!

Veja lá se convidou a Sousa Tavares! O tanas! Eis um serviço público independente!

Ainda sobre a tortura

O tratamento que os EEUU dão aos prisioneiros suspeitos de terrorismo merece algumas perguntas comparativas:

Quantos prisioneiros Alemães; Italianos e Japoneses foram torturados pelos Aliados durante a 2ª guerra mundial?

Quantas torturas foram praticadas pela Inglaterra, em nome da auto-defesa, quando estava prestes a ser esmagada pela Alemanha na 2ª guerra mundial?

Quais os resultados práticos das torturas empregues pela CIA na obtenção de informações sobre o terrorismo?

E Israel? Tem torturado prisioneiros Palestinianos para obter informações?

Quando a Inquisição Católica torturava priosioneiros tinha como fim averiguar a verdade ou obter "confissões" convenientes?

Pode-se comparar a atitude Americana com os prisioneiros de Guantánamo ou Al-Gharib com a atitude da Alemanha Nazi, que torturava e matava os prisioneiros Soviéticos sob a desculpa de que a URSS não era signatária da Convenção de Genebra?

E os Franceses livres que combateram a Alemanha Nazi? As torturas e assassínios praticados pela Gestapo eram justificados pelo facto de a França se ter rendido à Alemanha Nazi?

A guerra ao terrorismo é uma guerra de propaganda, onde é fundamental retirar aos terroristas a base de recrutamento de que correntemente gozam.

Tal só pode ser feito se o Ocidente fizer juz aos seus pergaminhos de defensor da liberdade e da justiça.

Cada prisioneiro torturado é a certeza de dez novos inimigos no Islão.

A estratégia actualmente seguida na luta ao terrorismo é uma demonstração práctica do nanismo dos Ases e Bêses da política internacional.

Sejamos, no entanto, magnânimos. Quando eles acordarem da demência serão necessários para derrotar o terrorismo, tal como Atlee e Chamberlain acabaram por ser úteis para derrotar o Nazismo.

segunda-feira, setembro 11, 2006

domingo, setembro 10, 2006

Como?

O embaixador Americano em Lisboa afirmou que a CIA não tortura os suspeitos de terrorismo durante os interrogatórios.

A CIA utiliza, isso sim, medidas de coacção, que são medidas perfeitamente legais e aceitáveis por um juiz Norte-Americano.

Por exemplo, algemar um suspeito detido é uma medida de coacção.

Faltou uma pergunta na entrevista do Público:

Se a CIA não emprega métodos ilegais, porque é que não interroga os prisioneiros em território Norte-Americano?

E ainda outra pergunta: Quando a polícia Norte-Americana prende um suspeito, leva-o para o México ou para o Canadá para o algemar?

RIC

Uma pergunta pequenina:

Será que a Rússia, a Índia e a China temem um Irão armado com a bomba atómica?

Sede, de Odin Uzi

Tenho sede de viver.
Tenho sede de viver.
Mas não há nada à minha volta.
O sol do deserto encrua a minha pele.
Os reflexos na areia encandeiam-me os olhos, ferem-me a vista.
Não há nada à minha volta.
Mas eu tenho sede de viver.


Uma fonte!
Quero beber água dessa fonte, para saciar a minha sede.
Mas não brota água dessa fonte.
Brota um líquido que me arde na garganta, a cada gole.
Algo que me aflige, que ameaça sufocar-me, a cada gole,
intermitente, periódico, ondulatório.
Ardente. Aflitivo. Angustiante.
E a minha sede aumenta.


Os meus lábios estão gretados, a língua entumecida, os olhos salgados,
a testa a arder, as mãos emperradas pela areia, fina e seca.
Arrasto-me pela areia. Quero matar a minha sede.
Persegue-me a miragem, recorrente, da roda daqueles que me amam:
um oferece-me água;
mas o outro tira.
Acalmo a sede com esperança.


Um oásis!
Gozo a sombra das palmeiras.
Aproximo-me do poço.
Bebo a água, sôfregamente.
Mas depressa preciso de a racionar.
Permaneço no oásis, racionando a água, na companhia da miragem.
Envelhecem as figuras da miragem, aparecem novas.
Entretenho-me na sua companhia. E raciono a água.
Divido-a com as figuras, que aceitam e bebem, agradecidas.


Um dia, logo depois de acordar, vou ao poço matar a minha sede.
Mas a água desapareceu, existe apenas lama, húmida e espessa.
As palmeiras do oásis são de cartão.
Estou apenas num cenário de oásis.
Encho o meu cantil de lama.
E retomo o caminho.
Acompanha-me a miragem. Mas agora parece estar sempre longínqua,
Estou verdadeiramente só.
Engano a sede com a lama, espremo-a na boca.
Tenho o corpo coberto de feridas. Mil pulgas cobrem o meu corpo à noite,
sugando a vida da qual tenho sede.
E as feridas já não saram. A minha pele ficou branca.


Avisto agora uma miragem diferente.
A meu lado caminham agora vários anjos, nos seus bibes brancos.
Umas vezes riem, outras vezes choram.
Olham para mim com um sorriso.
Olham para mim apreensivos.
Olham à minha volta. Como se à minha volta houvesse outros como eu.
Como se eu fosse como os outros que estão à minha volta.
Como se, sozinho, eu estivesse acompanhado de muitos outros.
Muitos outros cantis de lama.
Atravessando o deserto.
Com sede de viver.

quarta-feira, setembro 06, 2006

Ironia do destino

Ainda bem que Al Gore "perdeu" as eleições de 2000.

Assim, teve de ser Bush a lidar com as consequências do 11 de Setembro e a fúria e dor dos Americanos.

Fê-lo da pior maneira e, apesar de todo o dinheiro investido em propaganda, a maré está a mudar.

Em 2008 a demência vai desocupar a Casa Branca e vai ser substituída por uma boa dose de razão e, principalmente, de sentido de responsabilidade.

Louvado seja Deus!! Os seus desígnios são insondáveis.

segunda-feira, agosto 28, 2006

Recordação de Mombaça

É uma daquelas historietas do tempo dos impérios. Reza a mesma que uma expedição holandesa a Mombaça, com o legítimo intuito de resgatar a praça do domínio português, encontrou resistência inesperada por parte da guarnição local.

Na esperança de evitar uma luta prolongada que depauperasse as suas forças, tornando a futura ocupação impraticável, o comandante flamengo propôs ao seu correspondente português que se resolvesse a questão por meio de combate singular; escolhia-se o mais forte entre cada um dos exércitos e quem ganhasse levava a cidade para o seu lado.

Dizem que a isto o 'nosso' comandante concordou, mas com uma ressalva: que o outro escolhesse não um mas dois soldados para a contenda "pois é sabido que um português vale pelo menos por dois holandeses".

Esta estória de basófia vem a propósito das últimas novidades de Timor.
Apesar da presença em território timorense de mais de 2000 soldados e polícias australianos, estes não só demonstraram ser incapazes de reestabelecer a ordem pública como até muitas vezes se vêem na contingência de solicitar a ajuda de alguns dos cerca de cento-e-tal militares da GNR para ali enviados pelo governo português.

Sem pôr em causa a competência da Guarda na resolução de situações de controlo de multidões, parece-me irrazoável que tanto músculo austral se desperdice em operações de voyeurismo impertinente.

Será por isso que Mombaça ainda ficou nossa por mais uns anos?

quarta-feira, agosto 23, 2006

Marbella, mal perdes por esperar

Tem 48 anos e vem de França, onde vive do rendimento mínimo garantido. Depois de perjúrio (queixou-se de violação), é suspeita de homicídio do dono da embarcação onde viajava, motivado pelo roubo da mesma. Supõe-se que mantinha relação de incesto com o cúmplice, já que se afirma sua irmã.

Antes do naufrágio, parece que "C.C." (como a imprensa lhe chama) escreveu um postal à mãe onde se manifestava encantada com o país, o qual lhe recordava "a Espanha de há 30 anos".

Mal posso esperar pela desafectação da reserva natural da costa vicentina e o navio de progresso que finalmente aqui aportará.

Vox dei

No Público de hoje, à pergunta "concorda com o envio de tropas portuguesas para o Líbano?", Delmira Mateus,
artesã de 56 anos, respondeu com toda a cidadania:

"Acho que, se as tropas vão, é porque é de livre vontade. Ninguém as obriga a ir. Mas, se eu tivesse um familiar meu na tropa, não queria que fosse."

Esta foi a melhor tirada contra o fim do S.M.O. que eu já ouvi em anos.

sábado, agosto 19, 2006

Gases anglo-saxónicos e o restaurador Oilex

No seu blogue, Paulo Querido destacou há dias que

"O primeiro-ministro australiano John Howard anunciou medidas de um plano mais vasto para diminuir os efeitos nocivos da excessiva dependência energética do petróleo. Entre elas avulta o financiamento da conversão dos veículos para o gás liquefeito, GPL. (...)"

Por sua vez, no Causa Nossa, Ana Gomes que deu-nos conta de quem aquece as costas aos australianos quando estes rejeitam liminarmente a recomendação de Kofi Annan para uma missão militar da ONU em Timor-Leste.

Ora, porque razão não haveriam os E.U.A. e o Reino Unido de o fazer já que do que interessa também vai sendo tudo decidido?

O que é preciso é instabilidade para que os rapazes da Oilex consigam trabalhar em paz. E os timorenses que se danem.

sexta-feira, agosto 18, 2006

"Sátira de bloguista leva empresa a suspendê-lo"

Dava um belo título. Mas não é bem assim.

atenção: isto hoje vai corrido a linques para tudo e tudo

A notícia vem no Independent de hoje.

Parece que o senhor em questão, Inigo Wilson, escreveu num blogue do partido conservador (ConservativeHome) um pequeno glossário com o qual pretendia ridicularizar alguns dos chavões usados diariamente pela esquerda britânica bem-pensante.

Esperava-se a mesma reagisse, com a falta de sentido de sentido de humor que lhes é característica, mas quem acabou por liderar a campanha contra a anedota foi um outro website, desta feita o do forum da Comissão de Assuntos Públicos Muçulmanos, Muslim Public Affairs Committee (a tradução está saloia, eu sei), incitando o público a queixar-se ao empregador do sr.Wilson, a Orange Mobile Company (!).

Os senhores da Orange ainda se tentaram defender argumentando que nada tinham que vêr com as opiniões pessoais de um assalariado seu. Mas o estigma de 'racista' com que a empresa se viu ameaçada parecia ter mais força e assim acabou por suspendê-lo das suas funções de... relações públicas.

Só que, ao que consta, os lóbistas, longe de causar algum incómodo, até acabaram por fazer um favor ao operador de telecomunicações. Ora vejam...

quinta-feira, agosto 17, 2006

O inefável JoaoMiranda

sim, esse mesmo

Aqui, no Verdade ou Consequência, e em primeira mão, o site do profissional.

O multi-culturalismo

Um amigo contou-me a seguinte bizarria, passada há duas semanas numa free house em Inglaterra.

'Era um quadro encantador: alguns ingleses de ambas as idades e todos os sexos acabavam de regressar de uma dessas manisfestações espúrias contra o "terrorismo israelo-americano".

Sentaram-se à minha frente com a disposição aparente de dever cumprido. Entre eles, uma mulher repelente vestia uma t-shirt com piadinha cáustica anti-bush. Havia também um barbas envergando com [duvidoso] orgulho, o amarelo e verde com a AK-47 e tudo do logo do Hezbollah.

Depois de algumas pintas de bebidas fermentadas, uma das mulheres do grupo, companheira de outras causas, colocou-se em dúvida e começou a falar qualquer coisa que não percebi acerca dos direitos das mulheres muçulmanas. Não deve ter sido considerado
kosher pelos outros pois foi imediatamente interrompida pela camarada anti-bush: "Desculpa mas estás a ser racista. Não podes julgar o mundo pelos teus olhos ocidentais. É uma outra cultura, precisamos respeitar a sua especificidade. E não penses que nós aqui estamos melhores!"

Puxei de um cigarro e provoquei a tosse convulsa daquela mesa ainda antes de o acender.
"Não," pensei, "de facto, não estamos".
'

O Síndroma de Jerusalém

No artigo Proche-Orient : les illusions calamiteuses d'une géopolitique surréaliste, publicado no Figaro de 8 de Agosto, André Glucksmann levanta oportunamente a questão da hiperbolização das tragédias no Médio Oriente na percepção da opinião pública mas desilude quando acaba por perder-se em considerações de umbigo de mundo.

O que o filósofo francês parece esquecer é que a culpabilização ocidental em torno da questão palestiniana também se alimenta do conflito entre a suposta superioridade moral europeia e o ultramontismo norte-americano - uma das muitas heranças da Guerra Fria da qual ainda vai custar para nos livrarmos.

Quando 200 000 muçulmanos são mortos no Darfur por outros muçulmanos, como refere Glucksmann, quem no Ocidente se dá ao trabalho que a indignação obriga já que nenhuma potência mediática, daquelas que despertam paixões nos moralistas anacletos e nos neo-coisos de serviço, se quer envolver?

Defesa de Günter Grass

O homem em causa é daquele género pessoas que me metem medo: um moralista angustiado e sem sentido de humor. Posto isto, vir a saber-se agora que, na verdura da juventude, o sr. Grass acabou alistado pelas Waffen-Schutzstaffel da caveirinha, em lugar de me aquecer, arrefece-me.

Ademais, ensina aos bons cristãos uma parábola qualquer que há mais alegria no Céu pelo estróina arrependido que pelo penitente de toda a vida.

quarta-feira, agosto 16, 2006

O sexo dos anjos

Excertos de um artigo publicado na revista Atlântico, Agosto de 2006, da autoria de Tiago Cavaco:

«DARWIN E OS ESQUELETOS DA HUMANIDADE

No debate entre criacionismo e Evolucionismo, os darwinistas trocaram o velho barbudo que criou amorosamente o Planeta Azul [...] A sutentabilidade do enredo é precária e não cria empatia nos leitores. Nós participamos na discussão.

Não é bonito nem excitante descrever uma cronologia do debate entre o Criacionismo e o Evolucionismo. É contudo certo qual das duas teses chegou primeiro. [...]

A Europa sente em relação à América um vazio do tamanho de Deus.[...]

somente um Francês demasiado adormecido à sensibilidade religiosa do país mais competente do mundo (os EUA, os EUA) pode admirar-se com o vigor académico do Design Inteligente. [...]

sustentar o Design Inteligente não é o mesmo que sustentar a interpretação científico-literal do relato do Génesis. [...]

A minha abordagem [...] é a do testemunho. [...]

A partir desse momento sob a teoria da evolução pesou explicar como é que um macaco se faz um homenzinho. [...]

A resistência criacionista [...] foi reagregando-se. [...]

A década de oitenta [...] traz um novo plantel à equipa. E com orçamento reforçado (há quem acuse que os avanços criacionistas resultam de um financiamento suspeito por parte dos sectores americanos mais conservadores). [...]

o criacionismo do autor deste texto é objector de consciência. Não entra em guerras. [...]

Sou a pessoa errada para defender com competência a Criacionismo na imprensa respeitável nacional. [...]

Aos darwinistas não convém o optimismo. O planeta vai para o maneta por isso Deus deve ser despedido por incompetência grosseira. Quão mais ateu o espírito mais ecologista será. [...]

a certeza do esgotamento dos recursos naturais pressupõe a ineficácia da intervenção divina. [...]

Logo a responsabilidade permanece em exclusivo no discernimento humano e por isso o futuro é negro. [...]

ainda não é Al Gore o sustentador da atmosfera terrestre.[...]

O bom cristão deverá relembrar que é Deus quem ainda manda na geringonça. E que ela só avaria se Ele permitir. [...]

o que todos desejamos é vender as nossas teses sobre o Apocalipse. A única concórdia é sobre a necessidade de o guião colocar no último episódio muito pranto e ranger de dentes. Os fiéis pela via da impenitência dos pecadores, os darwinistas pela incontinência dos consumidores.

Os darwinistas arreliam-se. Com cada letra criacionista publicada, com cada dólar investido na defesa do Design Inteligente, com cada Liceu americano que ousa colocar o bom Charles lado a lado com o Bom Deus. Como contornar o facto de que os darwinistas se têm tornado nas últimas décadas pessoas apreciavelmente desagradáveis? [...]

O darwinista é o que sobra de um Hobbes sem crença na Eternidade. A melhor pedagogia para os darwinistas não é sequer convertê-los aos cristianismo. Ensiná-los a divertir-se já seria óptimo. Descontrair. Respirar fundo. Enquanto há ar.

O darwinismo começa a soçobrar [...]»

O revivalismo xiíta (*)


Vicente Jorge Silva mostra-se surpreendido, no DN de hoje, com o facto de até a Time, ('insuspeita', de facto) opinar que a concertação entre Hamas, os vários Hezbollah que para aí há e a Al-Caida é apenas aparente e nada tem a vêr com terrorismo.

De facto, é infelizmente costumeiro para os ocidentais remeter a origem dos conflitos no mundo muçulmano para os tais "reais ressentimentos islâmicos" da propaganda anti-americana. Costumeiro e conveniente para ambos os lados: o "nós contra eles" não requer explicações e acelera decisões. Pelo contrário, analisar instala a dúvida, inimiga da acção.

O que na revista americana se aflora é o que em outras publicações apesar de menos visíveis é discutido com maior nitidez: no xadrez da região as agendas dos vários poderes diferem bastante entre si e a imagem de um Islão unido contra o Grande Satã serve principalmente a quem se quer impor como líder da putativa união.

Esta estratégia do inimigo exterior não começou com Nasser ou outros nacionalistas árabes; muito antes disso, foi no cisma que empurrou sunitas e xiítas para uma luta pela supremacia religiosa (em que já califado e o sultanato se confundiam) que encontrou a sua origem. Mas a vantagem de que os sunitas gozaram até hoje, que em muitos casos, se traduziu em opressão da seita minoritária, tem vindo a ser ameaçada. Existe um ressurgimento xiíta que, embora até possa encontrar paralelo na revolução iraniana de '79, nunca até agora conseguiu extravasar as fronteiras do estado persa, ao que não é estranho o facto de nos países tradicionalmente inimigos de Israel a maioria da população ser sunita (como sunitas também são os árabes da Palestina e do Hamas, pelos quais Teerão só chora quando lhe convém).

No jogo de influência sobre os milhões de almas que habitam o espaço muçulmano não ganha quem infligir mais derrotas militares aos E.U.A. e os seus aliados. Para ganhar a liderança basta mostrar iniciativa e capacidade de enfrentar o inimigo, pois a manipulação das emoções dos "ressentidos" já é exercício de poder de facto.

Na guerra actual, tal como durante séculos na Europa (onde também a religião comandava a vida), o combate é, antes de mais, pelo pragmático título de "Defensor da Fé".

foto: George W. Bush e o seu aliado sunita, o rei Abdul da Arábia Saudita, em Crawford, Texas (Associated Press, 2002)
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(*) título roubado ao livro de Vali Nasr, The Shia Revival: How Conflicts Within Islam Will Shape the Future , W W Norton & Co Ltd (2006)

Os Florentinos

Agora que toda a gente já sabe que 'tudo não passou de um plano', repito o que já havia escrito a 27 de Julho, 'inda a guerra corria célere e ninguém falava nas Sheebaa Farms...

(...) não há qualquer sinal de radicalismo com perigo de ascensão em Israel. Pelo contrário, as reacções israelitas seguem uma lógica, maquiavélica talvez, mas puramente militar.

O objectivo israelita é bastante concreto: "limpar" tanto quanto possível a zona de bases do Hezbollah e obrigar a comunidade internacional a legitimar a reocupação de parcelas do sul do Líbano para que aí se reestabeleça um perímetro de segurança ao norte (1).


Nas próximas semanas veremos quem de facto ganhou a guerra.

terça-feira, agosto 15, 2006

Olhó choque de civilizações que para aí vai

Muito pela mão do rei Maomé II, os marroquinos têm visto surgir em debate as leis que pretendem reformar o estatuto da Mulher e da condição familiar naquele país muçulmano. É mais um dos projectos a realizar num processo de democratização lento mas firme e que, ao contrário de outros países mais a sul ou a levante, promete vir a tornar-se bem-sucedido.

Ao mesmo tempo, no Reino Unido, e no rescaldo do susto de quinta-feira passada, várias organizações islâmicas moderadas acabam de sugerir à Secretária para as Comunidades Ruth Kelly que, entre os seus, venha a ser permitido [ou reconhecido?] o estabelecimento da lei islâmica no que concerne ao casamento.

"É preciso mostrar aos jovens que o nosso país respeita a sua religião e assim evitar que caiam facilmente na propaganda daqueles que pretendem a sua radicalização".

Os líderes muçulmanos contudo ressalvam que, apesar desta subtracção ao direito civil de todo o pai de família que queira manter a mulher ou a filha com rédea curta, não é do seu intuito a futura imposição da sharia como substituto do código penal britânico.

Pessoalmente, não sei se valia a pena tanta contenção; uma inglesa que um dia se visse no risco de ser passada a fio de espada podia sempre refugiar-se num sítio mais civilizado. Como por exemplo, Marrocos.

segunda-feira, agosto 14, 2006

Dos blogues dos outros

No Dolo Eventual:

A machadada politicamente correcta
(...)
É politicamente incorrecto fumar, nem que seja fechado em casa. É uma coisa que nos torna piores pessoas, com dificuldades de discernimento mental grave, que se nos colocam sempre que temos de decidir entre um cigarro, ou a necessidade imperiosa de salvar uma criança pendurada de um penhasco que ameaça ruir a qualquer momento.
Para a UE todos nós fumadores iríamos decidir pelo cigarro e isso torna-nos cidadãos a perseguir.

É uma lógica de esforço comum da sociedade. Na realidade eles gostam de nós e querem integrar-nos. Querem poder novamente contar connosco nos cafés e restaurantes que entretanto deixámos de frequentar porque não se podia lá fumar.
Por isso é natural que as empresas nos desconsiderem (eu queria mesmo dizer discriminem, mas deve ser ilegal) e prefiram aqueles grandes malucos que comem o iogurte com bifidus activus com a colher da sopa, fazem corridas de cadeiras ou que têm a audácia de misturar café normal com café descafeinado, lá no escritório. Esses sim sabem viver sem fumo...

Esses sim, são os que vivem no verdadeiro perigo, e é dessa gente criativa que as empresas precisam, e não de gente como nós que fuma que nem cavalos, que vai morrer mais cedo, que não vai cumprir os mínimos olímpicos da segurança social, e logo não vai ajudar no futuro de algum filho da mãe de um preguiçoso que pode muito bem ainda nem ter nascido.

Prometo que se precisar de ir a alguma entrevista de emprego no futuro, me vou pintar de preto, insistir que tenho 82 anos, que sou uma traveca hindu, mas que não fumo.... só para ver se alguém tem coragem para me discriminar.

sábado, agosto 12, 2006

Um corno em África

Desde a queda do regime marxista de Siad Barre que a Somália é um país faminto e ingovernável. A confirmá-lo, as saídas de sendeiro do contingente de marines norte-americanos (primeiro sancionado e mais tarde substituído pelas Nações Unidas), em 1995, após dois anos de numerosas baixas e total fracasso nos seus respeitáveis objectivos: auxílio humanitário à população; desarmamento dos vários senhores da guerra que aterrorizavam o país e estabelecimento de um governo federal que unificasse os vários territórios entretanto em estado de autodeclarada "independência".

E nunca mais se ouviu falar daqueles desgraçados. Até que...


Em Junho deste ano a "capital", Mogadíscio, suportou uma batalha sangrenta entre uma espécie de "frente unida" dos fora-da-lei que haviam anteriormente combatido as N.U. e o novo poder em ascenção: as milícias islamitas do Conselho de Tribunais Islâmicos (a única forma de lei dos últimos 15 anos). Os antigos senhores da guerra, apesar de agora serem apoiados pelos E.U.A. (!), acabaram por perdê-la.

As milícias islâmicas, que desde sempre apoiaram as acções da Al-Caeda, partilham desde então com os restantes senhores da guerra não só o controlo do território somálio como o desprezo pelo governo federal interino do presidente Abdillahi Yusuf e do primeiro-ministro Mohamed Ghedi.

Entretanto, alguns jovens foram abatidos a tiro por se encontrarem a assistir às cerimónias de abertura da Copa do Mundo de Futebol. O futebol foi então proibido. Filmes considerados "maléficos" também.

Numa tentativa de evitar que o frágil governo interino fosse de facto derrubado (e não só por isso, claro...), a Etiópia fez entrar as suas tropas no país, o que levou os islamitas a suspender as negociações anteriormente encetadas enquanto houvesse militares estrangeiros presentes em território nacional...

A intervenção fez unir os somálios em torno do Conselho de Tribunais Islâmicos e prevê-se agora uma guerra "oficial" entre a Etiópia e a Somália. O governo provisório é para esquecer e os vizinhos quenianos temem o alastrar do conflito e do fundamentalismo para o seu próprio território e clamam por uma intervenção estrangeira.

Faz lembrar algo?

O número da semana

13,000 é o número de madraças no activo no Paquistão.

Grande parte destas escolas religiosas prega a jihad aos seus estudantes. Os estrangeiros acorrem em massa e muitos desses são cidadãos britânicos que vieram "visitar a família".

quinta-feira, agosto 03, 2006

Ainda a República Democrática do Congo


Mesmo na improbabilidade de que os senhores que irão ganhar as eleições naquele país (só daqui a algumas semanas se saberá quem) venham a visitar esta humilde tribuna, deixo aqui um conselho amigo: façam um favor ao vosso sofrido povo e tirem lá o 'democrática' do nome da república. Está mais que está provado que dá azar.

foto: contagem dos votos em Kinshasa, 31 VIII 2006, via BBC News

A propósito de números


Paulo Gorjão vem falar aqui da propaganda feita pelos lados em conflito no Líbano à volta da divulgação de números de vítimas, acabando por evidenciar a completa incoerência da opinião pública ocidental na posta seguinte.

De facto, há guerras que dão para o espectáculo televisivo e conversas de café, principalmente quando há potências mediáticas metidas ao barulho. Outros conflitos existirão - alguns dos quais envolvendo os "povos esquecidos" de que falava em tempos o prof. Adriano Moreira - onde, por via da insignificância estratégica ou material, ou por conveniência dos estados, as câmeras não agigantam os mortos e só os próprios choram por aquele terço de crianças.

Por causa das eleições no domingo, vem-me agora à cabeça o antigo Zaire. Podia argumentar-se que a cobertura dada ao longo dos anos aos acontecimentos no Zaire/República 'Democrática' do Congo tem sido mais do que suficiente para a tomada de consciência do público sobre a desumanidade ali reinante.

Para onde quer que se olhe na história do país, os números são impressionantes: só de 1885 a 1908, e enquanto propriedade privada do rei Leopoldo II dos Belgas, dez milhões de congoleses morreram vítimas da exploração colonial.

Mais recentemente, e mesmo já depois da deposição do carniceiro Mobutu, quatro milhões de pessoas viriam a morrer, vítimas das guerras e perseguições em que o país se viu mergulhado entre 1994 até domingo passado.
Isto, só nos últimos dez anos, dá qualquer coisa como dois terços de holocausto nazi (uma unidade de massacre tão válida como qualquer outra) a passar-nos à frente dos olhos na era dos blogues e das guerras em directo. Ao contrário dos 28 mortos de Caná, não chegou para nos impressionar.

No passado dia 30, finalmente, os congoleses foram a votos nas primeiras eleições multi-partidárias de sempre realizadas no seu país. Para trás, espera-se, ficou um dos passados mais sangrentos de qualquer percurso africano em direcção à democracia.

Iguais ao Congo, existem inúmeros conflitos e estados autoritários numa permanente produção de vítimas em boa parte do nosso planeta. Como agora até parece mal não dizer, "muitas delas são crianças". Porque sim, irei tentar neste blogue fazer um esforço despretencioso para lembrá-los, quantificando quando possível as terríveis consequências na "população civil", sem qualquer preocupação de periodicidade ou ordem de putativa importância.

Foto: "Pol Pot's Art", Steeve Gosselin, 2003

terça-feira, agosto 01, 2006

Intervalo da guerra

(ou nem por isso)

A cadeia de electrónica a retalho britânica Currys vai começar a vender ao público painéis solares para conversão doméstica de energia eléctrica.

Com umas formidáveis 3.87 horas diárias de sol (média anual), o Reino Unido torna-se o primeiro país a colocar à disposição do consumidor final, e em troca de GBP 1000 (menos de 1500 Euros), a hipótese de poupar algum dinheiro a si próprio, bastante ao país em particular e uma quantidade apreciável de fósseis ao mundo em geral.

Pena é que em Portugal chova tanto. De qualquer modo, aquilo faria o telhado tão feio.

Morrer em Bagdad

A mantança diária no Iraque não é generalizada, ao contrário do que se podia pensar. Os grupos armados sunitas e xiítas que semeiam o terror no dia-a-dia iraquiano são bastante específicos na escolha das suas vítimas civis. Isto levou a que população de Bagdad, num esforço de habituação a esse quotidiano, tenha encontrado formas de normalizar o absurdo dos assassinatos dando-lhes rótulos apropriados. Alguns exemplos escolhidos aleatoriamente, e sem qualquer preocupação de precedência:

-Morto pelo Pão. Os padeiros são considerados inimigos do Islão porque fornecem esse alimento às forças policiais. As padarias são um dos sítios preferidos dos atentados bombistas.

-Vítima da Moda. É difícil sair à rua em Bagdad com qualquer trapinho. O encarnado está proibido por ambas as guerrilhas islâmicas; calções, t-shirts, e camisas com padrões também; qualquer peça de vestuário minimamente americanizada (jeans, ténis) equivale a pintar um alvo na própria cabeça.

-Vítima da Escola. Segundo os radicais xiítas, as mulheres não podem receber instrução. Todas as famílias que permitem às suas crianças do sexo feminino ir à escola estão sujeitas a intimidações e, em já alguns casos, a várias balas.

-Morto pela Barba. Outro paradeiro comum de bombas. A barbearia é uma profissão de risco pois os barbeiros, lá está, fazem a barba e não pode ser porque as barbas são sagradas. Empunhar uma gillette é um convite ao petardo.

E os americanos? Por absurdo também vão morrendo, por absurdo também vão matando.
O praça Steven D. Green, acusado da violação e homicídio de uma criança de 14 anos e da morte de todos os membros da família dela, disse a quem quis ouvir que "no Iraque, matar pessoas é como pisar uma formiga, quero dizer, mata-se alguém e é tipo, 'Ok, vamos comer uma pizza'".

sexta-feira, julho 28, 2006

Isto é grave

Os E.U.A. rejeitaram a declaração do Conselho de Segurança que condenava Israel pelo bombardeamento do posto de Khiyam da UNIFIL, Força Interna da ONU para o Líbano, que resultou na morte de quatro observadores (Canadá, Áustria, China e Finlândia)

Kofi Annan já se tinha queixado que este ataque ao "seu" posto de observação havia sido deliberado. Por isto, deve entender-se que o secretário-geral das Nações Unidas considera que fará parte da estratégia israelita mover guerra às Nações Unidas.

O míssil teleguiado usado no ataque foi fornecido pelos E.U.A., país que recusa o cessar-fogo na região.

Conclui-se que, por acordo tácito, faz parte da estratégia americana fazer guerra às Nações Unidas.

E agora, José?

quinta-feira, julho 27, 2006

... Outra na ferradura

Na semana em que os Estado Unidos se recusavam a exigir o cessar-fogo imediato no Líbano, o ministério de defesa britânico anuncia que dois airbus americanos carregando várias toneladas de bombas com destino a Israel fizeram escala em território nacional sem a devida autorização.

E o genocídio em curso no Sudão?

Quase meio milhão de pessoas (número de Abril de 2006) mortas pela milícia Janjaweed e pelo governo sudanês na região de Darfur.

Se calhar, por os assassinos serem tão muçulmanos quanto as suas vítimas, já não há "perdas civis" a lamentar.
E se calhar por serem "pretos" também ninguém se escandaliza.

quarta-feira, julho 26, 2006

O cessar-fogo visto pelos israelitas


A posta deste auto-didacta é, para variar, imbecil (até porque vem elogiada por estes) e atira completamente ao lado: não há qualquer sinal de radicalismo com perigo de ascensão em Israel. Pelo contrário, as reacções israelitas seguem uma lógica, maquiavélica talvez, mas puramente militar.

O objectivo israelita é bastante concreto: "limpar" tanto quanto possível a zona de bases do Hezbollah e obrigar a comunidade internacional a legitimar a reocupação de parcelas do sul do Líbano para que aí se reestabeleça um perímetro de segurança ao norte (1).

Mesmo após a retirada das IDF do Líbano, em 2000, e enquanto o mundo desviava os olhos para o que acontecia em Gaza, os cães raivosos do Partido de Deus continuaram a sua guerrilha contra o estado judaico, num não-mata-mas-mói de rockets atirados ao acaso sobre o norte de Israel.
Só quem não viu isto não consegue entender que os israelitas não iriam esperar muito mais tempo por uma intervenção do governo libanês ou das NU para a dissolução definitiva da milícia xiíta (como determinado pela resolução 1559/2004).

Do ponto de vista militar, a única solução era clara mas politicamente tornava-se complicada de executar. As IDF tinham (e têm) capacidade de invadir o Líbano quando quiserem mas haveria maior interesse que a ocupação dos territórios fosse sancionada e, se possível, efectuada por forças neutras.

A clara "desproporcionalidade" da reacção foi o meio de atingir esse fim, até porque uma intervenção dita "cirúrgica" não surtiria efeito a longo prazo, pois para uma guerrilha com livre implantação no terreno, o ressurgimento é rápido.
Pelo contrário, os bombardeamentos sobre todo o território libanês permitiram a Israel primeiro, castigar o governo daquele país pela sua inoperância e mostrar a outros interessados a sua capacidade militar e, em segundo lugar, preparar a mini-invasão terrestre que obrigaria a comunidade internacional a enviar as tais forças da ONU ou NATO para a região de que agora todos falam...

Haverá muito ódio à solta por aqueles lados mas em questões de estratégia, nem árabes nem judeus deixam o coração governar a cabeça, independentemente daquilo das "opiniães" que alguns analistas de pacotilha possam ter mas fazendo sempre o maior uso possível dos idiotas úteis que apareçam.

imagem "A new design for the flag of the state of Israel", (c) Shimon Tzabar (2002)
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(1) A estratégia, aliás, é decalcada do passado, no caso um território minúsculo na confluência das fronteiras israelita-libanesa-síria conhecido como "Sheebaa Farms".

domingo, julho 23, 2006

O "mercado", a globalização e a Chantagem

Tenho ouvido várias pessoas queixar-se que para vencer hoje concursos, as empresas praticamente fazem o trabalho quase de graça, ou mesmo de graça.

Isto aplica-se principalmente a concursos lançados por outras empresas.

Como é que se ganha dinheiro hoje em dia, ou quem?

Existem outras formas mas as empresas que vendem produtos de grande consumo continuam a vender bem, enquanto que reduzem os custos com fornecedores.

Empresas de electricidade, telecomunicações e coisas assim são as que mais ganham ( para além dos produtores de matérias primas e outras commodities ).

Percebem porque é que querem privatizar as águas?

A razão para esta situação reside no facto de haver muito menos fornecedores do que clientes, ao contrário do que acontece com os fornecedores destas empresas, geralmente em maior número que as próprias empresas.

Nunca como agora foi tão bom ser grande.

Esta situação leva a uma "feudalização" do mundo em que vivemos.

Os "feudos" são as grandes empresas e os privilegiados são aqueles que nelas trabalham ( porque aí os empregos são para toda a vida ).

Os desgraçados são os outros.

Entretanto o comum dos mortais é presa de uma chantagem: tem custos fixos a suportar que não vão parar de crescer. Mas se não trabalhar numa grande empresa cada vez mais terá de trabalhar mais para ganhar cada vez menos.

Exerce-se assim na prática uma chantagem das empresas referidas sobre o remanescente da sociedade.

A vingança contra a classe média ocidental continua, e é implacável.

Globalização II

Uma empresa Europeia construiu uma obra de engenharia colossal numa das maiores economias emergentes.

O governo do país Europeu pagou a construção e desenvolvimento da dita obra na esperança que a economia emergente ( e outras ) quisesse comprar mais obras semelhantes.

O governo da economia emergente não aceitou a obra e não pagou a sua parte baseado na existência de defeitos ( menores ) na obra. Mas pô-la a uso, claro.

Alguns meses depois, cópias ilegais da mesma obra, feitas por empresas locais, começaram a ser compradas pelo astuto governo.

Globalização I

O responsável de uma empresa Nórdica gabava-se de que a sua empresa não negociava em certos países, apesar de serem bastante atractivos, porque aí não se respeitava a propriedade intelectual.

A dita empresa tinha acabado de ser comprada por uma empresa Americana.

Um mês depois, não só a nova administração tinha tomado a decisão de produzir os produtos da empresa no dito país como já tinha deslocalizado parte da produção e os utilizadores dos produtos da dita empresa já se queixavam de erros infantis provocados por ignorância e incúria que prejudicavam o funcionamento dos seus próprios produtos.

sexta-feira, julho 21, 2006

Separados à nascença?

Ambos querem a "bomba", ambos desprezam o Conselho de Segurança.
Mas acho que o primeiro não acredita em virgens.
Sieg Heil!

O "direito" ao estacionamento

Anda por aí muita gente preocupadíssima com a recente legislação a aplicar aos parques privados de estacionamento, nomeadamente aquela que permite ao utente pagar ao quarto de hora em lugar de uma hora inteira.

Umas vezes os senhores protestam porque pretendem defender a iniciativa privada - o estacionamento, esse motor da nossa economia - contra, imagine-se, a prepotência com que o governo interfere no seu sagrado lucro; outras, parece que a grande indignação é resultado de temerem (acertadamente) que essa iniciativa privada possa muito bem vir a compensar as tais perdas de lucro indo directamente aos bolsos daqueles que não passam sem andar pela cidade de cú tremido.

Não poderia haver melhor exemplo em que a propalada ideologia se casa perfeitamente com o interessezinho pessoal.

quinta-feira, julho 20, 2006

Ah, pois é... (parte B)

Apesar dos esforços chineses para suavizar o texto da resolução, a Coreia do Norte mostrou-se irritada com a condenação aos seus testes de lançamento de mísseis pelo Conselho de Segurança das N.U.: respondeu logo avisando que continuará a aumentar o seu arsenal e ameaçou que as sanções aprovadas por unanimidade poderão sim conduzir a uma Segunda Guerra da Coreia.

Isto foi na segunda-feira e parece-me que não poderiam ter escolhido melhor altura...

Onde estão os soldados raptados?

Segundo um ministro israelita, os bombardeamentos efectuados no Líbano já destruiram metade da capacidade militar do Hezbollah.
A acreditar na realidade deste sucesso, conclui-se que existe uma probabilidade de 50% de que os dois soldados das IDF estejam neste momento espalhados por todo o lado.

Ah, pois é...

"Irão garante mais uma vez que continuará a enriquecer urânio"

in Público, hoje

quarta-feira, julho 19, 2006

Líbano: The Phoney War

Como muito bem recorda Francisco José Viegas ontem no JN, o plano da ONU para a região da Palestina em 1947 previa a divisão da região em dois estados, um judaico e outro árabe. Contudo, esse plano estava prenhe de falácias: nem todos os palestinianos eram muçulmanos e nem a palestiniana Jordânia fazia parte da divisão acordada.
O problema foi assim, logo na origem, dois: a colonização por euro-judeus, i.e., a ressurreição de "Israel" per se; o outro, a criação de novo da própria Palestina pois, mesmo na ausência do primeiro acto, nenhum "vizinho" árabe tinha interesse num novo estado dito palestiniano.

E o que é que o Líbano tem a vêr com isto? Tirando um passado de ocupação do sul pela OLP, hoje em dia nada, apesar da cartilha que alguns bloqueados continuam a repetir por aí e da desinformação generalizada que os média propagam. Mas essa confusão interessa a muitos.

As relações são outras.

A primeira é de semelhança: o Líbano é também um estado que ele pode ser visto como mais-ou-menos artificial mas multi-religioso e multi-étnico e que, na sequência da retirada do exército sírio e dos fantoches que o desgovernaram, cometeu um erro fatal: democratizou-se e prosperou.
Este país ameaçava assim tornar-se num péssimo exemplo para toda a região, em especial para os estados árabes, se ainda por cima tivermos em conta que este progresso se fez com o apoio do Ocidente e apesar da oposição activa de um partido religioso (Hezbollah, o Partido de Deus, com dois ministros impostos por al-Hassad da Síria ao actual primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora).

A segunda é de geografia, sendo o Líbano usado como um território-tampão para ambos os lados: Israel não pode invadir a Síria sem provocar a Terceira Guerra Mundial e o Irão não tem fronteiras aquele país. Com os acordos de paz entre o estado judaico e o Egipto e a Jordânia (que resultaram num nunca acabar de atentados nesses países), resta aos velhos inimigos guerrearem-se na terra alheia de sempre.

A terceira é de oportunidade: Teerão precisava afastar as atenções dos seus planos nucleares, tal como quando criou a "crise" dos cartoons, e não só isto coincide com a verdadeira crise na Coreia do Norte, país com o qual o Irão tem um protocolo de colaboração para o desenvolvimento de mísseis nucleares (e onde já é certa a presença de engenheiros iranianos), como também com o interesse de Putin em desvalorizar a questão do fornecimento pela Rússia de gás natural à Europa, assunto agendado para a reunião dos G8 que se aproximava. Facto este que não parecerá estranho a quem olhar para o mapa e descobrir o trajecto dos gasodutos russos.

terça-feira, julho 18, 2006

Os amigos da onça

"The Syrians, my [arab] friends, will gladly fight down to the last Palestinian Arab."

Youssef M. Ibrahim, antigo correspondente do New York Times no Médio Oriente e editor da secção de energia do Wall Street Journal, 12VII2006

texto integral aqui, via o Insurgente

Como é que é?

E o programa nuclear iraniano?
Como é que é?

sábado, julho 15, 2006

Indignação do dia: G8

Mesmo que a Rússia duplicasse o seu PIB per capita na próxima década ainda estaria abaixo do nível actual de Portugal, USD 19,000.00.
Como é que se admite que o peso de uma economia assim deficiente possa vir a influenciar o estilo de vida dos nossos "finlandeses"?

A resolução 1559/2004 da ONU

O Conselho de Segurança da ONU queria a retirada de todas as forças estrangeiras do Líbano, o desarmamento das milícias, incluindo os xiítas do Hezbollah, e a restauração da soberania do governo libanês sobre o território.

Mas "soberania" é um conceito demasiado vago num país com dois exércitos, dois governos e nenhum estado.

A Síria, que tinha até há pouco tempo governado o Líbano, fez regressar contra-vontade parte das suas tropas mas não retirou totalmente do país. Apesar disto, os optimistas vislumbraram no gesto uma nesga de paz sem pensar que seria impossível de todo desarmar a milícia apoiada por Damasco: não só o governo libanês é ele próprio constituído também por membros do Hezbollah civil como precisaria de um milagre para convencer um exército com um número significativo de xiítas nas suas fileiras a executar a resolução 1559.

Entretanto, e a oeste, apesar dos "raptos" palestinianos e "ataques" israelitas, a verdade é que o Hamas (como se previa após a sua eleição) não deixou de manifestar a intenção de reconhecer a existência do estado judeu (1). As recentes escaramuças entre israelitas e palestinianos seriam, no entanto, o cenário de fundo perfeito para a provocação de novos confrontos na fronteira norte de Israel.

E o que por ali acontece é a "guerra aberta" desejada tanto pelo líder da milícia xiíta Hassan Nasrallah (um lunático raivoso) como pelos conservadores israelitas (uns raivosos lunáticos).

Lentamente, começam a (re)criar-se as condições para o regresso dos militares sírios ao sacrificado Líbano. Tolo será quem não vir nestas manobras uma concertação perfeita com os objectivos de Teerão (2). E o eixo xiíta não encerra aqui o seu ciclo...

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(1) Uso a terminologia comum na imprensa embora não atribua ao estado constituído de Israel o grau secular ou racial que os seus vizinhos muçulmanos atingem: 60% da população nativa jordana, por exemplo, não pode votar, exercer professorado, medicina, engenharia ou advocacia, assumir propriedade de bens imóveis ou meios de comunicação social pelo simples facto de ser palestiniana.

(2) Vêr a posta que se segue.

sexta-feira, julho 14, 2006

Humor inglês

Um membro do parlamento britânico (trabalhistas) que desejou permanecer anónimo saiu-se com esta:

O julgamento de Saddam Hussein acabou e o juíz decidiu-se por aplicar ao ditador a pena de morte por fuzilamento.
Contudo, e numa concessão devida a um antigo chefe de estado, foi permitido ao condenado escolher os executores da sentença. Saddam logo nomeou: Lampard, Gerrard, Beckham, Cole, Rooney, Crouch...

sexta-feira, julho 07, 2006

"Gostava de ter sido eu a escrever isto..."

Inauguro com esta magnífica posta acerca de Vasco Graça Moura essa ubíqua rubrica de tantos blogues.
Mais: a prosa das restantes é de tal recorte que merece passar já a Sabor da Semana.

Gripe em tempos de cólera

Agora que o mundial de futebol acaba, e o ténis de Wimbledon pouca paixão patrioteira desperta entre nós, a gripe dos passarocos volta a atacar os jornais. Ele é de novo estudos de opinião, mergulhões espanhóis aos espirros e coisa e tal.

Relembro: esta é a famosa pandemia que vai matar em três tempos toda a gente que não comprar os tamiflus que apenas os países 'desenvolvidos' têm e que, em três anos de existência, logrou infectar umas assombrosas duzentas pessoas.

Com tanto em que pensar, porque nos haveríamos de lembrar que a cólera, uma doença com vacina e cura, já ceifou desde Fevereiro mais de 2000 vidas em Angola (em quase 49 000 infectados)?

Não se deseja a ninguém mas...

Aconteceu ontem, em Fojo Lobal (Ponte de Lima), no país profundo. Festa de aniversário de um qualquer da aldeia.

"Vamos aos foguetes!", deve ter dito um.

"Mas não é proibido, por causa dos fogos?", desejo eu que alguém terá interposto.

"Aqui quem manda sou eu e festa é festa!", imagina-se, com alguma boa vontade, a resposta do presidente da junta do lugar de cem habitantes, também conviva da patuscada.

Dois minutos depois, a cabeça de onde saira aquela boçalidade rebentava com toda a pompa e estrondo que a decisão merecia.

quarta-feira, julho 05, 2006

O problema

São as equipas que jogam de azul e branco.

Mas o Dorean tem uma solução para isso. :)

terça-feira, julho 04, 2006

O homem menos poderoso de Portugal

Para além de José Sócrates, que outro Português se poderá queixar de que há quem saiba das suas intenções com seis meses de antecedência?

( Sobre a substituição de Freitas do Amaral por Luís Amado - não foi no Portugal-Inglaterra, mas a Inglaterra saíu beneficiada com a substituição )

Chegou a hora

A selecção Portuguesa prepara-se para enfrentar as suas Nemesis.

Ganhará os próximos jogos quem apresentar o jogo mais calculista, quem souber destruir com eficácia o jogo adversário e quem souber aproveitar as mais pequenas oportunidades.

Portugal vai poder demonstrar a competitividade do seu futebol.

Nesta hora lamento que a beleza do futebol Português tenha ficado para trás.

Recordo com saudade a elegância de Paulo Sousa, a fantasia de Rui Costa, a excitação do futebol do Figo jovem, as diabruras de João Pinto, o talento tranquilo e inexcedível de Pedro Barbosa.

Admiro o futebol gazua de Cristiano Ronaldo, o futebol envolvente e enleante de Simão, a eficácia talentosa de Deco, a estratégia do Figo maduro.

Mas é nos britânicos Ricardos, nas virtudes guerreiras de Miguel e na grandeza de Petit que vai assentar o sucesso da selecção.

Depois deste campeonato, há que reinventar o jogo.

Amor à camisola

Já cá faltava a comichão do costume acerca da cor da camisola da selecção.

Eu posso não perceber nada de futebol mas aquele vermelho-puta-traçado-de-verde-fluorescente da farda d'antanho só pode realmente parecer bem a saudosistas dos anos setenta.

Ó camarada Moreira, olhe que não há cor que melhor nos defina que o reguengos (ou outro qualquer - "bordeaux", como lhe chamou, é que não): consegue ser elegante e castiço ao mesmo tempo e ainda faz publicidade ao único produto nacional com o qual a estranja consegue associar-nos.

Para mais, quando se fala de amor à camisola um português que se preze não se põe aí a pensar em sangue mas sim no tinto.

Índia vs. China, 1-1

A China e a Índia reabriram ontem, 3 de Julho, a antiga Rota da Seda no ponto em que esta servia de ligação entre o Tibete e a União Indiana e que estava fechado há 44 anos, data da ocupação chinesa: a passagem de Nathu La, nos Himalaias (4000 metros).

As autoridades prevêem que a nova estrada promova as trocas comerciais entre os dois países e ponha fim ao isolamento daquela área.

Globalmente, o acordo não passa de um reconhecimento tácito da anexação do Tibete pelo governo da RPC.

Com mais de mil milhões de habitantes cada um e taxas de crescimento económico anual de 20%, os dois gigantes aproveitam para mostrar ao mundo uma aproximação territorial que pode representar a formação futura de um bloco económico hegemónico.

Acontece que, e apesar da propaganda óbvia, a imagem que me fica do dia de ontem foi a das obras no lado chinês da dita estrada: o uso de dezenas de homens e mulheres os quais, de cara coberta, passavam de mão em mão as pedras que outros como eles haviam partido da rocha do chão a golpes de martelo. Como provavelmente os seus antepassados de há séculos e séculos devem ter feito inicialmente...

72 virgens


Após confirmada a morte de Abu Musab Al-Zarqawi, o congressista Steve King (Iowa) previu que a sua recompensa celestial
fosse 72 virgens todas elas sósias da correspondente na Casa Branca Helen Thomas (na foto).