quarta-feira, dezembro 21, 2011

"The Earth revolves around the Sun."

Já quase todos percebemos que o Rei vai nu. Steve Keen é talvez quem melhor denuncia os modernos "alfaiates" do capitalismo.

sexta-feira, dezembro 16, 2011

1949-2011 in full

segunda-feira, dezembro 12, 2011

"It's not a Greek problem."

A crise europeia explicada sem moralismos nem mistificações por Heiner Flassbeck, antigo Secretário de Estado das finanças do Governo alemão entre 1998 e 99.

domingo, dezembro 04, 2011

Morrer da cura

quinta-feira, dezembro 01, 2011

A pobre pariu um puto, a rica teve um menino.

A troca de viatura do ministro Mota Soares deu origem a algumas críticas sobre o despesismo do governo numa altura em que é suposto ter "acabado o regabofe". De imediato, alguns bloguers de direita se indignaram com tais críticas. O argumento destes últimos é mais ou menos este: o Dr. Mota Soares é uma pessoa que não podia ligar menos a motores. Estas coisas de carros não o aquecem nem arrefecem. Mais: o Dr. Mota Soares é uma pessoa bem nascida que está habituada ao luxo desde o berço. Se se faz transportar num automóvel que custa ao erário público 86 mil euros não pensem que é por deslumbramento novo rico! Estranha mentalidade a que produz estes argumentos. Como se os actos dos responsáveis políticos não devessem ser julgados em si mesmos mas sim através do crivo do pedigree de quem os pratica. Acho que há uma palavra que define esta forma de ver o mundo: classismo.

Gorduras e tal


O cavalheiro da foto, Secretário de Estado das Obras Públicas, Transportes e Comunicações, veio a um programa da televisão do estado defender a redução no serviço de transportes público pois "às vezes sai do ministério e vê autocarros vazios".

Quem assim fala com o MBA na boca com certeza merece melhor: "dr." Sérgio Monteiro para ministro da Saúde já!

No último 1.º de Dezembro

Há muito tempo que qualquer celebração desta data foi sendo empurrada com pejo e alívio para a coutada de monárquicos de bigode revirado ou de racistas confusos.
Fora deste contexto, nenhuma ou menos que nenhuma referência é feita na imprensa ao aniversário do início da redenção nacional. 'Início' porque a guerra para a recuperação da nossa soberania política e económica duraria ainda mais 28 anos - até dizem que, não houvera uma revolta no nordeste ibérico, era capaz de durar ainda mais tempo.

Na Baixa, as ruas quase vazias de gente, o comércio ainda mais a meio-gás. Os poucos restaurantes que vão fazendo negócio vendem paelha congelada a turistas à procura do sol que também não produzimos.
Passo pelo bazar chamado "El Corte Ingles": está à pinha com quem não dá tréguas ao cartão de crédito nem descanso aos importadores.

A dívida total ao exterior atinge 250% do PIB, dos quais 77 mil milhões são detidos pela banca espanhola.

Não é preciso pensar muito para nos apercebermos que o fim deste feriado histórico não poderia ser mais pertinente.
Só é pena que um dia a mais de trabalho não venha resolver absolutamente nada.

terça-feira, novembro 22, 2011

Ler os sinais

Há que saber ler os sinais, Magestade. Se calhar quando começamos a esbarrar com as portas é porque está na altura de dar lugar aos mais novos.

Aqui

domingo, novembro 20, 2011

O homem que ganhou as eleições aqui ao lado.

"lo he escrito aqui y no entiendo mi letra."

"Hmmmmm..."

...digo eu enquanto esfrego a ponta do nariz com o dedo indicador.

segunda-feira, novembro 14, 2011

Jornalismo para o séc. XXI

Revolucionando o conceito de "caixa".

domingo, novembro 06, 2011

sábado, novembro 05, 2011

Europa

Para mim (desculpem-me o intimismo) o mais doloroso de isto tudo é ver o repositório de democracia e maturidade social em que a Europa conseguiu tornar-se no pós-guerra - um património político para a Humanidade -, desmoronar sob a avidez dos agiotas e dos passos perdidos de governantas de sacristia.



Filipe IV de França, dito O Belo: mandou à real fava as dívidas para com a grã-cruz da Ordem do Templo, extinguindo com bastante eficácia o primeiro sistema bancário transnacional do mundo.

terça-feira, novembro 01, 2011

Democracia? Então mas os gregos estão loucos??

Acabo de ver Manuel Villaverde Cabral (Grã-Cruz da Ordem da Liberdade) a defender na TVI que George Papandreou deve ser afastado das funções de primeiro ministro. Como não entrou em detalhes ficamos sem saber se MVC defende que seja a senhora Merkel a ir tirá-lo da cadeira ou se prefere a opção do golpe militar.

Separados à nascença 583752



Duas prateleiras, duas manteigas, dois preços, uma crise.

Agora sim, já vi de tudo

Eu julgava que os governos serviam para resolver os problemas dos governados. Mas para o executivo do sr.Coelho, não é assim; o problema somos nós e esta mania de estarmos desempregados. Enfim, só chatices. A solução óbvia, mandar-nos embora:

Os jovens portugueses desempregados devem emigrar, em vez de ficarem na sua «zona de conforto», disse no sábado o secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Alexandre Miguel Mestre.

Estes eflúvios de pessoal menor revelam ainda outra coisa: dada a completa ignorância do histórico dos 'jovens' portugueses desempregados, que já andam a emigrar há umas décadas, quem nunca fez tenção de sair da sua zona de conforto mental foi o imbecil que tão confortáveis conselhos dispensa aos outros.

domingo, outubro 30, 2011

quarta-feira, outubro 05, 2011

domingo, outubro 02, 2011

sábado, outubro 01, 2011

quinta-feira, setembro 08, 2011

Forever



Marta, como estamos passado um ano?

domingo, agosto 21, 2011

segunda-feira, agosto 15, 2011

Depois não se admirem





A presidente da Assembleia da República não conseguiu parar a tempo o carro, onde seguia sozinha, e embateu numa viatura, que tinha travado para uma idosa atravessar a passadeira. Este veículo acabou por embater num outro, que estava à frente, e este atingiu a mulher, que ficou ferida com gravidade e foi transportada para o Hospital de Faro. Assunção Esteves bem como as restantes pessoas envolvidas no acidente não sofreram quaisquer ferimentos.

Não se podem apurar responsabilidades pela leitura de uma notícia. Também não faz sentido considerar que um mau volante indica falta de capacidade para a condução dos trabalhos no parlamento. Mas, nesta paz podre que vivemos há tanto tempo, ninguém confia que a segunda figura do estado venha a sofrer qualquer consequência por este "azar" de trânsito.

Existem outras democracias onde a senhora se sentiria forçada a demitir-se imediatamente numa situação semelhante. Porque ali nada é mais importante que os representantes mostrarem que agem de acordo com as regras que impõem aos seus representados. Mesmo que isso implique algum exagero ou injustiça pessoal.

Dirão que há muito pior. Pois há. E que a senhora está acima de muitos dos seus pares. Estará, com certeza. Seriam completamente cretinas e ofensivas quaisquer comparações com Alberto Jardim ou Isaltino Morais (a lista seria interminável, que me perdoem os ausentes). Mas, lá está, precisamente por tudo isso. Porque é melhor que eles, porque era preciso mostrar que a "festa" acabou.

Sabemos que governo é jovem e o sentimento geral é que o país precisa mais de dinheiro e emprego e menos de virtudes - um luxo por enquanto inacessível. São estes os pesos e as medidas com que definimos a nossa sociedade. Depois não se admirem.

Ao alto: autocarro no bairro de Tottenham, 6 VIII 2011
Centro: sede do governo norueguês, 22 VII 2011
Em baixo: Kanellos, o cão das manifestações atenienses, 5 V 2011

terça-feira, agosto 02, 2011

Agosto

quarta-feira, julho 20, 2011

To pretend

segunda-feira, julho 11, 2011

The lost art of being stoic

1. Quit your whining.
2. Quit your crying.
3. Suck it up.

If in doubt, ask yourself: What would Clint do?



(Esquire)

terça-feira, julho 05, 2011

Duh

domingo, julho 03, 2011

Há um momento. Nada mais se leva daqui.

Eu até os compreendo

Certos habitantes das cidades portuguesas não querem pagar muito de impostos para, por exemplo, poder comprar SUVs, que são caros. E têm razão em escolher este tipo de veículo. Um SUV é espaçoso para miúdos e compras, e combina o conforto indispensável para suportar as horas de ponta com a resistência aos buracos das ruas ou estradas degradadas, e a capacidade de galgar passeios para estacionar em qualquer lugar que se queira.
Qualquer pode sentir-se com legitimidade para exigir que a sua qualidade de vida não seja diminuida pelas dificuldades no quotidiano de um país pobre e tem todo o direito de encontrar a solução que lhe é mais conveniente. É isto, não é?

segunda-feira, junho 27, 2011

A doutorice não é fado nosso

Eduardo Pitta por causa de Álvaro, o ministro:

Portugal é o único país da Europa, sendo as excepções do vasto mundo o Brasil e Angola, em que toda a gente é tratada por doutor.

Discordo. Em Itália, estatuto social dá direito a doutoramento. De brinde, ainda listam comendas e outros cavaliere, medalhões felizmente menos populares aqui na pátria.

Conheço melhor os germânicos, hierarquizados, onde o uso de títulos académicos está hermeticamente regulamentado mas a obsessão por eles é paixão para escapar a qualquer recalcamento. A ajudar na caricatura, as bizarrias "Doktor Doktor", o qual não é eco mas sim acumulação; e o famoso "Frau Doktor", que se refere a uma senhora quando esta é sua esposa.
Também aqui em tempos fiz menção de um cartão de visita onde se podia ler «Magister Dipl.-Architekt» (em português, Mestre, Diplomada em Arquitetura). Era seguido do nome da empregada de loja que me vendeu a máquina de lavar roupa.

Embora muitas vezes constrangedor, omitir os prefixos continua a ser impensável na, por exemplo, Viena do séc. XXI. Nomes de batismo, só mesmo ao fim do dia e entre proseccos no Engländer.

segunda-feira, junho 20, 2011

Da educação superior

What usually happens in the educational process is that the faculties are dulled, overloaded, stuffed and paralyzed so that by the time most people are mature they have lost their innate capabilities.

Buckminster Fuller

sábado, junho 18, 2011

Cosmopolitanismo de sacristia

Ontem, nas tvs, António Costa respondeu aos críticos da okupação da Avenida da Liberdade pela Sonae dizendo que parolos somos nós, dado que a ideia de um piquenicão com cantores chamados "tony" veio de Paris, onde até se tinha escolhido os Champs Élysées para o efeito.

Serei o único a contorcer-se com a ironia?

terça-feira, junho 07, 2011

Soberania

Há muita gente (a grande maioria das pessoas) que pensa que os bancos centrais são instrumentos dos governos. Dentro da doutrina da separação de poderes que é garante da Democracia, em que lugar encontramos os poderes perante os quais responde, desde há mais de 10 anos, o sr. Vitor Constâncio?

A insustentável leveza

Quando Pedro Passos Coelho diz que não quer ser um peso para os "nossos parceiros europeus", será que é esta a estratégia que tem em mente?
Talvez seja bem pensado. Quando Portugal deixar de existir não será um peso para ninguém.

Regresso ao passado, parte 2: Luís Amado

O objetivo da Comunidade Económica Europeia foi a criação de um espaço económico e social homogéneo, condição achada necessária para a segurança e paz internas e premissa para a independência e desenvolvimento sustentado do bloco. E, por que não, para vivermos todos melhor.

A nossa adesão à comunidade, depois de meio século de corporativismo e dependência colonial, e um decénio de indefinição revolucionária (o que se poderia considerar o nosso «choque socialista»), requeria algum amortecimento aos efeitos da súbita exposição ao mercado comum, composto de economias mais desenvolvidas. Tinham-se pois criado vários mecanismos de adaptação - programas de construção de infra-estruturas e modernização da indústria, fundos participados para o desenvolvimento de competências, apoios ao comércio e subsídios vários de reconversão da agricultura, pescas, turismo, etc.

Infelizmente, a utilização do que deveria ter constituido uma ajuda e uma preparação para o futuro foi completamente subvertida pela máfia local, e com a cumplicidade indiferente da máfia comunitária. O que se passou a seguir é do conhecimento público: por um lado, as potências agrícolas (e piscatórias) europeias, se tanto, estavam mais interessadas em explorar recursos comuns que vir um dia a competir em igualdade com o setor primário nacional (ainda que essa competição se limitasse ao bolo de subsídios); por outro, a burgessia do empresariado português, à boa maneira salazarista, olhou concupiscente para as ajudas comunitárias como uma nova e choruda oportunidade de subvencionar sem esforço o seu próprio enriquecimento.

Sob o consulado e benção de Cavaco, e apesar do relatório Porter encomendado por Mira Amaral, a estratégia da indústria portuguesa baseou-se na redução de custos existentes, encaixe de subsídios e absorção de despesa para as obras públicas de infra-estrutura. A mão-de-obra, apesar dos famosos cursos do Fundo Social Europeu, não deixou de ser barata - e agora até podia ainda ser mais, pela comparticipação associada; a inovação, quando aconteceu, foi limitada ao que poderia baixar custos (informatização, automatação), sendo que a transformação de baixo valor acrescentado continuou a representar o grosso da produção nacional (téxteis, sapatos, cortiça). Os colossos da construção civil, intimamente ligados ao poder, também tiveram aqui a sua génese ou agigantamento, quer por força das auto-estradas e aeroportos determinados por Bruxelas, quer pelas obras de regime (no que foi imitado em menor escala mas com igual entusiasmo pelas autarquias), quer ainda pela espiral descontrolada do crédito à habitação. Estavam criadas as condições para a estagnação futura da economia, assim que a generosidade comunitária acabasse e a união monetária entrasse em vigor.

Dentro dos limites da racionalidade, o «choque liberal» de que fala agora o ex-ministro socialista teria de ter acontecido após a entrada para a C.E.E.. Não foi assim porque nunca as forças vivas da terra tiveram quaisquer anseios liberais, preferindo seguir a tradição nacional de viver à sombra protetora do Estado, na altura já com a vantagem de, em democracia e numa Europa sem fronteiras, não lhe dever nem obediência nem retribuição. O "liberalismo" destes de agora - e muitos serão os mesmos - não será diferente, com a agravante que o nosso Estado está menos autónomo, mais enfraquecido, mais pobre e com menos recursos a pilhar. Não é, por isso, um «choque liberal» aquilo que se anuncia mas sim uma liquidação total.

segunda-feira, junho 06, 2011

Oh yeah

A minha aldeia é o mundo

Acabei de ler no facebook um comentário de alguém ao seu e meu amigo emigrado:

"Estás a gozar? Agora já podes voltar! Agora aquilo que outros fizeram talvez se resolva :D"

Estados Unidos, Islândia, Irlanda, Grécia, Espanha, Itália, Reino Unido, Bélgica, ... Tudo países que o PS e Sócrates, ominipresente e omnipotente, levaram ao vermelho.

Quaisquer resultados de eleições são aceites com desportivismo. Mas o umbiguismo saloio, esse sim, deixa-me muito desanimado. O mundo tornou-se uma grande aldeia mas há portugueses que continuam a acreditar que a sua própria aldeia é que é o mundo.

sábado, junho 04, 2011

Não sei se estão a ver o que isto significa

A Mitsubishi escolheu Portugal para fazer o lançamento europeu da versão comercial do i-MIEV. A marca japonesa procura assim atrair as empresas para a mobilidade eléctrica ao disponibilizar um veículo com 860 litros de capacidade de carga. O preço? 29 mil euros mais IVA.

A experiência ensina-nos que o preço dos produtos para o consumidor final não diminui quando os custos de distribuição descem. Mas, pelo menos, deixa de haver desculpa social para não aumentar brutalmente o preço dos combustíveis e desencorajar o uso do automóvel particular em percursos urbanos.

Lost in translation

Apontando para a televisão, durante uma reportagem sobre a campanha eleitoral:
-Quem é este?
-É o líder do CDS.
-Extrema-esquerda?
-Não! Hum... Democrata-cristãos, dizem-se. Tradicionalistas, parecido com os Conservadores, mas mais à direita.
-Mas então, porque estão sempre a chamar-lhe "Pol Pot"?

sexta-feira, junho 03, 2011

Regresso ao passado

O sr. Passos Coelho tem dado muitos tiros no pé (talvez por isso, este nom-de-plume me soe a personagem de emérito deputado numa novela romântica de fim de século). Nenhum me mereceu comentário, não traz grande glória bater na inexperiência dos outros. Mas esta coisa de invocar a governação de Cavaco, como se de uma idade de ouro se tratasse, tem direito a destaque.

De que cavaquismo fala Passos Coelho? Aquele do qual não me esqueço só poderá ter deixado saudades ao próprio Cavaco e aos que das suas benesses se serviram, incluindo, julgo, este da vã glória de mandar numa juventude partidária.
Foi uma idade de ouro, com certeza, para o PSD porque ganhava, folgado, maiorias absolutas. E foi-o também para o bonapartismo paroquiano do doutor de York.

Nós ficámos com a economia do betão e da promiscuidade entre políticos e empresas - os boys originais -, com as fraudes dos fundos comunitários e concessões de obra, com o "capitalismo popular", com as hipotecas bonificadas pelos contribuintes, com as reprivatizações de encomenda. Com a refundação do clientelismo, o desmantelamento da frotas de pesca e marinha mercante, e o enterro da agricultura por meia dúzia de jipes, campos de golf e caçadas ao javali. Com o estímulo à assimetria litoral, o descarrilamento da ferrovia e a promoção da auto-estrada e do crédito ao consumo. Foram dias de coutos de loureiro e de todos os outros santos, de escândalos de corrupção semana a semana, de meias de turco branco, de derrapagens trilionárias de orçamento e respetivos contorcionismos no tribunal de contas, da invasão de gelados da menorquina e de fruta sensaborona, do estrangulamento da imprensa, do poço que passou a fonte, das marquises espelhadas, dos negócios das OGMA e da OGMA, do fim do ensino superior técnico e começo das licenciaturas inúteis, das universidades de vão de escada - formando gestores e advogados para o desemprego-, das requisições civis em dia de greve, das cargas e mangueiradas policiais, da tecnocracia arrogante, sem ideias nem ciência, dos G-men cinzentões, do moralismo pacóvio, da "televisão da Igreja", de Lynce, Borrego, Isaltino, Cadilhe, Duarte Lima, Costa Freire, Silva Peneda, Braga de Macedo...

Não poderemos nunca saber se, sem o cavaquismo, Portugal teria crescido melhor; naturalmente, tal dependeria de quem estivesse no lugar do então primeiro-ministro. Mas tenho a certeza que abundaram os cortesãos e feitores que cresceram à sua e à nossa conta e que Cavaco não corrigiu muitos dos problemas estruturais de que padecíamos e ainda agora padecemos, apesar - ou por causa - dos muitos milhões de subsídios comunitários com que foi pago para o fazer. Sabemos sim, em absoluto, que a "idade de ouro" de Cavaco foi uma oportunidade perdida.

Finalmente, também estou convencido de que, não fora o cavaquismo, e dado o seu currículo e competências pessoais, o atual líder "social-democrata" teria hoje tarefas mais prementes com que ocupar o seu tempo, em lugar de circular pelo país atirando inanidades destas numa campanha eleitoral. Como, por exemplo, contribuir para o nosso progresso dando aulas não sei de quê num liceu de província qualquer, sob a honestíssima graça de "Pedro Coelho".

terça-feira, maio 31, 2011

domingo, maio 29, 2011

Perspetiva de uma jovem tory sobre o património imobiliário português

passando por uma quinta de séculos na serra de Sintra

-Mas, porque deixam cair estas casas?
-Razões variadas... Às vezes, as famílias faliram; ou saíram daqui há tanto tempo que as quintas ficaram esquecidas; doutras, resultou numa herança onde ninguém se entende. As convulsões políticas particulares a Portugal também ajudam bastante nestas coisas. Alguns donos até serão ingleses.
-Ora, em Inglaterra, é hobby preferido de muitos restaurar casas destas.
-Isso aqui dá muiiito trabalho...
-Hehehe... Então, porque não as vendem?
-À falta de razões mais idiotas, a verdade é que não há mercado para isto; fica muito caro, quer comprar, quer recuperar decentemente - como disse, obriga a maçadas várias como contratar especialistas de património, licenças, etc. Também, as pessoas sentem-se isoladas aqui na serra. Em suma: hoje em dia, quem tem dinheiro suficiente, prefere construir de novo e noutro sítio.
-Onde?
-De preferência, em paisagem protegida. Por exemplo, mais abaixo, junto à costa.

algum tempo depois, passamos pela Quinta da Marinha

-Perguntavas "onde"; vualá, eis um desses sítios.
-Não é para turismo?
-Não, é uma espécie de "condomínio fechado" muito caro.
-É «dinheiro novo»?
-Erm... Em comparação, sim.
-Bom... "Em comparação", parece preferirem viver numa enorme habitação social.

Privilégios de grego (ou, "porque não há pacote que os salve"), 1

As taxas moderadoras do serviço nacional de saúde são altas, chegando aos EUR 500.00 por consulta, pagas diretamente ao médico.

terça-feira, maio 24, 2011

Portugal é uma aldeia

José Pinto Coelho é primo de Sofia Pinto Coelho, filha de Maria Filomena Mónica e enteada de António Barreto, ex-mulher de José Alberto Carvalho e atual de Ricardo Sá Fernandes.

quarta-feira, maio 18, 2011

terça-feira, maio 17, 2011

Matana Roberts

terça-feira, maio 10, 2011

Desígnio nacional: a periferia

Com a privatização da CP e REFER (que, na prática já só existem para Lisboa e Porto), com a entrega tácita da TAP ao colosso BA-Iberia e com o "adiamento" do novo aeroporto para as calendas gregas, a insistência na construção do trajeto TGV em direção a Barajas só espanta os mais incautos - como o sr. Portas.
A centralização logística da Península Ibérica está completa. Depois queixem-se que somos periféricos.

Plano de rede de alta velocidade espanhol. Apesar de ali figurar a ferrovia Lisboa-Porto, agora abandonada, é evidente pelo mapa que nunca houve intenção de a ligar ao exterior da península. Ou passas por Madrid ou não passas.

Em pormenor nota-se a inflexão forçada para colocar Sines no azimute de Badajoz.

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Mapas retirados da Revista Militar

domingo, maio 08, 2011

Já se sabia que era mais fácil ensinar reciclagem a um chimpanzé que a um lisboeta. Afinal, há uma terceira categoria.

Lembram-se disto?




Onze anos depois, isto



Estimo uns bons vinte quilos de caca de cão dentro daquele saco. Mas mais que a inteligência demonstrada no invólucro escolhido em tempo de chuva ou o local para o depósito, fascina-me imaginar o tempo e dedicação que terá levado esta pobre alma a colecionar os presentes.

O fim do mundo em calções


O momento de maior derrota de uma sociedade não é quando o estado que a representa se declara incapaz, entregando a governação a uma multinacional de financeiros. É sim quando, na mesma hora, o chefe desse estado olha para os resultados de uma competição desportiva de segunda categoria como razão suficiente para inveja por outras nações.

Namaste

terça-feira, maio 03, 2011

Being Fernando Nobre


Tornou-se consensual ter cada vez menos respeito pelo percurso político do dr. Fernando Nobre, recentemente por ter "comprado" os votos do PSD para a presidência do parlamento (segundo lugar protocolar no Estado Português).

Todavia, se as listas partidárias contém nomes que apenas podem sujeitar-se a eleição para deputado, por que não repudiar com o mesmo asco qualquer cabeça-de-lista que tem a lata de se apresentar como candidato a primeiro-ministro? Quantos princípios nobres não terão estes cavalheiros trocado ao longo da sua vida, quantos compromissos aceites de espinha dobrada, pela vã glória de mandar?

domingo, maio 01, 2011

Only one Kate




Aqui

sábado, abril 30, 2011

Acho que é a isto que chamam a meia-idade

Quando não consigo deixar-me cativar por pessoas verdadeiramente interessantes, porque me cansam, e as mais básicas e superficiais são um mistério irresistível.

Hoje acordei assim

quinta-feira, abril 28, 2011

My thoughts exactly

segunda-feira, abril 25, 2011

Conquistas do 25 de Abril de 2011

Comer d.rodrigos com a colher do café.

domingo, abril 24, 2011

segunda-feira, abril 18, 2011

Neanderthal's not dead

sexta-feira, abril 15, 2011

Missa da uma

terça-feira, abril 12, 2011

Hoje sou islandês

Those were the days...

sábado, abril 09, 2011

Gaivotas em terra

sexta-feira, abril 08, 2011

Existencialismos doutra mercearia



Quem é a Inês? É estrela infantil ou filha de alguma celebridade que eu desconheço? Porque é que os sacos são tão bons para ela? Sendo perniciosos para a Vanessa ou para o Ivan, serão absolutamente fatais para a Viiktorya?

Quanto ganham estes criativos da Sonae para debitar tamanhas inanidades? Depois diz que a culpa é do ambiente, pois.

quinta-feira, abril 07, 2011

O merceeiro

O sr. Santos da mercearia veio à televisão dar lições de moral aos políticos. Que são umas baratas tontas, que não percebendo nada de contas, como ele, puseram o país no vermelho.
Fala de cátedra, o sr. Santos da mercearia: altruista com poucos, ainda há pouco tempo distribuiu ele dividendos pelos seus magarefes e caixas. 275 euros de surpresa a cada um. Um mãos-largas.

Parece é que grande parte do vermelho do país se deve a compras ao estrangeiro. Inclusivé de mercearia. Como a do sr. Santos, onde, entre secos e molhados, pouca vianda há que não venha de França, de Espanha, da Holanda, ... Pior, na maior parte dos casos, o sr. Santos nem deixa o freguês saber saber a origem do que ele compra.

Vai haver quem diga que o sr. Santos não pode ser maluco como os políticos e, muito bem, orienta a sua mercearia para ter lucro. Isto é, não vai vender nacional se o importado sai mais em conta, não é sua função subsidiar irracionalmente a indústria pátria.

Com certeza, o lucro é objetivo legítimo do empresário, muitas vezes, o único. E o sr. Santos tem todo o direito a procurá-lo da forma mais eficiente possível. Mas nessa situação, sr. Santos, vá antes dar lições de moral para o diabo que o carrega.

Redescoberta



(canção começa ao 1:00)

Na iLoja*

Um jovem de fato e gravata faz perguntas parvas ao jovem de t-shirt que o atende acerca do iPad2 que tem nas mãos concupiscentes. O jovem de t-shirt não parece saber mais do produto que aquilo que aprendeu do gerente e dá-lhe respostas igualmente inteligentes.
Desesperado e cada vez mais confuso, o gravata quer saber se "aquilo" não será como um portátil. "Não tem nada a ver!", responde perentório o t-shirt, "são conceitos completamente diferentes".
Uma conversa de surdos, cada qual a pensar que o outro é burro. Naturalmente, ambos têm razão.

Era difícil continuar ali sem me rir mas o golpe de misericórdia chegou a tempo: antes de eu mesmo ter conseguido decidir-me entre duas armbands perfeitamente iguais, incluindo o preço, já o gravata tinha feito a encomenda do novo every-home-should-have-one por 599 euros, "preto, claro!", a chegar não sei bem quando pois parece que está esgotado há já algum tempo.

*Desconhecia a existência de um empresa com este nome mas, lá está, era mais que provável que fosse designação já usada por alguém. Fica o esclarecimento de que é um título desta posta, sem qualquer relação com a verdadeira "iLoja, lda" ou outras.

terça-feira, abril 05, 2011

União Hispânica

Posta inspirada em provocação de Ricardo Alves, do Esquerda Republicana

Segundo estudo reportado pelo jornal Público, o de cá, a 46% do Portugueses agrada uma união entre Portugal e Espanha (também estudaram o que os espanhóis pensam do assunto mas isso diz respeito ao SIS, não a mim).

A dar-lhe crédito, fico na dúvida se é por generosidade - numa altura destas, querer partilhar o desemprego espanhol, 20%, é de Cristo - ou, dada a decadência centenária e o descrédito mediático deste regime, se tal se deve a surto de entusiasmo monárquico que se tenha apoderado dos meus compatriotas.



Armas de Carlos II de Espanha

segunda-feira, abril 04, 2011

Qualquer grunho sabe exclamar "austeridade" com ar grave e sério; o pior é o resto

Entre 1997 e 2008, a produção científica nacional cresceu 235%. Nenhum outro domínio de atividade conseguiu tamanha transformação.

Quando forem a fazer o gosto ao dedo nos cortes, lembrem-se das elites pobrezinhas. São poucochinhas, é certo, e dão poucos votos. Mas são honradas e trabalhadeiras. E também são aquilo que, ao contrário do consumo de eletrodomésticos, nos diferencia do terceiro mundo.

O administrador dos correios e a licenciatura da vida

Tirado da caixa de comentários do Jugular (comentador nuvens de fumo)

"no fundo apenas revela duas coisas:


a primeira é que o carácter nada tem que ver com as funções
a segunda é que qualquer um pode chefiar desde que com as cunhas certas"

sábado, abril 02, 2011

Anagrama

FMI

quinta-feira, março 31, 2011

Expetativa razoável

Knowingly entering a Ponzi scheme, even at the last round of the scheme, can be rational economically if there is a reasonable expectation that government or other person or organisation will bail out those participating in the scheme.

in Wikipedia, citando Bhattacharya, Utpal (2003). "The optimal design of Ponzi schemes in finite economies". Journal of Financial Intermediation 12: 2–24

quarta-feira, março 30, 2011

Estava só aqui a pensar - NSFW

Não foram estas excelentes agências de notação quem classificou os bancos islandeses com AAA pouco tempo antes deles caírem pelo glaciar abaixo? Isto é, quando se tinham endividado por 10 vezes o PIB do seu país?

Não era altura de alguém lhes enfiar com um iceberg pelo rego acima?

Churchill reloaded

segunda-feira, março 28, 2011

Ié-ié

quinta-feira, março 24, 2011

Cherchez la femme

Bom ou mau, o bail-out do país tinha em Sócrates o seu único obstáculo.

Nas chancelarias, tudo corre pelo melhor: os juros da dívida subiram de imediato e, mesmo que talvez estabilizem durante a contagem decrescente que antecede as próximas eleições, o nosso destino, de traçado, passou a garantido.
Acabou a birra e, para grande surpresa de qualquer ser racional, os famosos mercados descobrem subitamente que a economia espanhola, afinal, não está tão má quanto isso.

Em engenharia naval, chama-se a isto um "ânodo sacrificial". Em bom português, diz-se "quem se lixa é o mexilhão".

quarta-feira, março 23, 2011

O coelho branco e a rainha de copas

Por culpa dos próprios, a impressão que dá é que o PPC/PSD recebeu de potências estrangeiras o beneplácito para fazer cair o governo. E que, juntando essa falsa sensação de segurança à volúpia das sondagens, aquele senhor se convenceu que é o primeiro-ministro que a Europa dos que mandam deseja para Portugal.

Considerações de soberania à parte, nada podia ser mais irónico que acusar consistentemente Sócrates de viver uma fantasia para depois rodopiar, blood simple, ufano, no delírio do seu próprio País das Maravilhas.

quinta-feira, março 10, 2011

quarta-feira, março 09, 2011

O discurso de Cavaco não foi o de um presidente de todos os Portugueses

E só lhe fica bem. Dentro de um sistema republicano, nenhum presidente é escolhido por todos os Portugueses e não é por isso que perde legitimidade.
Até parece que queriam um rei, valha-me deus.

terça-feira, março 08, 2011

Câmbio

Metro: "Sr. Passageiro, atenção ao intervalo entre o cais e o comboio".

Tube: "Mind the gap".

U-Bahn: "".

Afinal, os "four lions" são os outros

Um amigo, paquistanês, está a ter sérias dificuldades em obter visto para residência no Reino Unido.
Foi-lhe exigido um extenso relatório da sua actividade profissional, a qual ali foi convidado a exercer, dando destaque aos materiais que necessita para fazê-lo no futuro. Ao indagar a razão de tanto cuidado, a resposta foi seriíssima: garantir que ninguém na Grã-Bretanha possa vir a produzir armas de destruição massiva.

Muitos comentários haveria a fazer mas esta pergunta é mais pertinente que todos eles: ainda ninguém informou o Branch de que até mesmo Rumsfeld já admitiu que nunca houve weapons of mass destruction?

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O título diz respeito à comédia de Christiopher Morris com esse nome

quarta-feira, março 02, 2011

Parabéns a nós!



Como podem facilmente perceber, é o "Parabéns a Você" com as notas tocadas aleatoriamente, combinadas com a tradução para pauta musical (através de um algoritmo secreto) dos cinco textos mais populares da história deste blogue.

Obrigado, Nate Wooley.

terça-feira, março 01, 2011

Parabéns a nós, cada vez mais sós

(desta vez, passou-me completamente ao lado; a culpa é do twitter)

Parabéns a nós, cada vez mais sós: cinco anos bem regados a malhar nos néscios, com boa música e algumas miúdas também.
Dedicadas aos companheiros caídos e desaparecidos, deixo-vos com as palavras do Sr. Beam:

segunda-feira, fevereiro 28, 2011

O sonho molhado de muitos automobilistas



25 feridos no evento "Massa Crítica" da passada sexta-feira, 25 de Fevereiro de 2011, em Porto Alegre, Brasil. O condutor viria a abandonar a viatura e encontra-se ainda em parte incerta.

quinta-feira, fevereiro 24, 2011

Al-garaviada

Fazendo Portugal parte, embora temporariamente, do Conselho de Segurança das Nações Unidas, há quem reclame por uma intervenção do governo português mais decidida no contexto das revoluções do Magreb. Servia-lhes muito, quiçá, investigarem com que votos essa posição de importância foi recentemente adquirida. E, de caminho, indagarem sobre que países apoiaram ou omitiram desacordo à entrada da Líbia na Comissão dos Direitos Humanos da mesma organização.


O Carniceiro de Tripoli depois do último face-lift

terça-feira, fevereiro 22, 2011

O Fin-de-Siècle árabe

As transições de século parecem potenciar revoltas à escala transcontinental. E embora no calendário muçulmano ainda estejamos em 1432, as massas que agora se alevantam ao som de tweets e posts experimentaram tanto como nós a ameaça do Y2K.

O dominó de revoluções no Próximo e Médio Oriente lembra aquele ocorrido há cem anos atrás, quando as cabeças coroadas da Europa tremiam ante protestos anarquistas, greves, assassinatos e bombas quase diárias. Também na altura, era uma velha ordem política, militarista e feita de alianças dúbias e relações familiares, que desaparecia. Se bem que muitos desses estados europeus nada tivessem de autocrático, outros houve na altura que também julgaram produtiva a solução de disparar sobre as multidões à queima-roupa.
Nesse caso particular, todos sabemos o resultado que isso deu.

quinta-feira, fevereiro 17, 2011

As revoluções árabes são como as de leste, cada uma de sua cor

Há muita gente excitada com o que se passa no Bahrain, esquecendo-se que não é só a monarquia sunita que apresenta grandes semelhanças com a Pérsia de 1979.

O que é a classe média? Revisão:

sexta-feira, fevereiro 11, 2011

A imagem abaixo lembra-me algo



Foto: Dylan Martinez/Reuters/The Atlantic.

terça-feira, fevereiro 08, 2011

A nova Nova Ordem Mundial (com reservas de Bocage)

Embora ainda seja cedo para cantar vitória, a revolução no Egito já demonstrou por contradição que as suposições em que se baseia o choque de civilizações são falsas e, de caminho, enterrou de vez a justificação para certos e determinados laxismos "multiculturais" no Ocidente.

Observa-se assim, e não sem algum prazer, a dança de marxistas rejuvenescidos e David Cameron em cima da campa do sr.Blair.

No vídeo que se segue, falaram disto mesmo a 3 de Fevereiro Tariq Ramadan, escolástico do islão e neto do fundador da organização sunita Irmandade Islâmica (Hassan Al-Banna), e esse ganda maluco do Slavoj Žižek*.
Enjoy.




*ainda estive tentado a juntar mais uma fonoregra ao novo acordo ortográfico e escrever "Gigéque"; mas isto era capaz de tornar a referência despercebida aos literatos que nos leem e desisti.

segunda-feira, fevereiro 07, 2011

sábado, fevereiro 05, 2011

Os clones do Clooney

Não me perguntei porquê mas, quando era mais novo, estava em Beja, de visita a uma empresa do ramo automóvel cujo edifício ficava situado às portas da cidade, junto ao entroncamento com a estrada para Serpa, e bateu-me aquele sono de final de tarde na planície e tanto tinha ainda que fazer, e café próximo ali ao redor era mentira.

Notando o meu apuro, o metro e meio de simpatia que era o dono da dita empresa, levou-me até ao "chôrrume" e apresentou-me à máquina de café. Antecipando a amargura, empertiguei-me por dentro. O sr.C., ladino, topou-me e garantiu-me ali que, à primeira, também tinha desconfiado da traquitana.

Bebi o café, excelente, cremoso, forte e essas coisas todas que se pedem de uma bica decente, e às quais ficámos agarrados desde as primeiras saídas na adolescência. O sr.C. tinha razão, aquilo era mesmo difícil de acreditar que não fosse coisa tirada de máquina a sério. E, todo contente em ter convertido mais um, explicou-me qual era o sistema em que funcionava a concessão: a máquina tinha ido para ali à borla, dada pela marca, Tofa-Nestlé, ele só precisava de, periodicamente, lhes comprar o grão.

Eu, que na altura, como já disse, era muito novo e julgava ter olho para o negócio, imediatamente imaginei se não seria uma excelente ideia a vender às pessoas para as casa delas, mas os volumes de café necessários à concessão trouxeram-me de volta à realidade. Apesar disso, o sr.C. concordou comigo, e disse-me que até já tinha sugerido o mesmo aos amigos da Delta, sem conseguir entusiasmar alguém. "Tem que ver com os hábitos de consumo e de vida em Portugal", foi a resposta que lhe deram. "Se tiver uma máquina em casa, que desculpa depois dá para ir lá fora ao café?".

Não sei quanto tempo passou depois disto mas sei o seguinte: estava completamente alheado do fenómeno. De tal maneira que, quando em visita de Natal, passei por uma bicha que saía duma loja no Chiado e dava a volta à esquina, julguei ter chegado à Rússia dos antigos tempos. Mas não era por cápsulas Delta que as pessoas esperavam horas ao frio, claro. Desses, ainda nem máquinas havia à venda sequer.

sexta-feira, fevereiro 04, 2011

Rock 'n' roll, baby



Dezenas de versões mas a melhor é a original da versão original.

terça-feira, fevereiro 01, 2011

Pareceu-me que vinha a propósito

Da democracia representativa

É agora a vez de Jorge Lacão dar voz à compreensível ambição de acabar com esta chatice de ter outros partidos no parlamento que não os do poder, por eliminação de 50 lugares na assembleia da república.

Camarada Lacão, porquê só cinquenta? Eu proponho irmos ainda mais longe e reduzir a representação parlamentar a um lugar por partido político, em eleições num círculo único nacional, para percentagens nunca inferiores a 25%. Naturalmente, o voto que este deputado teria em seu poder seria proporcional a essa percentagem conseguida, podendo as discussões que hoje se arrastam por dá cá aquela palha se virem reduzidas a dois dedos de conversa depois de almoço no bar do convento.

Já se viu a poupança?

Detroit Auto Show: 50% de elétricos ou híbridos

sábado, janeiro 29, 2011

M***a de presidenciais



Agradecia que alguém mais informado que eu (ou afoito) identificasse a que candidato correspondem estas bandeiras que presentemente poluem o canteiro leste à fachada do Mosteiro dos Jerónimos. Pela tentativa de esconderijo, adivinha-se a última voz do javardo responsável: "manda-as aí para trás, que não se vê".

sexta-feira, janeiro 28, 2011

Separados à nascença?





Pedindo desculpas por não haver legendagem numa língua civilizada para o segundo vídeo.

O mais honesto e corajoso, acho eu, é o apresentador italiano.

Ah, pois é

Ou nenhuma dessas pessoas que agora se revoltam deu conta que todos os anos o Ministério da Educação fecha dezenas de escolas públicas?


N'a causa foi modificada.

quinta-feira, janeiro 27, 2011

A ironia

Para variar, muitos eleitores deixaram a verificação do seu número de eleitor para o dia de eleições. Se fosse um prazo, era no último dia e à última hora.

Quando nos prometeram que o novo cartão do cidadão permitia a inconsequência, é fácil imaginar o regozijo geral. Estava tecnica e institucionalmente validada uma prática que tanto substancia a ética de trabalho nacional - aquela contra a qual a brava gente de direita se bate e se propõe substituir pela protestante.

Até aqui, tudo bem. Manda a cartilha deles que a história pertence aos fortes e não se facilita a vida a incautos: abaixo o c.c.; na minha mesa de voto não mete o nariz o Estado; etc.
O que já não se percebe muito bem é quando o nanny-state falhou em meia-dúzia de casos, e a avaliar pela chinfrineira, quase podia dizer-se que foi a brava gente de direita foi quem mais dele sentiu falta.

domingo, janeiro 23, 2011

Cavácuo

Excelente alcunha mas pouco abrangente. O cargo faz inevitavelmente o homem.

sexta-feira, janeiro 21, 2011

Faltam uma hora e dois dias

Para que se saiba quem irá salvar as baleias e o bacalhau, trazer a paz ao Médio Oriente e a comida a África, encontrar a cura para o cancro e para o Alzheimer. Descer os CDSs, construir aeroportos, acabar com a corrupção, dar casa, roupa e camembérre e cebolas e açúcar baratos, canais de futebol, carros novos e gasolina, hospitais em cada freguesia, três assoalhadas em parquê flutuante com garagem e mestrados com licenciatura incluida e emprego vitalício com reforma aos 50 anos para todos.

Respire fundo. Daqui a um pouco já pode começar a refletir.

Faltam pouco mais de duas horas

Para eu começar a refletir.

Come fly with me

segunda-feira, janeiro 17, 2011

Manhã de sol

quarta-feira, janeiro 12, 2011

1589. Norris and Drake undertake an expedition into Spain, to set Don Antonio in his Kingdom of Portugal, but prevailed not, and why.

It was now in the Year 1589, and the Two a thirtieth of Queen Elizabeth Reign, when to be in some sort revenged of the Spaniards for their invasion, She gave leave to Sir John Norris and Sir Francis Drake, to undertake an Expedition at their own private Charges, requiring nothing of her but a few Ships of War, who took along with them Anthony the Bastard , laying Claim to the Kingdom of Portugal , and of Soldiers to the Number of Eleven thousand, of Seaman about Fifteen hundred : setting Sail from Plymouth the fifth day of April, they arrived at the Groyne in Galizia ; whereof with great Valour they took first the Lower Town , and afterward the Higher , and from thence sailing towards Portugal , they met Robert Earl of Essex, who without the Queens leave had put to Sea : After two days they arrive at Penycha, a Town of Portugal, which they took ; and left the Castle to Don Antonio, and thence they march by Land towards Lisbon Threescore miles off: The Foot Companies led by Norris, whom Drake promised to follow with the Fleet, being come to the West Suburbs of Lisbon, they found no body there but a poor disarmed Portugals, who cryed out, God Save King Antonio. The day following the Spaniards made a Sally out , in which Skirmish, Bret, Caresty and Carre ( stout Commanders ) were slain; yet did the Earl of Essex drive the Spaniards to the very Gates of the City. And having now tarried here two days, and seeing no signof the Portugals revolting ; which Don Antonio had assured them would be , finding fresh Supplies come into the Town , their own Army sickly, Victuals and Powder failing ; and which was most of all , Sir Francis Drake not bringing the great Ordenance as he promised, they departed from the Suburbs of Lisbon towards Cascais, a little Town at the mouth of the River Tagus, which Town Drake had taken this mean while, who excused his not coming to Lisbon by reason of the Flats he must have passed, and the Castle of St Julian fortified with Fifty pieces of great Ordenance, Near this place they found threescore Hulks of the Hanse Towns of Germany, laden with Corn and all manner of Munition, which they took as good prize towards their Charges , in regard the Queen had forbidden them to carry Victuals or Munition to the Spaniard. From hence they set sail to Virgo, a forlorn Town by the Sea-side, and pillaging all along the Quarter, returned for England, having lost in the Voyage of Soldiers and Mariners about six thousand ; yet not so much by the Enemy, as by eating of strange Fruits, and distemper of the Climate.


in "A Chronicle of the Kings of England", por Sir Robert Baker (1643)

segunda-feira, janeiro 10, 2011

Posta nada PC

O governador do Punjab foi morto (dois carregadores de metralhadora despejados à queima-roupa) por apoiar o fim da lei da blasfémia no Paquistão.

Mesmo que num país daqueles nada seja certo, não seria melhor para a próxima contratar guarda-costas com bigode e sem barba e evitar aqueles com barbas e sem bigode? Fica a sugestão.




Malik Mumtaz Hussein Qadri dirige-se para a objetiva com os olhos postos nas setenta e duas virgens.

sábado, janeiro 08, 2011

Sábado de chuva em Lisboa

Museu do Design e da Moda (MUDE), entrada gratuita, oito visitantes estrangeiros.

Palácio da Ajuda, 5 euros de entrada, quatro visitantes estrangeiros com guia.

Passagem à porta da Exponoivos, 7.50 euros por bilhete, número de visitantes desconhecido, mas a fila para entrar era maior que aquela que em tempos vi à porta de Versailles. Aparentemente, tratava-se apenas de autóctones.

sexta-feira, janeiro 07, 2011

Domingo há outras eleições, talvez um bocadinho mais importantes que a das misses

Seja por causa da religião, por causa da raça, ou por causa da paisagem: para a semana, quando acabar a votação, é quase certo que teremos mais um país em África.
Só duvido que a guerra acabe. É que o petróleo que alimenta os malucos do norte ficará quase todo na posse dos malucos do sul.



O famoso Darfur fica ali ao meio e à esquerda, ainda no lado norte

quinta-feira, janeiro 06, 2011

Ainda o Francisco Lopes

Com todo o respeito por uma figura que desconheço e nem pretendo conhecer, porque é que o PCP insiste em ir a concursos de misses com a feminista do bigode?

Haiku de janeiro num país tropical

Chove e estão 18ºC lá fora. Na cozinha, o alho e a noz moscada tomaram bolor.

segunda-feira, janeiro 03, 2011

Já venho atrasado mas...

Merry Crisis and a Happy New Life to all!

domingo, janeiro 02, 2011

Accourdo Orthographico

No Telejornal, correram longos eletrões pela entrada em vigor (????) do novo acordo ortográfico.
Como se nos programas de notícias, e no resto da plebe que nos entretem, alguma vez existira um historial impecável de cumprimento do anterior.

Os debates

Os candidatos são todos excelentes, mesmo o candidato-coletivo Francisco Lopes. Infelizmente, dada a exiguidade do cargo, não há muito que possam debater para além de como as qualidades (mesmo as do candidato-clone, perdão, coletivo Francisco Lopes) e a obra passada de cada um (ou do coletivo, Francisco Lopes) o torna mais merecedor de pompa e circunstância nos céus de Belém.
Como disse, não é que os candidatos sejam maus, até o Francisco Lopes; é sim o verdadeiro objetivo da eleição, a satisfação de vaidades, aquilo que já não desperta interesse algum nos eleitores. E não há nada como um debate de televisão para torná-lo óbvio.