quarta-feira, julho 19, 2006

Líbano: The Phoney War

Como muito bem recorda Francisco José Viegas ontem no JN, o plano da ONU para a região da Palestina em 1947 previa a divisão da região em dois estados, um judaico e outro árabe. Contudo, esse plano estava prenhe de falácias: nem todos os palestinianos eram muçulmanos e nem a palestiniana Jordânia fazia parte da divisão acordada.
O problema foi assim, logo na origem, dois: a colonização por euro-judeus, i.e., a ressurreição de "Israel" per se; o outro, a criação de novo da própria Palestina pois, mesmo na ausência do primeiro acto, nenhum "vizinho" árabe tinha interesse num novo estado dito palestiniano.

E o que é que o Líbano tem a vêr com isto? Tirando um passado de ocupação do sul pela OLP, hoje em dia nada, apesar da cartilha que alguns bloqueados continuam a repetir por aí e da desinformação generalizada que os média propagam. Mas essa confusão interessa a muitos.

As relações são outras.

A primeira é de semelhança: o Líbano é também um estado que ele pode ser visto como mais-ou-menos artificial mas multi-religioso e multi-étnico e que, na sequência da retirada do exército sírio e dos fantoches que o desgovernaram, cometeu um erro fatal: democratizou-se e prosperou.
Este país ameaçava assim tornar-se num péssimo exemplo para toda a região, em especial para os estados árabes, se ainda por cima tivermos em conta que este progresso se fez com o apoio do Ocidente e apesar da oposição activa de um partido religioso (Hezbollah, o Partido de Deus, com dois ministros impostos por al-Hassad da Síria ao actual primeiro-ministro libanês, Fouad Siniora).

A segunda é de geografia, sendo o Líbano usado como um território-tampão para ambos os lados: Israel não pode invadir a Síria sem provocar a Terceira Guerra Mundial e o Irão não tem fronteiras aquele país. Com os acordos de paz entre o estado judaico e o Egipto e a Jordânia (que resultaram num nunca acabar de atentados nesses países), resta aos velhos inimigos guerrearem-se na terra alheia de sempre.

A terceira é de oportunidade: Teerão precisava afastar as atenções dos seus planos nucleares, tal como quando criou a "crise" dos cartoons, e não só isto coincide com a verdadeira crise na Coreia do Norte, país com o qual o Irão tem um protocolo de colaboração para o desenvolvimento de mísseis nucleares (e onde já é certa a presença de engenheiros iranianos), como também com o interesse de Putin em desvalorizar a questão do fornecimento pela Rússia de gás natural à Europa, assunto agendado para a reunião dos G8 que se aproximava. Facto este que não parecerá estranho a quem olhar para o mapa e descobrir o trajecto dos gasodutos russos.

2 comentários:

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