quinta-feira, fevereiro 28, 2008

Tiro olímpico



Campo de Al Salaam, no Darfur (foto de Stuart Price, Reuters, via Claro).

quarta-feira, fevereiro 27, 2008

Posta extremamente xomofóbica, teoricamente falando


A terra tremeu uns míseros 5.2 esta madrugada no Reino Unido e os ilhéus entraram em pânico. Sempre me pareceu que a abundância de côr-de-rosa ali não resultava só da falta de melanina.

Entrementes, fui relembrado pelo Daniel Oliveira sobre o que leva o presidente Ahmadinejad a ter tanta confiança que não há homossexuais no Irão: dão às de vila-diogo assim que podem.

Restava discutir se existe alguma correlação entre o aumento de terremotos num sítio e alguma descida significativa no outro mas parece-me que isso já seria paneleirice a mais.

terça-feira, fevereiro 26, 2008

Mais palavras difíceis

Cabeçalho. Por exemplo "Ó menina,leia aí o cabeçalho do livro de texto de Português do 9º ano do ensino onde todos passam, página 39, 2º parágrafo. Com certeza Sr. Professor"

Fartazana. Por exemplo "Ó Peixoto, vamos embora daqui que isto está cheio de fartazanas."

Quem é o Caribou?

I'm watching you

São 18h34 e desde que postei o trelon-tan-tan-tin apareceram aqui, pela primeira vez, um leitor de Manila e outro de Banguecoque.

Isto está a aquecer.

Trelon-tan-tan-tin-ton, trelon-tan-tan-tan



(por Tangy, no b3ta)

Sinal dos tempos

AVISO: as imagens e as palavras no vídeo abaixo poderão ferir algumas susceptibilidades. Eu posso dizer que me encolhi até ao encarquilhar dos dedos dos pés e ainda me doem os dentes. Estou agora a beber um cházinho de erva-cidreira a ver se recupero.



É lindo de ver que, após 30 anos de poder público, esta gente tenha passado a debitar as mesmíssimas atrocidades em versão globalizante. Emigração, que é mau, continua mas agora já sabe inglês.
Tenho a certeza que o eng.º deve estar bastante orgulhoso.

a culpa (pelo vídeo) é toda do Esquerda republicana.

Eu diria mesmo mais: é assim que a Alemanha ganha a guerra

Acerca da reacção agastada do dirigente comunista ao filme Call girl, João Miguel Tavares escreve na sua crónica do DN:

Soraia está nua e Abílio [Fernandes] pensa na militância. É por isso que o Muro de Berlim caiu.

domingo, fevereiro 24, 2008

SMS-manif

Como leio pouco, foi pelos comentadores do Corta-fitas (obrigado, comentadores anónimos e não-anónimos e assim-assim do Corta-fitas) que aprendi que as manifestações da classe profissional do estatuto da carreira são virtualmente espontâneas.

Ora, isto dos ajuntamentos espontâneos tem que se lhe diga. No princípio do milénio, quando a flash-mob foi inventada em Nova Iorque, o fenómeno não passava de uma performance artística; espalhava-se a convocação essencialmente por email mas, pela sua natureza, a aparição da polícia tornava-se irrelevante.

Tal como então, a maioria dos participantes de hoje não se conhece de antemão e é primeiro preciso haver uma motivação comum. Depois, tem de haver sincronismo.

A primeira compreende-se; a aposta é feita na solidariedade de classe profissional do estatuto da carreira, 'trabalhadores de todo o mundo, uni-vos' e tal. Quanto ao segundo obstáculo, parece que o pulo é por smss.
Mas aqui a porca torce o rabo: se a malta não se conhece, como é que arranjam os números de móvel uns dos outros? Uma hipótese que me agrada às meninges é que serão sacados no hi5 ou uma chatroom qualquer.

Deleita-me imaginar um prof de Tomar (ou outro sítio assim) à procura de encontros adolescentes acabar por descobrir que trocou números com uma colega solteirona de Massamá (ou outro sítio assim). "Ah!, pois,", exclama ele quando se apercebe do buraco em que se meteu, "o estatuto da carreira docente e tal, não é? Ó colega, e se fizessemos uma manifestação à porta do primeiro-ministro?"

Daí que não me pareça de admirar que a polícia desça ao terreno e desate a identificar aquela gente toda. Os polícias, lá está, não são parvos; muitos têm namoradas ou filhas em idade escolar e, derivado aos turnos consecutivos, eles sabem que não é raro aquelas perambularem na net à procura de um choquezinho tecnológico.

O Senhor Comentador

Descobri este blogue de Carlos Quevedo hoje. A abertura agarrou-me logo para o andante:

Se for invisual, clique aqui. Se for surdo, continue a ler. Obrigado.

O blogue colecciona os textos do seu autor que são lidos diariamente na Antena 1.
Gostei especialmente deste que transcrevo abaixo.

O Senhor Comentador está feliz com os novos avanços da medicina

Oiçam esta notícia maravilhosa: "Primeiro transplante de rim entre marido e mulher é um 'avanço' na área", diz Eduardo Barroso. Para começar, observemos que quem afirma que o tal transplante é um avanço é o Dr. Barroso, que na semana passada reconheceu ter ganho – e continuar a ganhar – uma pipa de massa por incentivar a realização de transplantes. Suponho que sempre que assiste a um transplante, o Dr. Barroso deve dizer "já cá canta mais um", "o Mercedes já está pago", "Querida, vamos ao Hawai" ou "ainda bem que já estava de olho no Bentley". Mas, pronto, ainda bem para o Barroso o futuro da medicina em geral. Continuemos com a notícia: "Primeiro transplante entre marido e mulher". Eu não sabia que isso não se podia fazer isso com a própria mulher. Não é que eu já o tenha feito. Mas como sempre estamos a experimentar coisa novas, mais cedo ou mais tarde, se calhar, numa noite de Verão, a minha mulher e eu éramos bem capazes de chegar aí. Quando li a notícia mais detalhadamente, percebi que esse tipo de transplante nunca antes tinha sido feito, não por ser pecado, mas por causa das seguradoras. Não queriam cobrir o risco do dador. E agora voltamos ao princípio. O tal grande "avanço" de que falava o Barroso, não era por causa da própria operação. Foi porque agora a seguradoras abriram um novo incentivo para os incentivadores de transplantes. Fico feliz por eles. Como diz aquela publicidade: "há coisas fantásticas, não há?" Fora isso, tudo bem.


Divirtam-se e, se forem invisuais, ouçam-no na rádio.

Já cá o tinha posto?



Não interessa, continua uma cançoneta catita e actual, apesar dos anos.

sexta-feira, fevereiro 22, 2008

Surpresas de audiência

Tenho constatado que este blogue tem mais leitores no Brasil que em Portugal. Considerando que raramente aqui se fala de assuntos relativos àquele país, primeiramente (como diria o grande Teodorico Odorico) senti-me honrado pelo interesse dos manos tropicais na prosa doméstica. Mas cedo me apercebi que é a natural arrogância dos contribuintes aquilo que levanta a tribuna do chão pátrio e a leva a flutuar por nebulosas discorrências humanistas.

Ora, nem de propósito: qualquer dia ainda faço uma investigação mais aprofundada sobre o perfil geográfico dos frequentadores aqui da xafarica e depois bufo tudo em directo.

Para já, notei que há um(a) freguês(a) em Gaillard, França, que nos visita assiduamente... Ena!, por esta é que ninguém esperava. Já aqui alguém me leu uma referência que fosse à gaja do presidente deles?

Saravá porque hoje é (quase) sábado,
DP

12 palavras

Em resposta atrasada ao pedido do Oito e coisa (estava em trânsito, meninas).

Estucha - gosto de palavras sem tradução possível e esta é uma delas; e rima com 'puxa', a sua gémea tropical.

Carrapatoso - o apelido, ele méme; se a progenitura me tivesse deixado por herança semelhante apodo, o meu primeiro impulso seria orfanar-me; ora, no entanto, todavia e contudo, o procedente é hoje transfiguração da mais altíssima capitania industrialista (ainda que seja por via matrimonial mas desenrascanço é desenrascanço) e, pelo neologismo, merece o meu eco.

Sanefa - que muitas vezes confundo com 'safona', que muitas vezes confundo com 'safada' e, se querem que vos diga, acho que é tudo a mesma coisa.

Manageiro ou managêro - só para mostrar que os alentejanos já dominavam o inglês técnico no tempo do Beresford.

Pérgola - porque me faz sentir como um puto a tentar sair-se com vocabulário de gente grande.

idem para Tanatório

Sofá-cama - parafraseando o La Serna, "sonhos em cima, conversa em baixo" (como se este exercício não fosse ele todo uma grandessíssima gregueria).

Adstringência - uma meta-palavra: ao dizê-la se la sente.

Kaiserschmarrn - com leite directamente fresco da produtora (todo o culinário que nas línguas abusadoras das sibilantes soa a delicioso, é-o); ora, se era bom para a Sissi, é bom para mim e para si.

Punção - porque, no fundo, somos todos uns fanhosos.

Amnésia - mas não ‘amnistia’: esquecer, tudo; perdoar, nada.

Gongórico - e embandeirando em arco.

Para que a cadeia não morra comigo, convido qualquer dos 8 ou 9 leitores desta xafarica a dar-lhe seguimento.

domingo, fevereiro 17, 2008

Sabor da semana

Esta história dos carros dá-me a volta ao estômago e ninguém me convencerá que, com menos gente a entrar na cidade em viatura própria, o panorama não muda.

Taxar pesadamente a entrada de carros na cidade, em jeito de portagem diúrna, é uma solução que já provou dar resultado noutras capitais europeias.

Inebriado com estes belos e justos ideais, segui a sugestão de C. Medina Ribeiro, do Sorumbático, e fui visitar um blogue cívico, O Carmo e a Trindade (uma surpresa agradável foi poder voltar a ler textos do Luís Coimbra).

O Carmo e a Trindade passa já a sabor da semana. Para além de inúmeras denúncias do comportamento subdesenvolvido de alguns autarcas, institutos, condutores e empresas no activo em Lisboa, lá encontrarão também ligações para outros sítios ou blogues lisboetas (ainda mais) bairristas.

Taxa de congestão já!

A propósito do recente aumento na taxa de congestão paga por quem pretende entrar com a viatura em Londres (25-vintecinco-25 libras esterlinas por cabeça de 4x4), o Quionga 6 diz:

E mais nada… agora que o túnel do Rossio vai abrir e que o comboio volta a aterrar no centro de Lisboa… porque não?

Estou a ficar sinceramente farto dos poluidores que entram e saem de cu tremido sem cá deixarem o dinheiro dos seus impostos.

Queres andar de carro no centro? PAGA!


Ó meu herói do Quionga: e que tal começarmos uma campanhazita concertada?

sábado, fevereiro 16, 2008

A Vénus de Metro


Mind the cunt, pelo irmão lúcia

sexta-feira, fevereiro 15, 2008

Ano III

Passou-me ao lado, como todos os aniversários de toda a gente que conheço.

Mais vale tarde: este blogue cumpriu, no passado dia 9, dois anos de existência. Viva nós!

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

Milhares? Centenas!

Há cerca de cem soldados da GNR em Timor que fazem mais pela segurança do seu povo e estabilidade do Estado que o milhar ou dois de efectivos do exército e polícia australianos.

Se fosse caso de pavonear orgulhinhos saloios até se poderia dizer que um soldado tuga vale por dez ozzies. Infelizmente, a realidade é outra.

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Cronologia de um atentado timorense

O grupo de 'golpistas' chegou à residência do presidente de Timor às seis da manhã e viu com surpresa o seu líder, Alfredo Reinado, desarmar os seguranças e entrar. Ouviram disparos vindos do interior das casa mas, como qualquer bom chauffeur, deixaram-se ficar. Passada uma hora, chega o presidente do seu jogging habitual e, assim como quem não quer a coisa, os rapazes dão-lhe dois tiros e vão embora.

Parece que a viatura onde seguia o primeiro-ministro também foi levemente atacada. Hora e meia depois, e fora da capital. Pela fleuma da espera, dir-se-ia que o seu motorista é da mesma escola.

Mais no Timor online.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Timor a ficar Downunder

Alguns factos:

-ainda Reinado se encontrava "em parte incerta", após a primeira rebelião, foi fotografado na companhia de soldados australianos;

-depois de preso, fugiu da cadeia e voltou a refugiar-se nas montanhas; as forças do UNMIT, entretanto constituidas sob comando australiano, nunca deram cumprimento à ordem do tribunal para a sua captura;

-a acção de policiamento da GNR foi constantemente boicotada pelos australianos da UNMIT (prendiam os elementos das gangues mas eram obrigados à sua entrega ao comando australiano; este procedia à sua libertação no momento), o que até levou o contingente malaio a considerar abandonar o país;

-o exército australiano está presente com 2000 soldados num pequeno país cujas próprias forças de ordem ou militares não chegarão a contar tanto (isto não é uma força de paz, é um exército de ocupação);

-o corpo de Reinado já se encontrava morto e no interior da casa de Ramos Horta, uma hora antes do tiroteio que feriu este último (o "segundo" do dia).

Algumas perguntas:

-porque arrisca Reinado a sua presença num atentado contra o presidente se é o primeiro-ministro Xanana Gusmão quem detém o poder?

-se é público que Ramos Horta tem o hábito do jogging matinal, porque ataca Reinado a uma casa vazia e protegida?

-por que razão é o próprio Ramos Horta o único a chamar a GNR, e já depois de ter sido alvejado (às 7h00) se o "primeiro" tiroteio (o que mata Reinado) é às 6h00?

-quem atirou sobre Ramos Horta, ao portão da casa, uma hora depois de Reinado estar morto, dentro da casa?

-qual o país que agora vai ver reforçado, a pedido do PM Xanana Gusmão, o seu contingente de soldados (e não polícia) no território timorense?

-qual o país que irá beneficiar com a divisão do gás natural do mar de Timor?

domingo, fevereiro 10, 2008

E na blogosfera ainda é pior

Passo a vida a confundir os nomes de Medeiros Ferreira e de Medina Carreira, e vice-versa.

(ou será Medina Ribeiro?)

Derrick


(via Pastoral portuguesa)

Há qualquer coisa de pythoniano nesta entrevista de comício.
Aqui fica o registo, dedicado aos fregueses das feiras e mercados nacionais.

quinta-feira, fevereiro 07, 2008

Eles andam aí

Este blogue foi hoje visitado por três computadores diferentes com IP de Mountain View, na Califórnia. Como por mais que puxasse pela carapinha não me lembrava de nenhuma relevância pessoal associada à terreola, fui ver.

Ahhhhhh!

Terá isto que ver com o fecho forçado do Blasfémias no Blogger? Juro que não tive nada a ver com tal.

terça-feira, fevereiro 05, 2008

Uma tomada de posição

Com a chegada da China ao estatuto de 1ª potência mundial é importante que a opinião pública ocidental ( dado que os governos Ocidentais muito provavelmente não o farão ) exija do governo Chinês resposta ás seguintes perguntas:

1. Que papel terá a China na manutenção da ordem internacional? Qual o entendimento comum de quais os conflitos que ameaçam a ordem internacional e qual o papel da China na sua resolução? Por exemplo, estará a China disposta a enviar tropas para o Iraque, a convite do novo presidente Americano John McCain, para ajudar os Americanos a consertar aquilo que eles partiram, dados que é imperioso repôr a ordem no Iraque e os Americanos não têm meios para tal?

2. Como vai lidar o governo Chinês com a liberdade e a democracia nos países ocidentais, no seu próprio país e nos países em desenvolvimento? Quanto mais não seja porque é muito bonito estarmos todos juntos na OMC e os países ocidentais estarem com as calças, quero dizer, as barreiras alfandegárias caídas para os produtos dos países membros mas depois não é possível verificar se um país que vende produtos abaixo do preço de custo das mercadorias que os compõem está deliberadamente a praticar o dumping com a intenção de enfraquecer as economias rivais.

Como é? Andamos todos juntos a trocar produtos e a enriquecer e melhorar o mundo, ou não?

Tenho a certeza que o governo Chinês, uma vez posto perante estas questões, lhes saberá dar as respostas mais adequadas, usando a astúcia e sabedoria que sempre caracterizaram o povo Chinês.

Mudanças

Tal como a eleição de Chavez, Morales e Lula na América Latina, os distúrbios que estão a ocorrer em África são essencialmente uma mudança de patrão.

O novo comando África, recentemente criado pelos EEUU já não vem a tempo e provavelmente não terá meios suficientes.

Olhai-vos ao espelho

Este é um país onde há coisa de 1,000,000 - um milhão - 1,000,000 de maiores de 15 anos que não sabe ler ou escrever.

Escusam de procurar comparações com Grécias ou Roménias: é preciso viajar à América latina para encontrar percentagens destas (8%). E, mesmo assim, nem todo o bicho-careta servirá de paliativo.

Quando criticais o PM que tendes esqueceis que ele é mais que o vosso merecido espelho, é um de vós. Tudo nele é vosso, da estética das mésons aos jeitinhos de secretaria.

Só mudam os líderes quando mudam os povos. Até lá, tende vergonha.

O meu candidato

John McCain

domingo, fevereiro 03, 2008

Música do meu tempo 2920, lado B



Bat for lashes, What's a girl to do?


via Quionga6 (tal como o anterior)

Música do meu tempo 2920



Royskopp, Remind me

E agora, algo de realmente importante


Enquanto alguns festejaram o centenário da execução do chefe de estado português, a mesma escala de valores no Afganistão condenava à morte Sayed Pervez Kambaksh, 23 anos, estudante de jornalismo, por haver feito download de páginas sobre os direitos das mulheres.

A boa notícia hoje é que, após a exposição do caso na imprensa britânica, as quase 40000 assinaturas recolhidas pelo jornal The Independent foram suficientes para pressionar o senado afegão a retirar a sua confirmação à sentença proferida em tribunal religioso.

Infelizmente, o senado alegou que o fazia por se terem comprovado "irregularidades técnicas" durante o processo (leia-se, o julgamento decorreu em segredo, sem representação jurídica ou direito de recurso).

Mas, pelo menos, ainda não morreu...

Petição aqui.

E depois da crise

Mais cedo ou mais tarde, os efeitos da crise do subprime vão esbater-se e a economia global vai reequilibrar-se e redistribuir os seus benefícios pelas regiões mais dinâmicas e civilizadas do globo.

Assim o dizem os entusiastas do monetarismo e os arautos do optimismo mercantil, tipo Economist.

Possivelmente assim será. Mas o mundo vai acordar com um equilíbrio de forças diferente. Os EEUU já não vão ser a primeira potência mundial, nem económica ( na verdade, já não o são ), nem militar.

Como bem refere Miguel Monjardino no seu artigo de ontem no Expresso, quem quer que seja o próximo presidente dos Estados Unidos, mesmo o combativo McCain, vai acabar por se concentrar na resolução da crise interna, no combate ao desemprego, na melhoria do sistema de saúde, na recuperação do ensino básico. Estas áreas foram de certa forma menosprezadas pelo governo federal, em detrimento do poder militar e da capacidade de projecção de força, cada vez mais cara, e ela própria um fonte de corrupção e distorções dentro da máquina governamental Americana.

Isso significa que os EEUU vão deixar de ser a grande potência militar mundial passando a ser apenas uma delas.

Para a União Europeia isso pode significar uma oportunidade. Miguel Monjardino insinua que, nestes tempos mais incertos e perigosos, a Europa vai ter de se preocupar mais com a sua defesa do que no passado e lança a dúvida sobre se esta estará à altura.

Vinda de Miguel Monjardino, esta afirmação é o convite à Europa para aprofundar a aliança com os EEUU ao ponto em que, tal como o Reino Unido, a Europa não põe em causa as decisões Americanas e participa activamente na sua concretização. My Alliance, right or wrong.

Não vou dissertar sobre a filosofia subjacente. Vou apresentar uma proposta alternativa que tenho a certeza não ser uma possibilidade avaliada apenas por mim.

Se o BCE se mantiver firme e não descer as taxas de juro, ou as descer muito pouco, o Euro poderá emergir desta crise como a moeda franca das economias, tomando o lugar do dólar.
É óbvio que, no curto prazo, essa política vai acarretar custos económicos e sociais. Mas, a mais largo prazo, a Europa poderá surgir como uma Suíça em larga escala, com as consequentes vantagens económicas subjacentes.

Essa hipótese implica a manutenção de algum distanciamento em relação aos EEUU, sempre que necessário.

Mas não elimina o aumento da responsabilidade Europeia na sua própria defesa, antes o intensifica, tal qual como acontece com a Suíça, altamente armada.

Quando sairmos da crise actual, o controle a economia mundial terá em grande parte passado dos EEUU para a China, os países do Golfo, a Rússia, os pequenos tigres asiáticos, etc. Todas as economias com superavit vão agora conquistar o poder de decisão a que têm direito.

Aquilo que me afasta das análises do mercantilismo optimista do Economist é que eu não penso que as consequências políticas dessa alteração do equilíbrio do poder sejam nulas. Ou que sejam irrelevantes. Ou que sejam boas.

A democracia vulgarizou-se no mundo em virtude dos EEUU serem uma democracia. Mesmo na Europa isso assim foi.

Os países que vão ascender agora ao poder na economia não o são. Inevitavelmente a popularidade da democracia vai diminuir. Em parte vítima de si própria e da sua propaganda auto-destrutiva, a democracia tem cada vez menos o apreço dos povos que nela vivem e cada vez mais membros da intelectualidade monetarista surgem a defender sem qualquer vergonha os modelos políticos ditos "musculados" como o de Singapura.

Vale a pena também comentar esse tipo de ideias, depois de dizer que toda a política externa Europeia deve ser orientada no sentido de libertar a Europa de pressões que a forcem a enveredar por caminhos desse género.

Posso começar por dizer que o monetarismo é o capitalismo especulativo por excelência,que este capitalismo especulativo pouco tem de economia de mercado e que por isso gosta de estados autoritários onde as liberdades políticas não são autorizadas ( as outras são ).

Mas vale a pena também desmontar os argumentos da eficácia da criação de instituições não democráticas como o OMC, a Comissão Europeia, ou outras, por justaposição sobre as instituições democráticas de um país. As vantagens desta justaposição são defendidas, por exemplo,por Fareed Zakaria, Indiano, editor da Newsweek, num libelo de propaganda, por sinal muito mal escrito, chamado O Futuro da Liberdade.

Mostrarei que ele usou a falácia habitual dos propagandistas, nomeadamente os Anglo-Saxónicos: agarrou na conclusão que queria defender e recortou os argumentos de forma a simular que estes demonstram os seus pontos de vista.

Vou nomeadamente desmentir um case-study que ele apresenta como modelo do sucesso da decisão tomada fora das pressões dos organismos democráticos. Espero mostrar assim, acima de tudo, a ligeireza da argumentação, motivada por um desejo de vender aos outros uma ideia conveniente. Finalmente, vou dissecar e pôr a nu qual é verdadeiramente o motivo do desprestígio das democracias: o pouco à vontade com que o capitalismo monetarista lida com a liberdade política e a forma que encontrou para tentar acabar com ela.

Mas será noutra posta porque está já vai longa.

sábado, fevereiro 02, 2008

Aventais insuspeitos

Porque quase sempre acusados de cumplicidade ou coincidência com os republicanos da época, é bom de ver como os maçons de hoje recusam qualquer associação com as excitações dos outros.

"Enquanto Grão-mestre do Grande Oriente Lusitano demarco-me dela [romagem às campas dos regicidas] e não terá a nossa participação nem apoio", afirmou António Reis.

(No DN; ver mais declarações no próprio sítio do GOL)

Recordo que o GOL segue o rito francês e é tradicionalmente republicano, ao contrário da Grande Loja Legal de Portugal, de origens recentes e rito regular.

Os Buiças

Sempre que se aproxima um cinco de Outubro, a imprensa vai ouvir doutas vozes falar do idealismo dos republicanos d'antanho e da repressão franquista (sempre associada ao rei).

Essa da ditadura "monárquica" e da "democracia" republicana faz lembrar os comentários pós-eleitorais do velho Cunhal: sempre que o PCP descia, havia derrota das forças "democráticas" e avanço dos "fascistas".

No fundo, compreende-se: já que temos por correcto que só em ditadura se pode justificar uma mudança de regime pela violência, as boas consciências obrigam à diabolização da monarquia e à ladainha do martírio dos cavalheiros em epígrafe e suas nobres intenções.

Noutras paragens, é ao mesmo tempo sintomático e paradoxal que sejam os sectores mais extremistas da esquerda portuguesa aqueles que agora festejam o assassinato do rei: sintomático pois o seu anarquismo, tal como a visão que têm da sociedade, porque meramente literária, é novecentista (essencialmente, fascina-os a violência na morte de uma figura da autoridade); e é paradoxal por esquecer que, após as ridículas escaramuças do 5 de Outubro, o regime passou a partido único, com um PRP totalitário que não hesitou em reprimir (prendendo e matando) os mesmos anarco-sindicalistas de cujas mãos anteriormente se havia servido para fazer a revolução.

Dado que a república "ganhou" (vai fazer 100 anos, parece) só encontro uma justificação para o retorno aos dois grupos de propaganda: o regime actual é mais parecido com a monarquia de 1908 que com a república de 1911. E isso, aparentemente, deve fazer-lhes uma comichão dos diabos.

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(parte desta posta foi publicada inicialmente como comentário a esta outra, no Esquerda Republicana)

E agora, Joy Division

O fado dos Heróis do Mar

Sem título II

Acordem-me depois. Agora quero dormir

Sem título

sexta-feira, fevereiro 01, 2008

D.Carlos, Rei dos Portugueses



28 de Setembro de 1863-1 de Fevereiro de 1908
in memoriam