terça-feira, fevereiro 28, 2006

Monopólio e concorrência

Vou usar a deixa do Dorean para dissertar longamente sobre a propriedade das empresas de energia, telecomunicações e transportes públicos.

Começo por dizer que as estratégias dos governos Francês e Italiano não vão em defesa do capitalismo. Vão em defesa do interesse nacional, que cada vez mais frequentemente colide com os interesses de grupos privados. Se o consumidor beneficia ou não, está para se ver.

Por questões de equilíbrio saudável do poder, eu defendo que os sectores estruturalmente monopolistas estão mais bem entregues nas mãos do estado do que nas mãos de privados.

O que eu quero dizer com isto é que há empresas que operam infrastruturas ( activos imobilizados, penso eu ) que:

1. Exigiram um investimento caríssimo, que nunca teria sido efectuado por um privado.

2. Devido ao valor desse investimento, tais infraestruturas dificilmente são replicadas por empresas concorrentes e na práctica nunca o são.

Estas empresas têm sempre uma vantagem competitiva sobre as empresas concorrentes, mesmo que o estado as obrigue a alugar as suas infraestruturas a preços justos.

Têm essa vantagem devido ao conhecimento técnico que têm sobre a natureza dessas redes e à inerente capacidade que têm de antecipar as inovações na infraestrutura e respectivas consequências.

Por outro lado, mesmo que as concorrentes desenvolvam essa capacidade de inovação, na prática as detentoras da infraestrutura poderão sempre rapidamente lançar serviços concorrentes, ao mesmo tempo que atrapalham as outras empresas. Em teoria a supervisão do estado evita estas situações. Na práctica isso nunca acontece e não vai acontecer no futuro.

Os sectores paradigmáticos desta realidade são a electricidade, as telecomunicações de rede fixa, a rede ferroviária e a rede de autoestradas.

Ou seja, estou a falar, em Portugal, da EDP, da PT Comunicações, da Refer e da Brisa.

Na práctica, a privatização destas empresas prefigura situações de monopólio de facto, mais ou menos regulado pelo estado, em que as empresas cobram um valor aceitável ( para o consumidor ) pela utilização da infraestrutura. Este valor é normalmente suficiente para terem grandes lucros e um grande cash flow mas não é o suficiente para investirem na infraestrutura.

É apenas natural, por isso, que o estado intervenha na gestão dessas empresas. O que já não é tão natural é que estas empresas estejam cotadas em bolsa e que se finja que existe realmente um mercado livre nestes sectores.

É importante também dizer que um desinvestimento do estado nestes sectores quase de certeza levaria a uma inexorável deterioração da infrastrutura e do correspondente serviço ao consumidor.

Um caso práctico ( case study? ) é o da privatização das telecomunicações. Hoje em dia a Europa é líder nesta área, quando comparada com os EEUU. Os EEUU fizeram a liberalização 10 anos antes da Europa e o estado deixou de investir na rede fixa de comunicações. O resultado é que esta se deteriorou consideravelmente nas regiões com menor densidade populacional e com menor incentivo económico para o investimento. Por causa disso perderam a liderança no sector do equipamento, muito por causa dos seus clientes não investirem suficientemente na rede fixa e em novos serviços. Na verdade alguns operadores apresentavam insuficiências graves até em áreas básicas como a capacidade de facturar correctamente os clientes.

É verdade que as comunicações sem fio, incluindo as comunicações por satélite, vieram compensar estas faltas. O sector das telecomunicações tem evoluído muito depressa e a concorrência no futuro será entre operadores de vários tipos de acesso diferentes e a vantagem estará no tipo de serviços que poderão oferecer e a sua respectiva integração ( base IP com voz, internet e televisão interactiva ). Isto significa que a rede fixa da PT Comunicações vai concorrer num futuro próximo com a rede da NetCabo e com os serviços da Airtelecom, por exemplo.

Esta realidade permite ter esperança num serviço melhorado ao consumidor. Mas é preciso ser cauteloso. Afinal, temos três operadores de comunicações móveis e nem por isso a concorrência ( teórica ) faz diminuir o preço das chamadas ou melhorar o serviço de atendimento aos clientes. A perspectiva de fusão da Optimus e da TMN não parece ser de bom agoiro para os consumidores.

Mas esta nova realidade limita-se às telecomunicações.

Na Electricidade, por exemplo, não existe nenhum substituto razoável a não ser que se considere que viver sem luz é uma alternativa razoável.

O gás de cidade também não tem nenhuma alternativa confortável.

O transporte ferroviário compete com o rodoviário mas, para além de levarem de A a B, oferecem serviços de características muito diferentes sendo que os operadores rodoviários, por enquanto, não têm de pagar as estradas, embora paguem as autoestradas. O primeiro ministro Português ainda não pode apresentar as mesmas queixas que D. João II.

Para além disso, todas estas infraestruturas, pagas com o meu dinheiro para lucro dos privados, são pontos vitais para o normal funcionamento do país. Quem os controlar adquire um grande poder. Basta olhar para a negligência com que a PT geriu o caso do fornecimento aos tribunais das chamadas do cliente estado. Mas pode-se também pensar nas consequências de uma hipotética interrupção do fornecimento do gás natural.

No capitalismo triunfante todas estas empresas serão privadas e os seus proprietários tirarão todo o partido que entenderem do poder investido em suas mãos. O consumidor irá inevitavelmente sofrer a má qualidade do serviço, como o passado demonstrou em ocasiões semelhantes. No caso das telecomunicações poderá sofrer intrusões na sua privacidade ( pode sempre usar pombos correio e tambores, claro ).

Eu sou forçado a ser accionista do estado. Por muito pouco que o estado me levasse, eu terei sempre maiores interesses no estado do que em qualquer das empresas referidas. Vivo do meu trabalho e não conto ser rico.

Como não sou mesquinho nem nasci para lacaio não me vou deixar entusiasmar com as mais valiazecas que me poderia trazer a venda de meia dúzia de acções da PT.

Para além disso, o estado outorga-me uma carta de direitos ( a constituição ) que nenhuma empresa alguma vez outorgará ( se eu fosse muito rico poderia fazer o que quisesse, inclusivamente ignorar as regras do estado mas isso é para o próximo carnaval ).

Um estado fraco deixará de poder garantir esses direitos.

Eu prefiro um estado forte. O nosso já não existe. O Francês e o Italiano ainda sobrevivem, sabe-se lá por quanto tempo mais.

Mas há um que está viçoso, mesmo sem outorgar o que quer que seja: o Chinês.

As OPAs dos outros



Assim que os italianos da Enel decidiram entrar pela Suez adentro (empresa responsável pela distribuição de gás, electricidade e água para toda a Europa), o governo francês fez aquilo que todos os governos dessa Europa da livre concorrência fazem nestas situações: invocou o carácter estratégico da empresa, a absoluta necessidade de manter em mãos nacionais o controlo da sua gestão, e tentou a todo o custo bloquear a operação.

O objectivo dos italianos era, por um lado, a expansão do grupo no mercado europeu através da belga Electrobel, a qual é controlada pela francesa Suez, mas também reforçar a sua posição em território nacional dado que a Electrobel controla por sua vez a italiana Acea...

Confusos? Eu também.

Obviamente, isto foi visto como uma ameaça ao domínio gaulês no mercado de energia europeu e para impedir a prossecução dos planos da Enel, o primeiro-ministro Dominique de Villepin anunciou no sábado a fusão da Suez com a Gaz de France, dois dias antes do encontro previsto entre em que ministro italiano da Indústria, Claudio Scajola, e o ministro francês da mesma pasta.
O anúncio justificava a operação com o objectivo de criar o ''maior grupo mundial na área do gás natural'' mas acontece que a participação que o estado francês dispõe na GdF é de 80% quando a fusão, que deverá estar concluida no final deste ano, permite a troca directa de títulos entre accionistas de ambas as empresas...

O Ministério italiano da Indústria reagiu logo e anulou a reunião programada, em que estava previsto tratar de temas relacionados com a energia.

Em resumo: as ''golden shares'' em França são de 80%, e a livre concorrência tem só um sentido; em Itália, o mesmo argumento serve para construir um monopólio nacional que de outra forma não seria permitido pelas mesmas regras de livre concorrência...

Pelo caminho todos vociferam que o fazem para ''defender o interesse nacional'' ou para ''favorecer o consumidor''.
Quanta bondade.

Como diria o Aardvark, isto até pode ser capitalismo mas como mercado ainda nos vai sair muito caro e nunca será nem integrado nem livre.

sábado, fevereiro 25, 2006

A cultura, essa arma de arremesso

A cultura de um indivíduo é o resultado do tempo que este dispendeu a desfrutar da arte, transformada em bagagem intelectual.

O seu valor não está em discussão mas existem alguns abusos pouco apropriados da bagagem cultural, principalmente em debates de ideias, que infelizmente são bastante vulgares:

1. O uso dos items da bagagem de uma forma que tenta tirar partido da presumida ignorância dos outros, usando-os como estandartes de uma suposta superioridade ( geralmente apenas arvorada de forma implícita, mas clara ).

2. O arremesso metralhado de vários items culturais de que nos "apossámos" como forma de esmagar o próximo com o nosso peso e o peso da nossa bagagem.

3. O uso do raciocínio dos outros para substituir o nosso próprio raciocínio, porventura demasiado fraco ou preguiçoso para ser utilizado.

Reconheço que é difícil resistir a estas tentações, mesmo quando se é como eu, essencialmente um ignorante.

quinta-feira, fevereiro 23, 2006

Todos os homens são iguais

João, meu filho, deixa-me que te ensine uma coisa.

Todos os homens são iguais. As mulheres também.

E foram sempre iguais.

Em 33, 453, 1453, 1789, 1913, 1914, 1918, 1929, 1939, 1945, 1985, 1995, 2000, 2001, 2006, os homens, a humanidade, foi sempre a mesma.

Não há períodos altos nem baixos, progresso ou regresso, melhor ou pior.

Na Alemanha de 1942, na Alemanha de 1985, na Rússia, na China, nos EEUU, na Arábia, a humanidade é a mesma.

As diferenças morais, as tristes histórias de massacres e genocídios, ou os momentos de triunfo daquilo a que chamam liberdade, democracia ou justiça fazem parte por inteiro do património de toda a humanidade.

Uma sociedade onde se aceitam e se praticam crimes de morte não difere duma dita sociedade democrática em nada que seja fundamental.

Toda a morte indivudual é uma tragédia mas milhões de mortes são uma estatística.

O progresso é uma utopia que acaba sempre por se revelar pouco práctica.

Por isso tens de aprender a aceitar a realidade tal como ela é, imutável. Liberta-te de preconceitos morais de qualquer espécie.

Se assim fizeres serás saudável, rico e feliz. Se todos o fizerem, todos serão saudáveis, ricos e felizes.

Desejo-te tudo isso.

E já agora, desejo-te muita criadagem para lavar a louça do jantar.

Ouve aquilo que o teu pai te diz.

quarta-feira, fevereiro 22, 2006

David Irving e o ''Negacionismo''

Embora fundamentalmente de acordo com vpv, irrita-me a paixão com que a comunicação social se dedica a tudo quanto cheire a Holocausto, aos nazis d'antanho, à Segunda Guerra Mundial em geral e ao bigode do ditador em particular.

Irrita-me porque a partição de um regime demoníaco em soundbites somente serve para facilitar empatias com um público que, na sua maioria, baseia os seus conhecimentos de história em filmes de Hollywood.

E isso tem dois resultados: um é a satisfação da ignorância existente; o outro é a criação de outra ignorância, aquela que ocupa um espaço o qual, de outra forma, permaneceria disponível para constatação e crítica de factos actuais.

Aceito que se deva atentar nos defensores da tese ''negacionista'' (principalmente nestes tempos de ressurgimento) e que os jornalistas não deixem apenas à responsabilidade de educadores a exposição do passado; mas algum pudor deverá ter-se na publicidade que resulta destas reportagens porquanto outros facínoras, tão ruins como o cabo austríaco, lá estão, agorinha mesmo, matando e rindo, e gozando da impunidade que aquela ignorância lhes concede.

terça-feira, fevereiro 21, 2006

Tesaurus da Língua Portuguesa

É uma vergonha: até as culturas de segunda categoria, como a Inglesa, dispõem de um original, feito pelos próprios.
Quando é que os cavalheiros da Academia de Letras se resolvem a escrevê-lo? Julgava que era para essas coisas que tão douta instituição existia.
Claro está, dá muito mais trabalho que fazer dicionários de bolso e, ainda por cima, era necessário saber saber e não apenas saber traduzir.

segunda-feira, fevereiro 20, 2006

Direito à vida e liberdade de expressão

No domingo passado, Marcelo Rebelo de Sousa comentou o facto dos cartoons não terem sido publicados em Inglaterra e, em paralelo, comentou a rejeição pelo Tribunal Constitucional Alemão da lei que permitia o abate preventivo de aviões de passageiros suspeitos de serem alvos de desvio por terroristas.

Concluiu então de forma enternecedora dizendo que o princípio do direito à vida pode em certas circunstâncias colidir com a liberdade de expressão ( lágrimas ).

Implicitamente ele apoiou a decisão da comunicação social Britânica em autocensurar-se e aproveitou para contrapôr a decisão do Alemão, decisão essa que não está à altura dos desafios do nosso tempo, claro.

Esta aproximação securitária aos problemas actuais é quase consensual entre a direita, pelo menos entre a direita Portuguesa. ( Na direita Americana por exemplo, já não é tanto, a julgar pelas posições tomadas pelo senador John McCain ).

No entanto, para quem não sabe, vale a pena dizer que a história não regista nenhum exemplo de um regime que, não respeitando a liberdade de expressão, respeitasse o direito à vida.

Também vale a pena lembrar que a direita Portuguesa apoiou no passado um regime que não respeitava a liberdade de expressão.

É um retorno ás origens.

A bem da segurança, da moral e dos bons constumes, claro.

Roubaram-me o telemóvel!

Numa correria para fugir à chuva deixei cair o telemóvel do bolso.

Um engraçadinho apanhou-o e não mo quis devolver, apesar dos meus insistentes telefonemas.

O telemóvel não era grande coisa e rapidamente o substitui por um ainda pior.

Mas a situação deixou-me irritado. Não tanto pelo preço que paguei pelo novo nem pelo facto de me terem abafado o telemóvel e ainda se terem rido na minha cara.

Aquilo que me deixou verdadeiramente irritado foi o facto de os usurpadores terem tido acesso à minha agenda telefónica.

A privacidade é um bem cada vez mais escasso logo cada vez mais precioso. Investem-se biliões em empresas cujo maior valor acrescentado é a capacidade de descobrirem os nossos hábitos e interesses e de registarem as nossas ideias.

O mínimo que fazem com essa informação é tentarem tirar-nos a maior quantidade possível de dinheiro. A Amazon e a Google são dois dos melhores exemplos.

Utilizo os serviços destas empresas porque estes serviços são úteis, embora dispensasse o interesse da Amazon em sugerir-me novas compras, inferidas a partir daquelas que eu já fiz.

O Google pode fornecer dados sobre as minhas pesquisas e os meus e-mails a quem tenha força suficiente para lhe os exigir.

Eu não sou um caso minimamente interessante mas o governo Chinês acha que muitos dos seus cidadãos merecem tal atenção.

A ocasião faz o ladrão e a tentação gerada por estes mecanismos é demasiado grande para ser ignorada.

Tudo em nome da Segurança, da moral e dos bons costumes, claro.

Por isso me irritou que os pequenos larápios tenham oportunidade de conhecer os números de telefone dos meus amigos, colegas de trabalho e médicos.

Mas nesta história da privacidade os polícias da moral são piores que os piratas do betão.

A minha irritação está mal dirigida. Amanhã passa.

Jesus Cristo, o comunista

Jesus Cristo foi o primeiro comunista da história.

Em boa hora chegou.

domingo, fevereiro 19, 2006

Classes de fumo


Quando, em Inglaterra, a maioria trabalhista aprovou no passado dia 14 a proibição de fumar em todos os espaços públicos e de trabalho fê-lo de forma a incluir um dos mais antigos bastiões da anarquia cavalheiresca: os clubes privados.

O clube privado nasceu da necessidade de um local de refúgio para determinados homens que mais não pretendiam senão colocar-se ao abrigo temporário das leis e costumes que a maioria ou a mulher lhes impunha.

Naturalmente fechado e elitista, o gentlemen's club tornou-se um espaço por excelência de crítica da sociedade que lá fora evoluia a passos largos em direcção a uma ordem cultural cada vez mais totalitária.

Símbolo dessa diferença, e por consequência da mesma, este era um espaço libertário no qual, conquanto não se infringissem as regras acordadas ou a boa educação, seria permitido conservar não só maus-hábitos pessoais como os velhos tiques sociais.
Mas a rebeldia é, infelizmente, considerada um privilégio ao alcance de poucos e o que é certo é que, com razão ou sem ela, os clubes foram sempre vistos pela restante sociedade como uma reserva da classes altas.

A proposta de lei anti-tabágica feita ao parlamento britânico pelo governo Labour começou por prevêr a salvaguarda dos clubes, os quais, tão somente por serem privados, haviam permanecido inatacáveis até então.
Mas assim que Tony Blair, Gordon Brown e a ministra da saúde Patricia Hewitt se aperceberam que as várias campanhas anti-fumo tinham radicalizado a opinião da quase totalidade dos media, dos 'peritos' e do público, aproveitaram para emprestar o seu poder à voz dos seus deputados das filas traseiras e romperam com o dogma.

A cruzada trabalhista contra a aristocracia é uma história antiga mas foi em tempos mais justa na sua natureza e mais certeira nos alvos. Hoje em dia, o espírito dos tempos ordena a atacar-se tudo aquilo que é considerado um privilégio, e apenas por ser privilégio: também a proibição da prática tradicional da caça deu azo a enorme celeuma e, mesmo sabendo que o inglês médio gosta mais do seu cão do que dos seus filhos, poucos acreditaram na bondade franciscana dos trabalhistas - ainda por cima para com um animal, a raposa, que nas cidades é considerado uma praga, a par das ratazanas.

É só neste contexto que se passa a entender que num país compartimentado em classes mas de tradição liberal o único argumento à invasão de um espaço privado só poderia ser expresso por uma idéia de defesa palatinada dessa ''raposa'' das classes trabalhadoras que é... o barman fumador-passivo.

Os sindicatos, antiga base de apoio dos trabalhistas, adoraram. Os higieno-fascistas do Action on Smoking and Health, ASH, aplaudiram de pé. A middle class, a quem ninguém oferece um cigarro, enbandeirou em arco pírrico.
Mas dos barmen, ingratos, ninguém ouviu um pio. Por que será?

sábado, fevereiro 18, 2006

No início, era só fumaça

A história desde 11 de Setembro de 2001

O início da nova história:
A nossa percepção do mundo mudou no dia 11 de Setembro de 2001.

A nossa realidade também mudou.

A quase cinco anos de distância já se pode perceber que uma das vítimas do onze de Setembro foi a moral liberal da burguesia e classe média das sociedades ocidentais.

Esta moral era baseada, para crentes e ateus, nos princípios básicos enunciados nos dez mandamentos.

Havia uma noção de certo e de errado. Benevolente, mas havia.

Esta moral teve origem na reforma protestante e no humanismo renascentista.

Esta moral trazia associada uma ética de fidelidade a princípios e de normas de conduta baseadas na filosofia produzida nos últimos 500 anos da história da Europa.

A partir de século 19 esta moral impôs as suas regras à maioria da sociedade.

Ela era popular especialmente entre as classes médias e burguesas, nomeadamente entre os seus membros mais cultos.

Essa moral era idealista e esse idealismo tornou a sociedade Europeia num florão brilhante de cultura e bem estar.

Essa moral acabou a 11 de Setembro de 2001.

Quem viu o último filme de Woody Allen, talvez a sua obra-prima, poderá compreender-me quando eu digo que este é um filme pós 11 de Setembro: na sua amoralidade, no seu retorno à ética feudal de fidelidade pessoal, ética essa que, embora temporáriamente derrotada, nunca desapareceu das relações humanas, nomeadamente do mundo dos negócios.

O 11 de Setembro começou por destruir o idealismo ocidental, destruindo depois a ética liberal.

Só com o tempo é possível percepcionar esta mudança. Ela é obviamente profunda e prefigura um mundo sem os valores da declaração universal dos direitos humanos, do Bill of Rights e da Magna Carta ou da Constituição Americana.

O castigo ou recompensa pelas nossas acções será baseado na avaliação pelos outros da relação custo-benefício daquilo que fazemos e não em princípios morais ou normas de conduta ética.

As moedas destas relações custo-benefício são o dinheiro, o poder e a empatia, mas não a razão, dado que ela não pode ser aplicada se não existe um conjunto de "axiomas" morais básicos e abstractos, comummente aceites, para sustentar as deduções racionais sobre a conformidade de uma dada atitude para com aqueles princípios cumummente aceites.

2. O primeiro erro
O primeiro grande acontecimento que decorreu desta nova realidade foi a invasão do Iraque.

Ela é injustificável de um ponto de vista de princípios morais: Sadam era um ditador mas ele há por aí muitos e nunca se fez a guerra meramente para derrotar ditadores.

Ela prefigurou um colossal erro de avaliação, só comparável aos acordos de Munique, desta vez por excesso de força e não por défice.
Não havia armas de destruição massiva e os propagandistas só não foram as maiores vítimas deles próprios porque houve uma guerra mas eles quase nunca estiveram entre os que morreram.
A Al-Qaeda não estava no Iraque mas agora está.

Fica a questão do livre acesso ao petróleo, a contenção do Irão e a utilização do Iraque como isco para os movimentos terroristas, numa tentativa de manobra de diversão.

3. Livre acesso ao petróleo
É importante dizer que este ponto não é menosprezável.
O facto de se ter feito uma invasão desavergonhada e completamente ilegal e ilegítima apenas reforça a noção que se deve ter da importância da questão.
Que a certa altura esta invasão tenha sido imensamente popular, demonstra como a moral burguesa enfraqueceu após o 11 de Setembro.
Que a invasão tenha fracassado miseravelmente mostra bem a dificuldade que existe hoje em dia para fazer uma avaliação correcta da situação, até para a multidão de burocratas competentes da mais competente potência do mundo.
Esta ideia é simplesmente assustadora e aqui chega-se a uma situação de paranóia maior do que aquela que se seguiu ao início da convivência com o nuclear, durante os anos 50 do século XX.

Este acesso poderia ter sido conseguido por outros meios, mas esta opção é a que dá mais lucros ao cluster de poder mais forte e rico que existe hoje em dia: as empresas privadas da defesa, petróleo, energia e segurança.

E não se esqueçam que estes sectores não sofrem com os efeitos deslocalizadores da globalização.
Percebem a ideia?? O quão poderosos eles são? O quão sinistros?

Mas voltemos ás outras supostas justificações da invasão:

A manobra de diversão: pensava-se que o Iraque se ia tornar um chamariz para os terroristas, tal como se tornou, desviando-os do Ocidente. Mas por algum motivo absurdo, imaginou-se que a dita invasão não ia criarum número ainda maior de terroristas de tal modo que o deve e haver de terroristas diminuiria ao contrário de aumentar. Talvez isto se tenha verificado a curto prazo mas a longo prazo tal realidade acabará por se modificar.

Para além disso, imaginou-se, vá-se lá saber porquê ( talvez por os veteranos do Vietname já terem abandonado o Pentágono ), que a guerrilha seria muito menos eficaz.

Outro erro de avaliação. E o pior é que agora têm de lá ficar. You broke it, you fix it.

A contenção do Irão: É também assustador ver que se pensou que se ia conter o Irão, invadindo o Iraque. Como se demonstra, foi o contrário que sucedeu. O complexo de cerco aumentou a paranóia dos religiosos Iranianos e o pior é que a paranóia é justificada.

É óbvio que a situação é óptima para quem quer pôr a pata no petróleo Iraniano, depois de mais uns anos de petróleo a preço ainda mais alto ( por causa da guerra com o Irão ).

O pior é que não há tropas para invadir o Irão, que é um osso duro de roer e as opiniões públicas não aceitariam nova guerra. Por causa do medo apenas.

4.As caricaturas
As caricaturas provocaram uma modificação no equlíbrio de forças interno nos países ocidentais. Pelo menos em termos de opiniões públicas.

Opinadores separados pela guerra juntaram-se em favor da liberdade de expressão. Defensores fanáticos da invasão juntaram-se a críticos acérrimos em manifestações de apoio ao povo Dinamarquês.

Mas será que têm a força do lado deles?

Os orquestradores da invasão do Iraque têm estado calados e impediram a publicação das caricaturas nos seus países de origem. Veêm-se agora apoiados pela Esquerda das chamuças e dos bazares no meio de Paris. Serão estas duas faces da mesma moeda? Tal como os anteriores?

Não será que as caricaturas perfiguraram uma divisão liberdade versus autoridade, ao invés de direita vezes esquerda?

Juntaram-se os liberais de todos os quadrantes e juntaram-se os poderosos e os anti-poder, que são por sua vez um alter ego do poder discricionário e só com ele podem sobreviver ( fazendo uma boa vida de chamuças e copos nos bazares de Paris ).

Esta segunda combinação é perigosa e infelizmente parece ser ganhadora. Sinal dos tempos...

Quem estará por trás das caricaturas? Serão apenas os governos muçulmanos?

Ou serão os governos em geral? Mais uma vez? Em direcção ao totalitarismo?

Que acham de uma Europa totalitária, governada por uma elite Cristã/ateia, mas com uma enormidade de súbditos, muçulmanos e outros, obedientes, reprimidos, sem veleidades liberais ou democráticas?

A mim parece-me um paraíso para os negócios e o capitalismo. Até a ausência de liberdade conseguir destruir a criatividade e o progresso científico.

Mas, à boa maneira capitalista, enquanto o pau vai e vem, folgam as costas. Mas aí, talvez aqueles já não sejam necessários.

Classificação psicológica dos ministérios

No sentido de ajudar aqueles que se querem dedicar à política ou à função pública ( a escolha é a mais nobre mas a ocasião é má ) deixo aqui uma lista dos ministérios mais adequados aos diversos traços psicológicos:

Fóbicos:
Ministério da Saúde ( 1 quarto do orçamento ),
Ministério do Desporto,
Ministério da Família,
Ministério da Habitação

e ainda

Ministério do Deus nos acuda

Paranóicos:
Ministério da Defesa,
Ministério do Interior ( polícias maus ),
Ministério da Justiça,
Ministério da Saúde ( 1 quarto do orçamento )
Ministério do Ambiente

e ainda:

Ministério da Inveja,
Ministério da Razão,
Ministério do Fracasso,
Ministério da Solidão,
Ministério da destruição das ameaças fictícias,
Ministério do Mais Vale só que Mal Acompanhado,
Ministério da Ira
Ministério do Mata-os-Outros


Obssessivo-compulsivos:
Ministério dos assuntos ministeriais,
Ministério do Trabalho, Trabalho, Trabalho,
Ministério da Contrição,
Ministério do Planeamento,
Ministério do Interior ( polícias bons ),
Ministério da Rotina e do aborrecimento,
Ministério da Saúde ( 1 quarto do orçamento )
Ministério da Avareza
Ministério da Gula

Histéricos e Psicopatas:
Ministério da Economia,
Ministério das Finanças,
Ministério da Gestão e dos Gestores,
Ministério da Saúde ( 1 quarto do orçamento ),
Ministério da Moda,
Ministério dos Automóveis Ainda Mais Topo de Gama que os Automóveis dos Outros Minstérios
Ministério dos Disfarces
Ministério da Vaidade
Ministério do Vazio Interior
Ministério da Luxúria
Ministério da Preguiça

Maníaco-depressivos:
Ministério da Cultura,
Ministério da Segurança Social

e ainda

Ministério da Montanha Russa,
Ministério da Roda Gigante,
Ministério da Roleta Russa,
Ministério da Roda Viva

Esquizofrénicos:
Ministério da Ciência,

e ainda

Ministério dos Óculos de Fundo Copo de Três, Bigode e Dentes Para Fora
Ministério dos Coletes Amarelos com Fantasias
Ministério do Yoga e do Contorcionismo

Aguardo sugestões...

quinta-feira, fevereiro 16, 2006

Umbigo

Umbigo peludo

Ninguém nos liga

Aqui para nós,

não és façanhudo!

Platéia

A julgar pela ausência de comentários, este blog é ignorado pelo mundo.

Talvez se devesse chamar: Aqui para nós que ninguém nos lê! :)

Braanco!

Braanco!

Quando me deitar vou-me de certeza lembrar de umas série de assuntos para postas. Vou até compôr mentalmente as frases da postas.

Entretanto...

Braanco!

quarta-feira, fevereiro 15, 2006

Voluntários


Uma das grandes revoluções da Grande Guerra resultou directamente da necessidade de mobilização de cidadãos para as frentes de combate. Até então, e em especial fora do seu torrão nacional, os poucos estados democráticos existentes guerreavam-se impunemente uma vez que as baixas que se viessem a assinalar pouca influência teriam na opinião pública que os governos de antanho legitimamente representavam. O soldado profissional e os mercenários contratados a países terceiros eram os únicos participantes dos conflitos: a sua morte no campo de batalha era visto pelos próprios como uma forma de vida e pelo público como um aborrecimento.
Num mundo ainda fechado em alianças intracontinentais e colónias ultramarinas, a guerra era um espectáculo de bancada (ou um jogo de futebol, na hipótese de Freitas do Amaral) em que os gladiadores alugavam o corpo para benefício de populações indiferentes ao seu destino.

Após a Primeira Guerra Mundial tudo isto mudou. Os governos dos países envolvidos, convencidos ou não da possibilidade de uma nova guerra, mantiveram a estrutura militar que haviam criado. Acabaram mais tarde, e infelizmente, por verem as piores expectativas confirmadas mas agora isto significava que os seus exércitos passavam a exigir o sacrifício dos mesmos que decidiam a participação num conflito.

Pese embora julgada por todos justa, a Segunda Guerra deixou poucas saudades à geração que nela se viu envolvida. Com as guerras coloniais europeias e americanas do pós-guerra foi dada a machadada final: a partir dos anos 60, as sociedades ocidentais foram progressivamente duvidando da razoabilidade do esforço a que estavam obrigadas, dúvidas que só aumentavam em tempo de paz dada a indisponibilidade geral para o serviço militar e o hedonismo embebido na sua nova cultura.

Enquanto as estruturas militares não foram reformadas e a tecnologia não o permitiu, este conflito estado-nação perdurou. Mas assim que foi possível, os vários governos ocidentais não hesitaram em eliminar o serviço militar obrigatório, num retrocesso civilizacional de quase 100 anos.
O povo eleitor e os 'jovens' aplaudiram alegremente. E nos países onde o fim do SMO ainda não tinha ocorrido, tal era considerado sinal definitivo de atraso, de terceiro-mundismo (entre nós, de 'fascismo'). Afinal, deixar a juventude gozar a vida e poupar dinheiro ao orçamento só podia ser visto como decisão de uma sociedade desenvolvida e moderna.
E os estados, não mais reféns do voto, livraram-se assim dessa maçada que era a responsabilidade de justificar os seus intuitos militares.

Com isto, as forças armadas 'engrossaram as suas fileiras' de novo com aqueles para quem a guerra é uma forma de vida, a missão um posto de trabalho, a luta uma tarefa a cumprir.

As consequências estão à vista: as potências com exército profissional banalizaram a intervenção armada. De novo, a opinião do público quanto à justeza ou oportunidade de uma guerra tornou-se dispensável. O conflito é lá longe, o inimigo é obscuro, a sorte do soldado de sua responsabilidade.
Abdicando da cidadania pelo conforto do sofá resta agora aos cidadãos assistirem com enfado às tropelias dos 'seus' rapazes contadas por quem de direito.
Nada lhes foi pedido, com nada contribuiram. Acreditam que assim também nenhuma responsabilidade lhes será atribuida, não compreendendo por isso que, lá longe, os obscuros os comecem a odiar.

terça-feira, fevereiro 14, 2006

Feliz Natal, senhor Maomé

As postas do vpv no espectro levantam viva polémica e são também um terreno de "caça" para os agentes das embaixadas estrangeiras e provocadores dos serviços secretos, estrangeiros ou Portugueses ( civis e militares ).

A leitura dos comentários é proveitosa e um deles lembrou-me de algo recente.

No último Natal quase não recebi cartões com Feliz Natal, Boas Festas ou Merry Christmas escrito mas recebi dezenas de cartões de "Seasons Greetings" e quejandos.

Não recebi imagens do Pai Natal e muito menos de Jesus ou outros motivos Cristãos.

Vá lá, havia neve!

Provocações o quê?

segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Ambiguidade e honradez.

Os alunos de gestão aprendem que o verdadeiro negócio da McDonald's é o imobiliário e não os hamburgers.

No mundo de hoje as coisas não são definitivamente aquilo que parecem e exemplos semelhantes ao McDonald's aparecem onde menos se espera.

Saber lidar com a ambiguidade dos tempos modernos é a receita para o "sucesso pessoal".

Mas existe um limite para a capacidade dos seres humanos para lidar com essa ambiguidade.

Por muito que se diga "Podemos enganar os outros mas não precisamos de nos enganar a nós próprios", a história demonstra que a vítima final da propaganda ( publicidade, marketing? ) é o próprio propagandista.

Vão longe os tempos dos homens de negócios ( empresários? ) que se orgulhavam de pagar sempre a pronto aos seus fornecedores. Essa honradez foi hoje eliminada dos negócios e aqueles que insistem nela afastados pela competição e pela selecção de mercado.

A ética e moral burguesas estão a ser rapidamente substituídas por uma reincarnação dos sistemas de fidelidade pessoal semelhantes ao feudalismo medieval ( ou ás relações dentro dos grupos mafiosos ). Se é que alguma vez estes sistemas deixaram existir.

O conceito de honradez aceite pelos pares, fora de espartilhos morais ou éticos, é bem mais fraco do que os conceitos de outrora.

Vale hoje a força ( do dinheiro ) e a capacidade de construção de redes de relacionamentos, baseada na capacidade de lidar com a ambiguidade e de não infringir regras que são implícitas, não estão escritas, não são baseadas em preconceitos morais ou éticos e muitas vezes não estão sequer rigorosamente definidas a priori.

O sucesso na construção dessas redes ( não infringir as regras ) reside na capacidade de antecipar aquilo que é aceitável ou suportável para a maioria dos membros da rede ( comunidade ou ecossistema ) em que nos movimentamos. A antecipação deve levar em conta uma avaliação rigorosa da relação custo-benefício das atitudes que se tomam, quer do ponto de vista do sujeito, quer do ponto de vista dos outros membros da rede/comunidade/ecossistema.

Caminhamos para o abismo ( não vale a pena explicar porquê ), mas devemos caminhar todos juntos.

domingo, fevereiro 12, 2006

Da finitude humana

"As caricaturas nunca caricaturam o Sagrado em si, mas tão-só o perigo das caricaturas humanas desse Sagrado. Os cartoons podem ser um apelo de transcendência, para que os crentes percebam que é preferível ser ateu a ser idólatra".

P.e Anselmo Borges, in DN, 12II06

sábado, fevereiro 11, 2006

A concelho do urânio

Em tempos idos, a Vila de Senhorim era sede de conselho. A páginas tantas, e pelas mesmas razões que, ao longo de 600 anos, também justificaram a perda da edilidade em tantas outras vilas, Senhorim fundiu-se com Vilar Seco e desapareceu do mapa político, sem que dos confins dos tempos tenha a nós chegado o eco de um queixume de uns ou de outros.

Até aqui nada de novo.

Os anos passam e eis que, a 10km daquela vila, numa outra chamada Canas de Senhorim, um movimento local reclama a ''devolução'' do ''seu'' conselho por ''razões históricas'', como se isto de poder local fosse uma herança de avó torta e para a receber bastasse pagar ao notário.

O certo é que, quando a multidão ululante se levanta perante as câmeras de televisão, aquilo que passa na cabeça de 99% da população portuguesa é a incredulidade, pois o vulgar cidadão não entende que se faça tanto barulho por bairrismo.
E, como sempre, tem razão.

Há vinte anos, Canas era uma zona industrial com duas grandes empresas, uma delas a Companhia Portuguesa de Fornos Eléctricos, que empregavam largas centenas de operários. Entretanto, as empresas fecharam, os empregos foram-se, e com eles a prosperidade da vila.

Hoje, quem conhece a realidade do poder local sabe que o que não falta por aí são concelhos desertificados e sem futuro, em que meia-dúzia de vereadores paracem ter como único objectivo pôr todos os seus munícipes a trabalhar para a câmara. Assim poderia parecer também ser esta a grande motivação para tanto barulho: se não há quem invista de boa-vontade, a administração local é a panaceia que ajuda a desviar umas coroas do orçamento.

Mas uma dúvida imediatamente se coloca: se assim fosse realmente tão simples, teriamos populares aos berros em centenas de localidades diferentes por todo o país e seria impossível eleger presidentes ou parlamentos dada a quantidade de boicotes às eleições que certamente haveria.

De facto, há algo que torna Canas de Senhorim um caso singular e nada tem que vêr com duvidosos pergaminhos de autarquia: com a questão nuclear de novo em debate outros valores se alevantam, e não seria de espantar que por detrás destas manifestações populares não se escondessem interesses menos sérios. Afinal, convém não esquecer que a outra grande empresa que desapareceu daquela terra era nada mais nada menos que a ENU - Minas da Urgeiriça.

sexta-feira, fevereiro 10, 2006

As caricaturas

A reacção dos muçulmanos às caricaturas do profeta, para além de encenada e organizada, tem dois pontos interessantes:

1. O facto de aqueles muçulmanos esperarem que os preceitos islâmicos se apliquem a não muçulmanos.

2. A desproporção da reacção: a um uso insensato da liberdade de expressão responde-se com pilhagens, violência e agora também mortos e ameaças de morte.

Está-se perto do ponto de não retorno...

A OPÀ PT

Os call centers de atendimento aos clientes do grupo Sonae não funcionam. Se a OPA da SONAE à PT fôr bem sucedida, é possível que também os call centers da PT deixem de funcionar.

Isto é capitalismo.

Mas não é mercado nem concorrência.

Ai Portugal, Portugal!

Constâncio adia retoma por dois ou três anos

Mas ele está bem, obrigado. Afinal, segundo a "Visão", ganha o dobro do que ganhava o Alan Greenspan.

Ai Portugal, Portugal!

quinta-feira, fevereiro 09, 2006

Olá cá estou eu

Vamos ver se se escreve alguma coisa de jeito aqui e se há alguém que leia isto.

Dou por aberta a sessão

Resisti enquanto a preguiça me deixou. Depois, venceu a vaidade de me poder lêr a mim próprio em público.
E agora, venham mais cinco.