segunda-feira, abril 30, 2007

Abaixo os feriados

Concordo inteiramente com os Heróis de Quionga na sua posta relativa aos feriados.

Era extremamente vantajoso para a economia nacional se alguns dos feriados existentes fossem substituídos por dias de férias.

Vantagens: não estarmos fechados quando os outros estão abertos, diluição da preguiça nacional, assim tornada invisível aos olhos externos menos atentos, diminuição das compensações pelo trabalho em dias feriados, manutenção dos níveis de preguiça nacionais, assim transformados em férias.

Até proponho a eliminação dos seguintes feriados:

1 de Maio, a ser comemorado no 25 de Abril
Corpo de Deus, nunca ninguém sabe quando é
8 de Dezembro, a ser comemorado a 1 de Dezembro
15 de Agosto, para muita pena minha
5 de Outubro, já morreram todos os veteranos heróis da 1ª guerra mundial.

Compensação: uma semanita extra de férias para cada Tuga.

A bem da nação.

domingo, abril 29, 2007

Psicopata Americano

O pior que pode acontecer é um psicopata arranjar uma namorada.

Os problemas a sério surgem quando ela o deixa.

Enfim, efeitos colaterais da liberdade sexual.

sábado, abril 28, 2007

Os buracos

O recém inaugurado túnel do Marquês (em Lisboa) teve o condão de transformar a Av. Fontes Pereira de Melo num engarrafamento permanente, demonstrando a inutilidade do investimento feito.

Num autismo normal, todos aqueles de alguma forma políticamente comprometidos com a direita que fez o túnel, isto é, com aqueles políticos que "fazem obra" ("fazem merda", em Português vulgar) correram a elogiar o túnel e a criticar o activismo de Sá Fernandes na altura do arranque do projecto.

Se em Portugal "fazer obra" não fosse sinónimo de "fazer merda" e se os políticos de direita e aqueles que lhes fabricam as carreiras e lhes tecem loas tivessem um mínimo de respeito pelos Portugueses, não se tinha feito o túnel do Marquês mas tinham-se feito túneis para completar a CRIL e o eixo Norte-Sul, em vez de se fazer e pretender fazer viadutos que permitem que estas auto-estradas de três faixas passem no meio de zonas residenciais consolidadadas.

P.S. Obrigado ao blogue da revista Atlântico pela posta a louvar a inauguração do túnel, e que serviu de inspiração a esta minha posta.

sexta-feira, abril 27, 2007

Consequência inconveniente

Al Gore diz que o efeito de estufa é resultado da acção do homem, nomeadamente através do consumo de combustíveis fósseis. Muito especialistas suportam as opiniões de Gore.

Mas há também um movimento (sem um rosto conhecido a encabeçá-lo) que defende que o actual aquecimento do planeta se deve a causas naturais. Muitos especialistas suportam esta ideia.

Nem eu nem o cidadão comum conseguem aferir qual o gradiente de verdade presente em cada uma das duas hipóteses, que são antagónicas.

Qualquer formulação de uma opinião pelo cidadão deve portanto ser baseada em argumentos de senso comum, isto é, em argumentos POLÍTICOS.

Em primeiro lugar deve-se concluir que, cientificamente, não se sabe onde está a verdade.

Sabe-se que a solução daqueles que atribuem o efeito de estufa a causas humanas é a redução das emissões de CO2, nomeadamente reduzindo o consumo de combustíveis fósseis, principalmente petróleo e gás natural.

Na dúvida deve pensar-se que se se reduzir a emissão humana de CO2 fica-se, no mínimo, com a certeza sobre qual a real causa do aquecimento do planeta.

O que é que propõem aqueles que dizem que o efeito de estufa se deve a causas naturais?

Aparentemente eles acima de tudo defendem que a redução do consumo de combustíveis fósseis não vai servir para travar o aquecimento do planeta.

Ou seja, propõem que não se mude nada.

Nesse caso, e dado que a sua campanha não parece necessitar de dinheiro, o que é que os move? Que interesses é que os suportam?

Eu diria que o suspeito mais óbvio é a indústria petrolífera, mais uma vez a influenciar a vida económica e política das nações e do cidadão comum, para poder aumentar os seus lucros.

O petróleo é um bem de consumo obrigatório mas até agora tem sido um bem abundante (isto é, a oferta tem excedido a procura).

Estamos no ponto de viragem em que o petróleo vai passar a ser um bem escasso (a procura excede a oferta).

AGORA é que os interesses petrolíferos vão fazer dinheiro. AGORA é que eles vão ter poder.

Esqueçam tudo o que eles fizeram até hoje.

O objectivo deles será, naturalmente, prolongar a dependência do petróleo, não até ao momento em que novas energias o substituam mas de forma a maximizar o lucro da sua comercialização, nomeadamente enquanto bem escasso e sem substituto.

Esta dependência do petróleo é uma ameaça à segurança da sociedade, maior do que a ameaça terrorista.

Infelizmente, os interesses petrolíferos aparecem quase sempre ligado aos interesses privados na área da segurança.

E estes interesses são normalmente os actores mais influentes dos bastidores da política nas nossas sociedades.

quarta-feira, abril 25, 2007

Abaixo!

"Abaixo a guerra! Abaixo a ditadura! Abaixo a pobreza!

Abaixo a saia."

E ela abaixou.

Eu agradeci a liberdade recém conquistada.

Lutas

Lutar sempre, por aquilo que se acha que é certo, independentemente das possibilidades de vitória?

Que estupidez!

O que há a fazer é passar de armas, bagagens e espírito aberto (a fidelidade é fundamental!) para o lado dos vencedores.

A alternativa é o caminho dos terrorristas.

Data maldita

Daqui por 20 anos, esta será considerada uma data maldita.

Mas eu hei-de sempre comemorar o 25 de Abril.

terça-feira, abril 24, 2007

A licenciatura de Sócrates

Não presta? Foi tirada na farinha amparo?

E que dizer dos "estudos" que alguns vão fazer nas Universidades Americanas durante os necessários períodos de travessia (política) do deserto?

No meio de tanta actividade política conseguiriam eles tempo para estudar e ser capazes de aceder ao programa de doutoramento de, digamos, uma Universidade Estatal de uma cidade média Francesa? Ou Alemã?

Que valem esses estudos? Serão apenas formas encobertas de financiar políticos amigáveis?

Há mais e melhores bolsas para as Universidades Americanas? Porquê?

É legítimo o prestígio que essas universidades, financiadas por privados, emprestam aos beneficiários?

É no meio do trigo que melhor se esconde o joio.

Os ditos estudos são legais e são tão legítimos como as notas de 500$00 do Alves dos Reis.

Modéstia

Modesto, eu? Porquê?

Porque a vaidade, mesmo que justificada, desperta a inveja e a vingança dos medíocres?

Imprudente, temerário, isso sim!

A ponto de sacrificar o pão dos filhos.

segunda-feira, abril 23, 2007

Hum...


É já amanhã. Infelizmente, anunciam-se aguaceiros à moda antiga por cinco dias e cinco noites.

Exemplo 4.8


O desejo é a necessidade de algo que não se tem; a necessidade de algo que já temos chama-se avareza.

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Lucifer's death, ilustração de Christopher Moeller

A infelicidade

O infeliz acha sempre que a culpa é dos outros.
E não irá mover uma palha pois assim corre o risco de os desiludir.

Plus ça change...

A euforia de alguns com a derrota de Le Pen logo na primeira volta trás um tiquinho de azedo.
Por um lado demonstra a falta de confiança prévia dos democratas no eleitorado. Por outro, esconde a verdadeira razão por detrás daquela eliminação: Sarkovsky mostrou que o centro também sabia usar de músculo e com isso esvaziou a principal base de apoio do candidato nacionalista.
Terá a esquerda mesmo motivos para celebrações?

quinta-feira, abril 19, 2007

Falhar por um triz (ou como também sou capaz de escrever ao nível do jornalismo nacional)

O DN, na sua caminhada em direcção ao jornalismo de referência, publicou hoje um resumo em tom jocoso daquilo que sempre enche o olho ao parolo, sexo, e o ego ao nun'álvares que há em todos nós, Espanha.

Chegado ao fim do divertido (bocejo) texto, pago pela Durex, o articulista achou por bem realçar que, em matéria de sexo anal, batemos todos os records (inclusivé os gregos, esses gabarolas): 44% dos portugueses inquiridos (presumidos heteressexuais) juram a pés juntos sentir especial atracção pela alternativa mais próxima. Se a iniciativa é do macho ou da fémea, F.N. não especifica.

Ora, eu nestas coisas sou um bocado (digamos) retentor e, querendo ir ao fundo da questão, dou preferência a pesquisas mais sérias que as realizadas por marcas de preservativos.

Assim, e liberto de preconceitos nacionalistas, descobri que o assunto não é de todo desconhecido nos grandes institutos internacionais de investigação. Em concreto, o doutor Guy Norfolk publicou já em 2005 numa revista científica respeitável alguns resultados que nos levam a acreditar que, para além das fantasias, outros factores podem estar a contribuir para a popularidade daquela prática.



No artigo, cujo cabeçalho reproduzo supra e segundo o sumário do próprio, vem que, de 512 (47.9%) respostas ao inquérito realizado junto dos membros da Association of Forensic Physicians, havia 498 indivíduos que "numa relação heterossexual prévia" (estas coisas só acontecem com alguém do passado) teriam experienciado a cópula anal acidental. Destes, em 26 (7.2%) homens e 14 (10.4%) mulheres o acidente teria acontecido apenas uma vez (até agora). Contudo, e embora a maioria desta amostra se considerar "sexualmente experiente", é bastante desanimador verificar que cerca de pouco menos de metade desta gente confessou que na altura do desastre se encontrava sob a influência de álcool ou drogas.

E com os portugueses (médicos-legais inclusivé), como é? Será colisão à primeira (o álcool está na origem de tantas) ou uma decisão consciente e partilhada?

Food for thought, diria eu.
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NOTA: dou um doce a quem descobrir o que é o "triz".

Entretanto, no outro extremo do espectro...

... A JCP recusa a presença de um gato fedorento nas comemorações do 25 de Abril. Sim, porque isto de partilhar o palco com os inimigos da classe ainda vá que não vá e nem teriam outro remédio. Mas deixar-se menorizar por um apóstata, isso é humilhação a mais. Ainda por cima numa festa a qual os papás teimam ser sua por direito divino.

Todos diferentes, todos iguais.

terça-feira, abril 17, 2007

Já não se fazem nacionalistas como antigamente

O PNR está imparável.
Segundo notícia no Público, irá realizar-se no sábado um concerto "luso-ibérico" (sic) organizado pelos seus jotas, a Juventude Nacionalista. Estão convidados para a über-récita três agrupamentos musicais, as bandas espanholas Asedio e Brigada Totenkopf e a portuguesíssima Bullet 38 (*).

A notícia deixou-me confuso.
Pode ser-se nacionalista e gostar de espanhóis? Cantar com o inimigo? Como é que é quando chega a hora das palavras de ordem? Contra quem gritam "até os comemos!", se antes beberam com eles?

E, já agora, por que invocam "motivos de segurança" para não revelar o local do acontecimento? Estão com cagufa de quem?

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(*) Era uma vez três: dois espanhóis e um português. O português, como era muito audaz, puxou da espada e... Bolas, já não me lembro do resto.

Ao que parece, as pessoas normais não gostam de pistolas

O vendedor da loja onde Cho Seung-Hui comprou as armas com as quais mataria 33 pessoas comentou com a BBC: "o rapaz tinha bom aspecto, pareceu-me um estudante, uma pessoa normal; foi uma venda invulgar".

Nota de rodapé: a única condição exigida para se poder comprar uma arma nos EUA é não ter antecedentes criminais.

Winston-Salem Gun Show, 2006


A espingarda de assalto no canto inferior esquerdo custava USD 400.00 (cerca de 250 Euros?).
O carrinho de bebé pertence a um visitante e não estava à venda.


foto de Pedro Baptista

O que eu realmente quero para quando fôr velho

Uma enfermeira nova e bonita, que me dê banho e me ponha a fazer xixi.

Uma aspiração de vida

Chegar a uma idade em que possa dizer todas as baboseiras que me vêm à cabeça, sem ter que pagar a um psiquiatra nem ter ninguém que me contrarie (por causa do respeito aos mais velhos).

Grand dark feeling of emptiness

"Students said a gunman went room to room looking for his ex-girlfriend and killed her and a male student, identified as Ryan Clark, a senior from Augusta, Ga."

Das Leben der Anderen


Saí do cinema em câmera-lenta. Puxei do cigarro enquanto continuava a tentar digerir o que tinha visto. Fui para casa, que aquilo sem um copo tomado em paz não ia lá.
Ou muito me engano ou este filme vai para o meu panteão de todos os tempos. O melhor mesmo é ir ver outra vez.

domingo, abril 15, 2007

D. Quixote de la Mancha

D. Quixote é Espanha.

Sancho Pança é Portugal.

sexta-feira, abril 13, 2007

Talking Heads-Once in a Lifetime

Roma, 1980.
Time isn't holding us, Time is after us.
(ou as coisas que aprendemos só tão mais tarde)

quinta-feira, abril 12, 2007

Mais uma posta carregadinha de cinismo pós-moderno



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roubado indecentemente ao Pensar custa

Head on - Pixies

Mas só porque não consegui arranjar a versão original.

quarta-feira, abril 11, 2007

A injustiça

De repente, é como se os representados tivessem descoberto que os seus representantes fazem o mesmo que eles: fingem serem mais do que são para ganhar eleições, vender aquele produto, conseguir aquele emprego, aprovar uma lei, conquistar aquela beldade.
Só que não é por isto que se revoltam mas sim pela diferença dos meios ao seu dispor. Isso sim, consideram ser uma injustiça.

A cobardia

Do nada, voltou-se para mim e disse: "os portugueses têm uma capacidade infinita de suportar o seu sofrimento". Assombrou-me logo uma pontinha de orgulho pelas minhas bravas gentes, a sua resistência a ventos e marés ou à madrasta da vida, et coetera e tal. Preparei-me, por vício, para retorquir com contra-exemplos, como os suicídios no Alentejo ou outra coisa qualquer que me viesse à cabeça e que a obrigasse a reafirmar o seu elogio com um argumento que prolongasse esse contentamento.
Felizmente não se apercebeu e assim não houve tempo para o ridículo. O seu ar de desalento respondia ao meu sorriso tolo com o óbvio: a recusa da dor é a força que nos empurra para cima e para a frente. Tudo o resto não passa de cobardia.

Será que?

Sócrates ainda se mantém mais um mês no governo?

Nouvelle Vague - In a Manner of Speaking

Malmö, Fevereiro deste ano.
Apenas Melanie e Marc Collin na melhor canção dos anos oitenta.

terça-feira, abril 10, 2007

A pixação!

Uma pixação mural, na rotunda à entrada de Queluz de Baixo, escreve simplesmente o seguinte:

DOUTOR SALAZAR!

Obviamente que o "DOUTOR" e o "!" contêm a mensagem política relevante.

Ou como sobreviver numa paróquia de província aprendendo a dobrar a espinha (tecnicamente referido como "espinal-dobranço").

E desculpem lá o mau Português!

:)

Bem vindo!

Bem vindo Luís!

E toca a debitar prosa (ou poesia)!

Mais um que escreve, mais um que lê.

:)

Maré alta, maré alta!

Ao fim de um ano e picos, eis que finalmente este blogue vai passar a beneficiar das contribuições de alguém que sabe realmente escrever. Bem vindo, Luís: mi casa es tu casa.

segunda-feira, abril 09, 2007

O ladrão de livros

Ao passar por aqui, lembrei-me de há muitos anos atrás, em Lisboa, ter acabado de comprar o Outono em Pequim para dar a um amigo. De uma cabina telefónica, combinei encontramo-nos dali a uma hora n'A Brasileira. Havia pousado o livro em cima do aparelho enquanto falava mas só me lembrei disso cinco passos depois. Voltei e já não estava lá. Por sinal, também na altura me lembro de ter desejado que o ladrão, pelo menos, tentasse ler aquilo antes de o levar para a feira da ladra na terça-feira seguinte.

Uma tragédia grega

Do blogue Revista Atlântico, "O realismo conjugal", por Pedro Lomba (republicação de artigo da edição impressa acerca do estudo "Famílias em Portugal" com coordenação de Karin Wall, edições ICS, 2005):

"Quando se trata de escolher os cônjuges, uma coisa séria, encontramos o mesmo comportamento realista e convencional. O elemento que predomina nas escolhas conjugais é a proximidade social e profissional dos cônjuges. Um terço das uniões encaixa nesse padrão. As diferenças culturais, económicas ou sociais são irrelevantes e, mais ainda, são intencionalmente evitadas. Os cônjuges, no essencial, têm profissões semelhantes, têm as mesmas habilitações, pertencem à mesma classe social e conhecem-se nos mesmos meios. (...) Não há cá nada de ímpetos, riscos, romantismos, incertezas.

(...) E as coisas são precisamente assim: os nossos sociólogos confirmam que os cônjuges portugueses são criaturas praticamente iguais entre si. Acima de tudo a certeza. As coisas são exactamente como pensamos que são. A realidade não é romântica."


Em casa, no trabalho, do governo aos jornais, o nosso comezinho drama pessoal em nada se distingue do colectivo: acomodação-resignação-depressão. Ou, dito de forma mais fina, ethos-pathos-tanathos (*).

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(*) inspirado numa conversa longínqua com a Z.

Ainda?

Filha de pai sul-africano e mãe austríaca, fiquei a saber que iria casar-se em Outubro com o londrino que a acompanhava. Nisto, perguntou-me: "e a tua família, ainda vive em Portugal?"

domingo, abril 08, 2007

O Cartaz

Não vale a pena lembrar que os Estados Unidos são uma nação de emigrantes.

Que a imigração dos melhores estudantes do mundo para os Estados Unidos e para Inglaterra não só esconde como largamente compensa a catástrofe que é o ensino liceal e das licenciaturas nestes dois países.

Que a China sobreviveu até hoje pela sua capacidade de aculturar (sinificar) as hordas de invasores estrangeiros que a ocuparam (Mongóis, Manchús, Hunos, etc).

Que 10% da população de França é imigrante ou descende de imigrantes e que muitos dos seus cidadãos mais ilustres são descendentes de imigrantes (notadamente, Sarkovsky).

Que Madelaine Albright, antiga Secretária de Estado da administração Clinton, é tão pouco Americana que não podia ser presidente dos Estados Unidos mas podia ser presidente da República Checa.

Que os Portugueses são uma nação de emigrantes, ou seja, de imigrantes, do ponto de vista dos países que os acolhem.

Mas há algo que vale a pena lembrar: que quando os Gatos Fedorentos colocaram o cartaz que ridiculariza o inominável, os cobardes que se sentiram atingidos tiveram o impulso de ameaçar os FILHOS de Ricardo Araújo Pereira (claro, Ricardo tem 1 metro e noventa e no um para um a coisa podia correr mal).

O indivíduo da pêra afirmou que o cartaz do Gato dava notoriedade ao cartaz do seu bando.

Mas o indivíduo da pêra é o manto (muito pouco) diáfano que esconde bandidos que se distinguem apenas num ponto dos bandos de ciganos e pretos que eles dizem ser o mal do país:

Os bandos de ciganos e pretos que cometem crimes de ódio (que os há) actuam, digamos, no mercado. São fora da lei, sujeitam-se a ser presos e, se tiverem azar, podem até levar com uma bala dum polícia distraído.

Mas os rapazes do PêNêRê não têm estômago para tanto. Eles querem dar largas ao ódio mas na impunidade. Eles querem implantar um Estado do Ódio e cometer os seus crimes impunemente. Isto de correr o risco de ser preso e vegetar na prisão é só para alguns.

Porque, como é óbvio, não é nem por idéias nem contra idéias que eles se batem (nos batem). Os PêNêRês perseguem pessoas. Pessoas como Ricardo Pereira ou Daniel Oliveira que invejam por causa da notoriedade que alcançaram defendendo idéias que eles (PêNêRês) não compreendem.

Os PêNêRês recusam aceitar a sua mediocridade e vêm no sucesso dos outros as causas do seu fracasso e das suas frustrações.

Por isso não se distinguem de outros bandos de autores de crimes de ódio a não ser pelo facto de serem ainda mais cobardes e potencialmente mais perigosos.

sábado, abril 07, 2007

Maturidade social (2)

Numa empresa de engenharia muito conhecida, em Portugal, todos os engenheiros e não-engenheiros que lá trabalham se tratam pelo nome próprio pois outra coisa seria ridícula.
Há uma excepção, claro: o principal administrador, português, ao qual ninguém se atreve a chamar mais nada senão "engenheiro".

Daqu se tira que a natureza da regra em prática é oposta à anterior: quem não exerce algo que aprendeu é quem mais insiste no reconhecimento postiço.

Mas a culpa, como sempre nestas coisas de sociedade, é dos outros.

Maturidade social (1)

Se eu vos trato da úlcera ou do contrato, sou "doutor".
Se eu vos construo uma ponte ou uma rede telefónica, sou "engenheiro".

Devemos ser tratados pelo que fazemos, não pelo que nos tentaram ensinar e ao qual nenhum uso damos.

sexta-feira, abril 06, 2007

O engenheiro fumegante

1.
Não, o cavalheiro que me levou a escrever esta posta, embora também empreste o putativo prestígio da licenciatura à sua campanha, é outro: Paulo Carmo, 33 anos, informático, contra o "fumo passivo".

Convém agora fazer uma ou duas ressalvas quanto a esta verdadeira calamidade pública: evito sempre incomodar os outros com o meu fumo e também não gosto que fumem para cima de mim. Repito: para cima de mim.

Ora, ao contrário de mim, o eng.º Paulo Carmo não fuma e faz-lhe mesmo impressão que os outros fumem. O último, ao que defende, por causa dos tenebrosos efeitos da inalação involuntária da expiração alheia. Assim, assustado com o que terá numa revista do El País (sei lá!), resolveu participar na democracia fazendo ouvir seu desagrado através da internete. Como está na moda toda a inconsequência que alimente polémicas, passou à estampa nos jornais. Este engenheiro é de armas e um caso sério de Homem Novo socrático.

2.

O artigo do qual reproduzo o cabeçalho acima, da autoria do doutor James Enstrom e do doutor Geoffrey Kabat foi publicado em 2003 no British Medical Journal e vem provar exactamente o oposto daquilo em que o Paulo acredita.
Eu sei, eu sei, estas revistas de investigação clínica nem sempre são fiáveis, basta ver o caso da Lancet e dos imbróglios em que se mete por vezes. Mas isso não é razão para rejeitar o que lá é exposto em favorecimento da ciência de café.
Até porque o estudo em questão, apesar de polémico, defende-se bem: durante quase quarenta anos, (de 1960 a 1998) 35 561 indivíduos fumadores e os respectivos cônjuges não-fumadores foram analisados periodicamente pela equipa de médicos chefiada por Enstrom e Kabat: os resultados sugerem que os efeitos do "fumo passivo" no cônjuge não-fumador, em particular o risco de desenvolvimento de doença coronária, são substancialmente mais reduzidos do que vulgarmente se pensa.

Por outro lado, e como que a confirmar a diferença, existe sim uma forte correlação entre a quantidade de cigarros fumados e o aumento no risco de cancro pulmonar, doença coronária e obstrução pulmonar crónica.

3.
Obviamente, não quero dizer com isto que se deva fumar no local de trabalho ou que os não-fumadores não têm direito a recusar o fumo dos outros, pelo contrário. Mas a proibição do fumo em todos os locais públicos com menos de cem metros quadrados (80% dos estabelecimentos de restauração do país) já foi aprovada pela A.R.. Só que isso não chega para contentar este fascista higiénico: o mesmo acha que não se deveria poder fumar nem no restante. Tudo por causa do "fumo passivo" dos empregados. Enfim, outro que se descobriu mais "moderno" que o resto do país.

Tanto entusiasmo pela saúde dos outros só merece uma pergunta ao engenheiro: quando vai ao tal restaurante ou diariamente se desloca à empresa onde trabalha, vai de bicicleta verde ou de cú tremido a debitar monóxido de carbono?

Nacionalismo

O Nacionalismo é o último refúgio dos oportunistas.

Já dizia Samuel Johnson, nos tempos iluminados do século XVIII.

terça-feira, abril 03, 2007

Pois, era aqui que a certa altura eu queria chegar mas fui antecipado com muito mais talento

"(...) Nos anos 1930, Salazar manipulou e ampliou o papel de um PC débil e quase inerte. O PC servia-se desta propaganda gratuita para mascarar a sua impotência. Salazar escolheu o "papão" comunista não pelo seu potencial de ameaça interna, que era nulo, mas em nome do anticomunismo e do inimigo soviético, que eram reais e pagavam dividendos políticos. Quase até ao fim, o regime tentou apresentar toda a oposição como manipulada pelo PCP. Hoje, é o PCP que devolve o favor, restaurando "objectivamente" a figura de Salazar. A demonização redunda em propaganda do objecto diabolizado."

"As botas de Salazar", de Jorge Almeida Fernandes no Público de 30III2007, via Hoje há conquilhas. O negrinho é meu.

domingo, abril 01, 2007

Dois feitos de digníssima nota

Consegui opinar acerca daquele concurso parvo sem nomear nenhum grupelho proto-fascista ou fazer uso da horrorosa palavra "pantalha". "Sem embargo".

Grandes histriónicos

Alvoroço, confusão, estupefacção.
Trinta anos de doutrinação democrática e o povo ingrato cospe na mão que lhe deu de comer: Salazar escolhido como o maior português de todos os tempos. Mas que grande estucha!

Ou será?

O terreno escolhido para a disputa foi um programa de televisão e é precisamente na televisão que mais se fala e mostra Salazar. Não vale a pena entrar em marginais tipologias de audiência ou militâncias da mesma porque, para o efeito, simplesmente bastou-lhe estar definida como audiência.
Nos últimos trinta anos, nenhum outro governante português ou o seu regime foi mais analisado, documentado ou ficcionado pela estações televisivas. Nenhum político português foi tão invocado por outros, com propósitos variáveis, ou se tornou universal alvo de continuada exposição pública (Salazar, recorde-se, é por cá o primeiro governante da era deste meio de massas e, como tal, uma das primeiras estrelas mediáticas que o aparelho criou). Porque, como toda a gente sabe, nos meios de comunicação que vivem da imagem parecer mal ou parecer bem tanto faz, o importante é aparecer.

Apesar de morto, o homem continuou a pairar na sombra como anti-figura tutelar de um sistema político que o diabolizou sem ter conseguido desencantar um democrata que se afirmasse em alternativa credível; o regime democrático não se quis livrar da memória do ditador para melhor poder usá-la em seu proveito. Claro está que o mediatismo da criatura só pode ganhar quando a caricatura é usada para definir algo pela negativa. Mas aqui há uma lição a aprender: quem insiste que a legitimação das atitudes dos vivos parte de uma oposição às judiarias do morto, reafirma a presença do ditador e reconhece logo à partida que a sua influência se mantém. E só por isto já justificam eles mesmos a sua vitória.

Conclusão: mal o nome fosse proposto a concurso, já teria um enorme avanço sobre todos os demais candidatos antes de qualquer documentário de circunstância pois o seu tempo de antena começou há setenta anos atrás e nunca chegou a acabar de verdade.

Do outro lado do espectro político (ou talvez não), as personagens vitoriosas nas versões britânica e francesa desse programa foram Churchill e De Gaulle. Não será difícil de verificar que ali também a exposição pública permanente pelo próprio sistema onde que é feita a escolha contribuiu fortemente para as respectivas "eleições".

Depois há questão geracional dado que as coincidências daqueles líderes com Salazar não se limitam ao modelo do concurso.

Ambos os políticos estrangeiros se tornaram dirigentes das suas respectivas nações nos anos trinta e o que o regime por cá fez para enaltecimento da neutralidade do nosso ditador, fizeram em tempo de guerra os serviços de propaganda de todas as potências aliadas para glorificação dos líderes britânico e francês. A geração de portugueses, franceses ou ingleses que hoje perfaz mais de dois terços da população cresceu necessariamente com a noção de um chefe-guerreiro, forte, defensor da pátria e dos seus valores (e nem a adaptação aos tempos de paz trouxe maiores diferenças: ainda demoraram vinte anos para De Gaulle e os seus se aperceberem que a França não lhe pertencia por direito divino).

De Gaulle e Churchill acabaram em virtude da sua vitória na guerra por se tornar aqueles que definiram a idade moderna da Europa. Os povos do lado de cá da cortina de ferro viveriam décadas segundo as fronteiras e as leis por eles desenhadas. Da mesma forma, se o país que nos foi devolvido em 1974 era ainda aquele da neutralidade para o mundo e do isolamento em nós mesmos foi porque nas duas gerações formadas sob Salazar foi passado à pedra o atavismo onde ainda nos afundamos.

Os tempos são de incerteza, como intitulou António Barreto o livro que serve de base à série televisiva. E em tempos destes, os europeus perdidos voltam-se para a segurança das definições do passado com que foram educados e que são as últimas que acreditaram ser imutáveis.

Diria mesmo, rotunda

O Dolo eventual fez dois anos. Parabéns pela escrita portuguesa mas multi-citadina e sem complexos neo-regionalistas.