quinta-feira, julho 31, 2008

Aquela indignação do costume

"Não sou de todo um «patriota», mas as jeremíadas do «só neste país» são muito monótonas."

(Pedro Mexia, Estado civil, aqui há dias)

Pois são, e ainda lhe digo mais: ainda não passei por país algum sem ter ouvido aos nativos essa mesma indignação do costume.

quarta-feira, julho 30, 2008

Europe's Big Island



Welcome to the day 365 of the Daisy Harris enquiry...

Os últimos episódios da série são de 2005 pelo que qualquer semelhança é com outros casos.

Para dar um gostinho daquilo que público da Ilha Grande está habituado a esperar da sua polícia.

terça-feira, julho 29, 2008

Apanhados com a boca no barbarismo (3)

Hoje, por causa de um sociopata que age como tal, temos um excelente exemplo de barbarismo pleonásmico em "acting out comportamental", pela pena de Ana Matos Pires (Cinco dias).

segunda-feira, julho 28, 2008

Pornografia para cobardes 2

O Aardvark estranhou a minha reminiscência pré-adolescente. Como em tudo, mais tarde ou mais cedo, encontra-se gente ainda mais estranha.

Verão de 2001

A melhor televisão do mundo não vai em mercados

Obriga a taxa.

domingo, julho 27, 2008

Those were the days

A preocupação de um português seria um alívio para um grego


"Curse of the boozy Britons returns to Greek resorts

In the seaside resort of Faliraki it is a good year for Mayor Ioannis Iatrides. 'Mercifully our clientele this summer is a wonderful mix of people from all over Europe who know how to peacefully enjoy their time in the sun,' he enthuses. 'There are far fewer Britons, which means no rapes, no accidents, no drunken debauchery, no going on the rampage. I'm so relieved.'
" (continua aqui)

No Observer.

Ortografia da gramática inglesa

Meia-dúzia de exemplos de como a precedência do som (aprendizagem) sobre a leitura (reconhecimento) dispensa a correspondência ortográfica. E, pasme-se, as criancinhas acabam por conseguir escrever sem problemas.

Caius,
"Caius", [ˈkɑːius] (clássico)
"Keys" [ˈkiːz] (univ. Cambridge)

lieutenant,
"lef-tenant" [lɛf'tɛnənt]

Leicester,
"Lester" [ˈlɛstə]

Marylebone,
"Marribun" ['mærɪbn̩] (Oxford English Dictionary)
ou "Mar(i)-lee-bone" [ˈmæɹɪlɪbn̩] (outros)

Magdalene,
"Maudlin" [ˈmɔːdlɨn]

often,
"offen", ['ɔ:fn]

salmon,
"samon", ['sæmən]



...

A Mother Goose nursery rhyme


What are little boys made of?
"Snips and snails, and puppy dogs tails
That's what little boys are made of!"
What are little girls made of?
"Sugar and spice and all things nice
That's what little girls are made of!"

Verão de 2007



Embora atrasado...

Verão de 2004

A letra é uma miséria mas aos primeiros acordes, etanolémia alta, ala para os saltos.

Verão de 2007

A plasticidade sináptica cria memória. Polarização, fluxo de cálcio, desinibição, síntese, polimerização, agregação. Quando a experiência é emocional a activação do circuito amplifica, misteriosamente, o seu reforço. Por isso, aquando de um estímulo, todas as experiências intensas, boas ou más, são revividas com essa doçura involuntária chamada nostalgia.
A familiariedade não faz juízos de valor.




Submissions in outer regions pleased
(...)
Eternal flow strings to your bow
Roam through the globe

Apanhados com a boca no barbarismo (3)

Bill Bailey ao vivo no Hammersmith Apollo (Londres)



(com legendas para quem não se lembrar da letra original)

sábado, julho 26, 2008

Apanhados com a boca no barbarismo (2)

Ontem, Pedro Mexia (*) do Estado civil: "É uma visão tétrica de «willing executioners» (...)".

O acidente até passaria desapercebido (fia-te) mas, se por um lado sucedeu ao comentar um filme que o autor havia visto em alemão, por outro não existe como expressão estabelecida pelo hábito entre anglo-saxões. Logo é um barbarismo duplamente despropositado.

Não vou dar sugestões. São demasiado óbvias para um poeta como Mexia.


_______________________________________________
(*) Este autor é contra o acordo ortográfico para a Língua Portuguesa.

sexta-feira, julho 25, 2008

Pornografia para cobardes



Estilo australiano.

Il partito del cemento

Qual a diferença entre a Itália e Portugal?
Isto é, como podem aqueles madrassos oleosos chegar ao G8 e nós nem o sonho?
Arrisco um Plano Marshall e menos uns trinta anos de ditadura, não sei.

Mas leiam o blogue de Beppe Grillo e depois tentem encontrar diferenças entre regimes:

"In Liguria "Forza DS" is working very well and the results are visible. Instead of the coast, there’s Concrete . La Casa della Legalità {Legality Group} has sent me a letter about the book: "Il partito del cemento" {The Concrete Party}.


Nothing is more true than what you affirmed on 8 July. The problem is not so much Silvio Berlusconi, but the transversal Business Committee of which he today is the guarantor and it stays unchanged whoever is in Palazzo Chigi {official meeting place of Council of Ministers} whether it is Prodi, D'Alema or any other expression of nomenklatura, whatever the structure of the government, the film director is and remains that occult and obscene business committee that is devastating the country.
(...)
The visible power thus risks becoming the bastard son of that invisible power, generated in turn by a myriad of secret marriages of interests or of under the table transactions….
"

"Hockey monkey", yeah!



The Zambonis...

Somos tão atrasadinhos, filho

"Morreu abandonada no centro do Porto".

Na rua? Não, em casa própria.
À fome? Não consta que deixasse de ir à merceeiria.
Sem familiares próximos conhecidos ou vizinhos em visita? Pois, parece que não tinha gosto pelo social.
Negligência do sistema? A Segurança Social, sabendo que vivia sozinha, não a deixava em paz.
Atacada por doença fulminante? Tinha 95 anos num continente com esperança média de vida de 70 e picos.

Tudo isto, logicamente, perfaz um escândalo nacional em pleno centro do Porto.

quarta-feira, julho 23, 2008

Apanhados com a boca no barbarismo

Barbarismo
do Lat. barbarismu < Gr. barbarismós; s. m., vício contra as regras e pureza de uma língua; Gram., estrangeirismo na linguagem; erro contra a significação, na composição ou na derivação das palavras; erro ortográfico; silabada; condição dos povos bárbaros; por ext. infracção grave dos preceitos de qualquer arte, doutrina, técnica, etc. .
(Priberam)

Os apanhados foram pescados na mui douta blogosfera portuguesa. A lista, naturalmente, não pretende ser exaustiva até porque alguns textos não são imunes à leitura diagonal. O que, contudo, me causa maior espanto é que alguns dos escribas até enfileiram pelo "desacordo ortográfico ou morte".

Mas porque por detrás desta armadura de arrogância titânica se esconde um pedagogo sensível e paternal, e porque sei que às vezes não são manias mas demasiada série de televisão, prometo deixar algumas sugestões para adequado uso futuro.

Hoje temos Henrique Raposo, do blogue Atlântico, numa crónica reciclada da revista.
Eu até percebo que isso do "o divã da self-pity" faz parte daquele truque de pegar numa expressão qualquer do texto quando falta inspiração para o título. Mas, por estranho que pareça, não sofreria nada com a passagem para "divã da auto-comiseração". Já esse "lento slow motion" é um disparate pegado.
Assim são 7 valores.

McCain v. Obama

Não sou americano, não voto, não "tenho" candidato e o diabo vos carregue com as eleições americanas.

Mas já me começa a subir a mostarda cada vez que leio um chico-esperto qualquer repetir, qual papagaio de bico em riste, que "Obama não tem idéias e o discurso é vazio".
E McCain? Alguém está atento às "prepooostas"?

Quem deste lado do Atlântico debate a profundidade de argumentos deve estar a sonhar. Até parece que alguma vez houve mudanças no programa deste circo de burros e elefantes que as televisões periodicamente transmitem.

terça-feira, julho 22, 2008

Do Estadismo

A classe política ‘abrileira’ (como diria o J.A. Maltez) não percebeu ainda como só a incorporação de pensamento estratégico específico torna um político num homem de Estado... As instâncias de síntese entre política e estratégia continuam a não existir (...), os grupos de decisão informal que surgiram entretanto não juntam estrategas e políticos mas sim uns “homens de negócios” (que fazem lucros privados com dinheiros públicos e que não podem ser confundidos com empresários...) com uns políticos (que podem transformar influência em dinheiro vivo), naquilo que aqui no Claro se tem chamado o “complexo [neo-corporativo e salazarento]” .

No Claro, claro.

Nostalgia de Hill Street

E do capitão Furillo dividindo territórios com os líderes das gangues para evitar a guerra entre hispânicos, negros e irlandeses.

Refastelados no sofá ao serão, dáva-mos graças ao senhor pela modorra da vizinhança. Vista pela televisão, Nova Iorque era eclética, fascinante e perigosa, num contraste confrangedor com a vidinha de cá, atrasada, aborrecida mas tranquila.

Pois é, também isso já acabou.

"Multiculturalismo"

Depois, não compreendo o argumento do respeito pelas suas «tradições, culturas e formas de ser diferentes». Nada a ver com isto. Agredir mulheres no meio da rua ou fazer disparos com armas de fogo não tem a ver com «tradições, culturas e formas de ser diferentes». Para mim, são portugueses. Devem ser vistos como portugueses. A começar por cumprirem a lei.

Francisco José Viegas, no A Origem das Espécies.

(grossado meu)

Pensamento atrasado relativo ao 14 de Julho

Em 1789 havia sans-cullotes em Paris.


Em 2008 há uma Paris sans-culottes.

Birras ortográficas

É difícil passar os olhos pelos jornais e, principalmente, pela blogosfera portuguesa sem topar com invectivas, bufares, petições de ofendidos, "t'arrenegos" e demais erupções de impotência. Há por aí muitos, inclusivé, que já juraram nunca vir a escrever do "novo" modo.

É sempre assim, de cada vez que há mudança na escrita. A norma que estes conservadores com o peito defendem há muito que pouco tem que ver com a de 1911, mais do que demonstrando que estas resistências costumam ser um ar que se lhes deu.

domingo, julho 20, 2008

Domingo sombrio no centro do império

Em 1933, László Jávor viu-se abandonado pela namorada e escreveu um poema em que contemplava a morte. Um amigo, Rezső Seress, fez a música e o resultado foi "Szomorú Vasárnap".



"Gloomy Sunday", ou 'a canção húngara do suicídio', esteve banida da BBC até 2002.

sábado, julho 19, 2008

Racionalismo

Descartes acreditava que podíamos viver tanto quanto os antigos patriarcas descritos na Bíblia, mais ou menos 1000 anos (Adão, Noé, Matusalém, ...).
Inclusivé, o filósofo francês estava à beira de inventar um método para tal quando morreu, com 54 anos.

O governador do banco de Portugal dissertou sobre o nuclear

Próximos convidados a abrir a alma no parlamento:

-o procurador geral da república analisa o TGV para Lisboa-Porto;
-a presidentina da Cruz Vermelha Portuguesa discute o imposto sobre os combustíveis;
-o director do IPPAR opina sobre estratégias de combate aos fogos florestais.

Em caso de confusão nos assuntos correntes

Quando certas opiniões marginais (ver esta caixa de comentários, é uma autêntica caricatura) glorificam as FARC e, num delírio furioso, classificam a presidência colombiana de "regime assassino" (risos), ficamos esclarecidos, não é?

Aardvark, antes que protestes, estamos muito longe de bater em mortos: segundo as sondagens, os loucos podem representar 17% do eleitorado (fonte JN/UCatólica). Digo 'podem' pois tenho a secreta esperança de que, como marginais que são, esses loucos nem votam.

sexta-feira, julho 18, 2008

O voto emigrante

A soberania do parlamento português acaba na fronteira, exactamente aquilo que deveria ser o limite da sua representatividade.

O resto é contabilidade de deputados para a definição de maiorias; quem acredita em mais que isto ou é tolo ou é do partido.

Dúvidas existenciais

Quem terá razão, Bob Geldof ou José Sócrates?

Os emigrantes sanzonais da caça ao voto

Resposta a isto.

O que acho, sem ironias, é que quem sai desvincula-se. Por vezes até cria raízes noutro sítio e vota ali. Aqueles que vão aos consulados registar a sua nova residência fazem-no apenas por exigência das leis locais.

Não é só a baixa taxa de recenseamento e participação que demonstra o desinteresse desse 'eleitorado'. Ele está à vista quando nos grandes pólos da emigração portuguesa, vêem-se jornais diários polacos, chineses, árabes, et c., à venda mas nunca portugueses.

(da mesma maneira, não me parece que putativos irlandeses americanos, ainda que sejam mil, estejam em pulgas para votar na Irlanda; da mesma maneira, não me parece que em Nova Iorque se leia o Irish Times)

A própria natureza do sistema eleitoral ajuda está em perfeito concurso para o alheamento e torna inúteis os círculos extra-nacionais existentes: esses míseros quatro deputados que refere perdem, tal como todos, o vínculo para com o seu eleitorado mal são eleitos. Se, dentro deste sistema, o sentimento de representação já tem dificuldade em medrar entre os residentes, muito mais terá quando nada do quotidiano de um emigrante pode ser afectado pelo voto disciplinado e inimputável de parlamentares anónimos e longínquos.

Julgo sim que, à falta interesse da "diáspora" na política nacional, é a política nacional que o procura. O que mostra que esse tipo de iniciativa pretende apenas beneficiar o representante, não o representado. “Deixem-se estar onde nada fazemos por vós”, parece dizerem, “mas agora podereis eleger-nos por cá”.

Com tal importância par a opinião pública, V. ainda se espanta com a desfaçatez com que se mudam de regras ao sabor das conveniências partidárias?
Acharia possível as regras eleitorais, o número de deputados por círculo, et c., vir a serem manipulados fora o eleitorado residente aquele afectado?

Em suma, no papel parece bonito mas na prática é redundante e demagógico. Tão redundante e demagógico quanto o voto duplo para as autarquias e parlamento europeu em vigor e de uma utilidade limitada à contabilidade do rotativismo.

Quanto à qualificação em portugueses de segunda ou primeira, é uma questão falsa, já se viu, e só ofenderá o tolo; os emigrantes vivem noutras economias e culturas e, sendo dessas que têm conhecimento e usufruto, é nelas que têm interesse em participar.

quinta-feira, julho 17, 2008

Separados à nascença?




Obrigado ao 31 da Armada pela inspiração.

quarta-feira, julho 16, 2008

Mais uma entrada de leão

O estilo dos textos do blogue de Laurinda Alves é igual aos do de Marcelo Rebelo de Sousa. Em tom cordato, dá-se conhecimento da actualidade e do privilégio de contactos que a autora possui. Isto é, originalidade pessoal alguma se vislumbra.

A diferença entre o blogue de Laurinda Alves e outros que por aí há está no vídeo. Aquilo parece um híbrido entre os "magazines light" da têvê social onde toda a gente conhecida se conhece e os blogues de jornalistas que passam a vida a comentarem-se uns aos outros.

No fundo é, como a grande maioria da blogosfera, um blogue que só a família e amigos poderão ter interesse em ler.
Assim como esses, a sua função esgota-se no dizer "estou aqui".

Guillermo Rivera Fúquene encontrado morto

Pel'O Castendo.

A referência aqui ao seu desaparecimento é apenas de domingo.

...

terça-feira, julho 15, 2008

Observação blogosférica avulsa

Passando os olhos pelos comentários em blogues com caixas de 2 ou 3 dígitos, é fácil verificar uma coisa ou duas coisas que toda a gente sabe e outras menos óbvias: quanto mais taberneira a resposta mais certo ser de anónimo ou hemónimo (aqueles que assinam qualquer coisa mas não têm ligação para lado algum); que os anónimos e hemónimos cometem, em média, mais erros ortográficos/semânticos/sintáticos que os nónimos; que o raciocínio de anónimos e hemónimos é, regra geral, ou extremamente banal ou por demais ininteligível (ver ponto anterior); que a malta sofre de ADHD(*) que dá dó.

O silogismo resulta num "quanto mais ignorante, mais taberneiro e maior a cobardia".
Donde a ignorância, não sendo felicidade, é um princípio de violência.

Já o último ponto levanta a questão do amor de mãe. Será excesso ou insuficiência?

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(*) Attention Deficit Hyperactivity Disorder

N.R.: todos os membros deste blogue frequentam, sempre que podem, tabernas, tascos, casas de pasto, barraquinhas de comes-e-bebes e afins, e não se pretende de modo algum ofender a classe dos profissionais do ramo de louro à porta; pelo contrário, bem-hajam e tenham santa paciência ou juntem-se aos palhaços.

Ao pé deste Homem qualquer líder mundial é um puto ranhoso e cobarde



Luis Moreno-Ocampo, procurador-geral do Tribunal Penal Internacional.

If ignorance is bliss

Why are so many people unhappy?

segunda-feira, julho 14, 2008

A Bastilha


A fortaleza-prisão, "expressão máxima da tirania", contava à data da sua tomada pelos sem-cuecas com sete prisioneiros: quatro falsificadores, dois loucos e um aristocrata, o conde de Solages.

A análise acutilante de Marcelo

Presumivelmente em estado de hiper consciência, "Marcelo Rebelo de Sousa afirma que a crise económica e social é propícia ao aparecimento deste tipo de acontecimentos. O comentador considera ainda que a falta de integração pode estar na origem dos confrontos verificados em Loures."

Nos vídeos RTP.

A produzir espertos-saloios há mais de 3 gerações

Diálogo entre portugueses em Roterdão, os primeiros não têm cartão do banco:

"(...)
- Epá, a gente veio para aqui muito à pressa, respondemos a um anúncio no jornal e passados dois dias já estávamos a voar para cá. Não deu tempo para tratar de nada. Entretanto já fomos ao banco mas eles pedem-nos comprovativo de residência.
- Então e vocês não têm?
- Não. A gente mora na fábrica e o patrão não nos deixa dar essa morada.
- Então como é que são pagos?
- Ele passa por lá com 250 euros por semana e dá-nos.
- Épá, mas vocês sabem que isso é menos que o ordenado mínimo cá!
- Mas o ordenado mínimo é só para os holandeses, não é? O patrão diz que é assim. Diz que gosta muito dos portugueses porque quando é para trabalhar a gente trabalha a sério. Os holandeses tiram pausas para almoçar e saem do trabalho às quatro.
- Então e vocês, trabalham até que horas?
- Entramos às seis e saímos às oito. Se há encomendas também trabalhamos ao fim de semana.
- Então mas vocês têm visto notícias, não ouviram que há portugueses a serem explorados por cá?
- Isso deve ser pessoal que não quer trabalhar.
(...)"

Do Nadir dos tempos, via Arrastão. Vão lá ler o resto do diálogo que vale a pena.

domingo, julho 13, 2008

"it's the things you don't see that make all the difference"

Uma empresa de limpezas inglesa, sem vergonha de oferecer hotel e dar palheiro. De propor refeições e entregar sanduíches (custam 2 libras).
Parece anedota mas as boxes dos cavalos (os "quartos") ainda tinham estrume e urina agarrados à palha. Cama não. E nem sequer havia pão-de-forma e fiambre que chegasse para todos.

São tantas as notícias de exploração e condições sub-humanas de trabalho para emigrantes na Europa que, de facto, hoje em dia já só deveria cair quem quer.

Contudo, a emigração portuguesa continua, iludida por promessas de salários mínimos múltiplos dos nacionais com direito a alojamento e alimentação.

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Via Sem muros, via Arrastão.

NOTA 1: louvor à sr.ª Sónia Mendes, emigrante portuguesa em Londres, que confrontou os negreiros e não hesitou em chamar a polícia.

NOTA 2: a empresa em questão é a filial britânica de uma multinacional australiana chamada Cleanevent que tem como lema o título desta posta.

NOTA 3: e dêem graças ao santinho serem cidadãos comunitários.

iPhoda

Produto perfeito para o português "médio", o qual compra tudo, com a maior das naturalidades, a prestações.

Direitos humanos na Colômbia

A canalha colombiana não é só formada por maluquinhos revolucionários da selva. Grupos paramilitares, formados em tempos para combater a guerrilha à margem da lei, também fazem o que querem e lhes apetece debaixo do sol.

Martha Cecilia Obando era dirigente de uma singela associção de defesa de mulheres deslocadas (populações deslocadas do Vale de Caúca). A 29 de Junho, depois de várias ameaças, foi abatida a tiro por um desconhecido quando atravessava uma rua em Buenaventura. Mais informações e mais vítimas no sítio da Aminstia Internacional.


Guillermo Rivera Fuquene é dirigente sindical para os funcionários públicos em Bogotá. No passado dia 22 de Abril levava a filha à escola quando foi abordado por "policiais" e enfiado num carro. Nunca mais ninguém o viu.

Pobreza, assassinatos em pleno dia e "desaparecimentos". A marca de qualquer república das bananas.

Queira o presidente (eleito) Uribe ver-se livre desta imagem e também terá de extinguir qualquer força armada civil e punir severamente os desvios e abusos de poder de caciques e oligarcas.

Isto se quiser terminar o seu mandato tal como o começou, como democrata.

sábado, julho 12, 2008

Um confronto pessoal e não de civilizações

Fazia, marroquina, casada com cidadão francês e mãe de três filhos também franceses. A mesma cidadania que lhe foi recusada pela insistência no uso da burca, contrário aos "valores da República".

Discriminação cultural? Xenofobia? Violação de direito religioso?

Tretas. A senhora nunca se cobriu da cabeça as pés enquanto vivia em Marrocos e nem tinha intenção de o fazer quando se juntasse ao marido. Foi este quem lhe exigiu a mudança de hábitos, literalmente.

A República decidiu conforme seu Direito mas houve justiça? Afinal, quem ficou a perder foi uma inocente, ao se ver obrigada a engrossar por vontade alheia as hordas dos sans papiers.

The natives are restless 18

Leio no DN que é em Loures mas as imagens na SIC lembram-me Beirute.

Crise? Qual crise?

Não tenho carro fóssil particular pois basta-me o eléctrico colectivo.

Não pago hipotecas a rapinos mas renda a uma senhoria adorável que se esforça por manter o prédio e seus interiores em boas condições.

(escadalizados com a iconoclastia, os amigos portugueses dizem-me que atiro dinheiro à rua por "no fim não ficar com a casa"; ora,"no fim" bem podem os meus descendentes, se os houver, alugarem eles próprios, que a mim tanto se me dá)

Tudo o resto - cuecas, restaurantes, viagens - entra no cabaz por troca directa em débito electrónico.

O meu fim de mês chega sem sobressaltos ou ansiedades.

É da competência do arrivista a invenção da roda



E que tal começar por substituir os autocarros por "carros eléctricos"?

Importa-se de repetir?

A propósito do faroeste na fronteira norte de Lisboa, a explicação do comissário da PSP de Loures, Resende Silva (duas detenções e algumas - sic na SIC - armas apreendidas):

"Curiosamente, um dos indivíduos detidos [em flagrante] no segundo tiroteio já havia sido detido no tiroteio da noite anterior".

Música do meu tempo, pás

Obviamente, há outras coisas boas

Como Joy Division

sexta-feira, julho 11, 2008

Talento!



Esperemos que a menina recupere a saúde para que não lamentemos por ela. Quero vê-la a envelhecer, a tornar-se medíocre, a perder a inspiração.

Não precisamos de uma nova Janis Joplin.

Mas isto é rock do velho, puro e duro, impregnado de heroína, como deve ser.

Ao pé disto, o que se ouve hoje em dia é tudo asséptico, tipo restaurante macrobiótico para não fumadores abstémios.

Entretanto, nos mentideros da blogosfera...

... Já se fala num JoaoMiranda da Esquerda.

domingo, julho 06, 2008

A propósito da "homofobia" de Manuela

A Lisboa desaparecida de J. Rentes de Carvalho

"E quando vejo a Torre de Belém lembro que nesse tempo o guarda, a troco de cem escudos, emprestava a chave do terraço do monumento. Aí ao ar livre, vendo passar os navios no Tejo, faziam-se cópu­las que, devido à solenidade do lugar e aos nervos da ocasião, se tornavam duplamente históri­cas. Uma hora depois - raro as horas voltariam a ser tão curtas! - o guarda batia impiedosa­mente à porta, e era pagar de novo ou sair. Modelo de dis­creção, quando a dama descia a escada ele volta­va as costas, 'para não ver'."

O resto do artigo no Tempo contado.

sexta-feira, julho 04, 2008

Exercício de estilo, categoria Apontamento de Reportagem: "Nem só de vinho vive o homem".


Há quem se lembre de tardes de verão passadas a cobrir a mesa do café com mines. Antes do advento do ar condicionado, a canícula termalizava a cerveja mais depressa que a sede e só tirada do frio em meia-dose se lograva aproveitar a fresquinha na totalidade. Como brinde, as rodadas sucediam-se, quebrando o tédio e estimulando a conversa, sem que que o álcool chegasse a toldar o conhecimento ou a aquecer os ânimos.

Isto tudo para dizer que estas antigas criotecnologias estão bastante actuais na era do aquecimento global e a primeira garrafa de 2.5 dl austríaca foi lançada há bem pouco tempo, já a prever a chegada das temperaturas alentejanas aos Alpes. A "Zipfer Sparkling" é uma cerveja seca mas leve no gosto, entre a Pils e a Helle, publicitada como alternativa ao ubíquo Spritzer mas com mais uns grauzitos que este.

Infelizmente, (ainda) não é distribuida nos cafés e por isso não vou poder reconstituir com fidelidade as horas de ócio de outrora. No entanto, dá jeito para se ter em casa, pois é maneirinha no frigorífico e a sua oferta às visitas faz-se sem perguntas denecessárias.
Afinal, com estes 30º Celsius lá fora, quem é que tem coragem de recusar uma minezita e uns quadradinhos de Vorarlberger?
"À vossa", como eles dizem no fim dos apontamentos de reportagem.

P.S.: os preciosistas (e seriamente avariados da pinha) notarão que aldrabei a foto, pois essa aí é uma Premium de 3.3 dl e não a Sparkling de 2.5.

quinta-feira, julho 03, 2008

Reflexão enquanto espero a minha vez na compra compulsiva de lâminas de barbear numa loja de aeroporto

O terrorismo global islamista não é mais que a eternização da luta entre as tribos de sempre, agora estendida ao terreno do "inimigo comum". Tal como no séc. XI, os loucos varridos julgam que quem mais perdas causar ao Ocidente mais tolos impressiona e arrebanha para debaixo do braço.

O problema é que, com a ajuda dos nossos iluminados, aquele expediente de troglodita funciona que é um primor.

Ai como eles gostavam de ter um regime repressivo-fascista só para eles...

Ou as piruetas lógico-sentimentais que certas cabecinhas dão para que justificar o credo estalinista.

"loucosperigos.net", deveria ser o nome do sítio. Mas não, chama-se resistir.info.

Olhem só para esta barbaridade:

COLÔMBIA MAIS DISTANTE DA PAZ
Três mercenários estado-unidenses, 11 polícias & militares e um membro da classe dominante colombiana foram recuperados dia 2 pelo governo narco-militarista de Uribe. Daquilo que já se sabe deste episódio verifica-se:
1) Seguindo o diktat bushiano, Uribe continua a rejeitar a solução política do conflito – que deveria ter início com uma troca humanitária de prisioneiros, como propõe as FARC-EP.
2) O governo uribiano-bushiano não hesitou em por em risco a vida dos retidos.
3) Os retidos foram mantidos em boa saúde – poderá o Estado colombiano dizer o mesmo daqueles que mantem nas suas masmorras?
4) Regimes repressivos & fascistas muitas vezes obtêm êxitos em operações de comandos, como mostra a história de Israel e da Alemanha hitleriana – mas isso não leva à paz com justiça social.
5) O alarido mediático dos media corporativos volta-se selectivamente para os membros da classe dominante – mas nunca mencionam os sofrimentos dos oprimidos, como os milhões de camponeses colombianos expoliados das suas terras ou as centenas de guerrilheiros das FARC-EP que padecem nas prisões uribistas.
6) A operação ardilosa do dia 2, infelizmente, pôs a Colômbia mais distante da paz.



(via Blasfémias)
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Adenda: a segunda, sem vergonha alguma.

quarta-feira, julho 02, 2008

LIVRE!

http://news.bbc.co.uk/1/hi/world/americas/7486712.stm

Atrás de um bigode mediático

É provável que Mugabe até nem se importasse com a reforma dourada de uma presidência não-executiva. Saberá o ditador que esta lhe asseguraria a manutenção da inimputabilidade e, postumamente, o lugar que julga merecer na História Africana.

Seja isto verdade ou não, há porém dois factores de maior peso neste imbróglio que os humores do octagenário: a solidariedade oportunista da maioria dos líderes da União Africana, pouco interessados em demonstrações de pé-de-barro; e a oposição da nomenclatura do ZANU-PF, muito mais interessada na manutenção da sua própria inimputabilidade.
Porque, escondidos por detrás daquele bigode ridículo, são estes últimos parasitas quem de facto manda no Zimbabué e quem teria tudo a perder com a ascensão de Tsvangirai.

terça-feira, julho 01, 2008