terça-feira, abril 24, 2012

Abaixo as comemorações enlatadas

Desce a Avenida da Liberdade!

segunda-feira, fevereiro 13, 2012

sábado, fevereiro 11, 2012

Professor pedindo aprovação, Anónimo, séc. XXI

Este filme é melhor que um cartoon. É um quadro de época, um ícone sagrado da União Europeia do Tratado de Maastricht. Só tenho pena de que não tenha sido possível ter sido feito no tempo em que outro professor, Cavaco, andava lá fora a lutar por nós com a mesma atitude e para os mesmos efeitos. Certo é que, se o foi, nunca o saberemos.

Como com uma pintura setecentista, olhem para as expressões: nervosa e sorridente do português; grave, diplomática e enfastiada do alemão. Não é difícil imaginarmo-nos naquela sala, escutando mais uma conversa entre dois ministros muito diferentes, em poder, na cultura e nas circunstâncias, num daqueles pormenores que ajudam a definir a forma como a História julgará os povos.




Em aditamento: na iminência da queda da Grécia, parece que a tese infame do "bom aluno" volta agora a fazer escola e logo pela voz de um dos maiores detratores do primeiro-ministro da altura, Paulo Portas. Fora a ironia freudiana, a filosofia de comparações do MNE é de uma baixeza imprópria para o cargo que ocupa e, não fora a sua insignificância, poderia mesmo vir a ser contraproducente.

sexta-feira, fevereiro 10, 2012

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domingo, fevereiro 05, 2012

Os 30 dinheiros do sr. Coelho


É muito simples: se o estado chinês quiser, corta-nos a electricidade. Como não podemos viver sem ela, não foi uma empresa que o governo entregou à gestão de outra, mas sim todos nós.

O que o sr.Coelho acabou de vender ao governo da República Popular da China foi uma infrastrutura essencial e insubstituível, em função e importância equivalente à alienação de recursos naturais e ao direito sobre o território. A venda da REN potencia a submissão a uma soberania estrangeira, se não do território português, pelo menos de um seu uso vital, ofendendo e colocando em perigo a independência do País*.

Não há qualquer argumento político, ideológico, económico, cultural, ecológico, social, estratégico, emocional, científico, que o possa justificar. Só mesmo uma causa pode assistir a tamanha irresponsabilidade: a completa incompetência deste diretório de energúmenos e loucos varridos para governar um estado moderno.

Disse Nuno Melo do CDS, aquando do ridículo episódio "iberista" de Mário Lino: «Tal posição ofende a Constituição da República Portuguesa, (...) tem a ver com a soberania do Estado, que nunca foi posta em causa por nenhum governante dos últimos 100 anos». A outra metade da parelha também exclamou, pela voz de Marques Guedes (PSD): «As afirmações do ministro são completamente despropositadas e acho mesmo que põem em causa as condições do ministro Mário Lino para exercer tão altas funções».

Creio que na situação gravíssima que se nos apresenta, qualquer militante dos partidos no poder - e principalmente aqueles alienados que queriam julgar Sócrates por negligência - terão de concordar que o governo atual deveria, mais tarde ou mais cedo, ser julgado por crime de traição à Pátria. Mas já nem peço tanto. Como sugeria com moderação o antigo líder da bancada parlamentar do PSD, bastava-nos a todos, e a bem da Nação, que o sr. Coelho e comitiva fossem simplesmente para o olho da rua.


*Constituição da República Portuguesa, CAPÍTULO II

Dos crimes de responsabilidade de titular de cargo político em especial, Artigo 7.º

Traição à Pátria
O titular de cargo político que, com flagrante desvio ou abuso das suas funções ou com grave violação dos inerentes deveres, ainda que por meio não violento nem de ameaça de violência, tentar separar da Mãe-Pátria, ou entregar a país estrangeiro, ou submeter a soberania estrangeira, o todo ou uma parte do território português, ofender ou puser em perigo a independência do País será punido com prisão de dez a quinze anos.

segunda-feira, janeiro 30, 2012

sexta-feira, janeiro 20, 2012

As «outras»

Há muitos, muitos anos, éramos pouco mais que adolescentes, um amigo extremamente católico dizia-me, com perdão para a sua inexperiência, que uma mulher deveria casar virgem.
Perguntei-lhe se a regra também se aplicava, na sua opinião, aos homens. Que não, claro.
Insisti, "e então, com quem o fazemos? Uns com os outros?". "Oh", disse logo, "para isso, há «outras»".

A mesma lógica - ou moral - parece surgir agora de novo em cabeças não mais progressistas.

Com a economia a retrair, os grandes pensadores da economia pátria, de Catroga a Bessa, insistem na fórmula mágica de carregar o assalariado com ónus da retoma, reduzindo a força laboral à quase escravatura, quer pela redução de salários, quer pela pressão imposta por um quadro legal convidativo ao despedimento. Nada de assustar o desejado "investimento", o qual, como D. Sebastião, um dia há de jorrar, sabe-se lá de onde, se a fé se mantiver no paraíso da iniciativa privada e num futuro de taxas irlandesas.

Mas esta descapitalização forçada da classe assalariada já resulta necessariamente na redução do consumo às necessidades básicas: alimentação, saúde, habitação, transportes (necessidades essas também elas com enorme agravamento fiscal ou de custo).

A pergunta, de novo, surge óbvia: num país onde a maioria da população passa o dia com medo do lay-off e o mês a desejá-lo mais curto, a quem pensam estas bestas que os seus queridos empresários reais ou futuros investidores de sonhos molhados irão vender o fruto fantástico da livre iniciativa e esforço esforçado, suor escorrido do seu rosto dinâmico e criativo?

A resposta cansada seria, de novo, "uns aos outros, não?". Mas, e de novo, nesta troca de favores há um terceiro participante com o qual a inteligência não conta, disposto a salvar o suposto privilegiado da sua incompetência natural. A menina sempre pronta para a festa mas com a qual não é respeitável casar, aquela que renegam em público mas com a qual se deitam em privado e sem a qual, como um vício degradante de pele, não sabem viver, é - ironia banal - o tolhente e odiado Estado.

sábado, janeiro 14, 2012

quarta-feira, janeiro 11, 2012

Na La-La-land

Na La-La-land, os maus primeiro-ministros são tão maus, mas tão maus, que criam recessões mundiais

Na La-La-land, os bons primeiro-ministros são tão bons, mas tão bons, que mandam os seus cidadãos emigrar

Na La-La-land, os neo-liberais vendem propriedade do estado a estados comunistas e chamam ao resultado "privatização"

Na La-La-land, (ex-)governantes neo-liberais passam a soldo de uma potência estrangeira enquanto governantes neo-liberais (atuais) garantem que já não são da família (feliz)

Na La-La-land, a putativa ex-futura-primeiro-ministra diz ao vivo e a cores aos septuagenários com necessidade de hemodiálise "que a paguem"

Na La-La-land, o futebol está acima da lei - qualquer lei

Na La-La-land, responsáveis pelo planeamento irracional do metropolitano são nomeados responsáveis pela racionalização dos transportes públicos

Na La-La-land, a capital tem apenas 500 mil eleitores mas os seus passeios estão cobertos com milhões de carros

Na La-La-land, chefes de serviços secretos, responsáveis por investigar tráficos de influências e ameaças ao estado, traficam influências eles próprios em prejuízo do estado. Na La-La-land, só os guardas analfabetos são julgados por traição.

Na La-La-land, o Medina Carreira dá entrevistas

Na La-La-land, há cem anos que os senhorios subsidiam o estilo de vida dos inquilinos

Na La-La-land, prédios com cem anos caem de podre e ninguém percebe porquê

Na La-La-land, merceeiros de produtos importados dão lições de patriotismo a maus primeiros-ministros

Na La-La-land, os bons primeiros-ministros consideram indivíduos destes "investidores" e "compreendem" as suas atitude em relação aos impostos

Na La-La-land, as crises não impedem a atribuição de mais licenças para mega centros comerciais

Na La-La-land, há quem ataque a nova ortografia sem nunca ter sabido usar a antiga

Na La-La-land, os cardeais criticam a “influência direta” da Maçonaria em “coisas políticas” sem se rir

Na La-La-land, uns confundem governos regionais com autocracia, outros ilhas inteiras de gente com autocratas

Na La-La-land, o chefe de estado tenta todos os dias convencer-nos de que é autista mas ninguém se importa muito com isso

Na La-La-land, a licenciatura de um primeiro-ministro é assunto de importância nacional. A menos que esse primeiro-ministro se chame Coelho

sábado, janeiro 07, 2012

Os utilitários citadinos preferidos dos portugueses



Nove em cada dez yummy-mummies leva os fedelhos à porta do Bom Sucesso*, literalmente, montada num destes paquidermes. É que se estacionam em qualquer lado - literalmente.

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* "fundação obra social", dizem no sítio, com propinas de 3000 euros por ano.