domingo, maio 28, 2006

Carta aberta ao Dr. João Carlos Espada

Caro Dr. João Carlos Espada,

li o seu artigo no Expresso, tal como leio, há vários anos, quase todas as semanas.

Aprecio o facto de, algures no passado, os seus artigos me terem dado a conhecer Tocqueville e de me terem levado a ler a "Democracia na América" e o "Antigo Regime e a Revolução".

A leitura destes livros mereceu-me interpretações algo diferentes das suas. Tal situação será talvez justificada pelo facto de não terem sido esses exercícos devidamente acompanhadas pelos adequados serviços de tutoria, faltando-me também quer o tempo quer as ferramentas intelectuais necessárias para poder formular uma interpretação mais sofisticada e muito provavelmente diferente.

No seu artigo desta semana o Sr. Doutor cita alguém que disse "Não troquemos a liberdade pelo conforto: em breve perderemos ambas."

Corrija-me se estou enganado mas penso que estamos perante uma paráfrase de Benjamin Franklin, que disse ( cito sem verificar fontes, talvez esteja enganado ): Quem está disposto a trocar a sua liberdade pela sua segurança não merece nem uma coisa nem outra.

No geral concordo com o seu artigo mas penso que a paráfrase introduz uma diferença subtil ( ou não, considerando os tempos que correm ) no pensamento de Franklin.

Vejo hoje em dia as suas intervenções na imprensa como elementos de uma acção de propaganda, ou melhor ainda, de recrutamento ( de jovens para a defesa das suas ideias essencialmente ( extremamente? ) conservadoras ).

Mas penso que os princípios gerais e citações que transmite permitem intrepretações prácticas bastante diferentes das suas.

Essas ideias gerais que afirma defender são tão boas que não carecem de paráfrases potencialmente enganadoras e que podem levar os jovens a fazer interpretações adulteradas daqueles princípios que, por exemplo, os founding fathers dos EEUU tomavam como self-evident.

Para finalizar, peço desculpa pelo anonimato ( relativo, quando falamos de suportes digitais e acessos à Internet mantidos por grandes empresas comerciais ) mas eu não sou muito corajoso, tenho uma família para sustentar e se fôr despedido por defender estas ideias não vou concerteza arranjar emprego num think-thank conservador ( nem noutro ) Americano, ao contrário do que aconteceu com a nossa corajosa Somali.

Com os melhores cumprimentos,
Aardvark

sexta-feira, maio 26, 2006

Daqui a 20 anos

CONTAS SÃO CONTAS.
A floresta ocupa cerca de 2/3 do território continental. Isto são, conservadoramente, 60 000 km2 ou 6 milhões de hectares. Dito assim, até parece muito. Mas não é.
O ano passado arderam pouco mais de 300 000 ha, significando que, a este ritmo, daqui a 20 anos as únicas sombras das quais um português poderá disfrutar estarão nos separadores de avenida e jardins municipais.
Ainda assim, se as câmaras não pararem de as substituir por 'peças de escultura' ou placards de publicidade e os amigos da pica ou os pombos sobreviverem, estamos tramados.


Estas são as minhas preferidas. Têm a vantagem de arderem menos que outras mas a desvantagem de demorar pelo menos 50 anos entre a queda da lande no solo e o desenvolvimento em árvore adulta. Para muitas, será tarde demais.

quinta-feira, maio 25, 2006

Anedota que se poderia contar a uma criança

(original mais tarde adaptado por um espectador do Newsnight, um programa também ele baseado no nosso telejornal do segundo canal)

Um jovem mudou-se para o Alentejo e comprou um burro a um agricultor por 100 euros. O vendedor acordou em entregar-lhe o burro no dia seguinte.

No dia seguinte, o agricultor apareceu-lhe à porta e disse-lhe, "desculpe lá mas tenho más notícias para lhe dar: o burro morreu."

O rapaz respondeu, "não faz mal, devolva-me o dinheiro e ficamos assim."
E o homem, "não posso, já o gastei..."
O jovem então, "Bom, então traga-me lá o burro na mesma. Vou rifá-lo. Mas não diga a ninguém que o burro está morto, está bem?"

Um mês depois, o agricultor encontrou-se com o rapaz e perguntou-lhe, "então? que aconteceu no fim com o burro morto?"

"Olhe, vendi 500 bilhetes a 2 euros cada e acabei com um lucro de 998 euros"
"Mas ninguém reclamou???"
O rapaz disse, "só o tipo que ganhou; por isso, devolvi-lhe os dois euricos".

Eventualmente, o rapaz tornou-se presidente de uma grande empresa de construção civil e o agricultor passou a ser o autarca permanente da zona, isto embora mudasse de partido de vez em quando.

Dos blogues dos outros

A causa foi modificada, 25V06:

(...) Outro exemplo é o da engenharia genética versus alimentação "natural" e agricultura "biológica", que uns milhões de filhos da puta do mundo abastado, todos muito consciencia ecologica e com ligação à terra (as lojinhas paneleiras no Bairro Alto de produtos sem pesticidas e assim), insistem em classificar como a luta, respectivamente, do mal contra o bem, da artificialidade contra a natureza.
(...) Tanto um como outro são problemas que em muito seriam mitigados se se (la está) investisse brutal e selvaticamente em investigação nos produtos geneticamente modificados, para, primeiro, se perceber sem histerismo se o que efectivamente poupam tanto na utilização de pesticidas e herbicidas como na quantidade de terra que se tem que roubar actualmente ao estado selvagem (através do aumento da produtividade) para produzir a papinha minima necessaria compensa o riscos riscos de introduzirmos o dedo no coração da Criação.

O Partido Ecologista os Vermelhos, perdão, o Partido Ecologista Os Verdes, a extraordinaria proporção de pessoas com "consciência ecológica" do Bloco de Esquerda (que naturalmente não têm a mais vaga ideia de nada) e a toda, mas quando digo toda é mesmo toda, a Direita, que sobre estes assuntos nem nunca sequer fingiu estar preocupada (o que é preferivel, apesar de tudo), merecem todos ser enrabados (...)


Timor online, 25V06:

Quarta-feira, o governo timorense (...) pediu formalmente ajuda militar e policial a Portugal, Austrália, Nova Zelândia e Malásia.

A Malásia vai enviar quase 500 soldados e polícias (...), 25 dos quais partiram hoje de manhã para Díli como missão avançada, anunciou o governo malaio.

Uma força (...) de 160 militares australianos chegou hoje a Díli e tomou já posições para garantir a segurança do aeroporto da capital timorense. A Austrália aceitou enviar um contingente de cerca de 1.300 militares.

A Nova Zelândia ainda não anunciou oficialmente o contingente que vai enviar, mas informações não confirmadas indicam que 60 militares neo-zelandeses chegaram quarta-feira ao fim do dia a Díli.


[Entretanto...]

Portugal anunciou que está disponível para enviar uma companhia da GNR, mas aguarda uma decisão da ONU para ordenar a partida de uma força.

A Grande Loja do Queijo Limiano, 21V06:

Prefere-se discutir o efémero, o imediato, o fácil. O costume. O artigo de Medina Carreira nunca existiu. O país de que ele fala também não existe para uma boa parte dos que se deviam ocupar a tratar dele. O que existe é algo de diferente, esquizofrénico, onde o que conta é a bola, as touradas, o envelope 9, o Dr. Carrilho e os decotes... da Alexanda Lencastre. É verdadeiramente um país à imagem dos Morangos com Açúcar. Um país onde até a esquerda, do PS ao BE, passando pelo PCP, defende os 'privilegiados'. Um país onde a única coisa que conta é o momento, o imediato, um país onde não há uma voz que defenda quem nada tem, quem tem pensões de absoluta miséria e nem dinheiro para comprar comida, quanto mais medicamentos. Um país egoísta incapaz de repartir, de redistribuir, de racionalizar e de se reformar. Um país incapaz de compreender que para ter hipóteses de sobrevivência tem (ou tinha) que mudar. Reformas ? Serão boas certamente, desde que só afectem os outros, Poupanças ? Idem. Cortes, contenções ? Evidentemente, também.

domingo, maio 21, 2006

Abaixo as touradas (?) - II

Na posta anterior abordei a "ontologia da oportunidade" (????) no activismo anti-tourada.

Nesta vou abordar a "ontologia da legitimidade". Vou defender a ideia de que este activismo é produto da hipocrisia decorrente da crescente abstração das actividades humanas.

Nas sociedades primitivas matava-se animais e seres humanos de uma forma essencialmente ritualizada. Essa ritualização respondia a duas necessidades:

1. Contrariar a repugnância natural dos seres humanos saudáveis pelo derramamento de sangue.

2. Matar animais e humanos: por fome, defesa, ganância, fome.

O próprio canibalismo é essencialmente uma ritualização e acaba por providenciar uma justificação adicional para a morte de outros indivíduos.

O progresso da tecnologia, nomeadamente do armamento e a progressiva especialização dos indivíduos dentro das sociedades ditas civilizadas introduz um distancimento entre a morte de indivíduos ou animais e os autores desta.

Tal distancimento permitiu prescindir da ritualização, que permanece apenas de forma residual, nomeadamente nas religiões judaica e muçulmana ( para os animais! ).

O Cristianismo aboliu a ritualização ( nos animais ).

Este distanciamento, resultante da utilização de mecanismos mais abstractos, tornou mais fácil a utilização da violência.

Permitiu também um ainda maior distanciamento aos cúmplices da violência.

Se exceptuarmos os vegetarianos veganos, todos nós somos cúmplices de maus tratos cometidos sobre muitos animais. Não interessa o propósito. Não é pelo propósito que nós convivemos bem com esses maus tratos.

É porque não vemos. Porque não somos nós.

Nós consumimos em excesso e somos responsáveis pela delapidação em excesso dos recursos da Terra. Mas como não vemos e não somos os únicos, não nos importamos.

No nosso trabalho, muitos participamos no desenvolvimento de novas formas de controle da vida alheia e trabalhamos activamente em formas de comunicação de massas que nada mais fazem que distorcer a realidade.

A privacidade acabou e a liberdade de informação e de opinião saiu dos meios de comunicação social.

As possíveis consequências prácticas destes desenvolvimentos no futuro podem ser terríveis. Mas nós não as vemos, ou não as vamos ver, e não somos os únicos.

Mas somos cúmplices.

Só resta o vegetariano vegano como activista legítimo.

Restava. Alguém que toma opções tão radicais e incómodas para si próprio não se preoucupa com aquilo que não o afecta directamente.

Para as touradas tem a solução de não ver e de ser contra.

Não me parece que faça sentido ser activista. Ou será que depois nos vai querer obrigar a sermos vegetarianos veganos?

Abaixo as touradas (?) - I

Começo por dizer que a publicação desta posta é uma revelação da minha falta de bom senso.

Vou arranjar sarilhos por isto.

Mas não consigo resistir...

Há quem não goste de tourada. Isso é uma coisa.

Há quem seja contra as touradas. Isso é outra.

E há ainda quem seja activista contra as touradas. Que me desculpem aqueles que se dedicam a esta causa com o afinco que tenho visto nos últimos anos, mas eu não os consigo perceber.

Não consigo perceber que haja quem se dedique a lutar contra a morte dos touros numa arena quando tantos direitos dos animais são espezinhados no dia a dia por muito respeitável mas pouco visível gente.

Quando temos problemas ambientais gravíssimos.

Quando os direitos humanos são espezinhados no mundo inteiro e não são cabalmente respeitados em POrtugal.

Não consigo também perceber os meios usados.

Para quê as manifestações/provocações junto das praças?

Será o mito da virilidade/coragem dos forcados que impele estes activistas a tentar confrontá-los físicamente?

Porque é que não tentam uma acção popular no parlamento?

Temem dar aos nossos deputados mais uma boa desculpa para um absentismo prudente? Exijam um referendo e batam-se por ele.

Ou será que quem participa nestas manifestações está apenas a falar para dentro da tribo? A mostrar a seu zelo radical?

Quem é que perde tempo a compilar uma lista de "torturadores de touros" ( bastou uma pesquisa na net? )? Tem de ter muito. E de não ter o mínimo sentido das prioridades.

Há gente para tudo.

sábado, maio 20, 2006

E estavam à espera de quê?



"MINISTÉRIO PÚBLICO ARQUIVOU PROCESSO CONTRA JOSÉ LUÍS JUDAS [autarca] E AMÉRICO SANTO [construtor civil]", no Público de hoje.

Entretanto, no meu blogue de flames favorito, o blasfémias, têm andado num frenesim (está bem, eles andam sempre com fogo no rabo por qualquer assunto mesmo): aquilo é postas sem fim contra o conceito de ordens profissionais pois parece que vai contra a "concorrência" (!?).

Eu li tudinho o que escreveram, comentários e respostas aos comentários, e respostas às respostas às respostas, e até agora também ainda não percebi a lógica. Acho que tem qualquer coisa a vêr com, uma associação de, vá lá, arquitectos ser incompetente para avaliar a competência de um recém-licenciado em arquitectura e o consumidor, esse sim, ser quem saberá melhor zelar pela conduta do profissional.

Ah, e no melhor espírito auto-didacta da casa, parece que nem licenciaturas deveriam ser necessárias.

Não há dúvida que os Sr.s Judas e Santo não estão sozinhos na sua luta contra a burocracia, essa verdadeira força de atraso da nossa sociedade.

quinta-feira, maio 18, 2006

Campo enorme

No DN de hoje, João Andrade, presidente da Associação Nacional dos Criadores de Toiros de Lide, responde a certas e determinadas pessoas da defesa animal:

"Irão realizar-se duas manifestações no Campo Pequeno. Uma do lado de fora e outra do lado de dentro, esta última das sete mil pessoas que esgotaram a praça para assistir ao espectáculo. E haverá mais um milhão a ver na TV."

E mai nada.

domingo, maio 14, 2006

Os Chineses e a língua Inglesa

Enquanto o Inglês fôr a língua franca, os Chineses vão-se debater com algumas dificuldades.

Senão vejam os seguintes exemplos.

Uma casa de banho para deficientes:
















Pague a sua atenção:
















Bill Clinton esteve aqui:
















Agora em Chinês:

sábado, maio 13, 2006

Feios, porcos, e maus


DEPOIS DE ANOS DE ABANDONO E FOGOS, O QUE RESTA DA POPULAÇÃO DE VILA DE REI "aguarda com expectativa" a chegada de dois tipos de viajantes muito distintos: os primeiros vieram do Brasil, em grupos familiares, e fizeram milhares de quilómetros para chegar a uma terra desertificada, onde os portugueses já não querem morar ou trabalhar. Vêm de coração aberto, com esperança no futuro e vontade de criar raízes entre nós, sem preconceitos.
São gente próxima, homens, mulheres e crianças, válidos e precisos.

O segundo grupo partiu de Lisboa às 14h00 de hoje, e demorará poucas horas lá chegar. Vêm em matilha, e da terra onde irão por algumas horas berrar para as câmaras conhecem pouco mais que o nome. Não querem lá viver, e com nada pretendem contribuir. Vêm absurdos, com o coração carregado de frustrações desconhecidas e o vício de tudo odiar.
São animais de sangue frio e carne podre, homúnculos fora de prazo, estranhos e inúteis.

O código escatológico


HÁ CERCA DE TRÊS ANOS ATRÁS, descobri o "The Da Vinci Code" em casa de um amigo, naquela estante atrás da porta onde ele havia acumulado o espólio adquirido em mais de 30 anos de distracções de viagem.

Entre comboios e idas à casa-de-banho, a novela não duraria uma semana nas minhas mãos.
Em parte, a culpa não é do autor: não me eram estranhas algumas das heresias por lá misturadas - no que me faz espantar tanto espanto das gentes -, deixando por isso pouca liberdade para qualquer ansiedade policial.

Sem preconceito de erudição, confesso que não era literatura à qual estivesse habituado mas, e ao fim de uma curta análise, cheguei a duas conclusões: número um, confirmei o conhecimento geral de que os escritos de aeroporto são criados na esperança de futura adaptação ao (tele-)cinema; número dois, o livro do sr.Brown era uma merda.

Quadro: "Maria Magdalena" de Leonardo de Vinci. Foto ©AP/Scanpix

sexta-feira, maio 12, 2006

Estava a pedir de mais

Um dia destes publico mais fotos.

Parabéns!!

Parabéns bebé, pelos teus dois anos!

O papá vai a caminho!

Fotos, claro

Pois é! O Connexion é mesmo bom!

Enquanto estive ausente

Mto trabalho. Pouco tempo pá famelga!

Depois ele há certos países de onde não se consegue aceder aos blogs. Porque será? Problemas técnicos?

Não há dúvida que o país onde é mais difícil entrar é mesmo a Amrika!

Um amigo meu esteve na China e contou-me estas coisas:

A China é um país simpático. Os polícias são simpáticos e despreoucupados e o ambiente geral é de segurança e descontração.

Pelo menos em Pequim.

Uma nuvem de smog paira permanentemente sobre Pequim. Só se vê o sol depois de um dia de chuva. E lá, passam-se meses sem que chova.

A China é o paraíso para um profissional altamente qualificado: salários altíssimos, custo de vida baixíssimo, segurança. ( E o smog claro ).

Um ocidental faz uma vida de nababo e amealha uma ótimia reforma. Trabalha que nem um cão, claro, mas na Europa também trabalharia ( pelo menos nas mesmas funções )

Consegue-se regatear uma boa camisa por 3 euros, umas meias por 10 cêntimos. ( tudo bem regateado. Para os "narigudos" é mais caro. Deve-se pedir a um amigo Chinês )

Não há falta de trabalho para gestores e engenheiros "narigudos" ( os ocidentais, para eles, da mesma forma que eles são os "amarelos" e "olhos-em-bico" para nós.

Os Chinocas são simpáticos mas não sabem dizer não nem aceitam um não.

A China é o futuro, pelo menos o mais próximo. Toda a gente está lá a tentar ganhar dinheiro. Nem todos conseguem.

Mas as oportunidades são infinitas.

O sucesso local do Starbucks justifica-se pelo facto de eles não saberem o que é café.

As tradições e história familiar dos Chineses batem por knock-out as tradições das melhores famílias euopeias, quer em antiguidade ( dos livros genealógicos ), quer em tradições ( códigos escritos de conduta familiar que indicam, entre outros, a forma como se deve identificar cada geração da família )

A comida em Pequim é óptima e faz a fusão do melhor da comida de todas as regiões da China.

O meu amigo aconselha a visita à Grande Muralha, a hora e meia de distância de Pequim e ao palácio de verão.

Não esteve na cidade proibida nem em Tianamen.

O clima geral é de optimismo e a China de hoje é uma cópia em grande dos grandes tigres da América Latina nos anos 70: Argentina, Chile, Portugal. Ditadura, progresso económico, optimismo e desigualdade social.

A cerveja e o vinho são caros. O queijo e os enchidos são maus.

A cidade está cheia de Alemães, Americanos e Franceses,

Os Ingleses preferem Hong-Kong.

O serviço "Conexion", da Boeing, é excelente, mesmo num Airbus!

quarta-feira, maio 10, 2006

"Visão" exemplar


MAIS CEDO OU MAIS TARDE, O MINISTRO DA SAÚDE VAI MANDAR FECHAR o bloco de partos do hospital de Lamego "por falta de médicos especializados".

Enquanto isso, a Ordem dos Médicos mantém a sua luta contra a formação de mais colegas no país, nomeadamente, e em conluio com as universidades do Porto e de Aveiro, usando de toda a influência ao seu alcance para impedir a constituição de uma faculdade de medicina em Viseu - onde há o tal hospital, um politécnico que até tem enfermagem e uma escola de tecnologia onde já se faz I&D em instrumentação médica...

Sem dúvida, um caso daqueles de coordenação ministerial a todos os títulos exemplar: o ministério da saúde encerra um serviço público por não haver obstretas numa cidade onde o ministro da educação não autoriza que se produzam médicos nem que o Gago tussa.

Mas esta situação, dada a proximidade dos centros do litoral (*), e também por não passar de uma infeliz coincidência entre privilégios intocáveis e cortes na despesa prevista, é magro espelho da desfaçatez com que o Estado, desde sempre, largou o interior do território e as suas populações à sua sorte. Só que, antes, os governos eram apenas culpados de desinteresse ou inacção; hoje tornaram-se os principais promotores do desinvestimento e do abandono.

Que é o mesmo que dizer que, a leste de Lamego, e para que o déficite se cumpra, a desertificação continua.

a foto é do marco geodésico que assinala o centro geográfico de Portugal continental, nas proximidades de Vila de Rei
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(*) Há sete escolas de medicina no país, e à excepção da Covilhã (onde só há pós-graduações), concentram-se à volta das principais cidades do litoral: duas em Lisboa e duas no Porto; uma em Coimbra e outra em Braga.

segunda-feira, maio 08, 2006

O bode expiatório


NÃO SEI SE ZACARIAS MOUSSAOUI É CULPADO pelos milhares de mortos nos atentados de 9 de Setembro de 2001.
Não saberei dizer com toda a certeza, e poucos saberão, se o homem pertencerá mesmo à omnipresente e omnipotente Al-Qaeda. Se calhar não passa de mais um pobre ansioso, como tantos nos dias que correm, fugindo para a frente de um destino extremo.

Também não saberei se o tribunal de Alexandria apenas quis evitar fabricar um mártir ou castigar o sr.Moussaoui, não lhe satisfazendo essa patética vontade de morrer.

Só sei que foi um dia feliz esse em que, num país com um currículo de direitos humanos pouco exemplar, um homem diabolizado pela opinião pública americana e tornado objecto de contrição da administração não foi condenado à pena morte.

Talvez esteja a ser ingénuo mas gostava de acreditar que se abria aqui um precedente.

quarta-feira, maio 03, 2006

Vírus e bactérias


DESDE FEVEREIRO MORRERAM QUASE MIL PESSOAS em Angola das mais de 2000 já infectadas pela bactéria da cólera, Vibrio cholerae.

Apesar da violência do surto e da sua notória incapacidade para o combater, o governo angolano recusou qualquer ajuda médica, nomeadamente do governo português.

A cólera é uma doença de transmissão fecal-oral. São factores essenciais para a disseminação da doença condições deficientes de saneamento, particularmente a falta de água tratada.

Água que um governo que enriquece com o petróleo de Cabinda aparentemente não é capaz de providenciar à sua população. Como há mais de uma década que não há eleições, não precisa.

Entretanto morreram quase mil pessoas em dois meses e meio. Talvez seja dez vezes mais que as pandemias malucas conseguiram em três anos mas, afinal de contas, quem é que se rala com a morte de um africano ou outro?

segunda-feira, maio 01, 2006

A cenoura, o cavaco, a chave e o cravo dela


UM EX-COMPANHEIRO DE HUGO CHÁVEZ, para ilustrar os dotes de estratego brilhante do presidente da Venezuela, fazia este comentário a respeito do programa Aló, Presidente (uma espécie de Conversas em família do regime venzuelano):
"Chávez pode muito bem começar a sua 'conversa' com o povo mostrando às câmaras uma cenoura ao mesmo tempo que lhe chama 'beterraba'. No dia seguinte, todos os jornais da oposição o insultarão de idiota para baixo, e que é tão incompetente que nem sabe o que é uma cenoura!
O assunto arrastar-se-á por dias. E no fim, o presidente pensará para si próprio: Nem acredito que consegui pôr esta gente a discutir cenouras e beterrabas durante uma semana inteira!".

Rosa Casaca


DIZEM AS REGRAS DO PARLAMENTO EUROPEU que os deputados devem “evitar aceitar ofertas ou benefícios aquando no exercício das suas funções”.

E lá tentar evitar, é possível que os senhores deputados tentem; mas parece que em certas ocasiões a recusa torna-se complicada.

Este será, provavelmente, o caso de Paulo Casaca, eurodeputado eleito pelo P.S.: enquanto membro da Delegação para as Relações com o Irão e presidente da Delegação para as relações com a Assembleia Parlamentar da NATO, recebeu vários presentes do Conselho Nacional de Resistência do Irão, uma organização considerada ‘terrorista’ pelo Departamento de Estado americano e, sob os nomes de Organização Mujaedine do Povo do Irão, OMPI, e Mojahedin-e-Khalq, também inserida nas listas negras da União Europeia.

Segundo a sua própria declaração de interesses financeiros, um documento criado por aquele parlamento visando aumentar a transparência nas actividades dos seus membros, o sr. Casaca aceitou “como oferta por ocasião de encontros com dirigentes da resistência iraniana” (sic), entre outras coisas: quatro tapetes persas; uma peça de cerâmica de Natanz; uma gravura de 1m x 1m (?); e um relógio de pulso Hugo Boss.

Mas Paulo Casaca não será o único beneficiário destes resistentes iranianos e tudo indica que tal em nada depende das orientações políticas dos excelsos representantes: o socialista partilha este entusiasmo pela arte oriental com o deputado pelo partido conservador britânico Struan Stevenson, também ele entretanto contemplado com pinturas e tapetes persas.

Presumo que o sr. Casaca, durante as suas acções de legitimização da OMPI junto da União Europeia, nunca perde de vista as inevitáveis diferenças culturais que separam a sua integridade profissional dos interesses iranianos; e deverá ser, concerteza, por isso que sentirá devidamente justificados aqueles pequenos desvios com as mais puras razões de diplomacia.

Al-Qaeda e Islão

Não deixeis que o ódio da populaça – porque vos impediram de chegar à Mesquita Sagrada – vos incite à transgressão. Auxiliai-vos na virtude e na piedade. Não vos auxilieis mutuamente no pecado e na hostilidade, mas temei a Deus, porque Deus é severíssimo no castigo. Al-Corão 5:2

Auxílio prometido até hoje pela Al-Qaeda às vítimas do terremoto no Paquistão: USD 0.00.