sábado, agosto 12, 2006

Um corno em África

Desde a queda do regime marxista de Siad Barre que a Somália é um país faminto e ingovernável. A confirmá-lo, as saídas de sendeiro do contingente de marines norte-americanos (primeiro sancionado e mais tarde substituído pelas Nações Unidas), em 1995, após dois anos de numerosas baixas e total fracasso nos seus respeitáveis objectivos: auxílio humanitário à população; desarmamento dos vários senhores da guerra que aterrorizavam o país e estabelecimento de um governo federal que unificasse os vários territórios entretanto em estado de autodeclarada "independência".

E nunca mais se ouviu falar daqueles desgraçados. Até que...


Em Junho deste ano a "capital", Mogadíscio, suportou uma batalha sangrenta entre uma espécie de "frente unida" dos fora-da-lei que haviam anteriormente combatido as N.U. e o novo poder em ascenção: as milícias islamitas do Conselho de Tribunais Islâmicos (a única forma de lei dos últimos 15 anos). Os antigos senhores da guerra, apesar de agora serem apoiados pelos E.U.A. (!), acabaram por perdê-la.

As milícias islâmicas, que desde sempre apoiaram as acções da Al-Caeda, partilham desde então com os restantes senhores da guerra não só o controlo do território somálio como o desprezo pelo governo federal interino do presidente Abdillahi Yusuf e do primeiro-ministro Mohamed Ghedi.

Entretanto, alguns jovens foram abatidos a tiro por se encontrarem a assistir às cerimónias de abertura da Copa do Mundo de Futebol. O futebol foi então proibido. Filmes considerados "maléficos" também.

Numa tentativa de evitar que o frágil governo interino fosse de facto derrubado (e não só por isso, claro...), a Etiópia fez entrar as suas tropas no país, o que levou os islamitas a suspender as negociações anteriormente encetadas enquanto houvesse militares estrangeiros presentes em território nacional...

A intervenção fez unir os somálios em torno do Conselho de Tribunais Islâmicos e prevê-se agora uma guerra "oficial" entre a Etiópia e a Somália. O governo provisório é para esquecer e os vizinhos quenianos temem o alastrar do conflito e do fundamentalismo para o seu próprio território e clamam por uma intervenção estrangeira.

Faz lembrar algo?

1 comentário:

Ismael disse...

Não. ninguém sabe nada disso. Só interessa Israel.