domingo, abril 16, 2006

O estranho caso dos bébés desaparecidos



António Bagão Félix achou que hoje seria um bom dia para comentar as recentes alterações às disposições do registo civil de nascimentos em Espanha e que passam a designar "pai" e "mãe", respectivamente, "progenitor A e B".

A partir daí, o economista alarga a crítica moral a todos os domínios onde julga que o seu modelo de Família corre perigo lançando um ataque que presumo "preemptivo" (1) contra futuras réplicas nacionais de uma legislação espanhola a qual, por fatalismo, gostamos de prevêr sempre mais avançada: "Imagino já (...) as barrigas de aluguer, a criação de embriões excedentários, a fecundação heteróloga ou até a inseminação post mortem, (...)"
(2).

Acredito que haverá muita gente em Portugal que concordará com a análise medieval do sr. Félix; a maioria da nossa população não beneficiou, tal como ele, de uma boa formação científica e olha para as práticas médicas actuais com a paranóia do aldeão de antanho que apanhava um alquímico em plena laboração.

Mas ao querer fazer uso dos nossos medos primários, o sr. Félix, conscientemente ou não, debita um apocalipse errado: em particular, os embriões excedentários são elemento de redundância no procedimento de fecundação assistida e, como tal, contribuição indispensável para que aquele seja bem sucedido.

Aquilo que se deveria temer seria a perda de controlo civil sobre essa (e outras) prática médica, algo que só será possível se persistirmos em considerar qualquer tribuno com aspirações mais ou menos moralistas como oráculo de um conhecimento o qual, por ser demasiado complexo, exige maior preparação que aquela que satisfaz as necessidades políticas do mesmo.

Ironicamente, o descontrolo que levaria à "produção" de embriões com fins comerciais seria mais facilmente atingido no paraíso capitalista com o qual alguns amigos do sr. Félix sonham. Mas daí não parece o ex-governante compreender haver motivo para medo.

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(1) Também já eu me vou preparando para a utilização "maciça" deste termo nos nossos "mídias".
(2) DN, 16IV06

ilustração de Séverine Assous, da Illustrissimo

2 comentários:

maloud disse...

O dr. Bagão Félix e todos estes católicos fundamentalistas tornam-se perigosos, porque têm fácil acesso aos media e são escutados por uma população ignorante, cheia de crendices e incapaz de perceber o que está em causa.

Anónimo disse...

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