quinta-feira, abril 13, 2006

Adendas da guerra ao terrorismo


Em 1971, os países-membro da Organização de Produtores e Exportadores de Petróleo, OPEP, decidiram que todas as transacções de petróleo e derivados seriam a partir dali feitas exclusivamente em dólares americanos, USD.

Para os Estados Unidos, isto representou um excelente negócio pois, ao obrigar todo e qualquer país a comprar grandes quantidades da moeda americana por forma a satisfazer as suas necessidades petrolíferas, aumentava grandemente o valor cambial do dólar sem nenhum esforço por parte do governo ou da economia americanos. Estava criado o "petrodólar".

Fosse esta a única consequência, isto é, o aumento artificial do poder económico dos E.U.A., e talvez até nem tivesse trazido mal maior ao mundo; o problema só se torna realmente sério porque, para satisfazer esta nova necessidade de divisas, o banco central americano teve, de facto, de emitir mais moeda.

Agora imaginemos o seguinte: uma pessoa sem dinheiro mas com fama resolve passar cheques ao desbarato, comprando bens e serviços em troca de um pedaço de papel que só tem valor porque quem lhe fornece os bens ou serviços acredita que esse papel, vindo de quem vem, pode ser guardado como futura moeda de troca.
Que sucede se os fornecedores mudam de idéias e resolvem levantar todos esses cheques ao mesmo tempo?

Vejamos.
Após a primeira guerra do golfo, a partir de 1995, o Iraque foi obrigado pela O.N.U. a vender o seu petróleo por comida no valor de mais de USD$65 000 000 000 (sessenta mil milhões de dólares) Oil-for-Food Programme, resolução do conselho de segurança 986; é no mínimo compreensível que o governo iraquiano achasse que estaria a favorecer demasiado o seu inimigo e vencedor.
Daí que em 2000, Saddam anunciasse unilateralmente a decisão de passar a avaliar o seu petróleo em... Euros.
Era o fim do "petrodólar". Em 1999, 1 Euro valia 0.8 USD. Em 2001, com um euro já se podia comprar 1 dólar e meio.

Voltando à metáfora, esta parecia ser uma boa altura para o fornecedor ir levantar os cheques... Só que, sabemos nós, o dinheiro nunca existiu.
No caso de um cidadão comum, seria caso para declarar bancarrota e talvez passar uns anos na cadeia; no caso dos Estados Unidos, foi razão mais que suficiente para encontrar ligações à al-Qaeda e armas de destruição massiva no país do atrevido.

Por fim, a pergunta: que outros dois países anunciaram na mesma altura a intenção de passar a negociar petróleo em Euros?
Precisamente o Irão, a Coreia do Norte e a Venezuela.

2 comentários:

maloud disse...

Pois é. Mas os nossos colunistas iluminados parecem desconhecer o que o vulgar cidadão, mais ou menos informado, domina.

Aardvark disse...

Comentário destrutivo:

Outros dois países: Irão, Coreia do Norte e Venezuela.

:))