segunda-feira, março 20, 2006

Ainda o artigo de MST: a explicação

Peguem no vosso extracto bancário.

Listem as despesas obrigatórias recorrentes que aí constam:

Seguros ( vida, automóvel, responsabilidade civil, paredes, roubo, empregada ), luz, água, gás, hipermercado, gasolina, portagens, condomínio, telefone, telemóvel, internet, cabo, ginásio, clube de vídeo, o que quiserem.

A prestação da casa, de certa forma, não conta. O cartão de crédito também não.

Vocês pagam estas contas a pronto, e muitas vezes através de débito directo na vossa conta.

Muitas destas contas são fixas, sendo que aqui até existe uma vantagem mútua.

Outras são regulares.

As empresas que recebem este dinheiro têm um cash flow elevado e rendimentos fixos ( não sou especialista em economia, finanças ou gestão ).

Mas estas empresas, tirando os ordenados, pagam muitas vezes as suas despesas a 90 dias ou mais.

As pessoas são aqui uma chatice.

Com a livre circulação de capitais, estas empresas podem aplicar financeiramente o seu cash flow nas economias emergentes, que crescem a ritmos extremamente elevados, ao contrário da nossa economia decrépita. O risco destas aplicações, convenientemente diversificadas, é moderado, dada a dimensão, "inércia" positiva do crescimento, potencial destes mercados e aumento exponencial da procura de matérias primas e commodities necessárias ao crescimento, como o cimento e os produtos extraídos da madeira.

Arriscado mesmo é aplicar esse cash flow em depósitos bancários em Portugal, a taxas de juro em crescimento mas muito pouco remuneradoras.

Isto explica em parte o desempenho positivo de muitos dos títulos de referência da bolsa de Lisboa.

As empresas referidas têm sede do nosso dinheiro porque pagamos a pronto. Elas, que são poderosas, pagam a prazo aos fornecedores.

Em Inglaterra, pagamentos a mais de 90 dias são inaceitáveis.

Mas em Portugal isto é legítimo e legal. É legítimo porque o pior pagador é o estado, que paga a 180 dias e mais. Há até casos de pagamentos a 600! dias em ministérios tutelados por ministros que, na sua vida privada se fartavam de queixar de que o estado não é uma pessoa de bem.

Este sistema prejudica seriamente as pequenas empresas, aflitas com o cash flow, dependentes dos bancos para sobreviver e incapazes de investir.

Logo aquelas que mais poderiam contribuir para renovar o tecido produtivo nacional.

Com esta atitude o estado favorece a concentração da riqueza e prejudica o renascimento da economia.

Não há plano tecnológico que "safe" isto.

Por outro lado, num país pobre e com o desemprego a aumentar, os salários não acompanham o crescimento dos lucros das empresas e a economia estagna ainda mais , devido ao decréscimo do consumo interno.

Novamente perdem as pequenas empresas e os trabalhadores por conta de outrém.

As grandes empresas não investem em Portugal, não há fundos de capital de risco, ou há muito poucos e só para os amigos.

De qualquer forma os pequenos só muito a custo sobrevivem nesta selva, não falando de ficarem grandes.

Depois há o "inbreeding", cancro das nossas universidades, que se aplica também ao mundo empresarial: precisas de já lá estar dentro e quem vem de fora, com sangue novo, não é bem vindo. Só se safa se fôr grande, e mesmo assim...

Os conhecimentos e laços familiares contam excessivamente neste país periférico e provinciano.

Um país pobre, com um desemprego crescente, salários baixos, protecção social ineficaz, educação medíocre.

Mas com um óptimo clima, mar e boa comida!

O paraíso para quem é rico.

A "pequena Suíça", de 73, está de volta.

E não se queixem: Marcello era bem melhor que Salazar.

5 comentários:

Anónimo disse...

Temos que vender tudo aos Espanhóis e aí ficamos bem.
Afonso

maloud disse...

Ninguém quererá lançar uma OPA sobre a pátria?

Anónimo disse...

nem mais nem menos... é o alucínio global!
JO

Anónimo disse...

Pois pá... o RSS é que dava um jeitaço. Se não conseguirem aqui, façam o blog no WordPress que já os traz configurados.
Eu

dorean paxorales disse...

maloud, a Pátria é uma interpretação pessoal de uma memória colectiva. Não dá para ''preservar'', vender ou para mandar às urtigas.