segunda-feira, fevereiro 13, 2006

Ambiguidade e honradez.

Os alunos de gestão aprendem que o verdadeiro negócio da McDonald's é o imobiliário e não os hamburgers.

No mundo de hoje as coisas não são definitivamente aquilo que parecem e exemplos semelhantes ao McDonald's aparecem onde menos se espera.

Saber lidar com a ambiguidade dos tempos modernos é a receita para o "sucesso pessoal".

Mas existe um limite para a capacidade dos seres humanos para lidar com essa ambiguidade.

Por muito que se diga "Podemos enganar os outros mas não precisamos de nos enganar a nós próprios", a história demonstra que a vítima final da propaganda ( publicidade, marketing? ) é o próprio propagandista.

Vão longe os tempos dos homens de negócios ( empresários? ) que se orgulhavam de pagar sempre a pronto aos seus fornecedores. Essa honradez foi hoje eliminada dos negócios e aqueles que insistem nela afastados pela competição e pela selecção de mercado.

A ética e moral burguesas estão a ser rapidamente substituídas por uma reincarnação dos sistemas de fidelidade pessoal semelhantes ao feudalismo medieval ( ou ás relações dentro dos grupos mafiosos ). Se é que alguma vez estes sistemas deixaram existir.

O conceito de honradez aceite pelos pares, fora de espartilhos morais ou éticos, é bem mais fraco do que os conceitos de outrora.

Vale hoje a força ( do dinheiro ) e a capacidade de construção de redes de relacionamentos, baseada na capacidade de lidar com a ambiguidade e de não infringir regras que são implícitas, não estão escritas, não são baseadas em preconceitos morais ou éticos e muitas vezes não estão sequer rigorosamente definidas a priori.

O sucesso na construção dessas redes ( não infringir as regras ) reside na capacidade de antecipar aquilo que é aceitável ou suportável para a maioria dos membros da rede ( comunidade ou ecossistema ) em que nos movimentamos. A antecipação deve levar em conta uma avaliação rigorosa da relação custo-benefício das atitudes que se tomam, quer do ponto de vista do sujeito, quer do ponto de vista dos outros membros da rede/comunidade/ecossistema.

Caminhamos para o abismo ( não vale a pena explicar porquê ), mas devemos caminhar todos juntos.

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