quarta-feira, dezembro 22, 2010

Alvitres estratégicos

Bom, bom era se houvesse alternativa europeia aos hubs intercontinentais do norte que tão inúteis como dispendiosos se tornam quando a neve lhes perturba o tráfego desta maneira.
Sei lá, por exemplo, numa cidade mais ou menos a meio caminho entre os Estados Unidos e a Ásia, e onde os invernos são pouco rigorosos.
Digo eu, que não percebo nada disto.

terça-feira, dezembro 21, 2010

Perspectiva de uma jovem tory sobre o Natal português

Porque é que as pessoas penduram panos de cozinha* encarnados na varanda?

*"tea towels", no original

sexta-feira, dezembro 17, 2010

sexta-feira, dezembro 10, 2010

Momento de publicidade institucional

A Polisport é líder europeu de porta-bebés para bicicletas.
Obviamente, exporta quase tudo o que produz.

quinta-feira, dezembro 09, 2010

Os doidos varridos

Acabar com o salário mínimo é pouco. Eu proponho algo ainda melhor: acabar com o conceito de salário em absoluto. O trabalho deveria ser pago apenas quando, como e em quanto se quiser. Um mês são 400 euros, passados quinze dias leva para casa dois maços de tabaco, etc.
Exatamente «ao gosto e ao paladar de cada um». Só assim pode o Estado ser impedido de «substituir a liberdade individual e contratual». Não é?

terça-feira, dezembro 07, 2010

Tornado em Tomar faz 29 feridos

Rai's parta os monopólios, pá!

domingo, dezembro 05, 2010

quinta-feira, dezembro 02, 2010

Oh, yeah



Mafiosos amadores, já sabem de que lhes vale o "ibérico" e onde o podem colocar.

A epopeia europeia

Em 1986, governantes presentes e futuros chegaram a equiparar a entrada do país na (então chamada) Comunidade Económica Europeia com a partida das naus para a índia.

Na altura, dada a euforia do momento, ninguém se riu.
Hoje em dia, dada a gravidade do momento, ninguém se lembra.

quarta-feira, dezembro 01, 2010

O Pesetero

Gilberto Madaíl, presidente da Federação Portuguesa de Futebol, garante que a candidatura de Portugal e Espanha ao Mundial de futebol de 2018 está na luta pela vitória na eleição de amanhã, em Zurique, e que, se sair vencedora, será "um bom negócio" para o país. Madaíl defende ainda que Portugal receberá 20 a 21 dos 64 jogos

Extratos da entrevista de Mandril ao Público, hoje, dia 1 de Dezembro.

Quais serão as principais diferenças face ao Euro 2004?
A principal diferença é que todo o eixo de desenvolvimento será feito de Espanha, mas haverá bases de apoio em Portugal, para poder acompanhar tudo isto.

Ia dizer que Portugal é o apanha-bolas mas mais parece um caddy à espera de gorjeta.


Portugal desta vez não terá de fazer investimentos avultados, mas tem ideia dos custos que caberão ao país?
Os custos que vamos ter são mínimos, comparados com os do Euro 2004. E o retorno vai ser de muitas centenas de milhões de euros, não só do ponto de vista de apoios da FIFA, como também de tudo o que vai ser a promoção do país. É uma excelente operação do ponto de vista económico e financeiro para Portugal. Todas as receitas de bilheteiras, televisão, mesmo dos jogos em Espanha, serão divididas numa relação de 30 por cento para Portugal e 70 por cento para Espanha.


É a lógica do fura-vidas: fazer o mínimo para sacar algum.

O segundo jogo do Mundial será onde?
Será provavelmente no estádio de maior capacidade, o Estádio da Luz, onde haverá uma segunda cerimónia de abertura, mais pequena e com menos custos, o que não é inédito, porque já aconteceu no Euro 2008 com Áustria e Suíça.

Só que, ao contrário do que este esperto-saloio quer fazer crer, o jogo inaugural do Euro 2008 foi mesmo na Basiléia, Suiça.

Uma meia-final será também no Estádio da Luz?
Isso ainda não sei. Ainda vamos definir onde será a meia-final e o jogo do 3.º e 4.º lugares. Mas é uma excelente oportunidade de Portugal participar num grande evento e de ser publicitado a nível mundial.

Jogo inaugural? Claro que não. Final? Estais loucos! Meia-final? 3º ou 4º lugar?? Só se a generosidade castelhana o permitir...
Esta excelência que enche a boca com a "candidatura ibérica" é mesmo um negociador de primeira água. Não se poderá exportá-lo para Espanha?


Em algum momento foi ponderado ampliar o Estádio da Luz, como foi pensado aumentar os do Algarve e de Braga?
(...) se amanhã Benfica, FC Porto ou Sporting resolverem aumentar as suas capacidades, podemos fazer ajustamentos. Mas isso não é fundamental neste momento. O importante é convencer a FIFA de que podemos organizar o melhor Campeonato do Mundo de sempre, até porque somos os únicos que oferecemos toda esta extensão de praia, no Atlântico e no Mediterrâneo.


Pelo menos esta alimária aqui é coerente, o importante não são os estádios. Afinal, o nosso papel é de, nas suas palavras, "prestar apoio" a Espanha e servir umas imperiais nos intervalos dos jogos a quem se enganou no destino e veio cá parar à praia de Madrid..

Bravo!, Mandril, o espírito de Miguel de Vasconcelos permanece vivo em ti.

O Primeiro de Dezembro dos outros

Vem na BBC mas, infelizmente, não é só para inglês ver:

Bid chiefs Villar and Madail: "We have the backing of millions of fans of this wonderful sporting spectacle. We have presented a single bid with a single centre, which is Madrid. It's as if the whole of Iberia was one country."


É impressão minha ou a brocha espanhola passou por cima da pincelada portuguesa?

quinta-feira, novembro 25, 2010

Adultério com uma estrangeira esquálida, metida nos livros e de esquerda. Se tivesse ficado em casa, ainda estava vivo.



As mulheres são, de fato, mais inteligentes que os homens.

quarta-feira, novembro 24, 2010

Outros fofos



Em França, teria havido canhões d'água, coquetéis molotov, paralelepípedos no ar. Na Grécia, bombas em esquadras de polícia, grevistas abatidos à queima-roupa. Em Espanha, toureavam-se.

Olhem-me para as imagens de cima com atenção. Ainda se ouve um solitário "fascistas" atirado aos jovens do corpo de intervenção da PSP mas é reflexo condicionado e não tem adesão. Aquilo só faltava umas mines para parecer o casados contra solteiros e até o entusiasmo posto no título do vídeo é lindo.

Os Portugueses são o melhor que há no mundo.

segunda-feira, novembro 22, 2010

Foi tão fofo

Preparo-me para voltar ao analógico

Ah!, a pesporrência!

Isto que se segue lembra-me o Nino Firetto dos telediscos mas sem graça e em versão FCSH.



(e no final musical, a prova como uma vozita medíocre pode dar cabo de um bom arranjo instrumental)

Aumenta o fosso entre Portugal e os países desenvolvidos

Nestas pífias manifestações anti-NATO não houve multidões de preto (ou multidões que fosse), carros incendiados ou violência policial.
E até os vidros do Hard Rock Café, que estavam ali tão a jeito, passaram a cimeira incólumes e descansados da vida.
Que terceiro-mundismo, pá.

quarta-feira, novembro 17, 2010

Os tomates

Um novo grupo de ateus surgiu na sociedade. Chamados de "novos ateus", eles não se contentam em guardar para si mesmos seus conceitos. "Numa cruzada ativa, furiosa e intensa, eles tentam convencer os religiosos a pensar como eles", como escreveu o colunista Richard Berstein"

Curiosamente, este texto pode ser lido em folhetos não solicitados, colocados na nossa caixa do correio após recusarmos a entrada a simpáticas velhinhas testemunhas de jeová.

A geração Jamie Oliver

Noto, não sem que me cause problemas de digestão, que a populaça que se insurge mui nacionalisticamente contra o último acordo ortográfico é a mesma que continua a dizer "chefe" mas agora escrevendo "chef".
Deve ser mais "fino".

Muito contente com o anúncio do noivado do príncipe Guilherme



Finalmente teremos um membro da família real britânica do qual valerá a pena ver as fotografias em topless.

"Manda quem paga"

A história da contenção orçamentaçal implica não contribuir para projetos co-financiados pela EU.
E que acontece à compartição europeia? Volta para os respetivos contribuintes líquidos.
Ah, pois!

(como bem vê J.M. Ferreira, Córtex frontal)

sábado, novembro 13, 2010

Meu querido Alentejo

Manifestação convocada e autorizada.
Sob escolta regulamentar de carros-patrulha, cinco bravos rapazes empunham a faixa da praxe e percorrem a pé os duzentos metros de rua entre as escolas do centro de Beja. Não partem vidros, não atiram pedras, não pegam fogo a carros nem tapam a cara.
O que defendem, contra o quê reclamam, não é importante. A missão foi cumprida.
Há quem goze, faça pouco. Pois. A cidadania não é para meninos.

sexta-feira, novembro 12, 2010

Hoje estou com os azeites

Aqueles microcéfalos que falam e escrevem do "desperdício do Estado Social" em Portugal, como se o nosso tosco e empobrecido sistema tivesse algo que ver com os direitos usufruídos pelos cidadãos de qualquer país desenvolvido, deveriam passar umas férias prolongadas na companhia dos mais de trinta milhões de miseráveis americanos que vivem de senhas de comida, da extraordinária assistência médica (sim, é piada) e da liberdade de usar armas.

quinta-feira, novembro 11, 2010

In Flanders Fields


In Flanders fields the poppies blow
Between the crosses, row on row
That mark our place; and in the sky
The larks, still bravely singing, fly
Scarce heard amid the guns below.

We are the Dead. Short days ago
We lived, felt dawn, saw sunset glow,
Loved and were loved, and now we lie
In Flanders fields.

Take up our quarrel with the foe:
To you from failing hands we throw
The torch; be yours to hold it high.
If ye break faith with us who die
We shall not sleep, though poppies grow
In Flanders fields.


John McCrae (1872-1918)

quarta-feira, novembro 10, 2010

6.8%

Mas se a procura* é duas vezes maior que a oferta, isso não faria a coisa duplicar de preço?
Digo eu, que não percebo nada de "economia de mercado".


* 30% comprada pela banca portuguesa. Na Irlanda isto seria adding insult to injury. Felizmente, e para pesar de muita gente, não estamos na Irlanda.

terça-feira, novembro 09, 2010

Que deus guarde os espanhólitos

Houve uma determinada quantidade de títulos de dívida soberana irlandesa que amadureceu este Setembro. Em concreto, 55 mil milhões dele.

Para os poder pagar (os credores são bancos franceses, ingleses e alemães) a Irlanda pediu mais dinheiro emprestado ao BCE. É esta a origem da pequena descida para 7.6 de juros sobre default mas também, porque se endividou para pagar dívidas, do agravamento da crise.

E por que é que o governo irlandês não teve dinheiro para pagar e teve de pedir emprestado? Porque anteriormente atirou com mais de 30 mil milhões de euros para salvar o banco Anglo e mais de outros tantos ainda para os restantes bancos. Como, inteligentemente, não trocou esta esmola por ações, quem paga a fatura são os contribuintes (até ao ano 3000).

Comparado com estes quase 70 mil milhões de euros deitados fora - dados a idiotas que, de acordo com as suas próprias crenças em capitalismos da treta, mereciam insolvência e o olho da rua -, o corte de 15 nas despesas é uma perfeita futilidade. Ainda para mais quando o défice é de 32-trinta-e-dois-32% do PIB.

Ora, perante este quadro de inimputabilidade geral e tendo em conta que comer é mais importante que tudo o mais, os contribuintes irlandeses preparam-se para seguir o elevado exemplo dado pelos seus governantes e credores e deixar de pagar as suas hipotecas. Só que, quando isto acontecer, não vai haver bailout que safe a banca. Quanto mais não seja porque o dinheiro acabou.

Isto é, o "melhor" na Irlanda ainda está para vir...


Agora a nós. Porque é que o "contágio" é absolutamente subjectivo? Porque tal como nós, a Irlanda é pequenina e pouco influente. Se isto acontecesse aqui ao lado, aí sim, era um grande sarilho. Por isso, e por uma vez, deus guarde os espanhólitos.

quarta-feira, novembro 03, 2010

Não podia passar sem passar

Só é cego quem não quer ver

Os comentários no Frankfurter Allgemeine foram um passar a mão pela cabeça do rapaz para que ele se porte bem.

sexta-feira, outubro 29, 2010

El Mundial del 2018 o 2022

Na imprensa internacional, a candidatura de Espanha ao mundial de futebol é suspeita de beneficiar de corrupção de federações de futebol terceiras.

Na imprensa nacional, ninguém opina seriamente sobre o assunto. Nem sequer se ouve uma putativa declaração de distanciamento por parte dos seriíssimos dirigentes da FPF.

Não se pode proibi-los?

Não gosto de autedóres nem de murais.

São saloios no abuso de cores e na ortografia, ofendem o espaço público pelo tamanho e a vista pela imposição, tapam arquitetura e paisagem.

Amplificam exponencialmente o que é tribal e anti-democrático na publicidade, pois são inevitáveis e permanentes. Obrigam-nos a vê-los, quer queiramos quer não.
Ainda que nada do anunciam nos diga respeito, conclamam-nos continuamente à ação, mandam-nos escolher pessoas, gritam partidos ou produtos sem apelo nem desculpa. Não há mudança de canal, estação de rádio ou autocolante em caixa de correio que nos safe.

Em resumo, são uma forma de publicidade abusiva, suja, feia e autoritária.
Não se pode proibi-los? A civilização agradece.

Perguntas estúpidas, respostas igualmente inteligentes

E se uma das condições para a China nos comprar a dívida fosse a restauração da pena de morte? Quantos diriam que não?

quarta-feira, outubro 27, 2010

Compro o que é nosso ®

A AEP tem uma campanha chamada "Compro o que é nosso" para promover a escolha de produtos nacionais em detrimento de equivalentes estrangeiros.

Por si, é algo meritório. Se for bem sucedida, sempre ajuda a reduzir as importações. Lembremo-nos que a maior parcela da dívida nacional cabe aos particulares.
Só não percebo é por que uma ideia que é tão simples de aplicar é sempre processada com tanta complicação e despesa para ser posta em prática que acaba por ser completamente ineficaz.

Já temos sítio na internete. Já vi anúncios na televisão. Ainda não vi mas desconfio que, como é costume, há por aí entrevistas, panfletos couché para entupir as caixa de correio, autocolantes nos vidros dos cafés de esquina, etc.
Mas o pior é aquele logótipo horrível - mais um - ao qual julgam que nos habituaremos à força de spots publicitários e que, para se justificar e na melhor das hipóteses, virá a ser incluido nas embalagens ou estará à vista (?) nas prateleiras de supermercado.


Esta gente (seja governo ou indústria) já vai na enésima campanha do género desde o 25 de Abril e ainda não aprendeu que publicidade não é branding e que educar o público não é vender um sabonete.

Desde há muitos anos que outros países têm tido campanhas parecidas e são inacreditavelmente simples e eficazes. "Campanhas" é um termo que uso para estabelecer o paralelo pois não se tratam de campanhas esporádicas ("olá... estamos em crise, toca a armar uma campanha!") mas sim de visibilidade contínua e por prazos prolongados.

Principalmente, a forma de atingir a maior fatia demográfica possível sem necessidade de iniciativas e divulgações que só ajudam à confusão do público, é precisamente não criar logos inúteis mas sim usar elementos visuais que lhe são familiares e cujo sentido é óbvio (é a minha definição de logótipo...).
Isto é, o melhor logo para identificar produtos nacionais já existe e toda a gente o conhece sem precisar de nenhuma explicação.
Qual é ele? Deixo-vos uma pista (isto está tudo ligado, pás):



ADENDA: Já que estou a prestar serviços de consultoria gratuitos, que tal a AEP e demais obrigarem os distribudores a identificar a origem dos produtos brancos? Aquilo do "produzido na UE" não me diz nada e não ajuda muito à campanha.

Perspetiva de uma jovem tory sobre a intelectualidade nacional

Sentados a ver o telejornal, aparece o João César das Neves a falar não sei do quê.

-Quem é este agora?

-Este dá aulas na universidade católica e escreve crónicas num jornal. É conhecido por ser contra o aborto e o casamento gay.

-E deixam-no escrever num jornal?

sexta-feira, outubro 15, 2010

Siga para bingo

Com um abanar de cabeça dos patrões, a novela do sr. Coelho chegou ao fim.

quinta-feira, outubro 14, 2010

"A mina dos segredos"

É a minha proposta para um novo reality show.
Depois, claro, tapa-se o buraco e já está.

Há vinte anos atrás, a minha banda preferida eram os Interpol

quarta-feira, outubro 13, 2010

De novo, a serpente

Quase no mesmo dia, ficamos a saber de motins (teoricamente anti-gay) em Belgrado; violência fora e dentro de um estádio de futebol em Génova; e da subida assustadora da extrema-direita nas eleições autárquicas em Viena.

Se os primeiros casos demonstram a marginalização crescente dos ultra-nacionalistas sérvios - reduzidos de criminosos de guerra impunes a bandos de hooligans alimentados a álcool - o último parece vir a tornar-se no mais bizarro paradigma de integração deste tipo de animais numa sociedade estrangeira.

Sabe-se que o líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, que se diz católico, tem vindo a conquistar o voto jovem entre as comunidades de imigrantes ex-jugoslavos (27% vota no "Partido da Liberdade", um movimento criado para impedir a imigração de estrangeiros) e não é raro enriquecer a sua retórica anti-islâmica com missas ortodoxas e condenações à UE e NATO pelas posições destas organizações na Bósnia ou no Kosovo.
E se esta segunda geração que lhe dá ouvidos, nascida durante o longo fim da guerra nos Balcãs, já não pode sonhar com a Grande Sérvia, é igualmente acompanhada por descendentes de croatas no ódio à comunidade islâmica (turcos, búlgaros, paquistaneses, etc). O discurso abertamente racista de Strache - o qual, para outras audiências, responsabiliza qualquer estrangeiro pela criminalidade (??) na Áustria - cai-lhes como mel na sopa e, não menos paradoxalmente, acaba por serem estes eleitores sem qualquer "sangue vienense" quem facilita a ascensão da serpente a uma posição de poder.

Com mais de um centenário

É errado dizer-se que há países mais desenvolvidos que o nosso porque são monarquias. Na realidade, ocorre exatamente o oposto: estes países são monarquias porque são desenvolvidos.

segunda-feira, outubro 11, 2010

A sabedoria popular fascina-me

Ontem, o medo, a ignorância e o preconceito foram mais importantes para um terço dos eleitores que viver na melhor cidade do mundo*.



Se isto é possível onde não há crise, nem desemprego ou criminalidade, é possível em qualquer lado.

domingo, outubro 10, 2010

10-10-10

Enquanto não for dez de Outubro de dez mil e dez, não me chateiem com datices escatológicas.

sábado, outubro 09, 2010

Liu Xiaobo, Nobel da Paz, Tiananmen

Aqui há uns anos, à mesa de um jantar de má memória, a nossa anfitriã, uma médica chinesa casada, educada e trabalhada em Cambridge, insistia que a censura que o seu governo impunha à internete servia para proteger o bravo povo chinês da pornografia ocidental.
Entre o momento em que tive a brilhante ideia de discordar e aquele em que se trocavam insultos de "fascista", foi um piscar de olhos e a soiré acabou mesmo mais cedo do que o planeado. Quando dei por isso estava a ser expulso da casa.

Ontem, a Great Firewall of China esteve mais ativa que nunca. Qualquer referência ao Nobel e a Liu Xiaobo que aparecesse no éter era sumariamente apagada. A cortina de fumo estende-se aos telemóveis "inteligentes" e não só, com mensagens de texto não chegando ao seu destino e iPhones subitamente transformados em iPods ao teclar daquelas palavras-chave.

E tal como essa anfitriã do passado, prevê-se que a parcela da população chinesa que ainda tiver algum acesso ao anúncio do prémio reagirá com indignação longamente alimentada pela propaganda nacionalista de Pequim. Tudo o que contradiga a versão oficial de excelência moral nada mais é que uma tentiva de demonização do seu país por um ocidente invejoso do progresso da China.

P.S.: Pobres diplomatas noruegueses, mais uns que carregam a tarefa de explicar a uma autocracia que não têm nem querem ter qualquer poder sobre entidades civis e independentes como o comité Nobel.

quinta-feira, outubro 07, 2010

Singularidades de um atraso de cem anos*

(ou "Ele há países onde ainda não chegou a ética republicana")




*título roubado ao Ricardo Schiappa do Esquerda Republicana

quarta-feira, outubro 06, 2010

terça-feira, outubro 05, 2010

Contas de merceeiria, pois então*




*Obrigado ao Miguel Carvalho, do Esquerda Republicana

De um coevo da revolução do 5 de Outubro de 1910

"De volta de dois meses de férias nas doces margens do lago Léman, cheguei a Lisboa na véspera da revolução.
Poucas horas depois de um breve tiroteio de barricada no alto da Avenida e de um lacónico bombardeamento proveniente de uma insubordinação de marinheiros a bordo de um navio de guerra, proclamava-se, perante Lisboa atónita e, imediatamente depois, perante a passividade do país inteiro, o triunfo dos revolucionários.
Este desenlace quase incruento é em sua aparente superficialidade o trágico desmoronamento instantâneo de todo um velho mundo. É o reviramento, com o de dentro para fora e com o debaixo para cima, de uma sociedade inteiramente desarticulada. É uma nação ferida de morte na continuidade da sua tradição e da sua história. Assim o afirmam os triunfadores, principiando expressivamente por arrancar do pavilhão que cobria a nacionalidade portuguesa a coroa real, mais da nação que de qualquer rei (...).

Pobres homens, mais dignos de piedade que de rancor, os que imaginam que é com um carapuço frígio, talhado à pressa em pano verde e vermelho, manchado no lodo de uma revolta num bairro de Lisboa, que mais dignamente se pode coroar a veneranda cabeça de uma pátria em que se geraram tantos grandes homens, a cuja memória imperecível, e não aos nossos mesquinhos feitos de hoje em dia, devemos ainda os últimos gestos de consideração a que podemos aspirar no mundo! Pobre gente! Pobre pátria!

Ao antigo reino, assim desfeito com o mesmo leviano descuido com que as meninas de Lisboa desmanchavam puzzles num jogo à moda do Inverno passado, sucedeu-se o regime de um Governo Provisório, ao qual, creio que unicamente por serem republicanos os indivíduos que o constituem, se chamou «da República».

A indiscutível evidência é que em tal Governo não concorrem por enquanto nenhuma das cláusulas que assinalam um regime democrático. Falta-lhes como base essencial a anuência prévia da maioria das vontades; falta-lhes pacto fundamental; falta-lhes estatuto regulador da sua acção dirigente e falta-lhes sobretudo, nas suas formas de proselitismo, de apostolado e de conciliação patriótica, o íntimo sentimento de simpatia, de indulgência, de bondade, de liberdade, de fraternidade e de igualdade, que é a chave de todo o poder popular.
(...)

Não me parece, portanto - repito -, que o Governo Provisório de Lisboa seja mais autenticamente o prefácio de uma liberal República que o da mais despótica tirania.
(...)

Entre a monarquia constitucional parlamentar e república parlamentar constitucional não distingo diferença, nem considero que ela exista, a não ser historicamente, entre o princípio da eleição e o da hereditariedade, tendo eu por tão precários os acasos do voto como os do nascimento.
(...)"

Ramalho Ortigão, Janeiro de 1911
As Farpas II

O melhor e mais cáustico das Farpas vem depois, quando se descreve a desilusão e o descrédito da nova república, a pompa dos novos senhores ("o presidente novo em coche real, puxado a quatro por dezasseis relinchantes famílias aristocráticas"), a propaganda (Museu Republicano, um mausoléu de buiças, e a inacreditável apresentação ao ministro do Brasil da menina Deolinda Alves, de barrete e espada, como encarnação de récita da jovem república portuguesa), etc.

sábado, outubro 02, 2010

quinta-feira, setembro 30, 2010

My hero


(clique para aumentar)

Mitarbeiter sprechen



Já ouvi isto hoje umas sete mil vezes.

quarta-feira, setembro 29, 2010

Enrolos e brochas

Orçamento da empresa contratada pela imobiliária-armada-aos-carapaus-de-corrida: 2500 euros.
Orçamento do "particular": 250 euros + 50 de material.

(deste, ainda não percebi se atende por Misha e é amigo do Mario - que também não conheço - ou se acha que é melhor passar por latino em terras de extrema-direita e o outro é que se chama Misha)

Não parece difícil de decidir.
Mas ter de passar três dias fechado das oito às seis numa casa virada do avesso, de olho em três búlgaros da Anatólia e com tinta por todo o lado, já não é assim tão tentador.

terça-feira, setembro 28, 2010

Straw dogs

Já há remake desta fita poderosa para 2011. Estou curioso para saber se vão conseguir ser tão modernos quanto o Peckinpah em 1971.

quinta-feira, setembro 23, 2010

E mai nada

quarta-feira, setembro 22, 2010

Cona

Do latim 'cunnus', que é mais assertivo que a 'vulva' grega e não faz impressão na boca quando se pronuncia.
Estes já estão nesse dicionário universal sem controlo parental que é a wikipédia (aqui e aqui). Com a vantagem de ter fotos e tudo.

Isto tudo para dizer que não tarda muito começam a queimar livros.

Já somos dois


País possível

Já passou, já faz tempo, e não há registos, mas eu lembro-me bem dessa conversa, alta noite, noite dentro, cada um em seu hotel e em seu país, e a tentarmos inventar de madrugada um país possível onde vivêssemos os dois.

sexta-feira, setembro 17, 2010

Por motivos diferentes, claro

Os spams que recebo com maior frequência são, de longe, aqueles para aprender inglês e os outros para alongar o pénis.

Isto é mais que suficiente para uma tarde de ponderações.
Ora, caso necessitasse de ambas as capacidades mas só pudesse adquirir uma, qual escolheria? Pergunta fortuita na aparência, esconde na verdade um dilema de proporções nietzscheanas.

terça-feira, setembro 07, 2010