De novo, a serpente
Quase no mesmo dia, ficamos a saber de motins (teoricamente anti-gay) em Belgrado; violência fora e dentro de um estádio de futebol em Génova; e da subida assustadora da extrema-direita nas eleições autárquicas em Viena.
Se os primeiros casos demonstram a marginalização crescente dos ultra-nacionalistas sérvios - reduzidos de criminosos de guerra impunes a bandos de hooligans alimentados a álcool - o último parece vir a tornar-se no mais bizarro paradigma de integração deste tipo de animais numa sociedade estrangeira.
Sabe-se que o líder do FPÖ, Heinz-Christian Strache, que se diz católico, tem vindo a conquistar o voto jovem entre as comunidades de imigrantes ex-jugoslavos (27% vota no "Partido da Liberdade", um movimento criado para impedir a imigração de estrangeiros) e não é raro enriquecer a sua retórica anti-islâmica com missas ortodoxas e condenações à UE e NATO pelas posições destas organizações na Bósnia ou no Kosovo.
E se esta segunda geração que lhe dá ouvidos, nascida durante o longo fim da guerra nos Balcãs, já não pode sonhar com a Grande Sérvia, é igualmente acompanhada por descendentes de croatas no ódio à comunidade islâmica (turcos, búlgaros, paquistaneses, etc). O discurso abertamente racista de Strache - o qual, para outras audiências, responsabiliza qualquer estrangeiro pela criminalidade (??) na Áustria - cai-lhes como mel na sopa e, não menos paradoxalmente, acaba por serem estes eleitores sem qualquer "sangue vienense" quem facilita a ascensão da serpente a uma posição de poder.
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