terça-feira, novembro 09, 2010

Que deus guarde os espanhólitos

Houve uma determinada quantidade de títulos de dívida soberana irlandesa que amadureceu este Setembro. Em concreto, 55 mil milhões dele.

Para os poder pagar (os credores são bancos franceses, ingleses e alemães) a Irlanda pediu mais dinheiro emprestado ao BCE. É esta a origem da pequena descida para 7.6 de juros sobre default mas também, porque se endividou para pagar dívidas, do agravamento da crise.

E por que é que o governo irlandês não teve dinheiro para pagar e teve de pedir emprestado? Porque anteriormente atirou com mais de 30 mil milhões de euros para salvar o banco Anglo e mais de outros tantos ainda para os restantes bancos. Como, inteligentemente, não trocou esta esmola por ações, quem paga a fatura são os contribuintes (até ao ano 3000).

Comparado com estes quase 70 mil milhões de euros deitados fora - dados a idiotas que, de acordo com as suas próprias crenças em capitalismos da treta, mereciam insolvência e o olho da rua -, o corte de 15 nas despesas é uma perfeita futilidade. Ainda para mais quando o défice é de 32-trinta-e-dois-32% do PIB.

Ora, perante este quadro de inimputabilidade geral e tendo em conta que comer é mais importante que tudo o mais, os contribuintes irlandeses preparam-se para seguir o elevado exemplo dado pelos seus governantes e credores e deixar de pagar as suas hipotecas. Só que, quando isto acontecer, não vai haver bailout que safe a banca. Quanto mais não seja porque o dinheiro acabou.

Isto é, o "melhor" na Irlanda ainda está para vir...


Agora a nós. Porque é que o "contágio" é absolutamente subjectivo? Porque tal como nós, a Irlanda é pequenina e pouco influente. Se isto acontecesse aqui ao lado, aí sim, era um grande sarilho. Por isso, e por uma vez, deus guarde os espanhólitos.

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