domingo, janeiro 18, 2009

A guerra do gás e o que está verdadeiramente em causa


A 3 de Janeiro, em plena crise, Rupert Wingfield-Hayes, correspondente da BBC em Moscovo, expunha várias explicações para o absurdo do corte de gás russo. Entre tantas, aquela considerada mais mirabolante era a seguinte:

But the final theory is even more outlandish: that powerful political figures in Ukraine are colluding with the Kremlin to foment the crisis and bring down President Yushchenko.

That would allow his political enemies to gain power.

Who would benefit from such a scenario? Ukraine's increasingly powerful Prime Minister Yulia Timoshenko.

Supporters of this theory say we can expect Ms Timoshenko to turn up in Moscow some time next week, sign a deal with the Kremlin, and return home to Kiev in triumph, having saved Ukraine from disaster.


Duas semanas depois, i.e., hoje e há uma hora atrás, a primeiro-ministra Timoshenko assinou em Moscovo o acordo que reestabelece o fornecimento de gás à Ucrânia e dali ao Ocidente.

Em política, o que parece, é: o presidente Yushchenko quer ver-se livre de influências de Moscovo e por a frota do Mar Negro para fora da Crimeia.
Putin quer a Crimeia e o controlo do leste da Ucrânia pela minoria russa nessa área; como não pode simplemente invadir o país (a Ucrânia não é a Geórgia), a alternativa é potenciar um governo fantoche em Kiev.

Se Putin não tem hesitado em matar os seus próprios cidadãos ou invadir outros países para alcançar os seus objectivos, muito menos impedimentos morais teve, concerteza, em levar metade da Europa a tremer de frio.

Os pormenores do acordo agora assinado, claro, só interessam a passarinhos.

____________________________________
Cartune (08-01-09) daqui.

Sem comentários: