Thabo Mbeki
Quando o sr. Mugabe atrasou a divulgação da sua derrota eleitoral em mais de um mês, o presidente sul-africano disse ao mundo para ter paciência.
Quando os olímpicos enviaram um cargueiro de armas e munições para o ditador usar sobre a sua população desobediente, Thabo Mbeki disse que era sem querer.
Ao contrário do führer de Harare, Mbeki foi livremente eleito pelos seus compatriotas, caso raro no continente. Parece por isso estranho que este homem esteja claramente a proteger um ditador.
Mas a amizade entre os dois vem dos tempos da resistência ao apartheid. Mugabe tomou o poder à minoria branca nos anos oitenta e não tardou a expropriar terras aos herdeiros de Rhodes. A idéia de que em ambos os lados da fronteira se combateu a hegemonia branca poderá ter levado Mbeki, do então ainda clandestino ANC, a irmanar-se com Mugabe.
Contudo e contra esse argumento, nenhum resistente sul-africano de respeito, de Tutu a Mandela, se misturou no passado com aquele personagem.
Mbeki, apesar da legitimidade das urnas, é hoje conhecido pela sua incompetência e vê-se constantemente confrontado com suspeitas de corrupção e nepotismo. Um exemplo entre muitos, é o emaranhado de interesses à volta de Jackie Selebi, o comissário nacional de Polícia, num caso que envolve este antigo chefe da Interpol e o crime organizado. A lei é assim mostrada a um povo cansado de injustiças como não passando de letra-morta, e logo pelo próprio presidente.
Por causa de Mugabe, a estas acusações ao presidente sul-africano vem agora juntar-se outra. Os tumultos racistas em Alexandra e noutras townships são claramente o resultado directo de uma conduta irresponsável tanto na política interna como na externa.
Se, por um lado, o desleixo da presidência permitiu a pobreza crescer desmesuradamente, por outro, Mbeki criou as condições para que milhares de refugiados atravessassem a fronteira ao abençoar os desmandos de Mugabe,. Este influxo de estrangeiros foi o pretexto suficiente para as franjas mais miseráveis da sociedade imitarem o presidente e declararem-se elas próprias fora-da-lei.
Assim, a pilhagem, as violações e as mortes recentes de zimbabuenses, moçambicanos, nigerianos e malauitas na África do Sul podem ter muitos autores materiais anónimos mas a responsabilidade do caos que o permitiu é toda de um homem sem carácter nem capacidade para exercer o cargo para o qual foi eleito.
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