Falhar por um triz (ou como também sou capaz de escrever ao nível do jornalismo nacional)
O DN, na sua caminhada em direcção ao jornalismo de referência, publicou hoje um resumo em tom jocoso daquilo que sempre enche o olho ao parolo, sexo, e o ego ao nun'álvares que há em todos nós, Espanha.
Chegado ao fim do divertido (bocejo) texto, pago pela Durex, o articulista achou por bem realçar que, em matéria de sexo anal, batemos todos os records (inclusivé os gregos, esses gabarolas): 44% dos portugueses inquiridos (presumidos heteressexuais) juram a pés juntos sentir especial atracção pela alternativa mais próxima. Se a iniciativa é do macho ou da fémea, F.N. não especifica.
Ora, eu nestas coisas sou um bocado (digamos) retentor e, querendo ir ao fundo da questão, dou preferência a pesquisas mais sérias que as realizadas por marcas de preservativos.
Assim, e liberto de preconceitos nacionalistas, descobri que o assunto não é de todo desconhecido nos grandes institutos internacionais de investigação. Em concreto, o doutor Guy Norfolk publicou já em 2005 numa revista científica respeitável alguns resultados que nos levam a acreditar que, para além das fantasias, outros factores podem estar a contribuir para a popularidade daquela prática.
No artigo, cujo cabeçalho reproduzo supra e segundo o sumário do próprio, vem que, de 512 (47.9%) respostas ao inquérito realizado junto dos membros da Association of Forensic Physicians, havia 498 indivíduos que "numa relação heterossexual prévia" (estas coisas só acontecem com alguém do passado) teriam experienciado a cópula anal acidental. Destes, em 26 (7.2%) homens e 14 (10.4%) mulheres o acidente teria acontecido apenas uma vez (até agora). Contudo, e embora a maioria desta amostra se considerar "sexualmente experiente", é bastante desanimador verificar que cerca de pouco menos de metade desta gente confessou que na altura do desastre se encontrava sob a influência de álcool ou drogas.
E com os portugueses (médicos-legais inclusivé), como é? Será colisão à primeira (o álcool está na origem de tantas) ou uma decisão consciente e partilhada?
Food for thought, diria eu.
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NOTA: dou um doce a quem descobrir o que é o "triz".
4 comentários:
estou um pouco confusa: por acidental queres dizer "por acidente" ou "ocasional"?
"por acidente" faz-me lembrar aqueles casos em que nas urgências dos hospitais dão entrada pessoas que caem em adegas, e azar dos azares enterram-se em garrafas (como estavam sem calças é acidente secundário) ou (esta descobri há pouco tempo) caem em hortas, mesmo em cima de cenouras (que crescem debaixo da terra, na posição inversa à obtida na caida). Hum.
Ou então, oops, ah afinal isto é o teu rabo... desculpa lá, sim? Mas já que estou aqui...
"Ocasional", uma vez por outra e tal, mas tinha bebido uns copos e nem me lembro como foi.
Porque raio há tanto preconceito com o sexo anal é coisa que não entendo. Queres dar-me um bocadinho de luz, caro Dorean?
Cara nobaile,
Numa coisa posso esclarecer-te: o "acidental" confidenciado ali significa isso mesmo, "ups, enganei-me". Se o incidente foi devidamente completado pelos participantes ou se dali nasceu um hábito duradouro, o artigo não especifica.
Quanto ao preconceito, presumo-o com origem em mais uma daquelas interpretações puristas do livro sagrado; não te esqueças que, reza a lenda, tal prática generalizada a uma cidade do Médio Oriente acabou por invocar a ira e as chamas divinas.
Só não me perguntes no que consiste gomorrizar alguém. Mas acredito que também deva ter tido a sua piada.
O triz é a distãncia entre a vagina e o ânus da mulher.
"Por um triz" é sinónimo de "Por pouco", "Por uma nesga", "Por uma unha negra".
Está explicado.
Um comentário sério. Que falta de sentido de humor.
Será que não tinha sido possível fazer umas graçolas com o triz?
E o humor ficou feito pois a palavra vem do grego "thrix": cabelo.
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