sexta-feira, abril 27, 2007

Consequência inconveniente

Al Gore diz que o efeito de estufa é resultado da acção do homem, nomeadamente através do consumo de combustíveis fósseis. Muito especialistas suportam as opiniões de Gore.

Mas há também um movimento (sem um rosto conhecido a encabeçá-lo) que defende que o actual aquecimento do planeta se deve a causas naturais. Muitos especialistas suportam esta ideia.

Nem eu nem o cidadão comum conseguem aferir qual o gradiente de verdade presente em cada uma das duas hipóteses, que são antagónicas.

Qualquer formulação de uma opinião pelo cidadão deve portanto ser baseada em argumentos de senso comum, isto é, em argumentos POLÍTICOS.

Em primeiro lugar deve-se concluir que, cientificamente, não se sabe onde está a verdade.

Sabe-se que a solução daqueles que atribuem o efeito de estufa a causas humanas é a redução das emissões de CO2, nomeadamente reduzindo o consumo de combustíveis fósseis, principalmente petróleo e gás natural.

Na dúvida deve pensar-se que se se reduzir a emissão humana de CO2 fica-se, no mínimo, com a certeza sobre qual a real causa do aquecimento do planeta.

O que é que propõem aqueles que dizem que o efeito de estufa se deve a causas naturais?

Aparentemente eles acima de tudo defendem que a redução do consumo de combustíveis fósseis não vai servir para travar o aquecimento do planeta.

Ou seja, propõem que não se mude nada.

Nesse caso, e dado que a sua campanha não parece necessitar de dinheiro, o que é que os move? Que interesses é que os suportam?

Eu diria que o suspeito mais óbvio é a indústria petrolífera, mais uma vez a influenciar a vida económica e política das nações e do cidadão comum, para poder aumentar os seus lucros.

O petróleo é um bem de consumo obrigatório mas até agora tem sido um bem abundante (isto é, a oferta tem excedido a procura).

Estamos no ponto de viragem em que o petróleo vai passar a ser um bem escasso (a procura excede a oferta).

AGORA é que os interesses petrolíferos vão fazer dinheiro. AGORA é que eles vão ter poder.

Esqueçam tudo o que eles fizeram até hoje.

O objectivo deles será, naturalmente, prolongar a dependência do petróleo, não até ao momento em que novas energias o substituam mas de forma a maximizar o lucro da sua comercialização, nomeadamente enquanto bem escasso e sem substituto.

Esta dependência do petróleo é uma ameaça à segurança da sociedade, maior do que a ameaça terrorista.

Infelizmente, os interesses petrolíferos aparecem quase sempre ligado aos interesses privados na área da segurança.

E estes interesses são normalmente os actores mais influentes dos bastidores da política nas nossas sociedades.

2 comentários:

no name disse...

Aparentemente eles acima de tudo defendem que a redução do consumo de combustíveis fósseis não vai servir para travar o aquecimento do planeta.

Ou seja, propõem que não se mude nada.


ou se calhar simplesmente propõem que a ciência tenha a palavra final. e que se as causas forem realmente naturais, o que há a fazer é trabalhar para minimizar os efeitos nas populações, ao invés de trabalhar para criar "mercados de carbono" onde a especulação financeira (tão dependente de um qualquer mercado onde possa fazer as suas apostas) seja o principal móbil...

Aardvark disse...

Não vejo problema na criação dos mercados de carbono.

Também não vejo que seja uma medida obrigatória.

Finalmente, não vejo em que é que essa criação possa atrapalhar quaisquer outras medidas que se tomem.

Na verdade, não vejo nada. Este assunto está todo envolvido numa cortina de fumaça.