domingo, fevereiro 11, 2007

Felicidade

A felicidade não é um período, nem mesmo um momento, em que baixamos as nossas defesas e nos entregamos a outra pessoa.

A felicidade é saber que somos aquilo que profetizámos para nós próprios e que aquilo que profetizámos é bom.

Self-fulfilling prophecies

Nós tornamo-nos naquilo que profetizamos para nós próprios.

Verdade ou Consequência lido na China

O nosso blogue é lido em quatro cidades diferentes da China.

O mais extraordinário é o facto de o blog não estar acessível a quem se liga à Internet a partir do território Chinês.

Há oitenta anos...

O principal objectivo dos defensores do "Não" à despenalização do aborto era dissuadir os cidadãos de se expressarem nas urnas. Era a sua melhor hipótese.

E é algo que fazem muito bem. Há oitenta anos que o fazem, de uma maneira ou de outra.

O meu Não

À pergunta "Acha que uma mulher que aborta deve ir para a prisão?" respondi Não.

À pergunta "Acha que o aborto deve ser punido por lei?" respondi Não.

Este foi o meu Não.

sexta-feira, fevereiro 09, 2007

A resposta é: Centros de Decisão

Porque os Centros de Decisão são clientes dos Centros de Competência. Onde há uns, há os outros.

Porque, normalmente, os Centros de Decisão só se deslocalizam por venda.

Parabéns! Caganda blog!

Até na China é lido!

Economia do conhecimento

Eu conheço o presidente do banco
Tu conheces o director geral
Ele conhece o porteiro da discoteca

quinta-feira, fevereiro 08, 2007

Um ano depois...


Amanhã, às 20 horas e 34 minutos, os autores deste blogue celebram exactamente um ano desde a primeira posta de pescada arrotada ao público aqui, na internete e tudo. Não vai haver bolo mas gins tónicos e dry martinis concerteza que sim!

Ah!, e domingo não se esqueça de ir votar no referendo, s.f.f.. Obrigados.

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

O feto e a dor: comentário à dr.ª Jerónima Teixeira

Cara dr. ª Jerónima,

A senhora apresentou-se recentemente ao público português como autoridade na matéria e garantiu que as suas experiências mostraram que um feto com 10 semanas sente dor.

Ora, o feto para sentir dor precisa de uma coisa: sistema nociceptores-cortex cerebral(*) ligado e responsivo antes das ou às 10 semanas.

Acontece que o estudo que eu li não prova nada disto. A senhora mentiu.

Na tal experiência, a senhora, ou um dos outros cinco autores, espeta uma agulha (estímulo mecânico) numa veia do feto e vê se esse organismo produz mais ou menos endorfinas, caso a mesma agulha injecte uma dada droga ou não.

O que a senhora prova, se tanto, é a resposta do organismo a um dado estímulo químico, a droga. Mais nada.

Mas a maior mentira vem logo no início do próprio texto da sua comunicação à... ai, como se chama o jornal?... Anesthesiology, 2001 (não é a Lancet...): a experiência é feita em fetos com 20-35 semanas.

Eu repito: a experiência é feita em fetos com 20-35 semanas. Nem poderia ser de outra maneira pois o cortex não existe às 10 semanas.

Penso que isto seria suficiente para passar um raspanete a um estudante de doutoramento. Mas para alguém na sua posição vir a público resultados científicos inexistentes, o castigo costuma ser bastante pior. E se a senhora cometer o erro de começar a falsear os seus resultados de forma a coincidirem com as suas convicções, então pode correr o risco de vêr barrada a sua actividade de investigação.

Vá lá.

Cumprimentos, juízinho e cabeça fresca.

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(*) os nociceptores são os receptores de dor para os estímulos mecânico, térmico, químico ou eléctrico.

Garden State: Sleeping Lessons

Grande filme, grande canção. The Shins outra vez.

Off with their heads!

(pausa)


The Shins, Australia

terça-feira, fevereiro 06, 2007

Obviamente

Do Sim no referendo, por Vasco Barreto:

'o "Sim" pretende chegar lá chegar [proteger aqueles embriões de dez semanas] retirando a IVG da clandestinidade e aumentando o aconselhamento, o que se pode traduzir numa diminuição efectiva do números de abortos e/ou em interrupções voluntárias de gravidez mais precoces.'

Ao que eu acrescento que se também se traduziria numa diminuição de complicações para a grávida, salvando muitas vezes essa vida.

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

Sánchez Dragó e Espanha

O Bernard Pivot dos espanhóis, sem papas na língua.

Fácil de entender, mesmo sem legendas, pois a queixa é-nos familiar...
Aqui fica, à atenção dos murchos do meu país.

domingo, fevereiro 04, 2007

A pergunta a seguir à pergunta do momento


E quanto é que ganha o Wolfowitz? (*)


















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(*) Com a devida vénia ao Grande Loja do Queijo Limiano.
Para quem não sabe, Paul Wolfowitz é o presidente do Banco Mundial.

A pergunta do momento

Quanto é que o Pinho ganha?

O Windows do blogueiro

Já repararam que desde que este Blogger tem nova versão toda a gente começou a mandar postas corridas a pelo menos 3 ou 4 marcadores?

terça-feira, janeiro 30, 2007

Preconceitos ferroviários

Há pessoas a quem só dei um beijo e há pessoas a quem dei dois; a outras uns internacionais três, e ainda houve a quem dei tudo e mais alguma coisa.

É tudo uma questão de diplomacia e vontade de agradar.

segunda-feira, janeiro 29, 2007

Era bom demais para ser verdade

No Público de hoje: Associação de municípios nega estar a negociar portagens à entrada das cidades.

Só não percebo é porque é necessário negociar seja o que fôr com essa súcia; cada cidade que decida por si e em proveito dos seus próprios munícipes.

domingo, janeiro 28, 2007

09 - 03 - 2007

Marque este dia na sua agenda.

We're in for one wild night.

A Teoria da Bala Mágica

Segundo os investigadores ingleses, quem manuseou o polónio 210 que matou Litvinenko em Novembro último absorveu o suficiente para ele próprio morrer dali a três anos. Posto isto, o melhor mistério de espionagem pós-Guerra Fria já tem data marcada para a sua conclusão: ao primeiro infeliz que naquela altura se fine radioactivo fica o caso resolvido.

Nota aos Subsídios para uma decisão sobre o aborto/interrupção voluntária da gravidez

A gravidez é contada a partir do primeiro dia do último período e não desde a fertilização, a qual ocorreu num intervalo de duas semanas depois desse dia.
Por isso, quando alguém se refere ao desenvolvimento do embrião dizendo com convicção, e.g., "às X semanas já tem um coração a bater" não sabe do que está a falar (até porque isso do "coração" tem muito que se lhe diga mas não quero complicar).

Subsídios para uma decisão sobre o aborto/interrupção voluntária da gravidez (4)

Entretanto, o ovo (uma vida humana) que sobreviveu divide-se em mil e uma células (mil e uma vidas humanas, portanto). Estas iniciam um bailado louco que dará forma à substância e é por isso que temos às 7-8 semanas um feto agarrado ao útero, com "cabeça", "tronco" e "membros" e "coração a bater" e tudo.
Mas nem sempre isto o embrião consegue fazer com unhas e dentes - isto é, com desde as hormonas que segrega, com a sua placenta, et c. - e, lá está, sempre se poderá dizer que se perderam mais mil e uma vidas humanas.
Ou só uma, conforme a profundidade das paixões.

Subsídios para uma decisão sobre o aborto/interrupção voluntária da gravidez (3)

Às vezes, com ou sem consentimento dos geradores, aquele óvulo é fecundado. Feliz ou infelizmente, conforme o tal consentimento dos geradores, acontece que durante os próximos dias que esse ovo também pode vir a ser expelido.
Pode dizer-se que uma vida humana é deitada fora mas, que fazer?, é o DIU, a pílula do dia seguinte, ou simplesmente o pH intra-uterino.

Subsídios para uma decisão sobre o aborto/interrupção voluntária da gravidez (2)

Todos os dias, milhões de espermatozóides residentes em território nacional e saudáveis são expelidos para o vazio.
Pode dizer-se que metade de uma vida humana é deitada fora mas, que fazer?, é a masturbação.

Subsídios para uma decisão sobre o aborto/interrupção voluntária da gravidez (1)

Todos os meses, milhões de residentes em território nacional saudáveis, expelem um óvulo.
Pode dizer-se que metade de uma vida humana é deitada fora mas, que fazer?, é a menstruação.

sexta-feira, janeiro 26, 2007

Os murchos

Primeiro foi o pasquim de J.A.S. que inaugurou a sua prensa com uma provocação de taberna: 28% dos portugueses queriam ser espanhóis. Fez furor, garantiu as vendas do primeiro número e, previsivelmente, deu-se a conhecer ao El País dos vizinhos.

Depois, o vetusto DN, entrando na mesma onda niilista, mandou publicar aqui há semanas uma sondagem que dava como certo que 24% de compatriotas preferiam uma Madeira independente. Claro que deu polémica mas por motivos menos óbvios: só foram consultados residentes no continente; os principais interessados, por assim dizer, não tiveram voto na matéria.

A conclusão a que consigo chegar só pode ser peremptória: existe pelo menos um quarto de portugueses que não quer sê-lo e, na falta de tanto, não quer que outros o sejam. Sim, porque tenho cá para mim que os bananas de um lado são exactamente os mesmos murchos do outro.

quarta-feira, janeiro 10, 2007

Sabor da semana de hoje

Apesar da delicada e criteriosa escolha de imagens (à excepção, talvez, da própria) e de um grafismo, chamemos-lhe assim, mediterrânico, José Mateus Cavaco Silva (?), nascido a 25 de Abril (??), comenta com algum espírito no seu blogue sobre aquilo que ele aparenta saber e nós não.

Por trazer mais informação que aquela a que estamos limitados sem nunca se aproximar do modelo blogueiro-apocalíptico leva com uma entrada directa para o top: o Claro.

E agora esperemos que não me caia um Cessna em cima...

terça-feira, janeiro 09, 2007

Emigrantes

"Parece que, nos últimos tempos, 70 ou 80 ou 100 mil almas desertaram do país e foram para o estrangeiro procurar melhor modo de vida. O Governo, naturalmente, achará que é uma traição por parte desses cidadãos que se recusam a testemunhar as luminosas etapas do crescimento português."
Francisco José Viegas in Jornal de Notícias, 08-01-07, via Público

Caro F. J. V.,

Não são 100 mil, nem sequer 200 mil; estima-se que só no Reino Unido vivam hoje cerca de 800 mil portugueses emigrados para ali na última década e meia. 800 000. Quase um milhão. Tantos quantos os queridos muçulmanos que tanto barulho fazem no multiculturalismo das notícias copy-paste nacionais.

Fogem aos salários baixos e à inflexibilidade laboral; correm para o operariado temporário mas cumpridor, e para a mobilidade que na pátria evitam como o diabo a cruz. Ali não lhes exigem a alfabetização que abandonaram antes do 9.º ano e não necessitam de concorrer com a exploração de imigrantes ilegais. Se tanto, alguns tornam-se no país de acolhimento eles mesmos os exploradores desses infelizes. À laia de engajador, claro está.

O Grande Porto industrial é quem contribui mais para este derrame: não foi pela beleza das Pedras Rubras que a Ryanair inaugurou essa rota a partir de Londres-Stansted; Norwich, Bolton, só para citar algumas cidades, vivem dos embaladores de carne, dos apanhadores de fruta e legumes com pronúncia do norte. Nas cafeterias do aeroporto de Gatwick não se fala outra língua, da cozinha à mesa do freguês.

Ou ainda alguém acredita que a taxa de desemprego se tem mantido quase constante este tempo todo por milagre de N.Sr.ª de Fátima?

sábado, janeiro 06, 2007

Choque fecnológico


Bem podem os New Socialistas pregar directivas escandinavas aos peixes que a turba só se levanta ao esganiçar do modelo mexicano.

quinta-feira, janeiro 04, 2007

Não vale a pena entrar em pânico

Ao contrário do que ajuramentam certas as agências noticiosas, ainda não somos 6 500 000 000 000 (seis bilhões e meio) mas sim apenas 6 500 000 000 (seis mil e quinhentos milhões) de macacos.
Dizei lá que isto não vos deixa um pouco mais reconfortados.
Ora essa, de nada.

segunda-feira, janeiro 01, 2007

Como 2006 acabou

Acabou mal, numa partida triste, como todas as partidas antes desta o foram. Quase seis horas de voo depois, numa troca de comboios confusa, acabou tambem com um saco abandonado no banco de fumadores do cais 4 da estacao de Pasing.
Nao me custa imaginar os mais de cem euricos de marlboros nos pulmoes de algum factor bavaro, ou as cronicas do MEC (no fundo, um desistente) no papelönen reciklaven; aquilo que me deixa mal-disposto por estes dias e por aqueles que se seguirao e' ter perdido para sempre aquele cachecol preto do meu amor.
Fiquei doido de raiva comigo mesmo, acreditem. A tal ponto que, se este ano que hoje comeca nao se portar bem comigo e nao me trouxer os milhares de alegrias que obviamente mereco, nao respondo por mim.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Vou para casa...


... Até para o ano.

terça-feira, dezembro 05, 2006

Separados à nascença? (2)

As golden shares dos outros


Dizia eu, num comentário a uma posta de André Azevedo Alves do Insurgente (transformado apropriadamente em posta própria para que seja lido pelo menos por mais de três pessoas):

"A fábrica belga [da VW] fechou para que o neto de Porsche não tivesse que despedir ninguém na Alemanha. Não por acaso, acontece que o land da Baixa-Saxónia detém 20% da empresa e direito de veto na administração: uma pequena golden share da qual [o governo estadual] faz uso quando entende que estão em causa os interesses dos seus próprios accionistas, perdão, cidadãos."

Nota: o contexto pode ser lido também aqui.

O Pravda em Português


Entre a informação pertinente e a opinião descomplexada, um polvilhar de fotos 'de interesse humano' pelas páginas, acompanhadas por respectiva e sucinta estória; nunca o 'Verdade' fez tanta justiça à composição da sua alegoria.

Sem dúvida, um exemplo de imprensa a seguir e a prova que o capitalismo também trouxe coisas boas à Rússia.
Eu fiquei fã: o Pravda em Português, aqui.

Foto: sessão aeromoças da Varig © Playboy Brasil, 2006

"Um post à Lobo Antunes"

"- Que te disse a Vitória? perguntas entre duas rotações da Bimby e da cebola a refogar como se a tua voz fosse Deus poderoso e omnipresente
- Que te disse a Vitória? e eu, faço-me de parvo e respondo como se fosse a primeira vez dessa noite
- Que te disse a Vitória? e eu lembro-me da Tia Rosa - És a minha cruz! Não era eu. Era ele, aconchegado na cadeira da sala e no gato pardo, com vista para a Fábrica onde moeu os ossos e o cacau - És a minha cruz!
- Que te disse a Vitória? ainda ontem te disse… lembro-me como se fosse hoje. Só não me lembro do almoço do teu dia de anos faz agora anos.
- És a minha cruz! dizia a Tia Rosa."



Com a devida vénia ao Quionga 6

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Começo da arenga que iremos dar aos nossos netos


"Quando eu tinha a tua idade, Plutão era um planeta..."

"12.º ano geral garante menos emprego que 9.º"

Adianta-nos hoje o DN, num artigo que analisa a causa directa do descrito na reportagem referido na posta anterior. Porque o título é uma falácia que esconde o que só aparece no final do texto: o emprego para quem só tem a escolaridade obrigatória é pouco vinculativo e mal-pago. Apesar de insatisfeitos, a razão por que se notam menos trocas de posto de trabalho nesta faixa deve-se ao facto de quem o tem não ter qualquer alternativa ao mesmo.
A não ser, claro está, emigrar.

"Ninguém controla os anúncios que prometem salários de sonho no estrangeiro"

Obrigatório lêr o destaque dado hoje no Público à emigração moderna dos portugueses.

domingo, dezembro 03, 2006

O caso Litvinenko

Um pobre diabo com ilusões de grandeza, a viver em Londres às custas de um mafioso russo, tencionava chantagear os serviços secretos russos em 10 000 libras quando foi assassinado com uma quantidade de polónio radioactivo no valor de 20 milhões.

Acredite quem quiser.

Quem tramou o 1.º de Dezembro?


Sem televisão que me acuda, percorro as edições de sexta-feira na internet mas, para além do fait-divers monárquico da praxe (1), só uma notícia "séria" aborda a causa responsável pelo fim-de-semana prolongado.
Como quase tudo o que se tornou referência no Portugal de hoje aquela faz matéria de um espanhol: Rafael Valladares, historiador, e autor do livro "A Independência de Portugal - Guerra e Restauração 1640-1680".

Porquê?...

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(1) Não é nenhum espanto que a ocasião que celebra a restauração da independência seja aguerridamente celebrada por monárquicos e ostensivamente desprezada por republicanos. Aos primeiros, já nada mais resta senão a evocação do passado e da última dinastia; por outro lado, a frente revolucionária que triunfou no cinco de Outubro reunia as mais variadas facções que se opunham ao regime, de nacional-socialistas a democratas e anarco-sindicalistas, mas incluía também os iberistas herdeiros de Antero de Quental.

sexta-feira, dezembro 01, 2006

Conspiração a mais?

"TOO MUCH CONSPIRACY?" no original, por Peter Barron, editor do programa televisivo Newsnight, BBC2

"Para onde quer que se uma pessoa se volte hoje em dia dá de caras com teorias da conspiração.

Recentemente, emitimos no nosso programa uma peça do cineasta Shane O'Sullivan no qual se mostrava um novo vídeo provando que três agentes da CIA estavam presentes na noite em que Bobby Kennedy foi assassinado.

Imediatamente, a revelação gerou um debate apaixonado na internet. Depois, temos os assassinatos de Pierre Gemayel and Alexander Litvinenko, e as teorias abundam. Também o relatório de Lord Stevens acerca da tão teorizada morte da Princesa Diana está para sair ao público proximamente, e quase todos os dias emails e ficheiros anexos aterram nas nossas caixas de correio electrónico apontando para alegadas discrepâncias na versão oficial do 11 de Setembro, com títulos como 'The South Tower Napalm Bomb Seventh View'.

Embora tenhamos toda a vida convivido com teorias da conspiração acerca de quase tudo, a internet permitiu-lhe tornar-se uma indústria de crescimento tão explosivo quanto intrigante. Mas quanto de tanta rama deveria ser levada ao público?

Quando Shane veio até nós dizendo estar na posse de novas provas no caso Bobby Kennedy, a minha primeira reacção foi 'hã-hã, certo...', mas quando ele me mostrou o material em causa, incluindo o testemunho de de antigos colegas que identificaram os tais três agentes, fiquei convencido de que, pelo menos, as suasprovas trazem novas questões em relação ao sucedido - sem ser preciso acreditar totalmente numa grande teoria que explique exactamente o que se passou.

Ontem à noite, conversei com um cineasta amador que me confessou a sua crença no encobrimento dado pelos relatórios oficiais do 11/9 e do 7/7. Por que razão, perguntou ele, a BBC não descreve as inúmeras contradições e factos estranhos que rodeiam os relatos destes acontecimentos tão significativos?

De facto, no Newsnight temos até examinado brevemente algumas destas informações, mas estamos conscientes de que mal roçamos a superfície dos icebergues de material que flutuam pela web.

E a razão por que não fomos mais longe na investigação é que, seguramente, e por mais intrigantes que se mostrem algumas circunstâncias, não existe nenhuma outra explicação racional para os ataques que não seja que estes foram perpetrados por dois grupos de terroristas islamistas.

Eu diria que o facto de uma teoria da conspiração ser criada à volta de uma história não é motivo suficiente para levá-la a público ou rejeitá-la.
Vejam, por exemplo, as histórias acerca do fósforo branco em Fallujah e o 'Código de Da Vinci' de Dan Brown. Uma verdadeira, a outra lixo. Mas teria sido um erro tremendo ter decidido numa direcção ou noutra sem ter, pelo menos, deitado uma olhadela por ambas."

quinta-feira, novembro 30, 2006

"Eles"

A causa das queixinhas, entre muitas outras, por José Pacheco Pereira, no Público de hoje (via Tomás Vasques, no Hoje há conquilhas, amanhã não sabemos:

(...)"Mas Jorge Silva Melo está (como eu) entre dois mundos: o que gostamos é o que desgostamos. Nas suas memórias entrevistadas está uma contradição que não se sabe resolver. Ele gosta da "plebe", da "canalha" de Gomes Leal, da malta suburbana que fala o português do Kuduro, e queixa-se ao mesmo tempo de que ninguém vai ao teatro nesta "não-cidade" em que vivemos. Claro que ninguém vai ao teatro, claro que acabaram os cafés (pelo menos em Lisboa), claro que se desertificaram os bairros, claro que acabou a Lisboa dos anos 60, tão íntima como provinciana, onde éramos os absolutos cosmopolitas, exactamente porque os filhos dos deserdados das cheias, os filhos dos operários do Barreiro, os filhos das criadas de servir, os filhos dos emigrantes de Champigny, os filhos da "canalha" anarco-sindicalista e faquista de Alcântara mandam no consumo e o mundo que eles querem é muito diferente. Eles entraram pelos cafés dentro e transformaram-nos em snackbars e em lanchonetes, entraram pelas televisões e querem os reality shows, entraram pela "cultura" e pela política e não querem o que nós queremos, ou melhor, o que nós queríamos por eles. O acesso das "massas" ao consumo material e "espiritual" faz o mundo de hoje, aquele que é dominado pela publicidade, pelo marketing, pelas audiências, pelas sondagens. É um mundo infinitamente mais democrático, mas menos "cultural" no sentido antigo, quando a elite, que éramos nós, decidia em questões de bom senso e bom gosto.
E agora? Queríamos que "eles" tivessem voz e agora que a têm não gostamos de os ouvir, quando o enriquecimento revelado por todos os indicadores económicos e sociais dos últimos 30 anos transformou muitos pobres na actual classe média, "baixa" como se diz na publicidade, nos grupos B e C das audiências. Nós queríamos que eles desejassem Shakespeare e eles querem a Floribella, os Morangos e o Paulo Coelho. E depois? Ou ficamos revoltados ou pedagogos tristes e ineficazes, ou uma mistura das duas coisas. Nós ajudámos a fazer este mundo de mais liberdade e mais democracia, que o é de facto. O 25 de Abril foi o que foi porque a geração de 60 o fez assim. Se os militares tivessem derrubado Salazar nos anos 40 ou Delgado o tivesse feito em 1958, o país seria certamente muito diferente." (...)


Ah pois seria, com toda a certezinha absoluta. Só Sepúlveda se poderia admirar de haver aqui polícias que o lêem.

quarta-feira, novembro 29, 2006

Queixinhas

No seu Origem das Especies, Francisco Jose' Viegas sobre a politica dos portugueses para a cultura:

"A arte da queixa funciona na perfeição. Ontem, era atribuída ao Estado a culpa de não haver um programa de livros -- nem na televisão nem na rádio. À minha frente."

"Outra das falácias é a do deserto de programação cultural. Que há poucas coisas a acontecer. Que Porto e Lisboa, etc, etc, etc, não têm actividades culturais bastantes. Esta gente não tem juízo. Leiam os jornais, os boletins municipais, os blogs, os sites, tudo isso. Não me lixem."


O negrito e' meu.

segunda-feira, novembro 27, 2006

E eu não disse? (*)

Vá lá. Desta vez demoraram uma semanita.

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(*) Posta imediatamente anterior.

terça-feira, novembro 21, 2006

O lobby nuclear

Agora que voltaram a anunciar pela enésima vez que sempre se vai construir o ITER (International Thermonuclear Experimental Reactor, no original) em Cadarache, espera-se a todo o momento mais uma entrevista do inenarrável Patrick Monteiro de Barros à imprensa do seu coração.

domingo, novembro 19, 2006

O ex-espião envenenado a frio



ESTÁ LÁ TUDO: um dissidente do KGB, um restaurante japonês em Londres, um encontro com 'um homem chamado Mario', uma entrega de documentos e um veneno indetectável e mortal.

Se a Guerra Fria não tivesse acabado, seria compreensível que alguém julgasse tratar-se do trailer do novo James Bond, acabadinho de estrear na sexta-feira.

Mas não, é mesmo a sério: até hoje pouca gente havia ouvido falar do cidadão Alexander Litvinenko. Exilado em Inglaterra desde 2000, proclamava andar a investigar o assassinato da jornalista Anna Politkovskaya, em Outubro passado.
Por isso ou não, está agora sob observação em sala limpa, sistema imunitário debilitado pela ingestão de sulfato de tálio.

Litvinenko havia recebido asilo político de Londres por se opôr a Putin e este o perseguir enquanto cidadão. Nomeadamente, impedindo a distribuição do livro em que o antigo agente da KGB e recente do FSB (sigla em inglês para "Direcção Federal de Segurança"), acusava os serviços secretos russos de serem estes, e não os rebeldes chéchenos, os responsáveis pelas bombas que mataram mais de 300 pessoas em prédios de apartamentos em 1999.

Até aqui, o currículo de activista parece impecável. Mas acontece que as dissidências começaram antes, ainda o sr. Putin era apenas o director do FSB. Aparentemente, Litvinenko não foi o mais sucedido dos funcionários no que tocava a combater a corrupção na própria polícia. Mais tarde, em 1998, é acusado de se servir do seu cargo (e é preso por isso) para expôr uma suposta tentativa de assassinato contra o oligarca Boris Berezovsky, actualmente também auto-exilado no Reino Unido.

É certo que é difícil de acreditar que o ex-espião se lembrasse de temperar o próprio sushi só para danificar ainda mais a coxa reputação do presidente russo. Mas há algo de podre nesta história e não é o marisco de Picadilly: gente como Berezovsky foi demasiado lesta a correr para os média para implicar os serviços secretos russos; depois há a visita diária de um 'amigo' comum àquele mafioso a um Litvnenko extremamente debilitado e com guarda armado à porta do quarto.

Se não foi Putin, terá havido troca de favores, num crisscross digno de Hitchcock? Se sim, qual seria a moeda de troca?

Qualquer que tenha sido o mandante, e levando o trocadilho à exaustão, uma coisa parece certa: quem se deita com a máfia arrisca-se a acordar com os peixes.

sexta-feira, novembro 17, 2006

Imigração

O Reino de Espanha passou de 3 milhões de desempregados nos anos oitenta para um mercado de trabalho em que os imigrantes, segundo um estudo governamental resumido no DN de hoje, foram responsáveis por metade do crescimento económico e metade do excedente das contas públicas nos últimos anos.

No Reino Unido já se sabe disto há muito tempo, daí que, e por piores defeitos que tenha, seja sempre o primeiro país a aceitar a entrada de trabalhadores dos países provindos dos vários alargamentos da União, sem os pudores que outros demonstram.

E nós por cá, como é? Lá vamos convivendo e sofrendo com o déficite, entre o boato mentecapto sobre lojas chinesas, o ucraniano ilegal que assenta tijolos nas obras públicas, o Valentim Loureiro e o perdão de dívidas fiscais à banca.

Quando não aguentamos mais a depressão emigramos. Geralmente para um de dois ou três reinos.

terça-feira, novembro 14, 2006

"Who's Rumsfeld?"

Foi a pergunta do cabo dos marines James L. Davis Jr., colocado em Zagarit, Iraque.

domingo, novembro 12, 2006

O maior Português de sempre

Dizem por aí que os melhores classificados na eleição do maior Português de sempre são Cunhal, Salazar e D. Afonso Henriques.

Eles formam o elenco daquilo que seria a melhor eleição presidencial de sempre:

Cunhal como candidato da esquerda,

Salazar como candidato do centro,

D. Afonso Henriques como candidato da direita.

quarta-feira, novembro 08, 2006

Big Uncle is watching you

É só fazer o registo de endereço de correio electrónico e à noite já pode andar pelos bares a dizer que trabalha para o governo americano.

Aqui Texas Border Watch.

segunda-feira, novembro 06, 2006

A invasão do Irão

Qual é a hipótese mais viável para uma invasão do Irão pelos EEUU e forças aliadas?

Olhando para um mapa a primeira ideia que vem à cabeça é alcançar Teerão ladeando as margens do Mar Cáspio, a partir do Azerbaijão e do Turquemenistão. Acontece que os EEUU não têm bases no Azerbaijão e têm apenas um reduzido apoio logístico no Turquemenistão.

Para além disso, no primeiro caso, há que vencer umas quantas montanhas de mais de 2000 metros de altitude, o que não favorece um exército mecanizado e high-tec como o Americano na luta contra um inimigo primitivo mas numeroso e determinado.

Em alternativa ao Turquemenistão surge o Afeganistão onde a NATO já tem as bases logísticas necessárias ( à ocupação ).

Acontece que entre o Afeganistão e Teerão existem também umas quantas montanhas, um par de milhares de quilómetros e o deserto estéril do Khorassan.

Por aqui só, não basta.

A partir do Paquistão as condições são semelhantes às do Afeganistão mas para pior: piores bases, maior distância, desertos ainda mais secos.

Sobra a Turquia e o Iraque.

A distância é bastante menor a partir do Iraque, principalmente se se usar o caminho do passo dos Montes Zagros mas, em qualquer dos casos, a distância e a quantidade de obstáculos montanhosos a vencer é demasiado grande, mesmo para o exército Americano, principalmente quando tem a retaguarda Iraquiana ameaçada.

Esta análise parece demonstrar, no entanto, que as melhores hipóteses de invasão são mesmo a partir do Iraque e do Afeganistão.

Does it ring a bell?

Em 2003, Bush apregoou aos quatros ventos o eixo do mal, curiosamente composto por
três países: Iraque, Coreia do Norte e Irão.

Surpreenderam-se na altura com o Irão. Agora já não se surpreendem.

Já na altura se escrevia em surdina que a Coreia era para disfarçar e que o ataque ao Iraque era uma preparação do ataque ao Irão, dado que os EEUU precisavam de um bom trampolim para o ataque e o Iraque era o melhor de todos eles.

Com as dificuldades actuais no Iraque considera-se que a conquista de Teerão é uma empresa arriscada.

Isto é óbvio!

Mas há algo de menos óbvio para os distraídos. Um ataque terrestre que vise vergar a vontade do regime Iraniano não necessita de ter Teerão, rodeada por montanhas e desertos, como alvo principal.

A estratégia anfíbia da Inglaterra Vitoriana ditaria um ataque ao ponto fraco do inimigo de molde a forçá-lo a negociar em condições desfavoráveis.

No caso do Irão, este ponto fraco é a planície do sudeste Iraniano, fronteira ao Iraque e ao golfo Pérsico e fonte da maior parte do petróleo Iraniano.

A tomada desta região é menos perigosa e é um golpe sufocante na economia Iraniana.

A base mais óbvia para este ataque é também o Iraque mas um ataque anfíbio também servia. Os EEUU têm os meios para o efectuar.

O maior contra é o facto de hoje em dia ser extremamente difícil obter o efeito de surpresa exigido por este tipo de operação.

As baixas iniciais seriam também bastante elevadas.

Mesmo assim, com medidas de decepção inteligentes, seria possível enfraquecer e baralhar as defesas.

A invasão do Iraque não era necessária.

A invasão do Iraque está a provar ser insuficiente.

O argumento do Iraque como trampolim para o Irão está a voltar.

Não o engulam.

domingo, novembro 05, 2006

Fora de prazo: sondagens

Sempre achei uma certa graça que só em Portugal existisse esta discussão endémica em torno da união ibérica. Como disse Eduardo Lourenço, "temos um excesso de identidade", e parece ser com desenfreada volúpia que nos atiramos frequentemente para a miragem da sua dissolução.


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Dos livros de História (Mattoso? O. Marques??):
"(...) Nobreza e clero venderam-se porque se achavam geralmente desprovidos de fundos. Ao mesmo tempo receavam motins populares ... para a grande burguesia, também, a União Ibérica só traria um fortalecimento do sistema financeiro do Estado, e portanto uma protecção ... significaria igualmente a abertura dos novos mercados e a supressão das barreiras alfandegárias".

Self-righteousness

Há dois géneros de pessoa que me arrepiam: as que se levam demasiado a sério e aquelas que não levam a sério ninguém. As primeiras estarão em minoria mas o que mete mais medo é que se alimentem dos despojos das segundas.

O Alentejo não é paisagem

Serviço público de internete

Segundo cita o Portugal dos Pequeninos, há três homens da nossa História que se arriscam ao apodo de Grande Português pela graça de Maria Elisa e vontade da massa histriónica.

A pergunta é: qual dos defuntos afirmou um dia "enquanto houver um português sem pão a revolução continua"?

Ganha quem acertar no menor número de respostas.

sábado, novembro 04, 2006

Idade dos porquês

Por que é que não há guerras por causa de temperos se um litro de azeite é 5 vezes mais caro que um litro de gasolina?

E o prémio A melhor alcunha dada a colunista do DN vai para...

... "O abominável colunista das Neves",

por João Gundersen, no Arco do Cego.

Dependência Nacional

Alerta de Paulo Gorjão no Bloguítica:

"Nuno Ribeiro da Silva alertou para o perigo da dependência portuguesa face ao exterior em termos de tecnologia e matérias-primas. «Já não é só uma questão de dependência de energia é todo o segmento de bens, serviços e equipamentos», salientou o presidente da Endesa Portugal (DE, 3.11.2006: 17).
.
Pelo sim e pelo não, alguém poderia fazer o favor de alertar Manuel Pinho?"


Fui vêr. Não era orvalho. Era mesmo a Endesa, a empresa espanhola para a qual foi encomendado o MIBEL.

Isto para a parte A da afirmação; para a parte B, descubra a diferença nos parâmetros das aplicações do servidor usado pelo Diário Económico.

Gödel chamaria a isto uma metadependência.