A invasão do Irão
Qual é a hipótese mais viável para uma invasão do Irão pelos EEUU e forças aliadas?
Olhando para um mapa a primeira ideia que vem à cabeça é alcançar Teerão ladeando as margens do Mar Cáspio, a partir do Azerbaijão e do Turquemenistão. Acontece que os EEUU não têm bases no Azerbaijão e têm apenas um reduzido apoio logístico no Turquemenistão.
Para além disso, no primeiro caso, há que vencer umas quantas montanhas de mais de 2000 metros de altitude, o que não favorece um exército mecanizado e high-tec como o Americano na luta contra um inimigo primitivo mas numeroso e determinado.
Em alternativa ao Turquemenistão surge o Afeganistão onde a NATO já tem as bases logísticas necessárias ( à ocupação ).
Acontece que entre o Afeganistão e Teerão existem também umas quantas montanhas, um par de milhares de quilómetros e o deserto estéril do Khorassan.
Por aqui só, não basta.
A partir do Paquistão as condições são semelhantes às do Afeganistão mas para pior: piores bases, maior distância, desertos ainda mais secos.
Sobra a Turquia e o Iraque.
A distância é bastante menor a partir do Iraque, principalmente se se usar o caminho do passo dos Montes Zagros mas, em qualquer dos casos, a distância e a quantidade de obstáculos montanhosos a vencer é demasiado grande, mesmo para o exército Americano, principalmente quando tem a retaguarda Iraquiana ameaçada.
Esta análise parece demonstrar, no entanto, que as melhores hipóteses de invasão são mesmo a partir do Iraque e do Afeganistão.
Does it ring a bell?
Em 2003, Bush apregoou aos quatros ventos o eixo do mal, curiosamente composto por
três países: Iraque, Coreia do Norte e Irão.
Surpreenderam-se na altura com o Irão. Agora já não se surpreendem.
Já na altura se escrevia em surdina que a Coreia era para disfarçar e que o ataque ao Iraque era uma preparação do ataque ao Irão, dado que os EEUU precisavam de um bom trampolim para o ataque e o Iraque era o melhor de todos eles.
Com as dificuldades actuais no Iraque considera-se que a conquista de Teerão é uma empresa arriscada.
Isto é óbvio!
Mas há algo de menos óbvio para os distraídos. Um ataque terrestre que vise vergar a vontade do regime Iraniano não necessita de ter Teerão, rodeada por montanhas e desertos, como alvo principal.
A estratégia anfíbia da Inglaterra Vitoriana ditaria um ataque ao ponto fraco do inimigo de molde a forçá-lo a negociar em condições desfavoráveis.
No caso do Irão, este ponto fraco é a planície do sudeste Iraniano, fronteira ao Iraque e ao golfo Pérsico e fonte da maior parte do petróleo Iraniano.
A tomada desta região é menos perigosa e é um golpe sufocante na economia Iraniana.
A base mais óbvia para este ataque é também o Iraque mas um ataque anfíbio também servia. Os EEUU têm os meios para o efectuar.
O maior contra é o facto de hoje em dia ser extremamente difícil obter o efeito de surpresa exigido por este tipo de operação.
As baixas iniciais seriam também bastante elevadas.
Mesmo assim, com medidas de decepção inteligentes, seria possível enfraquecer e baralhar as defesas.
A invasão do Iraque não era necessária.
A invasão do Iraque está a provar ser insuficiente.
O argumento do Iraque como trampolim para o Irão está a voltar.
Não o engulam.
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