segunda-feira, novembro 06, 2006

A invasão do Irão

Qual é a hipótese mais viável para uma invasão do Irão pelos EEUU e forças aliadas?

Olhando para um mapa a primeira ideia que vem à cabeça é alcançar Teerão ladeando as margens do Mar Cáspio, a partir do Azerbaijão e do Turquemenistão. Acontece que os EEUU não têm bases no Azerbaijão e têm apenas um reduzido apoio logístico no Turquemenistão.

Para além disso, no primeiro caso, há que vencer umas quantas montanhas de mais de 2000 metros de altitude, o que não favorece um exército mecanizado e high-tec como o Americano na luta contra um inimigo primitivo mas numeroso e determinado.

Em alternativa ao Turquemenistão surge o Afeganistão onde a NATO já tem as bases logísticas necessárias ( à ocupação ).

Acontece que entre o Afeganistão e Teerão existem também umas quantas montanhas, um par de milhares de quilómetros e o deserto estéril do Khorassan.

Por aqui só, não basta.

A partir do Paquistão as condições são semelhantes às do Afeganistão mas para pior: piores bases, maior distância, desertos ainda mais secos.

Sobra a Turquia e o Iraque.

A distância é bastante menor a partir do Iraque, principalmente se se usar o caminho do passo dos Montes Zagros mas, em qualquer dos casos, a distância e a quantidade de obstáculos montanhosos a vencer é demasiado grande, mesmo para o exército Americano, principalmente quando tem a retaguarda Iraquiana ameaçada.

Esta análise parece demonstrar, no entanto, que as melhores hipóteses de invasão são mesmo a partir do Iraque e do Afeganistão.

Does it ring a bell?

Em 2003, Bush apregoou aos quatros ventos o eixo do mal, curiosamente composto por
três países: Iraque, Coreia do Norte e Irão.

Surpreenderam-se na altura com o Irão. Agora já não se surpreendem.

Já na altura se escrevia em surdina que a Coreia era para disfarçar e que o ataque ao Iraque era uma preparação do ataque ao Irão, dado que os EEUU precisavam de um bom trampolim para o ataque e o Iraque era o melhor de todos eles.

Com as dificuldades actuais no Iraque considera-se que a conquista de Teerão é uma empresa arriscada.

Isto é óbvio!

Mas há algo de menos óbvio para os distraídos. Um ataque terrestre que vise vergar a vontade do regime Iraniano não necessita de ter Teerão, rodeada por montanhas e desertos, como alvo principal.

A estratégia anfíbia da Inglaterra Vitoriana ditaria um ataque ao ponto fraco do inimigo de molde a forçá-lo a negociar em condições desfavoráveis.

No caso do Irão, este ponto fraco é a planície do sudeste Iraniano, fronteira ao Iraque e ao golfo Pérsico e fonte da maior parte do petróleo Iraniano.

A tomada desta região é menos perigosa e é um golpe sufocante na economia Iraniana.

A base mais óbvia para este ataque é também o Iraque mas um ataque anfíbio também servia. Os EEUU têm os meios para o efectuar.

O maior contra é o facto de hoje em dia ser extremamente difícil obter o efeito de surpresa exigido por este tipo de operação.

As baixas iniciais seriam também bastante elevadas.

Mesmo assim, com medidas de decepção inteligentes, seria possível enfraquecer e baralhar as defesas.

A invasão do Iraque não era necessária.

A invasão do Iraque está a provar ser insuficiente.

O argumento do Iraque como trampolim para o Irão está a voltar.

Não o engulam.

Sem comentários: