"Para nós, o que é realmente importante é que haja circulação de pessoas entre Espanha e Portugal, pois é isso que fará da Extremadura uma referência e um espaço de união"
Se é por causa disso, o número de gasolineiras fechadas deste lado da fronteira nos últimos anos prova que o trabalho está feito. O pessoal circula e muito.
Ummm, Lisboa-Madrid? Não. Pelo contrário, estão previstas paragens. Em Évora, por exemplo. E acho que Vai parar em Badajoz ou Mérida. Não tenho a certeza mas posso informar-me de fonte segura. Em Espanha, o "AVE" Madrid-Sevilha também pára em Toledo e outras cidades. O Madrid-Valladolid pára em Segóvia, etc...
É. Não percebo para quê a "alta velocidade" se depois o comboio pára em todas as estações e apeadeiros. Espanha ainda têm dimensão suficiente para que o Madrid-Barcelona pare em Zaragoza, mas na nossa tirinha de 250km... Na Holanda chegas de comboio a qualquer parte do país em meia hora. Na Dinamarca também. Nós destruímos toda a rede ferroviária para agora construir o TGV. Absurdo.
E chegámos ao meu ponto: a linha a construir serve, na realidade, para completar na meseta a rede em estrela tal como outrém determinou. Outrém que aquece as costas de um mandarete extremenho.
Podes sempre queixar-te ao presidente da república. Foi ele quem recebeu o ouro para fazer auto-estradas radiais e no litoral e abandonar as linhas do interior.
Parece que o TgV para a fronteira norte não vai ter mercadorias. Curioso, não?
Bom, quanto à rede em estrela, que outra alternativa haveria? No que nos toca, ou essa ou nenhuma. Ou ia-mos convencer os espanhóis a substituir a linha Irun-Portugal pela alta velocidade só em nosso beneficio? Li essa ideia na página que me enviaste do "maquinista" e parece-me ainda mais absurda que a actual porque significa ignorar Espanha e o contexto ibérico. É que para todos os efeitos, e para usar uma expressão castelhana, são eles quem "corta el bacalao". Outra ideia bastante parva é a de "chegar à Europa". Nunca lá chegaremos se continuarmos com esta mentalidade de que não fazemos parte dela (nem que haja charters diários e gratuitos para todos). E a questão da rede em estrela, não é uma necessidade do "centralismo espanhol", é uma questão de bom senso na circulação dos recursos da península. Por exemplo: não há muito tempo, 98% dos recursos energéticos de toda a Espanha vinham das Astúrias. Neste momento, depois do aumento do investimento nas renováveis, são ainda 75%! A zona de Espanha com maior PIB per capita não é nem a Catalunha nem o País Basco, mas sim... Almeria, que abastece de vegetais o resto do país. Qual a melhor opção, criar uma teia de aranha de distribuição de produtos (energéticos e outros), ou redistribui-los a partir de um ponto central? A resposta é óbvia, não?
Uma achega (para não parecer desonesto por omissão). Evidentemente não se pode comparar uma zona (Almeria) com uma região (Catalunha ou País Basco). Ainda assim, os dados continuam a ser verdadeiros se a comparação for feita entre Almeria e Madrid, Barcelona ou Bilbao. De resto, a agricultura intensiva em Almeria tem os dias contados por causa da sobre-exploração dos recursos.
acho que o ponto em que verdadeiramente discordamos é esse.
este país não faz fronteira a toda a volta da periferia da espanha mas apenas a oeste dela. eu estou-me perfeitamente nas tintas para as facilidades radiais e para o que fica mais barato aos espanhóis ou onde está o rendimento per capita mais alto de espanha e o camandro.
mais de 60% das exp/imp são para/da europa não-espanhola: o que menos interessa é circular recursos na península; interessa sim pô-los dali para fora, o mais depressinha e barato possível e em linha recta. redistribuição? brincas. só se for para favorecer um intermediário e encarecer um produto. só se for para perder poder de negociação, de decisão: se há mercado central em madrid, ninguém virá comprar ou vender em lisboa.
e quem diz produtos, diz empresas e serviços.
não é nacionalismo da treta. quando as empresas estrangeiras "racionalizam" recursos, extinguindo as unidades portuguesas e juntado tudo numa sucursal ibérica fazem exactamente uso da mesma lógica centralista. a tal lógica de "bom senso" resulta em desemprego e perda de investimento em portugal.
quanto mais não fosse, o argumento geográfico chegava para levar pelo menos a uma conclusão: nada temos a ganhar com centralismos peninsulares. só a perder.
eles têm o bacalhau e a faca na mão? pois, essa é que é essa. e também foi com essa mentalidade de quero posso e mando que almeria se tornou (ou se tornará proximamente) no primeiro deserto sobre-saariano do mundo. e isso, infelizmente, não traz prejuízo só a eles.
"este país não faz fronteira a toda a volta da periferia da Espanha mas apenas a oeste dela." (???) Escapou-se-me a notícia da independência da Galiza.
Mas se te estás a referir aos transportes marítimos. São os que mais combustível consomem (ao contrário do que se escreve, algures, no tal blogue do "maquinista").
Mais de 60% das imp/exp são para a Europa não espanhola, é verdade, o que é o mesmo que dizer que mais de 30% SÃO para Espanha.
Seja como for, a ideia do eixo Irun-Portugal continua a ser absurda porque no país deles mandam eles. E ninguém os vai obrigar a renovar essa linha.
As vias de comunicação têm dois sentidos e podem ser motivo de centralização ou descentralização. É o mesmo que dizer que as autoestradas foram prejudiciais para o interior de Portugal porque as pessoal as utilizam só num sentido.
Hoje em dia, há muita gente que trabalha em Madrid e vive em Segóvia porque viajar no AVE é mais prático (e barato) do que viajar nos "cercanias" e viver em Móstoles ou Torrelodones.
Madrid é o centro geográfico deste território peninsular. Ponto. Lisboa continua a ser a porta atlântica que sempre foi. Ponto. Estou a falar exclusivamente de geografia e isso são coisas que não mudam, a não ser que as placas tectónicas nos façam uma surpresa (lagarto, lagarto, lagarto).
a galiza, na perspectiva radialista, fica a oeste de madrid, ten-hundred-hours. todo o território português fica a oeste de madrid.
mas ainda bem que falas na galiza. se "radiares" para/por madrid algo vendido/comprado à galiza, tens uma ineficiência de uso de combustível absurda. ao que parece, não vai haver transporte de mercadorias em TgV entre pt e a galiza. porquê?
quem manda no país deles são eles? não só. as infrastruturas estratégicas já não são de exclusiva autoridade nacional. descansa que se houvesse recursos considerados imprescindíveis pelo resto da europa a geografia ficava do nosso lado. como não há, comparativamente, não temos voz que nos valha.
voltando a esta realidade, certas opções fazem com que eles também mandem no nosso.
com ou sem geografia. i.e., ainda que a capital deles fosse em olivença.
adenda: não são mais 30%. são à volta de 20%/27% exp/imp. também temos comércio com o resto do mundo.
12 comentários:
"Para nós, o que é realmente importante é que haja circulação de pessoas entre Espanha e Portugal, pois é isso que fará da Extremadura uma referência e um espaço de união"
Se é por causa disso, o número de gasolineiras fechadas deste lado da fronteira nos últimos anos prova que o trabalho está feito. O pessoal circula e muito.
bem, se queres entrar em "erros" de projecto...
para que está a extremadura interessada neste tgv se o propósito de qualquer tgv é... não parar (lisboa-madrid)?
http://www.maquinistas.org/labels/TGV.html
Ummm, Lisboa-Madrid? Não. Pelo contrário, estão previstas paragens. Em Évora, por exemplo. E acho que Vai parar em Badajoz ou Mérida. Não tenho a certeza mas posso informar-me de fonte segura.
Em Espanha, o "AVE" Madrid-Sevilha também pára em Toledo e outras cidades. O Madrid-Valladolid pára em Segóvia, etc...
Ora bolas, lá se foi a alta velocidade.
É. Não percebo para quê a "alta velocidade" se depois o comboio pára em todas as estações e apeadeiros. Espanha ainda têm dimensão suficiente para que o Madrid-Barcelona pare em Zaragoza, mas na nossa tirinha de 250km...
Na Holanda chegas de comboio a qualquer parte do país em meia hora. Na Dinamarca também. Nós destruímos toda a rede ferroviária para agora construir o TGV. Absurdo.
E chegámos ao meu ponto: a linha a construir serve, na realidade, para completar na meseta a rede em estrela tal como outrém determinou.
Outrém que aquece as costas de um mandarete extremenho.
Podes sempre queixar-te ao presidente da república. Foi ele quem recebeu o ouro para fazer auto-estradas radiais e no litoral e abandonar as linhas do interior.
Parece que o TgV para a fronteira norte não vai ter mercadorias. Curioso, não?
Bom, quanto à rede em estrela, que outra alternativa haveria? No que nos toca, ou essa ou nenhuma. Ou ia-mos convencer os espanhóis a substituir a linha Irun-Portugal pela alta velocidade só em nosso beneficio? Li essa ideia na página que me enviaste do "maquinista" e parece-me ainda mais absurda que a actual porque significa ignorar Espanha e o contexto ibérico. É que para todos os efeitos, e para usar uma expressão castelhana, são eles quem "corta el bacalao". Outra ideia bastante parva é a de "chegar à Europa". Nunca lá chegaremos se continuarmos com esta mentalidade de que não fazemos parte dela (nem que haja charters diários e gratuitos para todos).
E a questão da rede em estrela, não é uma necessidade do "centralismo espanhol", é uma questão de bom senso na circulação dos recursos da península.
Por exemplo: não há muito tempo, 98% dos recursos energéticos de toda a Espanha vinham das Astúrias. Neste momento, depois do aumento do investimento nas renováveis, são ainda 75%! A zona de Espanha com maior PIB per capita não é nem a Catalunha nem o País Basco, mas sim... Almeria, que abastece de vegetais o resto do país.
Qual a melhor opção, criar uma teia de aranha de distribuição de produtos (energéticos e outros), ou redistribui-los a partir de um ponto central? A resposta é óbvia, não?
Uma achega (para não parecer desonesto por omissão). Evidentemente não se pode comparar uma zona (Almeria) com uma região (Catalunha ou País Basco). Ainda assim, os dados continuam a ser verdadeiros se a comparação for feita entre Almeria e Madrid, Barcelona ou Bilbao.
De resto, a agricultura intensiva em Almeria tem os dias contados por causa da sobre-exploração dos recursos.
acho que o ponto em que verdadeiramente discordamos é esse.
este país não faz fronteira a toda a volta da periferia da espanha mas apenas a oeste dela.
eu estou-me perfeitamente nas tintas para as facilidades radiais e para o que fica mais barato aos espanhóis ou onde está o rendimento per capita mais alto de espanha e o camandro.
mais de 60% das exp/imp são para/da europa não-espanhola: o que menos interessa é circular recursos na península; interessa sim pô-los dali para fora, o mais depressinha e barato possível e em linha recta.
redistribuição? brincas. só se for para favorecer um intermediário e encarecer um produto. só se for para perder poder de negociação, de decisão: se há mercado central em madrid, ninguém virá comprar ou vender em lisboa.
e quem diz produtos, diz empresas e serviços.
não é nacionalismo da treta. quando as empresas estrangeiras "racionalizam" recursos, extinguindo as unidades portuguesas e juntado tudo numa sucursal ibérica fazem exactamente uso da mesma lógica centralista.
a tal lógica de "bom senso" resulta em desemprego e perda de investimento em portugal.
quanto mais não fosse, o argumento geográfico chegava para levar pelo menos a uma conclusão: nada temos a ganhar com centralismos peninsulares. só a perder.
eles têm o bacalhau e a faca na mão? pois, essa é que é essa.
e também foi com essa mentalidade de quero posso e mando que almeria se tornou (ou se tornará proximamente) no primeiro deserto sobre-saariano do mundo. e isso, infelizmente, não traz prejuízo só a eles.
"este país não faz fronteira a toda a volta da periferia da Espanha mas apenas a oeste dela." (???)
Escapou-se-me a notícia da independência da Galiza.
Mas se te estás a referir aos transportes marítimos. São os que mais combustível consomem (ao contrário do que se escreve, algures, no tal blogue do "maquinista").
Mais de 60% das imp/exp são para a Europa não espanhola, é verdade, o que é o mesmo que dizer que mais de 30% SÃO para Espanha.
Seja como for, a ideia do eixo Irun-Portugal continua a ser absurda porque no país deles mandam eles. E ninguém os vai obrigar a renovar essa linha.
As vias de comunicação têm dois sentidos e podem ser motivo de centralização ou descentralização.
É o mesmo que dizer que as autoestradas foram prejudiciais para o interior de Portugal porque as pessoal as utilizam só num sentido.
Hoje em dia, há muita gente que trabalha em Madrid e vive em Segóvia porque viajar no AVE é mais prático (e barato) do que viajar nos "cercanias" e viver em Móstoles ou Torrelodones.
Madrid é o centro geográfico deste território peninsular. Ponto. Lisboa continua a ser a porta atlântica que sempre foi. Ponto. Estou a falar exclusivamente de geografia e isso são coisas que não mudam, a não ser que as placas tectónicas nos façam uma surpresa (lagarto, lagarto, lagarto).
a galiza, na perspectiva radialista, fica a oeste de madrid, ten-hundred-hours. todo o território português fica a oeste de madrid.
mas ainda bem que falas na galiza. se "radiares" para/por madrid algo vendido/comprado à galiza, tens uma ineficiência de uso de combustível absurda. ao que parece, não vai haver transporte de mercadorias em TgV entre pt e a galiza. porquê?
quem manda no país deles são eles? não só. as infrastruturas estratégicas já não são de exclusiva autoridade nacional. descansa que se houvesse recursos considerados imprescindíveis pelo resto da europa a geografia ficava do nosso lado.
como não há, comparativamente, não temos voz que nos valha.
voltando a esta realidade, certas opções fazem com que eles também mandem no nosso.
com ou sem geografia. i.e., ainda que a capital deles fosse em olivença.
adenda: não são mais 30%. são à volta de 20%/27% exp/imp. também temos comércio com o resto do mundo.
ah! lagarto, lagarto, lagarto! :)
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