E o burro sou eu?
Parece incrível, mas façamos a comparação.
Os gestores financeiros são (eram) mitificados, pagos a peso de ouro e vistos como super-homens: trabalhavam 25 horas por dia, levavam uma vida invejável e ainda punham o focinho nos media para criticar os políticos e a sua falta de amor ao mercado, declarando-os responsáveis pelo declínio do poder e competitividade do Ocidente.
Os gestores são os indivíduos indigitados pelos accionistas das sociedades cotadas em bolsa para gerirem as ditas sociedades das quais os accionistas são os legítimos proprietários.
Na realidade, os gestores estão para os accionistas como os políticos estão para os cidadãos.
Os cidadãos são, na realidade, accionistas do estado.
Comparemos agora a eficácia com que os cidadãos e os accionistas têm controlado a sua propriedade e as pessoas a quem entregam a procuração para a administrar.
Os políticos ganham muito menos que os gestores embora o seu âmbito de responsabilidades seja muito maior.
Quando são despedidos não levam indemnizações milionárias (na melhor das hipóteses, tornam-se gestores).
Estão muito mais sujeitos ao escrutínio dos media e, não só não são deificados, como toda a gente diz mal deles.
Ou seja, os cidadãos accionistas, como eu, são mais exigentes e exercem um escrutínio bastante mais apertado sobre os procuradores que administram as suas posses do que os educados investidores e gestores de participações que assumem papel equivalente nas sociedades com capital disperso em bolsa.
E o burro sou eu.
Sem comentários:
Enviar um comentário