Traumatismo ucraniano
Pres. Viktor Yoshchenko da Ucrânia, antes e depois de ser envenenado, em 2004. "Fontes não-oficiais" suspeitam da mão de Putine.
Viktor Yushchenko era primeiro-ministro da Ucrânia quando o sucesso das suas reformas levou os oligarcas e comunistas a depô-lo. Contudo, Yushchenko deu-lhes a volta, tendo vindo a ganhar a presidência da república em 2005 contra o candidato pró-russo, Viktor Yanukovich.
A vitória não foi fácil: para além da comprovada fraude eleitoral a favor do seu adversário, ainda durante a campanha foi alvo de tentativa de assassinato por envenenamento. Suspeitou-se na altura dos serviços de segurança da Ucrânia, com cuja cúpula havia jantado, mas nada teria sido feito sem a colaboração dos serviços de segurança russos de Putine e do oligarca Boris Berezovsky. Não deixa de ser curioso que, dois anos mais tarde, outro desgraçado apanhado na triangulação destes dois nomes também tenha sido misteriosamente envenenado.
Não é por isso estranho que a primeira reacção à ameaça desta madrugada à Polónia venha do diretor do Instituto de Cooperação Euro-Atlântica de Kiev. "Uma invasão por 'tanques de manutenção de paz' é uma questão de tempo", disse Oleksandr Suchko no Ukrainska Pravda.
Provavelmente, quando os navios russos que atacaram a base naval de Poti e afundaram a exígua armada georgiana tentarem voltar a Sebastopol, na Crimeia, veremos se a histeria do sr. Sushko é apenas retórica de aliado ocidental. Se não mesmo antes.
Convém não esquecer que na Crimeia, a leste do rio Dnieper, também vive parte da população russa da Ucrânia... Uma justificação mais que suficiente para Putine, como ficou provado, invadir os seus vizinhos.
Uma curiosidade: a cidade de Ialta fica, ironicamente, também nesta península. Quase de propósito, a ordem mundial inaugurada no pós-guerra corre o risco de vir a ressuscitar precisamente no local que a viu nascer.
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