sexta-feira, março 13, 2009

Diz-me com quem andas...

Na página online dum jornal desportivo pode ler-se esta pérola:

«Já falou também Gil Moreira dos Santos, advogado de Pinto da Costa, que fez uma longa dissertação, recheada de momento poéticos, durante a qual aludiu a uma atuação "fascizante" do Ministério Público.»

E quem é este personagem, atento defensor do Estado de Direito, de seu nome Gil Moreira dos Santos?

Navegando pela net, podemos encontrar o seu nome citado variadíssimas vezes. Afinal de contas, este juiz de enorme notoriedade é Membro da Comissão de Direitos Humanos da Ordem dos Advogados, entre outras coisas. As outras razões da sua notoriedade é que parecem revelar uma personalidade, no mínimo, contraditória:

Durante anos, Gil Moreira dos Santos foi juiz do Tribunal Plenário do Porto.
Para quem não sabe o que foram os tribunais plenários há muita informação neste site, onde o seu nome é citado e de onde retirei este excerto:

"Esses «novos tribunais de excepção», «cujos juízes e acusador público eram nomeados segundo critérios de estrita confiança política», continuaram a funcionar como «um apêndice judicial da polícia política: cobriam as ilegalidades e violências cometidas pela PIDE, na instrução dos processos, aceitavam como prova os autos de declarações por ela preparados, com recurso à tortura e intimidação, e julgavam segundo os critérios aconselhados nos relatórios da polícia que acompanhavam os processos». Lembre-se, além disso, que, nas cadeias da PIDE/DGS, os advogados de defesa só podiam falar com os seus clientes na presença de um agente dessa polícia ou de um guarda prisional e, no Plenário, muitos deles também foram alvo de processos e alguns mesmo de agressão e prisão, por terem pretensamente desrespeitado o tribunal. Por exemplo, o advogado de defesa Manuel João da Palma Carlos foi condenado, por desrespeito ao tribunal, a sete meses de prisão, um ano de privação de direitos políticos e um ano de suspensão de exercício de advocacia."

O que aconteceu aos juízes fantoches desses tribunais é descrito num outro post do mesmo site. E poupo-vos a provérbios sobre ratos e navios...

Mais referências a Gil Moreira dos Santos podem ser encontradas aqui. Recomendo vivamente a leitura da caixa de mensagens à notícia. É divertida.

Depois de ler tudo isto cabe perguntar: que faz este sujeito num tribunal sem estar sentado no banco dos réus?

6 comentários:

Joaquim Carita disse...

E não será o único...

dorean paxorales disse...

Tem cuidado que ainda te salta uma brigada de 'camisas azuis' em cima...

luís Vintém disse...

Não, Quim, não será o único mas certamente é o que tem menos vergonha na cara.
Por outro lado, ninguém melhor que ele para reconhecer "métodos fascizantes" quando existam. Se calhar não estava a ser crítico para com o Ministério Público mas sim elogioso...

luís Vintém disse...

Camisas azuis... e brancas. Não, Dorean? Acho que o Bruno Pidá continua dentro desde a "Operação Noite Branca". Desse estou safo.

dorean paxorales disse...

A piainha estava mesmo a jeito. Mas atenção que não faço distinções entre clubismos. Tudo uma horda acéfala de fanáticos ululantes.

dorean paxorales disse...

Até porque em tempos elas eram verdes...

N'"O ano da morte de Ricardo Reis":
para não nos chamarem macacos de imitação, não a escolheremos nem preta nem castanha nem azul, já o branco suja-se muito, o amarelo é desespero, o vermelho Deus nos livre, o roxo pertence ao Senhor dos Passos, portanto, não resta mais que o verde.