Fica mal dizer dos mortos
Confesso, da nostalgia ninguém se livra. E de simpatia pelo senhor. Mas tenho as minhas reservas a tanto kudos que agora lhe é dado.
Não querendo ser mauzinho mas sendo, Vasco Granja era um bocado limitado nas suas escolhas. Os programas pareciam querer reverter para miúdos a sua própria visão de contrastes em modelos de sociedade: ou o humor slap-stick e ultra-violento do Tex avery ou as preocupações sociais e ambientalistas dos koniecs. Não deixa de ser irónico que, muito antes de acontecer na realidade, foi logo no "Animação" que os capitalistas ganharam a guerra fria das preferências infantis.
Acredito que, como os bonecos da Warner já eram do tempo da guerra quente e como as colagens de autor que se faziam no leste não estavam direcionadas para o lucro, esta programação devia ficar em conta.
Mas o resultado era, com perdão pelo trocadilho, pobre. Por exemplo, da variadíssima animação britânica (entre os quais, a fantástica curta The Snowman), para não falar de mais, rien.
No fundo, e não querendo roubar-lhe brio profissional, Vasco Granja - como o eng. Sousa Veloso, o chefe Silva, et c. - acabou, e enquanto durou o monopólio da televisão pública, por se tornar mais uma daquelas "presenças familiares" que nos conquistaram por ausência de escolha. Mais uma vez provando que, em terra de cegos, a longevidade é posto.
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