Reviver o passado na Basileia
À saída do avião em Basel-Mulhouse tinha uma bifurcação: para a esquerda, cubículo com polícia francês; à direita, a guarda era suiça. A côr tinta do passaporte foi quanto bastou para a loura me convidar a entrar no seu país.
Deambulava pelo centro da "cidade das exposições" ("Messestadt"), à procura por sítio para jantar, quando duas raparigas se me dirigem em português pedindo sugestão de sítio para jantar.
Chegados os três ao restaurante, o sr. António-já-aqui-estou-há-37-anos fez questão de trocar de área com o colega para poder ser ele a servir os compatriotas.
Depois de três garrafas de Nero d'Avola e muito piropo da parte do sr. António às minhas comensais, regressei aos meus aposentos.
O dia foi atarefado e, à saída do país, o guarda acenou-me a passagem enquanto olhava displicentemente para o seu romance de bolso. No duty free (tabaco a preços d'outrora!), o jovem afro-tuga da caixa até tinha dois brincos à Cristiano Ronaldo.
O circuito das exposições está a ficar saturado e aos basiléus mais valia esquecerem esse tipo de turismo cultural. Com a continuada imigração massiva de portugueses e a completa ausência de paranóias securatárias, o que parece ser um pulo de 24 horas à Suiça poderia muito bem ser vendido como uma doce viagem à CEE dos anos sessenta.
Ah. E nisso também.
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Foto: "La petite madone du Bidonville de Champigny" por Gérald Bloncourt, 1957
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