A Lista de Ratzinger
Confesso que já frequentemente cometia os anteriores e, quase sempre, sem espécie de arrependimento. Do alto da minha experiência, posso afiançar que, em matéria de maldade, nem se poderia chamar-lhes pecados. Arrisco mais: talvez não fora o espalhafato holywoodesco dado pelo poeta toscano e é provável que a Igreja não se tivesse dado ao trabalho de arengar com os pobres por tão pouco.
Assim, não desgostei deste upgrade papal.
Para já, as novas proibições não me afectam pois não tenho carro e não pretendo matar células embrionárias/bebés (riscar o que não interessa) num futuro próximo. Depois, fica tudo muito mais bem definido sem prejuízo de imparcialidade: constam lá dos requisitos para a danação eterna a pedofilia e a criação obscena de riqueza, as duas grandes actividades menos católicas (depois da Inquisição) da Igreja. Vamos a ver se é desta que aprendem.
Mais: como bem vi aqui escrito, ao ameaçar com o fogo infernal os apóstatas neo-liberais do arrefecimento global, retira-lhes o apoio dos negacionistas conservadores. E isto, pelo menos em Portugal, olha que é opus, pá.
Por último, o novo catálogo vai fornecer aos produtores americanos uma excelente base para o argumento de mais um filmaço, na senda do "Sete" e do "Dez" (mandamentos): o "Treze". E esta, parece-me, ainda é a melhor razão que consigo encontrar para regozijo geral pela Lista de Ratzinger.
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Painel direito do tríptico "Jardim das Delícias Terrenas", de Jerónimo Bosque, 1503-4
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