Os ricos que paguem a crise
Eduardo Pitta já faz aqui referência ao absurdo atual do crédito bonificado.
Para além dos resultados apontados, acrescento eu que nunca fez qualquer sentido o Estado subsidiar a construção civil para uso privado. Mais: ao estimular a ilusão da propriedade, a intervenção estatal apenas contribuiu para tolher ainda mais um mercado de aluguer que já era, por outros motivos, deficitário.
O outro grande beneficiário deste subsídio é a banca comercial. Exatamente a mesma que, independentemente de crises ou recessões, vê os seus lucros aumentarem anualmente.
Dirá alguém que o Estado acaba por recuperar o seu investimento/subsídio através da coleta sobre essas mais-valias bilionárias.
Por mais absurdo que pareça, nem por isso. Pois tendo em mãos uma atividade estável, lucrativa e sem risco de deslocalização, aquilo que o Estado faz é... aplicar um desconto de (pelo menos) 8% ao IRC da banca.
Para isto, seria preferível substituir os bancos por agiotas. Ao menos esses só vivem à custa de quem decide endividar-se.
Não é necessário ser economista para saber que um orçamento equilibra-se de duas maneiras: ou se reduz a despesa, ou se aumenta a receita. Mas se acreditarmos que a primeira responsabilidade de qualquer governo (e este até se diz socialista) é assegurar o bem-estar, e mesmo a sobrevivência, dos cidadãos, a escolha é mais do que legítima e racional, é óbvia: como diziam antigamente, os ricos que paguem a crise.
Sem comentários:
Enviar um comentário