Monstros
João Duque, professor no ISEG, queixou-se há algumas semanas, no seu artigo do Expresso, dos Duques, Marqueses e Condes modernos, os gestores.
Comparou os seus privilégios aos privilégios dos senhores feudais, sem a correspondente contrapartida em deveres públicos ("defesa do reino", "povoamento", etc.).
Pois é!
As escolas de "Ciências Económicas" andam há 30 anos a criar Monstros. Agora já há quem se queixe. A Criatura escapou ao controle do Dr. Frankenstein, Mr. Hyde sobrepôs-se ao Dr. Jekyll.
E o pior é que, fora Medicina, estas escolas continuam a atrair os melhores alunos que saem dos liceus.
No fim das suas licenciaturas estão ignorantes, inúteis, bem relacionados e preparados para tomar (e criar) todos os lugares de comando nas empresas.
Assim, agora, se numa empresa faltam técnicos, colocam-se mais gestores para gerir os técnicos existentes.
Se um serviço técnico não cumpre os requisitos não é por falta de técnicos nem por os requisitos serem lunáticos e apenas possíveis como produto da mais negra ignorância. Devidamente espremidos, os técnicos farão todas as imbecilidades pedidas que, depois, não darão dinheiro, porque a origem do problema está em quem pede.
Como o problema está em que pede e quem pede tem poder, quem pede não pode ser mudado. Quem pede tenta resolver o problema colocando mais uma camada de gestores, claro.
O problema persiste, ou agrava-se. Coloca-se mais uma camada. E assim por diante.
Toda a gente sabe que, se se quer remar mais depresa, o que é preciso não são remos e um rumo bem definido. O que é preciso é mais peso no barco e mais megafones.
João Duque bem se pode queixar. Mas ele está bem colocado para ajudar a mudar este estado de coisas.
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