segunda-feira, outubro 30, 2006

O mundo Islâmico

"Da Indonésia ao Marrocos, os povos muçulmanos estão em evervescência, levando as nações ocidentais [...] a se confrontar com problemas de singular dificuldade. [...] A mais intratável de todas as dificuldades [...] foi a Palestina. Desde a Declaração de Balfour, em 1917, tenho sido um fiel defensor da causa sionista. Nunca achei que os países árabes tenham recebido de nós nada mais do que imparcialidade. À Grã-Bretanha, e unicamente à Grã-Bretanha, eles deveram a sua própria existência como nações. Nós os criamos; dinheiro britânico e consultores britânicos marcaram o ritmo de seu progresso; armas britânicas os protegeram. [...]
Como nação mandatária, a Grã-Bretanha foi confrontada com o espinhoso problema de combinar a imigração judaica para a sua terra natal com a salvaguarda dos direitos dos habitantes árabes. Poucos de nós poderíamos censurar o povo judeu por suas opiniões violentas sobre esse assunto.
Não se pode esperar que uma raça que sofreu praticamente o extermínio seja inteiramente ponderada. Mas as actividades dos terroristas, que tentaram alcançar os seus objectivos através do assassinato de funcionários e militares britânicos, foram um odioso acto de ingratidão que deixou marcas profundas. [...] não foi de surpreender que o governo britânico viesse enfim lavar as suas mãos desse problema e a deixar que, em 1948, os judeus buscassem a sua própria salvação. [...]
A violência contagiosa ligada ao nascimento do Estado de Israel, vem desde então agravando as dificuldades do Oriente Médio. Vejo com admiração o trabalho feito ali para construir uma nação, para reconquistar o deserto e para receber inúmeros desafortunados, provenientes das comunidades judaicas do mundo inteiro. Mas as perspectivas são sombrias.
A situação de centenas de milhares de árabes expulsos de suas casas, sobrevivendo precariamente na terra de ninguém criada em torno das fronteiras de Israel, é cruel e perigosa. [...] Os líderes árabes de maior visão não conseguem enunciar conselhos de moderação sem ser silenciados aos gritos e ameaçados de assassinato. É um panorama tenebroso e assustador de violência e loucura ilimitadas. Uma coisa é certa. A honra e a sensatez exigem que o Estado de Israel seja preservado [...]


Winston Churchill, 1957

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