Na Áustria, como cá
SE NÃO ESTIVESSEM PERMANENTEMENTE EM ESTADO DE DORMÊNCIA PERIFÉRICA, estas eleições interessariam mais aos portugueses do que lhes parece. Mais pelas ilações a tirar, claro está, que por benefício directo.
Também a Áustria passa por crises endémicas, também ali o euro precipitou o endividamento pessoal a níveis insustentáveis, tornando o consumo, para além do turismo, o principal responsável pelo grande crescimento económico do último ano. Também entre os austríacos, nenhum dirigente tem capacidade ou vontade de apresentar uma estratégia de definição nacional, limitando-se a classe política - à excepção dúbia dos Verdes ou dos nacionalistas do partido da 'Liberdade' - a gerir margens de contabilidade.
Será interessante ver como a percepção alpina desta realidade - muito maior que a nossa - irá condicionar o voto. Até agora, o debate foi dominado pelas doces do costume (Schüssel e a baixa de impostos, Gusenbauer e a criação de empregos num país com a segunda mais baixa taxa de desemprego da U.E.) mas o Partido Popular no governo pode muito bem vir a sofrer com os escândalos do costume: corrupção criada pela promiscuidade entre a classe empresarial e política.
Ah, e no que diz respeito a saudosismos e complexos de inferioridade, i.e., impérios perdidos e vizinhos poderosos com os quais nos confundem, os dois países teriam assunto para tertúlia regada a Grüner Veltliner e a Reguengos que duraria até de madrugada.
Salva-nos na disputa, como eu gosto de fazer lembrar ao meu amigo D., de ainda termos uma língua diferente da dos "outros".
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