Este fim-de-semana vi televisão
E nela, o blogger Bernardo Pires de Lima.
BPL, num programa qualquer de informação (SIC Notícias?), fazia comentários a notícias dos jornais.
Uma senhora (jornalista?) perguntava-lhe, "então e que acha disto?" e BPL resumia o conteúdo do texto do jornal e acabava com "e isto parece-me preocupante".
Por exemplo, a terceira visita de Hugo Chavez a Lisboa é, para o investigador em relações internacionais, "deveras preocupante" (ou coisa assim do género). Infelizmente o leigo telespectador não teve direito a qualquer argumento que desse substância àquela confissão e a senhora, reverente, sediava-se pela mona lisa.
No mesmo registo, Marcelo Rebelo de Sousa diz umas coisas ao domingo numa rubrica apêndice de um telejornal diário. Em horário nobre, despacha meia-dúzia de conselhos de leitura lendo os títulos, os autores e as editoras directamente da capa dos mesmos. Às vezes, quando o autor é conhecido (leia-se, é presença certa no top da Barata), até faz referência a uma obra anterior que toda a gente tenha na estante. E.g., "Depois de Equador, Miguel Sousa de Tavares volta a escrever um romance histórico (...)", e segue para o próximo.
A análise à política externa também não é o seu forte.
E, finalmente, a ficção.
Há novelas até às duas da manhã. Quando não há novelas até às duas da manhã, há concursos ou realities até às duas da manhã (eu sei que estes não são ficção mas prefiro acreditar que sim).
Há por aí pérolas, estou certo. Mas, no cômputo geral, a SIC Radical, em q.b., entretém; e a RTP2, em meio ao charco, brilha como uma caveira cravejada de diamantes (aí está a referência a fait-diver de Expresso no melhor estilo MRS).
O resto faz-me sentir um bocado marciano.
P.S. que já me esquecia disto: apesar da necessidade imperiosa dos portugueses, morro-e-estalo-todo-senão-tenho-um-plasma, diria que 95-99% das emissões são em 4:3.
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