Mais uma liberdade
Existem aqueles tolos que defendem o criacionismo como teoria científica. Fazem-no porque têm liberdade para isso.
Existem aqueles que os criticam e os ridicularizam. Fazem-no porque têm liberdade para isso.
Existem depois aqueles que criticam e ridicularizam aqueles que criticam e ridicularizam os criacionistas.
Mas o argumento destes últimos é estranho e bem Anglo-Saxónico: todos têm direito á sua opinião, por muito disparatada que seja, e todos são obrigados a "respeitá-la", isto é, a exprimir polidamente a sua discordância, mostrando um profundo respeito intelectual pelo interlocutor, mesmo que este esteja a defender que Fátima foi resultado de fenómenos com extra-terrestres ou que a luz do sol é preta.
Não podem caçoar dos palermas e os palermas podem, na sociedade, lidar com as suas taras da mesma forma que os outros lidam com a ciência.
Podem, por exemplo, fundar uma Universidade onde se ensina as inexistentes bases científicas do criacionismo.
Existe aqui uma supressão de liberdade, a liberdade de ridicularizar o que é ridículo. Mas esta abordagem tem ainda alguns efeitos interessantes: suprime o conceito de verdade objectiva, suprime a ciência, de um ponto de vista conceptual (exclusivamente um produto do método científico), e, ao premiar a ignorância, promove uma sociedade de palermas onde os aldrabões e vigaristas se mexem à vontade, dentro da lei e da legitimidade.
A ideia é confundir trigo com joio, para desorientar os tolos e os ignorantes.
1 comentário:
Três postas do alto! De rajada!
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