Segredos de Polichinelo
Se a esquerda pavloviana dispara 'fascista' à primeira provocação, numa certa direita roem-se as unhas até aos cotovelos doridos por 'comunista' não obter o mesmo efeito e até parece que cegam com tal obsessão.
Tem isto que ver com a descoberta feita por portugueses leitores de jornais espanhóis que a Stasi mandava matar, indiscriminadamente, todo aquele que tentasse pular o Muro da Vergonha. É um facto conhecido de todos mas reafirmá-lo ajuda ao exercício maniqueísta e desvia a atenção de assuntos actuais mais difíceis de comentar.
Eu também fiz uma descoberta recentemente enquanto lia jornais estrangeiros: o número de crianças e mulheres violadas no Darfur é muito maior que as vítimas das kalashnikov no Muro e há milhares de seres indesejados que resultam e resultarão em permanente lembrança dessa vergonha.
Os nascituros não são uma consequência impensada mas sim parte de uma estratégia retorcida de etnicídio. Um miliciano será um criminoso com desejos selvagens contudo, para os líderes muçulmanos das janjaweed, o seu acto cumpre dois objectivos: impedir uma putativa entrada no paraíso à progenitora forçada (pois esta também é muçulmana) e prosseguir com a dita 'arabização' do país.
Daí que me pergunte sobre o que diriam essas vozes tão correctas acerca da vontade da Amnistia Internacional em alargar o seu mandato à defesa do aborto naquelas circunstâncias. E, se ainda houver indignação que baste, o que pensarão da ameaça por parte da Igreja Católica em retirar o seu apoio àquela organização humanitária como sinal de discordância com a sua recente tomada de posição.
Ou a vergonha é maior que o muro e vai ficar tudo em segredo?
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