Tragam as bandeirinhas e os cachecóis
O passeio à frente do café da minha esquina é bastante largo. Tão largo que o dono pagou a licença à câmara para aproveitar o espaço e colocou algumas mesas de esplanada, deixando folga para traseuntes igual ou até maior que os lancis do resto da rua.
À volta, os parquímetros estão avariados há anos e os lugares escasseiam. De maneira que quem não dá folga alguma a ele ou aos transeuntes são os burgessos que insistem em estacionar em cima do dito passeio, com a dentuça das grelhas e a arrogância dos faróis de ALD colados à mesa de alumínio onde me sento.
Aproxima-se um casal e, perante a dificuldade de circular entre os obstáculos, atiram a indignação para quem a apanhar: "como é que uma pessoa consegue passar aqui com a merda desta esplanada pelo meio?!"
Nada isto interessa para a eleição de amanhã, obviamente. Toda a reflexão que irá acompanhar os lisboetas no cumprimento do acto cívico será o reconforto de se saber votante de um clube qualquer.
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