quinta-feira, julho 01, 2010

Para neo-coninhas, ingénuos de pára-quedas e maluquinhos do liberalismo em geral

Do FT:

The irony of Portugal’s use of a golden share will not have escaped Telefónica and Madrid. Only five years ago, the Spanish telecoms group was protected by a golden share itself. But under heavy pressure from the European Commission, the Spanish government agreed to give it up as well as similar protection for three other groups.
(...)
Many of Europe’s largest companies have had golden shares at one time or another, from Volkswagen and Iberia to KPN and BAA.
(...)
One of the most famous recent golden share cases was with VW, the German carmaker protected by its own law. That law gave the local government of Lower Saxony a veto over big management decisions and the right to two board seats because of its 20 per cent shareholding. It gave the same rights to the federal government, even though Berlin did not exercise that power in recent years.
It was struck down by the ECJ three years ago but the German government then resurrected certain provisions to ensure that Lower Saxony and trade unions were protected and the new law has so far escaped renewed censure.


E acrescento eu que o articulista se esqueceu de mencionar a fatia de leão detida pelo estado francês sobre a EDF/GDF/Suez/etc ou, para voltar ao hemisfério sul, a posse indefectível pelo governo brasileiro da quarta maior empresa de energia do mundo, a Petrobras.
Mas isso são detalhes, não é? Só nós é que somos atrasadinhos e não compreendemos o enorme benefício nacional de deixar acionistas como os pobretanas do BES a pensar apenas com a carteira.

2 comentários:

jaa disse...

Caro dorean: creio que o problema não é o Estado deter empresas mas continuar a controlá-las já não as detendo. Que eu saiba, a Comissão Europeia não exige que se privatize a Caixa Geral de Depósitos, por exemplo, como penso não ter exigido que se privatizasse a PT. Mas reconheça-se que a ideia por trás das golden shares não é má: recebe-se o dinheiro das privatizações e continua a mandar-se e a colocar correligionários nas administrações, que às vezes até são úteis para tentar comprar canais de televisão incómodos; entretanto, se algo correr mal o dinheiro que se "queima" é dos accionistas.

dorean paxorales disse...

caro jaa,

ora bem, ninguém está inocente.
quem privatizou não pensava em eficiência mas sim em receita para o orçamento. e quando privatizou parcialmente pensava também na fuga ao controlo da IGF e do TC e não na fuga da empresa ao seu controlo. julgo que até aqui, incluindo boys rosa ou laranja, estaremos de acordo.

no entanto, uma coisa é certa: os acionistas privados da PT (92.21%, incluindo 12 estrangeiros), também não foram obrigados a investir na PT pela comissão europeia. fizeram-no não só com conhecimento da golden share mas também por causa das razões por detrás dela. para grupos como a UBS, Barclays, Crédit Suisse, Société Générale, o qualificativo "empresa estratégica nacional" dado pelo estado português também implica segurança no investimento. um investimento aparentemente já lucrativo, por sinal, muito antes desta tentativa de compra.

resumindo, tanto os governos portugueses como os investidores privados tentaram comer o bolo e ficar com o bolo. nada que não se passe no resto da união (e não só).