quinta-feira, fevereiro 04, 2010

Os títulos da república

Após a queda da monarquia nos dois países germânicos, os títulos de nobreza ou fidalguia foram coerentemente proibidos. Contudo, a malta não achou piada e tratou de mudar legalmente o seu apelido por forma a incluir neste o antigo qualificativo nobiliárquico.
Por exemplo, Claus Graf von Stauffenberg (Tom Cruise em Valkyrie), era no tempo da outra senhora simplesmente Claus von Stauffenberg.
Toma lá e vai buscar.

Os burgueses, estranhamente, não foram tão coerentes consigo próprios. Apesar da proibição que impuseram aos outros, os republicanos austríacos* garantiram desde logo a manutenção dos títulos académicos no nome do respectivo cidadão. E assim, o primeiro chefe de governo em 1918 é desde o início introduzido como Dr. Karl Renner.
Quer por arrivismo de uns ou provincianismo de outros, manteve-se a tradição e, hoje em dia, é habitual encontrar nas portas dos domicílios verdadeiros comboios onomásticos, transpirando exclusividade, como "Univ. Prof. Dr. Dipl.-Ing.". Ou tratar a mulher de um médico por "Frau Doktor". Ou, inclusivé, requerer o mestrado para uma carta de condução.

Só quem não conhece as nossas sociedades dirá que desta vaidade mal não vem ao mundo. Entre outros preconceitos que se mantêm, não me parece nada republicano que seja improvável a eleição de um primeiro-ministro em Portugal sem que este se apresente dotado de algum prefixo universitário.

Spot on, caro Vital Moreira, spot on...

___________________________________________________
*Sobre o equivalente português, as comemorações deste ano serão prolíferas em exemplos...

Sem comentários: