segunda-feira, outubro 19, 2009

Dois cineastas

Um homem que destruiria todos os seus filmes em troca de uma vida humana:




Uma mulher que destruiria toda a Humanidade para fazer um filme:

4 comentários:

jaa disse...

Percebo a ideia mas não sei se é inteiramente justa para a Leni. Sem querer desculpabilizar o papel dela na glorificação do regime nazi, há coisas que se fazem sem verdadeira noção de tudo o que está por trás. Ou seja, posta perante a pergunta "Prefere não realizar os filmes que a tornarão famosa se isso poupar a vida a um único judeu que seja?" creio que ninguém sabe qual seria a resposta.
Ressalva: nunca li o livro na imagem.

luís Vintém disse...

Estimado JAA, no seu documentário "Die Macht der Bilder: Leni Riefenstahl" (1993) também conhecido como "The Wonderful, Horrible Life of Leni Riefenstahl", Ray Müller confrontou a realizadora com um passado que ela sempre se esforçou por reinventar. E a senhora não se saiu nada bem na fotografia.
Depois da leitura do livro de Steven Bach não resta nenhuma dúvida. Leni foi uma arrivista, uma mentirosa (ou talvez uma mitómana) e uma manipuladora.
Os seus pecados não se limitam a colaborar com o nazismo e a glorifica-lo.
Retirou dos créditos dos seus filmes os nomes dos colaboradores judeus, aproveitou-se da desgraça de pessoas a quem continuou a chamar amigas e ainda usou os seus nomes no pós-guerra como prova de inocência.
Mentiu sobre as suas relações com o partido (do qual só não foi membro porque este não aceitava mulheres) e com Goebels. Este, ao contrário do que ela sempre afirmou, deu-lhe carta branca para todas as suas extravagâncias e escreveu maravilhas sobre ela no seu diário.
E sim, por fim usou como actores e figurantes mão de obra cigana que ela mesma foi buscar a um campo, e a quem prometeu a vida. Foi para o seu filme "Tiefland", e todos os ciganos sem excepção foram parar a campos de extermínio, onde muito poucos sobreviveriam.
Resumindo: um monstro.

Quanto à pergunta: "Prefere não realizar os filmes que a tornarão famosa se isso poupar a vida a um único judeu que seja?", muitos dos contemporâneos de Leni, como Fritz Lang, souberam a resposta a essa pergunta. É desses que a Humanidade se orgulha.
Também quero pensar que não era bem esta a pergunta que tinha em mente, e que o caro JAA não faz distinções entre a vida de um judeu e a de outro ser humano qualquer.
Cumprimentos.

jaa disse...

OK, é óbvio que conhece muito melhor do que eu a história da senhora. Eu apenas me lembro de ver um documentário há bastantes anos (talvez o que menciona mas não tenho a certeza) e de ter achado que, não sendo ela merecedora de grandes elogios, talvez não fosse o "monstro" consciente do que se passava à sua volta que parece afinal ter sido.

Quanto à pergunta, é claro que não faço distinção entre judeus e não judeus. Apenas usei o termo por serem os judeus o alvo principal da fúria nazi e, portanto, numa (muito) hipotética pergunta a Riefenstahl sobre se preferia realizar os seus filmes ou poupar uma vida, seria provável que a vida em questão fosse de um judeu. Nada mais.

luís Vintém disse...

Caro JAA, perdoe-me o tom tao... alemao, da resposta. Ainda estava indignado. Sob o efeito da leitura recente.
Volte sempre a esta sua casa.
Cumps