quinta-feira, março 08, 2007

Museu Salazar em Santa Comba

Acontece que com a normalização democrática e o passar dos anos, a memória de Salazar, da ditadura e da resistência àqueles saiu da rua e refugiou-se nas coutadas particulares da extrema-esquerda ou da extrema-direita (chamemos-lhes assim).

O problema dessa gentalha, principalmente a primeira, é não suportar que a plebe queira agora tomar-lhe o bichinho de estimação de volta, ainda por cima sem certificado de pureza ideológica e sem pedir licença.

E por causa da afronta agora materializada em colecção de retratos e bugigangas, irão espernear e fazer muito barulho, atafulhando crónicas e reportagens audiovisuais com as birras de uma criança mimada a quem obrigam a emprestar o brinquedo. E ainda se vai filosofar imenso à custa deste fait-divers de província, como se os amanhãs risonhos dependessem directamente de quem dá guarida ao cinzento passado que nos tornou os mesquinhos de hoje.
O cómico está em desde já prever-se que, caso o tal museu siga avante (perdão) e apesar do consequente ressaibo, estes snobs de cátedra evitarão qualquer visita contra a sua própria vontade e apenas pelo risco de apostasia.

Mais valia que fossem chatear o Camões.

2 comentários:

Ricardo Alves disse...

«gentalha (...) não suportar que a plebe queira agora tomar-lhe o bichinho de estimação de volta (...) certificado de pureza ideológica (...) irão espernear e fazer muito barulho (...) birras de uma criança mimada (...) cómico (...) ressaibo (...) snobs de cátedra (...) chatear o Camões»

Texto lamentável, meu caro. «Ressaibo», «paternalismo» e «processo de intenção» são termos que vêm à cabeça. Sobretudo o primeiro e o último.

dorean paxorales disse...

Quando se deu a lamentável excursão de autocarro de algumas dezenas de nazis Lisboa-Vila de Rei, escrevi algo muito pior.

"Paternalista"? Claro. Apenas retribuo o favor a que o meu alvo colectivo se presta. De qualquer modo não atiro a alguém em particular e por causa de si mesmo donde não entendo que haja lugar a ofensa.

Agora essa do "ressaibo" é que não percebi de todo: haja museus de tudo, patrocinados pelas câmaras/privados que o quiserem fazer.