Rescaldo
O Sim ganhou, o Não perdeu e a instituição Referendo, para variar, parece merecer apenas a indiferença daqueles a quem se dirige.
Se a abstenção prova constantemente que a consulta directa é vista pelos cidadãos como um elemento dispensável à nossa democracia, não se poderá finá-la?
Só que isso, queixam-se os participativos, significaria calar vozes activas da sociedade apartidária e inibir a cidadania. O que, convenhamos, também é mau.
Como resolver o problema? Colocando questões mais interessantes às crianças? Introduzindo diagramas de fluxo na sua formulação? Como sabemos, até as novas terminologias sintácticas, embora podendo fazer fazer milagres, têm entrada difícil no neocortex dos pós-adolescentes.
Mas não desespereis. Eis que vos trago solução para o dilema: que se referende o Referendo.
Eu sei, parece esdrúxulo, mas lede mais. Não haveria qualquer pergunta a formular em boletim de voto: em lugar de Sim ou Não, tudo o que existiria seria um papelinho (que até pode ser branco). Dobrado em quatro e depositado na urna.
Contam-se os papelinhos, contam-se os cidadãos eleitores dedicados e interessados.
Quando depois a abstenção ganhar, acaba-se com a fantochada e obriga-se os partidos políticos a sair de cima do muro.
Que tal?
3 comentários:
O problema não é o referendo mas sim aquilo que se referenda
O problema mesmo é a falta de tomates generalizada; os dirigentes políticos, já se sabe, não são mais que o reflexo do povo que governam. Não é, pois, de admirar o resultado.
Olhando para os exemplos do passado, não deixa de ser curioso que, visto das paixões referendárias actuais, um tratado como o de Maastricht tenha escapado ao dito. Sinais dos tempos, sem dúvida.
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