Deutschmark(t)
O dilema invisível de Merkel é que a economia alemã vive à custa dos gastadores.
O dilema invisível de Merkel é que a economia alemã vive à custa dos gastadores.
Posted by dorean paxorales at 14:29
Quidquid latine dictum sit altum viditur
6 comentários:
Claro que sim. Entre exportações e dívida detida pelos seus bancos, a Alemanha não tem interesse em deixar os países periféricos cair. A menos que a alternativa seja ainda pior para a própria Alemanha - enfrentar a prazo não três ou quatro países em dificuldades mas seis ou sete, entre os quais vários muito grandes. Nessa altura Merkel terá em mãos um problema ainda maior, parte do qual será explicar aos alemães porque não cortou o mal pela raiz mais cedo. Deve haver muita gente em Berlim tentando fazer essas contas.
o problema está no eleitorado, cuja larga maioria se julga uma ilha rodeada de vagabundos.
um exemplo caricato mas não único: certa vez ouvi de uma cidadã com educação superior e algumas responsabilidades, que o imposto para o culto serve para subsidiar a igreja católica portuguesa.
É verdade. Quem está bem raramente reconhece ter contribuído para os problemas alheios. Mas muitos eleitores em Portugal também começam a acreditar na versão que defende ser da Alemanha a culpa da necessidade de adoptar medidas de austeridade. Que nós tenhamos desperdiçado décadas em investimentos improdutivos e a aumentar os custos sociais (por muito correctos que alguns sejam) sem garantir que o país gerasse riqueza para os suportar é-lhes irrelevante. No fundo, ninguém quer pagar as contas. Devo dizer que se fosse Alemão também só aceitaria pagá-las se pensasse que tinham sido criados mecanismos para evitar futuras derrapagens. Creio ser esse o objectivo de Merkel, antes de puxar do livro de cheques.
não acho que o objetivo de um estado seja endividar-se pela mesma razão que não acho deva ser ter lucro.
acontece que a dívida privada ao exterior (que tem como objetivo o lucro) é o dobro da pública.
isto significa que, do ponto de vista financeiro, falhámos a toda a linha, como estado e como mercado. infelizmente, a doutora merkel não pode exigir garantias aos investidores e consumidores privados para que o regabofe não se repita. mas, mesmo que pudesse, não sei se o faria.
Certo. Mas os governos podem implementar políticas que diminuam a tendência para o endividamento privado. Por exemplo, e sendo que o crédito para habitação é a parcela mais significativa do endividamento privado, através de medidas que incentivem o arrendamento (o único projecto de lei das rendas que parecia minimamente adequado era - pasme-se - o que Santana Lopes queria aprovar em 2004) e dificultem o acesso ao crédito (durante anos, andámos a bonificar empréstimos que, tanto ou mais do que ajudar quem queria comprar, permitiram a quem queria vender subir os preços). E, seja como for, o consumo privado está condenado por muitos anos, devido às necessidades do Estado (as actuais e as que surgirão em 2014, com o aumento dos encargos com as PPP). Isto mesmo que o Estado consiga fazer alguma contenção de despesa. Para a Alemanha, mais vale um conjunto de países em lenta recuperação do que em colapso. Mas precisa de garantir que o trajecto não continua exactamente o mesmo porque, como é agora evidente, os riscos para a própria Alemanha são gigantescos.
completamente de acordo (não é por acaso que na própria alemanha, como em outros países "ricos", o arrendamento é dominante).
espero que a recessão traga contenção no consumo. mas para mim, o mais interessante vai ser verificar o comportamento da banca portuguesa nos próximos tempos. é que tenho ouvido de fonte idónea que os lucros apresentados estes anos todos foram calculados com tabuada de grego.
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