domingo, junho 06, 2010

RIP, Professor Resina

Foi há mais de vinte anos quando fui ao Campo Grande assistir a uma dessas missas de que já tinha ouvido falar. Lembro que eram sete da tarde de um sábado qualquer e a igreja estava pejada.

Chegado à hora em que lhe cumpria proceder à transubstanciação, o oficiante levantou a hóstia no gesto conhecido e ao dizer "corpo de Cristo"* parou, baixou os braços e, olhando a congregação nos olhos, disparou: "claro que se formos analisar as propriedades físico-químicas desta bolachinha, não lhe encontraremos vestígio de carne ou ossos! Pelo menos, assim espero!! O que aqui se passa é outra coisa...".
E, tomando nas mãos a interrupção do rito, lá prosseguiu, claro, sucinto, explicando** aos outros o mistério, a hermenêutica daquela tradição e necessidade dela.

Não me lembro de qualquer distúrbio durante a eucaristia. Pelo contrário, qualquer uma daquelas pessoas parecia respeitar mais o seu padre dado o respeito que este mostrou pela inteligência delas.

Até sempre.

*ou "isto é o meu corpo", nunca sei.
**e.g.

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