segunda-feira, outubro 27, 2008

A ver navios

Eu, se fosse o MST, ia à procura do computador junto ao rio.

domingo, outubro 26, 2008

Orgulho

Orgulhar-me-ia de ter escrito este post do Pedro Mexia.

Enterrem definitivamente a revista, p.f..



Foi sempre assim: quando consegue fugir à rábula do padre ou político, à cançoneta e ao trocadilho de liceu, a comédia portuguesa torna-se genial.
Livrem-se agora do grotesco que lhes serve de muleta que já estão no bom caminho.

sábado, outubro 25, 2008

I kid you not



As moscas-do-vinagre, Drosophila melanogaster, têm um cérebro muito pequenino e reproduzem-se constantemente. Dadas as semelhanças, e o facto de dispormos já de bastante informação genética, seria um excelente sistema animal para investigar o desenvolvimento e comportamento social de organismos mais primitivos como os Sarah palin.

Vídeo descoberto via Jugular.

ADENDA:


Richard Wolffe, correspondente na Casa Branca para o Countdown da MS-NBC: "Keith, I am going to be as restrained and measured as I possibly can about this. But this is the most mindless, ignorant, uninformed comment that we have seen from Governor Palin so far. And there has been a lot of competition for that phrase."

sexta-feira, outubro 24, 2008

A nova realidade

O telefone Vermelho já não liga Washington a Moscovo.

Liga Tóquio a Pequim.

Islândia

Não é, obviamente(?), o país do Islão.

The Communards - Don't Leave Me This Way [7

Pink pop

A música e o queijo

Gosto tanto de música como de vinho. Por isso sou pouco esquisito e consumo sem pudor as maiores zurrapas.

Pet Shop Boys - Always On My Mind

A-ha - Take On Me

ryuichi sakamoto - rain(live)

John zorn - batman (naked city)

Laura Branigan - Self Control

Tom Waits Big In Japan

Alphaville - Big In Japan

Guano Apes - Big in Japan Live TOTP

quinta-feira, outubro 23, 2008

terça-feira, outubro 21, 2008

Alegria

Neste momento de refundação (a possível) do sistema em que vivemos, chamemos-lhe o que quisermos, tudo se põe em causa.

Alegra-me que assim seja.

Já não era sem tempo.

Fico comprazido (ufa!).

A vingança do Inglês

Mal acabasse o Europeu, trocavam Queirós por Scolari. Só acho que, para finalmente vencerem a selecção portuguesa, também não seria preciso tanto.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Gato Fedorento - Gajo de Alfama

Um dos melhores sketches dos gatos.

Eu sou como o gajo de Alfama

Dispersão de risco

Hoje, fizeram-me a seguinte analogia entre a crise do subprime e o seu modelo de gestão de risco e a forma como muitas empresas funcionam hoje em dia:

Não é só na crise do sub-prime que se revelam os dotes dos artistas da gestão para a dispersão do risco.

Nas empresas é comum hoje em dia vender-se produtos que não se tem (tipo mercado de futuros) e comprometer (sem consultar) as áreas técnicas com os prazos acordados, delegando-lhes a responsabilidade do seu cumprimento.

Este modelo de "dispersão de risco" é igualzinho no princípio ao modelo que levou à crise do subprime (desonestidade, irresponsabilidade?).

Cumprem-se objectivos de receitas e objectivos pessoais em troca do aumento dos custos operacionais da empresa e do sacrifício daqueles em cima de quem o risco foi disperso.

Isto é uma questão de (de)formação moral. É uma questão de verdadeira (falta) de educação, de ganância e de hipocrisia.

domingo, outubro 19, 2008

Hipocrisia

Ninguém se condói hoje em dia a atacar o capitalismo especulativo e a glorificar o seu fim.

Andaram calados que nem ratos, com medo de perder o emprego e a reputação e entusiasmados a jogar na bolsa.

Agora rugem como leões.

Mas o capitalismo não acabou e depressa estará de volta.

E lá irão eles calar-se outra vez.

Finalmente, a origem da crise do subprime

Começou realmente com Reagan (e Thatcher)

Quando começaram a desmontar o sistema de segurança social tiveram de substituir contrato social existente, para manter as pessoas sossegadas.

Os Ingleses e Europeus não foram tão longe. Por outro lado, o kinship existente nos países Europeus forma parte desse contrato social.

Nos EEUU foi-se mais longe, desmantelada a segurança social, o contrato social baseou-se exclusivamente no crescimento económico e no aumento do consumo privado.

Impostos baixos, investimento externo, crédito fácil, aumento do consumo, mesmo com empregos mais precários e mais mal pagos.

Tudo isto para substituir a segurança social, mantendo os pobres sossegados, endividados, com casa e a consumir.

E um dia a casa foi abaixo.

Pergunta (racista! muito, muito racista)

Será que os liberais acedem ao portal do sapo?

Survey

Uma pergunta no sapo, hoje, é se as pessoas gostam da música de Ney Matogrosso.

O resultado da eleição é o seguinte:
Sim: 1654
(24%)
Mais ou menos: 1807
(26%)
Não: 1932
(28%)
Não sei quem é: 1506
(22%)

Surgem assim duas hipóteses aos vencedores, aqueles que não gostam da música de Ney Matogrosso.

Podem formar uma coligação políticamente coerente com aqueles que não sabem quem é, adoptando uma política de combate ou indiferença à música de Ney Matogrosso. Essa política seria coerente mas esta coligação tem uma maioria mínima de votos em comparação com aqueles que gostam, muito ou mais ou menos, da música de Ney Matogrosso.

Podem alternativamente optar por um bloco central, coligando-se com aqueles que gostam mais ou menos da música de Ney Matogrosso e obter assim uma maioria sólida.
Mas a política resultante dessa coligação será equívoca.
Os que gostam mais ou menos da música de Ney Matogrosso não vão consentir uma política que persiga, descrimine ou fique indiferente à música de Ney Matogrosso.
Como tal, esta coligação, tendo uma maioria estável, não permite a apresentação de um programa coerente.

Está em aberto portanto qual a decisão daqueles que não gostam da música de NeyMatogrosso

com letras pequeninas

dito isto tudo, continuo a achar que o mccain é melhor escolha que o obama, que tem demasiadas ligações perigosas para o meu gosto. uma questão de família. mesmo com o apoio do sensato collin powell. mesmo com a catastrófica escolha de sarah palin para a vice-presidência.

E o burro sou eu?

Parece incrível, mas façamos a comparação.

Os gestores financeiros são (eram) mitificados, pagos a peso de ouro e vistos como super-homens: trabalhavam 25 horas por dia, levavam uma vida invejável e ainda punham o focinho nos media para criticar os políticos e a sua falta de amor ao mercado, declarando-os responsáveis pelo declínio do poder e competitividade do Ocidente.

Os gestores são os indivíduos indigitados pelos accionistas das sociedades cotadas em bolsa para gerirem as ditas sociedades das quais os accionistas são os legítimos proprietários.

Na realidade, os gestores estão para os accionistas como os políticos estão para os cidadãos.

Os cidadãos são, na realidade, accionistas do estado.

Comparemos agora a eficácia com que os cidadãos e os accionistas têm controlado a sua propriedade e as pessoas a quem entregam a procuração para a administrar.

Os políticos ganham muito menos que os gestores embora o seu âmbito de responsabilidades seja muito maior.

Quando são despedidos não levam indemnizações milionárias (na melhor das hipóteses, tornam-se gestores).

Estão muito mais sujeitos ao escrutínio dos media e, não só não são deificados, como toda a gente diz mal deles.

Ou seja, os cidadãos accionistas, como eu, são mais exigentes e exercem um escrutínio bastante mais apertado sobre os procuradores que administram as suas posses do que os educados investidores e gestores de participações que assumem papel equivalente nas sociedades com capital disperso em bolsa.

E o burro sou eu.

E ninguém se mata?

Em 29, proliferaram os suicídios em Wall Street, como Viriato Soromenho Marques muito bem lembrou no seu artigo da (Visão?).

Na crise actual, até agora ninguém se matou.

Viriato, analisou muito bem as causas, que eu subscrevo integralmente.

Fica aqui o meu resumo: em 29, a honra e a honestidade eram mais valias necessárias para se poder trabalhar no mundo financeiro. Muitos que soçobraram na altura, resolveram pagar com a vida. Não subscrevo a solução, mas na crise actual, aquilo que se vê é os irresponsáveis irem para casa com os seus milhões de indemnização no bolso, sossegadinhos da vida.

Há ou não diferença de moral entre esta sociedade e a de 29? E a sociedade pós 29 ainda veio a ganhar uma guerra mundial e a dominar o mundo. A nossa sociedade só decai.

Com os sistemas de coordenação e controle existentes hoje e a honradez e honestidade de 29, esta crise nunca teria podido aparecer.

Não podem ao menos ser presos ou proibidos de comprar Havanos e comer trufas?

É a globalização, estúpido!

Neste momento, já vários especialistas em economia e gestão explicaram as causas da crise financeira da Europa e US e apontaram várias direcções a seguir.

Como eu não percebo nada de economia abstenho-me de tecer mais comentários sobre o assunto. Pelo menos até ao dia em que me apeteça voltar a falar sobre aquilo que não sei, numa área em que aqueles que mais sabiam quase que destruiram o mundo Ocidental.

Mas vale a pena pegar num ou dois indicadores económicos e analisar as consequências políticas da crise.

De política percebo eu, enquanto eleitor, e assumir que não percebo de política é aceitar a ideia de que a democracia Ocidental (há outros regimes a que chamam democracia mas qualquer um pode pegar numa palavra e dar-lhe a semântica que quiser) não é um sistema político adequado.

Ainda não estou preparado para isso.

Então, indicadores. Um: os valores dos activos detidos pelos países Ocidentais equivale a 2,3,4 vezes o seu PIB anual. Viram o que aconteceu à Islândia? O Ocidente endivida-se com base na valorização dos activos que detém. Se essa valorização dimimuir para metade, significa que vamos passar a poder gastar apenas metade daquilo que gastamos actualmente (grosso modo).
Se o valor desses activos diminuir para metade, ainda correponderá a mais do que o PIB anual de muitos países pcidentais.

Quanto mais alto se sobe, maior é a queda. Por isso é que os Chineses gostam deles altos e loiros.

Dois: quem são os países com superavit na balança de pagamentos e com maiores reservas financeiras? Ou seja, quem pode "pagar o pato"? Melhor ainda: quem é que vai ficar a mandar? A China, a Índia, o Brasil, a Rússia, a democracia de Singapura e os sultanatos do petróleo Islâmicos.

Ou seja, BRIC, países emergentes e sultanatos do petróleo.

Oxalá que sejam a Índia e o Brasil quem pague mais o pato, isto é, que fiquem a mandar.

Mas há dois outros países, Ocidentais, que, ao contrário dos outros, tolos, acumularam reservas,e podem ajudar a pagar o pato.

O primeiro é a Noruega, porque é um sultanato do petróleo e porque é um país "comunista", onde os supermercados são controlados pelo Estado e que não partilha da mentalidade irresponsável que assolou o Ocidente.

O outro é o Japão, que é Ocidental apenas no sentido geopolítico e de quem muitos dizem ser também um país "comunista".

É curioso que um país que está há quinze anos com indicadores macroeconómicos desfavoráveis, tenha agora a capacidade para "pagar o pato" e até concorrer com a China nesse aspecto (tal como, no passado, pagaram a 1ª guerra do Golfo, em quantias discretamente depositadas nos cofres do tesouro Americano)

Talvez seja por eles acordarem mais cedo que toda a gente.

Mas eu acho que as razões são outras e são duas:

1º. Não consomem mais do que produzem, são poupados, trabalhadores, leais ás empresas (como as empresas lhes são leais a eles), estudiosos e vivem, de facto, numa cultura de honradez e honestidade que chega a ser ligeiramente repressiva. Esta atitude explica os indicadores económicos de estagnação, que correspondem à realidade económica de uma economia Ocidental que vê os seus recursos drenados pela competição desleal que lhe é imposta numa economia globalizada e que reduz naturalmente os seus padrões de consumo para não se endividar.

2º Realmente ainda produzem e exportam alguma coisa. O modelo de deslocalização que eles usaram manteve no Japão o essencial do processo produtivo. Não ficaram apenas com as mariquices da moda : o design, o conceito e outras merdas do género, como fizeram nos UUSS e como a Alemanha chegou a fazer (agora está a desfazer). As empresas foram leais ao país e aos operários Japoneses, acharam perigoso para a independência nacional deslocalizar a produção de elementos estratégicos dos seus produtos, confiaram na capacidade superior, know-how, disciplina, dedicação do operário e do engenheiro Japonês e em décadas de conhecimento não escrito desenvolvido numa sociedade com uma indústria centenária.

Por isso aí estão eles, prontos a pagar a crise, odiados pelo governo Chinês, que, como sempre, não consegue mandar neles.

O Ocidente deitou fora tudo isto, em nome do glamour ideológico e consumista idealizado na figura mítica do jovem banqueiro de sucesso, sofisticado e urbano, que em Londres ou NY leva uma vida de actividade profissional frenética, de delírio consumista e hedonista, em busca de uma rápida acumulação de dinheiro.

Os EEUU e o UK foram os mais maltratados mas nenhum país ocidental se safa. A Alemanha já tinha percebido a asneira de deslocalizar a sua indústria e tirá-la das mãos competentes, pacientes e especializadas do operário e do engenheiro Alemães.

Percebeu tarde, perdeu know-how que vai demorar anos a recuperar, mas ainda vale a pena voltar atrás.

Entretanto, fomos todos lixados pelos Yuppies (lembram-se da palavra), que quase destruíram o Ocidente.

Lixados com F grande.

O que se podia fazer com o salário de um gestor de um banco de investimento falido

Dar entre 100 e 500 bolsas de investigação a jovens doutorados e candidatos a Doutor nas áreas da física pura e fundamental, matemática, ciências humanas, etc.

A química, biotecnologia, medicina, etc, estão bem fornecidas.

Na física, tem-se desenvolvido a ciência dos materiais, e há um progresso picométrico na física da partícula.

Mas desde o Nazismo e da imigração para os EEUU dos físicos Alemães, não tem havido nenhum progresso disruptivo na física teórica e fundamental.

A matemática, as ciências humanas e a filosofia, com excepção da Psicologia e das autoproclamadas "Ciências da Comunicação" (propaganda ao bom estilo de Goebels e Trotski?), têm estado votadas ao abandono.

O Ocidente só recupera do seu declínio se recuperar e financiar o gosto do conhecimento pelo conhecimento, a curiosidade epistemológica.

Só recupera, como recuperou no passado: através do respeito pela cultura e pela ciência, pelos progressos disruptivos que estas podem proporcionar; só recupera, recuperando os valores tradicionais do humanismo ocidental, gerados nos últimos 500 anos e tão vilificados nos últimos 25.

Só recupera se o intelectual independente e o cientista puro (o cientista filósofo) recuperarem o prestígio de que gozaram no passado.

Entretanto, à direita...

Ali no Corta-fitas já não foi tanto um(a) cisma o que precipitou as mudanças. Ironicamente, parece que a causa do abandono solidário de blogueiros está na saída de P.C.P. por desvio à linha editorial.

A/O Cisma



Zangaram-se, digamos assim, quando se preparavam para ultrapassar em visitas o Abrupto, e o Blasfémias, e mais não sei quem.
Pela minha parte, continuarei a seguir com branco e ecuménico interesse as vozes saídas dos púlpito e antipúlpito desta esquerda blogosférica.

quinta-feira, outubro 16, 2008

OE 2009 explicado às criancinhas

Vai aumentar a despesa para estimular a procura interna. Crêem os senhores do governo que assim se ressuscita o crescimento económico. Crêem também que tal é suficiente para ganhar as próximas legislativas.

Mas se não há aumento produção que dê receita para benesses (ou para satisfazer o consumo), de que cartola vem este coelho?
Do endividamento externo, claro.

As eleições em Portugal são como os carros: pagamo-las a preços dinamarqueses mas com salários de búlgaro.

OE 2009

Aí está ele.
Não digam que vêm daqui.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Comentário de café aos nóbeis

O que prova que o prémio para a economia foi bem escolhido é que aqueles que investem o dinheiro deixado pelo sr. Alfredo tiveram dividendos suficientes para o pagar.

O ninho do cuco

Diz Medeiros Ferreira, certeiro como sempre, no seu Bichos carpinteiros:

"No meio da crise financeira cis-atlântica, há um país que continua igual a si próprio: a Suiça.Os bancos helvéticos ainda não pediram qualquer aval ao Estado."

Porque será?

1509: Guerra de Impérios

A Guerra das Estrelas é para miúdos. O Senhor dos Anéis também cheira um bocadinho a leite azedo. E já nem falo daqueles espartanos de tanga...

3 de Fevereiro de 1509, ao largo de Diu.
De um lado, um vice-rei rebelde, sedento de vingança pela morte do filho.
Do outro, as armadas da Sereníssima República de Veneza, do Império Otomano, do Sultanato Mameluco do Egipto, da República de Ragusa (Dubrovnik), e dos Sultões de Calecute e de Guzerate.
Ao todo, mais de cem barcos de guerra.
O prémio, o domínio dos mares e do comércio mundial.


Disto é que deviam fazer filmes, pá.

(via Claro)

Não é sumo de laranja, é laranjada



Julija Tymoschenko nunca foi flor que se cheire embora tenha estado lado a lado com Yushchenko na famosa revolução laranja de há anos atrás contra o candidato pró-russo e as influências de Moscovo. Pergunta-se agora o que a terá feito trocar de fidelidades durante a crise georgiana e acabar com a aliança que mantinha no parlamento com o partido do presidente.

Ora bem.

Julija é dona de uma fortuna pessoal calculada em 11 mil milhões de dólares (ver o interessantíssimo "Casino Moscow" de Matthew Brzezinski, 2001) e um caso exemplar de capitalismo selvagem de leste, começando na distribuição de vídeos (sem piadinhas) e acabando no gás natural que vende aos industriais seus compatriotas a $300 por milhar de metro cúbico.

Em Julho passado, e imediatamente antes da intervenção de Putin na Geórgia, Alexey Miller da Gazprom fez da empresa da primeiro-ministra ucraniana um parceiro preferencial ao vender-lhe o precioso combustível por $179.5/Km3, um preço normalmente reservado para amigos como Viktor Yanukovych (para quem já se perdeu nesta história, o tal candidato pró-russo).

Tendo em conta a enorme dependência da Ucrânia de gás russo e a margem de lucro garantida, 60%, é preciso explicar mais alguma coisa?

terça-feira, outubro 14, 2008

segunda-feira, outubro 13, 2008

Coisas que não interessam a ninguém

No meio disto (...), pode ser que os espanhois um dia nos emprestem dois ou três dos seus linces para irem vegetar para o vergonhoso jardim zoológico de Silves, construido com dinheiro de uma obra (a barragem de odelouca) que vai fragmentar precisamente aqueles habitats que deviam servir de último reduto da espécie em Portugal.

Ucrânia entregue à sua sorte

Gás natural, Polónia e Bálticos: real-politik mais que suficiente para a Alemanha, com o aval dos E.U.A., assinar novos acordos com Putin e vir recusar o alargamento da NATO ao país de Yushchenko.

Ver mais: Stratfor (via Claro).

Entretanto, a crise política provocada pelos fantoches do Kremlin obrigou o presidente ucraniano a dissolver o parlamento. As eleições serão em Dezembro.
Siga a marinha?

Enquanto o parlamento rejeitava o casamento civil para homossexuais

O que eu andava mesmo a pensar é se insolubilidades iminentes ainda irão dissolver algumas daquelas uniões de facto (4? 10? 30 anos?) que por aí se celebraram à doida em sede de agência bancária.

Um questão geracional, talvez

Não foi no mesmo dia, foi quase duas semanas antes :)

Haider morreu mas podemos dormir descansados


O homem correspondia em pleno à caricatura dos filmes do pós-guerra: filho de membros austríacos do Partido Nacional-Socialista alemão e herdeiro de uma fortuna pessoal com origens menos escorreitas (propriedades do tio que as teria 'confiscado' a um judeu italiano desaparecido durante a guerra...).

Dizem que Jörg Haider era o único obstáculo a uma aliança entre o FPÖ (Partido da Liberdade) e o BZÖ (Aliança para o Futuro da Áustria). Receiam os mesmos que agora seja possível traduzir os quase 30% de votos conjuntos em ministérios de extrema-direita.

É verdade que o antigo delfim de Haider e actual líder do rival FPÖ, Heinz-Christian Strache, fez da intenção de expulsar imigrantes o seu cavalo de batalha e esse é terreno onde as duas tribos não se atropelam.
Mas acontece que Haider tinha moderado o discurso nos últimos anos e o seu eleitorado, consequentemente, também mudou. De neo-nazis declarados, votavam nele agora os racistas envergonhados que a participação no governo do ÖVP (Partido Popular, conservadores) desiludiu no plano económico.

Por isso mesmo não acredito em bruxas. Um Haider moderado talvez pudesse ser considerado aceitável numa coligação de direita com os conservadores. Mas Strache representa o Haider do passado, quando a Europa isolou diplomaticamente o país em protesto contra a presença do líder extremista no governo. Assim, embora o bloco central que tem governado a Áustria (e que precipitou as eleições) esteja desgastado e os 30% de Strache sejam muito apetecíveis para uma maioria de direita no parlamento, o ÖVP aprendeu a lição de 1999 e duvido que volte a convidar caricaturas daquelas para seu gabinete.


Fora a política, quis a ironia do destino que este paladino da pureza e ordem germânica fosse morto por violar a lei conduzindo um carro da VW, construtor criado por Hitler, ao dobro da velocidade legal, e depois de passar a noite numa discoteca.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Uma parábola do monetarismo

E dos tristes tempos que vivemos?

I Get Around

The Lehman Brothers?

Valorização de activos

A marca Lehman Brothers pode ser vendida a uma banda.

Ficava bem.

terça-feira, outubro 07, 2008

A crise do subprime explicada às criancinhas

Há quem diga que já nem liga ao feriado do 5 de Outubro

São más-línguas. Só foi assim porque calhou a um domingo.

domingo, outubro 05, 2008

Vão mas é trabalhar!

Não consigo perceber

Tanta emoção àcerca das casas atribuídas pela câmara de Lisboa a camaradinhas, e não só.

Há anos que se sabia que as pessoas mais inesperadas ganhavam os concursos para as melhores casas que a câmara dispunha. Que sorte!

De qualquer forma, ainda bem que o assunto foi tornado público.

Só acho estranho é que as virgens ofendidas não se manifestem com tanta veemência contra os negócios que o estado faz com os grandes grupos privados.

Se o palerma de esquerda arranja um negociozito miserável e mesquinho para arranjar a vidinha, é crucificado como Cristo, mas se o tubarão de direita sonega milhões ao estado em negócios de construção civil, PINs, defesa ou segurança, fica tudo sossegadinho e ninguém pia.

Claro!

A sinopse



"São... Personagens que estão entre o que são e o que querem ser... Um pouco como nós, se tivessemos um narrador omnipresente."

Mas que a autora é gira, lá isso é.



via Corta-fitas
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PS.: Aardvark, sossega o facho.

Eh pá!|

A Timoshenka é que podia chicotear-me e torturar-me à vontade!

Que diabo, nunca consegui aranjar uma laika daquelas!

sexta-feira, outubro 03, 2008

E a cadelinha diz que sim

O urso volta às declarações bombásticas que costumam preceder as intervenções bombistas:

"Pointing to a report published in Russia's Izvestiya newspaper this week, Mr Putin said Ukrainian weapons and military experts may have been used in combat against Russian troops during the brief war with Georgia in August.

If Russia received proof of Ukraine's military involvement, Moscow would 'build its relations accordingly with those who allowed this to happen', he said.

Ms Tymoshenko
[a primeiro-ministra ucraniana] said she was confident that 'such facts [would] not be confirmed'."

O "accordingly with those" traduz-se por sentar a Laica ao colo e atacar o seu presidente, o quase-assassinado Yushchenko.

O Ocidente nem comenta. Siga a marinha.


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Correcção: nesta posta dei como acordada a retirada da Esquadra do Mar Negro de Sebastopol para o ano 2012; na realidade, o pres. Yushchenko tinha arrancado do também então pres. Putin a retirada dos russos de território ucraniano em 2017. Desculpas pelo erro.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Love it or leave it, pás



Em boa hora sacado ao Lusitânia Insólita.

Postais de férias, 3

Pubs rigorosamente iguais aos de Great Yarmouth, bifes a emborcar canecas às 3 da tarde, clones de pizzarias, lojas de pechisbeques e bonés de praia "Algarve", stag parties deprimentes a lembrar Bratislava, ementas com três pratos medíocres ao preço de nove, mais bolonhesa da ordem, muito neon, muito cardhu (blegh!), e muita possidonice. Nem um único letreiro em português.
A regra dos quinze por cento de área construida, rigorosamente mantida durante décadas, acabou, os mamarrachos explodem por todo o canto e são impingidos ao incauto no meio da rua, com isco de passeio turístico "gratuito".

A albufeirização de Vilamoura está completa.

Postais de férias, 2

Para entrar em Sutton Hoo, Inglaterra, e ver ao longe dois ou três montes de terra (são túmulos de anglos importantes mas ninguém sabe de quem ao certo) paga-se os olhos da cara. Mas com o dinheiro, o National Trust financia a investigação sobre os mesmos e construiu um museu ao lado onde se conta a história da ascenção e queda do povo que deu o nome ao país.
Há projecção de documentário vídeo e reconstituição à escala do principal túmulo (com barco e tudo). Os painéis incluem o relato da descoberta arqueológica nos anos trinta. Há letreiros, mapas, guias auriculares (com leitura de poemas coetâneos), um chorrilho de informação, incluindo um timeline para enquadramento com a história de outros lugares do mundo.
O sítio, para quem não sabe, fica no meio do nada da planície do Suffolk.

O castelo de Silves é quase contemporâneo, vem do século 8.º. Para lá entrar, paga-se um euro e qualquer coisa a um senhor que nos entrega um A5 couché onde está impresso o bilhete-mapa. Há umas vitrines à frente com t-shirts alusivas mas sem vontade estética. E é tudo.

Mais abaixo na cidade, num jardim simpático, uma pequena exposição gratuita de poesia almôada do último rei muçulmano de Silves tem ao dispor cartazes de turismo andaluzes em rama para colecta de turista confuso.

Postais de férias

Era meia-noite, não tinha tabaco, fui à marina.

Da fila para o balcão, avistei um cavalheiro alto, muitas rugas, cara quadrada, olhos pequeninos mas simpáticos, que aguardava pacientemente pela ajuda da empregada.

Tinha um panamá de lona enfiado até às orelhas e foi a voz o que me primeiro o denunciou: era o good Palin.
Na ultra-periferia da Europa e do alto do seu globe-trottismo, parecia indiferente ao circo político levantado pela sua homónima provinciana e muito mais preocupado em regatear um porto razoável debaixo do anonimato de bife forreta.