sexta-feira, janeiro 30, 2009

Soube de fonte segura

Há 34 anos atrás, José Sócrates terá vendido a alma ao Diabo.
O caso veio agora a lume por causa das declarações do bispo Abrahamowicz e Williamson (da Fraternidade Sacerdotal São Pio X, FSSPX) negando o holocausto nazi.

Aquela congregação tradicionalista tem vindo a fazer esforços de reconciliação com a Santa Sé e o Papa até já havia ordenado a recomunhão de quatro bispos ordenados por Lefebvre em 1988.
As dúvidas surgem quando algumas fontes do Vaticano próximas dos herdeiros de Lefebvre mencionam a relutância do papa em reactivar o Tribunal do Santo Ofício e entregar a sua autoridade à FSSPX, uma antiga reivindicação desta congregação.

E é num sms enviado por Williamson a Bento XVI que o nome do primeiro-ministro português aparece, sendo desde logo associado à reposição do rito exorcista.
Alegadamente, a FSSPX pretendia chantagear o papa, contando para tal revelar as suas ligações à empresa de limpezas concessionária de Dachau durante a guerra. Como o cardeal Ratzinger não se deixou intimidar, o próximo nome a cair seria o do engenheiro-técnico, como parte de um exercício de contraditório ao Concílio Vaticano 2 e à herança de João Paulo II. A prova estaria na alegada possessão do então adolescente Sócrates por um demónio do oitavo círculo, Azazel.

Recorde-se que o antecessor de Ratzinger deixou claro na encíclica De profundis fettuccini que "o Diabo, o purgatório e o inferno não existem no plano sobrenatural".

Agitação atrás do biombo 2

Como parece sibilar Aardvark, também me cheira que certos e determinados velhos inimigos preparam-se para deixar bygone's be bygone's.

quinta-feira, janeiro 29, 2009

A Naifa - Señoritas

Uma homenagem ao João Aguardela.

A Naifa era uma das melhores bandas Portuguesas e quase não passava na rádio (esta era tipo a única).

Deus quis levar-te cedo para junto Dele.

Agora vão fazer-te justiça.

A velha história dos impostos

Também concordo que se baixem os impostos.
Mas só o IRS.
IRC e IVA deviam, sim, aumentar exponencialmente.

Parental Guidence Porn

Quantas vezes já V. esteve a ver um grande filme porno - apreciando o enredo, os diálogos, a realização - quando, de repente, eles tiram a roupa e estragam tudo?

Pois não precisa de voltar a sentir-se frustrado: o PGporn TV oferece os melhores resumos de filmes pornográficos, já editados com fast forward sobre as cenas de sexo.
Finalmente, a boa pornografia para toda a família.



VoC, um blogue de serviço público (via Quionga 6, via Nonsenseblog).

quarta-feira, janeiro 28, 2009

O fim apropriado para esta sequência

Bedum. Tchh!

Não sei se já tinha postado esta piadinha

Ehud Barack Obama Bin Laden!

Verdadeiramente despeitado

Ricardo Araújo Pereira e Pedro Mexia começaram um novo blog na tsf, chamado o Governo Sombra.

Vários blogs são lincados a partir do Governo Sombra.

Entre eles NÃO se encontra o Verdade ou Consequência.

Apesar do porfio do Dorean, a minha presença neste blog, desde logo inviabiliza tal distinção.

E se, por acaso, algum dia viabilizar, eu volto a pôr um vídeo da "Marilu", dos Ena Pá 2000.

Parafraseando Marx.

Mudando de assunto

Continuo entusiasmado com a Filipa Martins e a ansiar por que ela me torture.

Tenho mesmo fantasias com a cena, em que ela me diz, zangada: Aardvark, menino mau! Vou ter de te castigar.

Começou o fórum de Davos

O leader Chinês e o leader Russo falaram no primeiro dia da conferência que reúne os principais actores da economia mundial.

Prometem encontrar medidas para sair da recessão em que nos encontramos.

Eu proponho uma medida muito prática: algemem-se uns aos outros. Assim, juntam o útil ao agradável.

terça-feira, janeiro 27, 2009

Dizem mal? Eu compro!

O El País comparou João Jardim a Kadhafi. O DN estava lá e a reportagem traz a reacção oficial do PSD/M:

(...) Luís Filipe Malheiro considerou que o trabalho do El País "é uma reportagem desajustada, mal intencionada e sectária, deliberadamente destinada a enxovalhar a figura do Presidente do Governo da Madeira, assente em fontes de informação cujo perfil político e não só é de todos conhecido. Acho que este trabalho não prestigia em nada o El Pais. O contraditório não foi exercido".


Eu também acho que a comparação está mal-feita. "José Eduardo dos Santos" seria mais apropriado. Mas suponho que, nesse caso, talvez o jornalista espanhol previsse despoletar menor polémica entre os laranjas da Madeira. E mesmo, sabe-se lá, até servir de inspiração para uma take-over do diário madrileno.
Com o dinheiro da república, claro.

P.S.: também na posse de jornais, espera-se a todo o momento por um "exercício de contraditório" por parte do coronel Kadhafi.

Good morning, sunshine

segunda-feira, janeiro 26, 2009

Angola na idade da informação

Principalmente depois do affair Geldof, esperava-se por uma reacção mais inteligente que o habitual refrão terceiro-mundista para consumo local.
É certo que a imprensa doméstica está musculadamente domesticada mas o papão neocolonialista não impressiona ninguém de fora. Havia, pois, que expandir aqueles critérios muito próprios de jornalismo em países amigos de opinião pública pouco fiável.

Com o Sol, Zédu começa a sua carreira de Murdoch à moda chinesa. E dada a dimensão e gratuidade dos recursos, vai longe, com certeza.

domingo, janeiro 25, 2009

Pelo menos no vinho



Ainda os gregos não chegaram ao D.O.C.

Coimbra é um tanatório junto ao rio

Coimbra é um tanatório junto a um rio. Vim agora de lá e só vi mortos.Mortos mais jovens na universidade, mortos mais velhos à volta dos hospitais. Há mortos atirados para as esplanadas e mortos com livros debaixo dos braços entre o arco da Almedina e o Quebra-Costas. Vi mortos com câmaras fotográficas ao ombro: arranjam lentes específicas para captar a inexistência. O cheiro de morte engordou as mulheres (ficaram toucinhos lustrosos) e os homens perderam a tesão. Corrijo: ficam duros quando falam da falta de tesão dos amigos íntimos. Entre os Olivais e a Cruz de Celas, todos os carros parecem funerários. E na baixa, à porta do TACV, em Santa Clara, no Jardim da Sereia, nos centros comerciais manhosos, na Portela, no Calhabé, no Norton de Matos, nos subúrbios miseráveis ou nas relíquias de Santa Cruz e do Salão Brasil, há uma atmosfera de cera derretida, um halo de desespero e de não-vida, como se a cidade inteira estivesse inscrita no crematório e se aguentasse à espera de vez.


Daqui.

Porque é ano de eleições, chegou a altura de expor a verdade


Assustado com os contornos que isto está a tomar e tendo em conta a fraca credibilidade de um anonimato, a confusão de género que rodeia as nossas pessoas e os recentes escândalos primo-ministriais, decidimos revelar os verdadeiros nomes dos contribuintes deste blogue:

-Dorean Paxorales = João Miguel Carvalheiro;

-Aardvark = Pedro Reis Soares;

-Luís Vintém = Woland (lê-se 'Ügrül Tajmonkgol').

Agitação atrás do biombo

Embora mais reservados que os ultra-liberais, também os chineses olham com algum nervosismo para o fim da era Bush.

A solução Paxorales para o Médio Oriente

(entre duas dentadas na torrada)

Relaicização de toda a organização política palestiniana. Laicização do estado de Israel (muito mais difícil). Reconhecimento pelo estado jordano de direitos de cidadania a metade da sua população (os palestinianos).

Deixar andar.

sábado, janeiro 24, 2009

O Caudilho

Parece que a direita Portuguesa, tão amiga da liberdade individual e da livre iniciativa, precisa sempre de um caudilho.

E o Estado Civil acabou!

E não é que acabou mesmo?

Que sentido de oportunidade, a minha.

O meu! O meu!

Arre burro!

Sem papas na língua

Este artigo, assinado por Yitzhak Laor, explica quais as intenções de Israel relativamente aos Palestinianos.

Via Dragoscópio

E a poligamia?

Casamento homossexual?

Então e quando é que se legaliza a poligamia? Porque não há de um homem poder amar (e casar com) várias mulheres? Ou uma mulher poder amar vários homens (e tratar das meias deles todos)?

Ou mesmo casamentos de geometria variável: um casamento entre dois homens e três mulheres, e por aí adiante?

Quando é que começamos a resolver os problemas fundamentais da nossa sociedade?

The Divine Comedy - Songs Of Love

Posto esta outra vez. Está relacionada com os Abba.Vejam se descobrem porquê. Como se fossem muitos a ler este blogue.

Abba - Dancing Queen

Nunca deixando de ter a petulância de postar música acessível.

The Rascals - Out Of Dreams

Miles Kane, a outra figura dos The Last Shadow Puppets, é o líder de uma banda Inglesa, chamada The Rascals (não confundir com a banda homónima Americana), que também não é nada má.

sexta-feira, janeiro 23, 2009

quarta-feira, janeiro 21, 2009

Quem fala assim não é gago

A Federação Portuguesa de Futebol está tranquila: não haverá "subalternização" de Portugal na organização de um mundial de futebol na ibéria.

Têm o jogo de abertura? Não é preciso. A final é cá? Bugigangas.
Para a FPF, a "relação de Gilberto Madaíl com Angel Villar (o presidente deles) e os sinais que este tem dado da relevância portuguesa para o sucesso da candidatura" basta.

Ah, leões!

domingo, janeiro 18, 2009

A guerra do gás e o que está verdadeiramente em causa


A 3 de Janeiro, em plena crise, Rupert Wingfield-Hayes, correspondente da BBC em Moscovo, expunha várias explicações para o absurdo do corte de gás russo. Entre tantas, aquela considerada mais mirabolante era a seguinte:

But the final theory is even more outlandish: that powerful political figures in Ukraine are colluding with the Kremlin to foment the crisis and bring down President Yushchenko.

That would allow his political enemies to gain power.

Who would benefit from such a scenario? Ukraine's increasingly powerful Prime Minister Yulia Timoshenko.

Supporters of this theory say we can expect Ms Timoshenko to turn up in Moscow some time next week, sign a deal with the Kremlin, and return home to Kiev in triumph, having saved Ukraine from disaster.


Duas semanas depois, i.e., hoje e há uma hora atrás, a primeiro-ministra Timoshenko assinou em Moscovo o acordo que reestabelece o fornecimento de gás à Ucrânia e dali ao Ocidente.

Em política, o que parece, é: o presidente Yushchenko quer ver-se livre de influências de Moscovo e por a frota do Mar Negro para fora da Crimeia.
Putin quer a Crimeia e o controlo do leste da Ucrânia pela minoria russa nessa área; como não pode simplemente invadir o país (a Ucrânia não é a Geórgia), a alternativa é potenciar um governo fantoche em Kiev.

Se Putin não tem hesitado em matar os seus próprios cidadãos ou invadir outros países para alcançar os seus objectivos, muito menos impedimentos morais teve, concerteza, em levar metade da Europa a tremer de frio.

Os pormenores do acordo agora assinado, claro, só interessam a passarinhos.

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Cartune (08-01-09) daqui.

sexta-feira, janeiro 16, 2009

Quando o fim do estado de Gaza...



... é o fim do estado de graça.

via Xatoo.

quinta-feira, janeiro 15, 2009

Bom vento?

Segundo Isabel Coutinho, espera-se em 2009 pela entrada de duas grandes editoras espanholas no mercado português.

Espero eu, também, para ver se finalmente alguém irá esfregar as edições de bolso na fronha do(s) grupo(s) nacional(is) ou se o exercício não passará de um burladero de direitos de tradução ou reciclagem das aculturações de lá.

A pedância de oferecer qualquer coisinha de acessível

terça-feira, janeiro 13, 2009

Hoje adormeci assim

(...) at twenty he thought time would solve all of his problems, at fifty he realized time itself had become the problem.


(António Lobo Antunes)

domingo, janeiro 11, 2009

À atenção da ministra Ana Jorge, da SIC, do José Rodrigues dos Santos e daqueles da Teoria do Arrefecimento Global

Estão -10ºC do outro lado da janela (i.e., dez graus negativos na escala de Celsius). Daqui a pouco tenho de ir comprar tomates para fazer o jantar (arroz de gambas, salada, pão, manteiga, um par de zwickles e laranjas para sobremesa).

Como o único supermercado aberto ao domingo fica para aí a uns 2.5 km daqui de casa e não me apetece apanhar o eléctrico, levo vestido (de baixo para cima):
-sapatos de ténis com couro castanho/encarnado/branco e sola de borracha natural;
-meias de lã, até ao joelho, castanhas, dadas no Natal pela avó quase centenária;
-cuecas de algodão, formato trunks, às riscas horizontais;
-calças em corduroy, também castanhas;
-t-shirt com a efígie do Michael Cain a segurar uma canos-serrados, tirada do Get Carter (1971);
-camisola de lã, corte de marinheiro, em azul-turquês;
-sobretudo curto de lã, double-breasted, preto;
-luvas de cilcista pretas em poliamida, ou lá o que é (não sei onde estão as outras e as esqui já era exagero);
-cachecol de lã merino (ainda não decidi a cor);
-barba.

Espero não me constipar.

VoC, um blogue de serviço público

Está tudo imbecil, parte 2

O território português tem passado os últimos dias com temperaturas máximas à volta do 10ºC na quase totalidade das regiões, e mínimas à volta de zero.

Dadas estas condições meteorológicas extremas, o pânico generalizou-se aos média, com José Rodrigues dos Santos aconselhando o uso de "várias peças de roupa" enquanto que, na SIC, um senhor popular de Lamego descrevia como "muita neve" a polegada e meia de brancas que raspava da berma da estrada.

Valha-nos isso, desta vez os cidadãos preocupados não acorreram em boiada aos serviços de urgência dos hospitais.

Estão cerca de -30ºC na Bulgária, país que tem estado sem aquecimento doméstico durante as últimas duas semanas devidos a corte no fornecimento de gás pelo megapólio russo. Entrevistados na rua pela SIC, alguns cidadãos búlgaros confessaram "estar com bastante frio".

A minha candidatura conjunta preferida ao mundial de futebol de 2018



Os outros deviam mas é ir trabalhar.

A 'rua árabe' e o 'palácio árabe'

"Hamas and the arab states"

Despite the much-hyped Arab nationalist solidarity often cited in the name of Palestine, most Arab regimes actually have little love for the Palestinians. While these countries like keeping the Palestinian issue alive for domestic consumption and as a tool to pressure Israel and the West when the need arises, in actuality, they tend to view Palestinian refugees — and more Palestinian radical groups like Hamas — as a threat to the stability of their regimes.


A análise da Stratfor, via Claro.

sábado, janeiro 10, 2009

R.I.P. Ron Asheton

Ouvi Adolfo Luxúria Canibal dizer uma vez num programa de televisão que só ouvia jazz até ao dia em que lhe chegou às mãos um disco de Iggy Pop and The Stooges.
O impacto da audição foi tão grande que nesse mesmo instante o jazz perdeu um adepto e o rock ganhou um militante.
Antes de Adolfo Luxúria Canibal, Asheton já havia influenciado toda uma geração a que se convencionou chamar "Punk".
Para ambos factos contribuiu em grande medida o poder sónico da guitarra eléctrica de Ron Asheton: minimal e corrosiva como o(s) ácido(s). O feed-back e a distorção como uma arte.
Consta que, para ensaiar e gravar o primeiro disco, Iggy Pop tinha que "comprar" os restantes elementos da banda com drogas. Asheton talvez fosse um artista reticente, mas pelo preço certo deu forma a (pelo menos) duas obras primas do rock'n'roll: "The Stooges" e "Fun House".

Eu, ajoelho-me no tapete do escritório e curvo-me na direcção de Detroit.

Ladrão que rouba ladrão...

Semibold

Deixaram-me na caixa de correio um pequeno quadrado de papel com «Jesus ama-te», simplesmente, em Adobe Caslon Pro (semibold). Durante vários dias pensei que fosse a forma inesperadamente sofisticada de aquele moço espanhol do terceiro direito, que me sorri muito quando nos encontramos à porta do prédio a despejar o lixo, procurar a minha assistência para o desenvolvimento de actividades extra-curriculares. Mas, pelo que me disse a velha do quinto frente, parece que esse se chama Pablo ou Ramón ou uma coisa dessas.


Roubado ao Cinquenta e três, que roubou ao Agrafopontonet.

Entretanto, cresce o amor da juventude grega pela "resposta proporcionada"

Agente da polícia abatido a tiros de kalashnikov.

sexta-feira, janeiro 09, 2009

O blogue mais importante do mundo.

Neste momento, este é o blogue mais importante do mundo. Está parado porque a autora, que conta a sua história aqui, não tem electricidade para aceder à internet. Mas essa é seguramente a menor das suas preocupações.

Razões profundas da mortandade rodoviária

Foi qualquer coisa como isto, ouvido a uma repórter-narradora da RTP durante o Natal:

"(...) as operações stop, embora sejam um incómodo para os automobilistas, (...)".

Realmente, é um incómodo. Para além do atraso de vida de, para aí, vinte minutos, o cidadão ainda tem de ter o carro em condições de circulação, os documentos em ordem, a alcoolémia baixa, e uma condução segura e civilizada.

O mínimo que uma pessoa pode fazer contra isto é sentir-se incomodado. E, de novo na estrada, correr a avisar os outros com máximos, não vá dar-se o caso de algum não ter o luzes de travão, ou o carro ser roubado, não ter carta, estar com os copos ou, mesmo sem eles, a sua condução ser perigosa e pouco civilizada.

Com o alto patrocínio da televisão estatal, eis que a moral de troglodita chega ao estatuto de cânone.

quarta-feira, janeiro 07, 2009

bokhim ve-yorim

É uma expressão hebraica que significa "chorando e disparando" e que traduz em duas palavras a táctica de vitimização a que Israel nos habituou sempre que parte para a guerra. É a mesma táctica que vejo ser usada em vários blogues, nos comentários aos posts contra a guerra: "lá está você a ser anti-semita..."

Israel afirma que a actual ofensiva visa defender o seu território contra os ataques de rockets do Hamas, mas em direito a legitima defesa deve obedecer à regra da proporcionalidade. Não podemos responder a uma chapada com um esfaqueamento, a um murro com um tiro.

Israel nem sequer usa a táctica do "olho por olho, dente por dente", no caso da ofensiva em Gaza modificou-se a expressão para "olho por ambos-olhos, dente por dentadura/boca/e-todo-o-sistema-digestivo".
Entre 2005 e 2007, os rockets do Hamas mataram 11 israelitas. No mesmo período, as bombas de Israel mataram 1290 palestinianos (destes 222 eram crianças).

Mas Israel está a fazer todos os possíveis para que esta seja a última ofensiva militar na Palestina.
Sim. É provavelmente o fim da história para a Palestina. Estamos a um passo da solução prevista pela Mossad nos planos da "Operação Cast Lead" elaborada por Meir Dagan , actual chefe da Mossad (Barak Ravid - Operation Cast Lead ": Israeli Air Force strike followed months of planning , Haaretz , 27 de Dezembro, 2008).

O plano, criado antes de 2001 com o objectivo de afastar Arafat, mantêm-se em vigor. Alguns dos passos intermédios já foram dados (separação da Palestina em duas zonas distintas, com governos diferentes e negociações separadas com ambos - Le Monde, 17 de Dezembro, 2001).

A retirada dos judeus dos colonatos de Gaza antecipou a construção do muro à volta da faixa, transformando-a naquilo que é hoje: um campo de concentração. Teria Israel construído o muro com colonatos dentro?
Seguiu-se o bloqueio a Gaza, impedindo o comércio, impossibilitando o funcionamento de todas as infra-estruturas, enfim, tornando a vida no gueto num inferno.

A "trégua" (coloco a palavra entre aspas porque não havia nenhuma trégua oficial uma vez que o governo do Hamas nunca foi reconhecido oficialmente quer por Israel quer pelos EUA) foi quebrada no dia 4 de Novembro, dia das eleições americanas. Israel bombardeou a faixa de Gaza declarando que o fazia para impedir a construção de túneis.
No dia 5 começou o cerco e o corte no abastecimento de alimentos e medicamentos. Simultaneamente ocorreram incursões armadas (Gaza truce broken as Israeli raid kills six Hamas gunmen - The Guardian , 5 de Novembro 2008).

Aos palestinianos restará, por fim, o êxodo. Quando a vida se tornar absolutamente inviável em Gaza, Israel abrirá o cerco e deixará sair o que restar da população civil. Uma limpeza étnica, portanto. Há algum outro nome a dar-lhe?

Resta dizer que na Cijordânia as negociações não têm trazido nada de novo aos Palestinianos, embora o Governo de Habbas seja da simpatia de Israel e dos EUA. Os colonatos continuam a ser construídos (doze mil israelitas na margem esquerda substituíram os oito mil que saíram de Gaza) e os postos de controle do exército não foram desmantelados, cortando em pedaços o território e retirando qualquer autonomia aos seus habitantes.
Mahmud Habbas tem sofrido humilhação sobre humilhação e já não lhe resta nenhuma credibilidade junto dos seus.

Acaba assim a história de um povo traído pelos seus líderes (corruptos ou fanáticos religiosos), pelo mundo árabe em geral: os que se manifestam hoje no Líbano esqueceram por certo que foram as milícias cristãs que executaram os massacres de Sabra e Shatila e ninguém foi julgado, e que os Palestinianos refugiados no Líbano vivem virtualmente presos em campos.
Traídos, por fim, pelo Ocidente dos Direitos Humanos.

terça-feira, janeiro 06, 2009

The noise betwen stations, pilar da ponte de tédio


“O destino do emigrante é que o país estrangeiro não se torna a sua pátria: a sua pátria é que se lhe torna estrangeira.”

Alfred Polgar (1873-1975), citado por J. Rentes de Carvalho.

domingo, janeiro 04, 2009

Rojo, amarillo y morado

É um excerto do filme "Caudillo" de Basilio Martín Patino, que encontrei no Abnóxio. Não lhe vou chamar documentário porque me parece curta a classificação para um filme que representa um ajuste de contas com a memória. O possível, porque outro mais sério está adiado sine die. É o exemplo máximo, ainda que não o mais popular, de uma época em que a arte substituiu a política na catarse de um povo acabava de viver anos sombrios.
É uma obra impressionante se tivermos em conta que Patino tinha todas as portas fechadas e não pode usar imagens de arquivos espanhóis.
Do mesmo realizador há que ver também o "Canciones para Después de Una Guerra". Um retrato dos primeiros anos do franquismo feito através de fotografias da época, sem narrador e com coplas como banda sonora.

E mais dois

Esquerda Republicana - Para contrastar com este nosso blogue, em que dois terços dos escribas são da Esquerda Monárquica.

Abnóxio - E recomendo vivamente o post com o texto de Miguel de Unamuno.

Também me tinha esquecido desta coisa dos blogues-de-que-a-gente-gosta...

Confesso, sem querer engraxar os colegas, que este é o único blogue que leio regularmente. Nem sei se sou capaz de encontrar cinco preferidos. Encontrar simplesmente cinco já será uma sorte, mas vamos lá:

O mundo de Cláudia - Há muito que não visito este diário mas imagino que continuará a ser uma leitura interessante. Quando for grande quero ter um blogue assim. Não é escrito em português. Vale?

O Estado Civil - descobri-o por uma referência do Dorean aqui no VouC. Vou lá de vez em quando cultivar-me.


Hoje há conquilhas. Amanhã não sabemos
- Prémio para o melhor título de blogue com referência culinária.

agora preciso de tomar fôlego... volto daqui a nada com os que faltam...

Os dardos do Claro

Tarde e a más horas, agradeço ao José Mateus a atenção que nos prestou.

Fui eu que, no VouC, descobri o Claro, já não faço a minima ideia como.

Também não fazia a mínima ideia de quem era o José Mateus mas o blog pareceu-me interessante e recomendei-o ao Dorean.

Aqui vão os meus dardos:

O Insurgente, porque me alimento das ideias de que discordo (como se vê facilmente)

O Esquerda Republicana, porque alguns dos melhores miolos do país estão ali.

O Sorumbático, pelo peso que têm na vida Portuguesa todos aqueles que lá escrevem.

O Estado Civil, o Pedro Mexia é um dos melhores escritores Portugueses da actualidade.

A Câmara Corporativa, uma escolha ao calhas.

E a parte da macacada

Para impôr a ordem, como comandante das Forças Armadas, mandava a Brigada Aerotransportada para os Açores e a Brigada da Abstémia para a Madeira.

Se Cavaco fosse realmente um grande estadista...

Fazia uma de duas coisas (ou ambas):

1. Dissolvia o parlamento, independentemente das circunstâncias actuais de crise, que não servem de desculpa.

2. Fundava um novo partido à direita, longe do PSD, que está morto e entregue ao verdugo, e do CDS-PP que, acima de tudo, pretende assaltar o orçamento de estado. Como presidente e tudo. E sem romper a solidariedade institucional nem comprometer a sua isenção.

Sem queixinhas.

Mais uma paranóica

Dorean, apreciei a tua referência nesta posta ás famílias que vivem em casas com radiadores a óleo e caixilharia ordinária.

Paranoicamente, enfio a carapuça.

Sinto-me culpado por viver numa casa com caixilharia ordinária e radiadores a óleo.

Prometo que me vou passar a preocupar mais com a Ucrânia.

Se puder, retiro também a caixilharia ordinária da janelas e os radiadores a óleo que infestam a minha casa.

Mas talvez lá mais para Agosto, não sei.

Tenho no entanto já a certeza que, depois disso, me tornarei numa pessoa muito melhor.

Como eu ando...

Dorean,

como eu ando, só com provocações me convences a escrever.

Países periféricos

Dorean, nesta posta, omites que a Austrália tem o tamanho de um continente e os recursos naturais equivalentes (para uma população que é metade da população de Espanha), sendo ainda o último continente a começar a ser explorado pelo homem.
Adiante.

Também não concordo com o artigo do João Miranda, claro.
É verdade que a forma preguiçosa de atrair capital se baseia em mão de obra barata. Mas esse plano só convém ao Estado e aos 5 ou 10% por cento que beneficiam.

Por outro lado, assenta numa visão da economia que é pouco inteligente e está agora completamente ultrapassada: a de que o desenvolvimento da economia só se consegue atraindo capital estrangeiro.

Ora a tendência para atrair capital estrangeiro resulta acima de tudo de uma tentativa para compensar uma balança de transações deficitária. O objectivo da política económica deve ser pelo contrário inverter o défice na balança de transações através do aumento das exportações.

Como o nosso único recurso é practicamente o material humano e como este não é lá grande coisa, a solução para este país periférico é atrair os melhores recursos humanos que consiga encontrar e que se mostrem dispostos a vir.

Isto é, Portugal precisa de uma política activa e deliberada de imigração e de atracção dos melhores (aliás, como a Austrália fez no passado, e não me venham com a história dos degredos de Inglaterra).

Para tal, há que os convencer a vir para cá e uma das formas para o fazer é, naturalmente, oferecendo bons salários, ou muito bons salários, o que, a prazo, se a política funcionar, claro, implica um aumento generalizado do nível salarial em Portugal.

Aliás, foi exactamente uma política deste género que se praticou no início dos Descobrimentos. ( Ou pelo menos, os livros de história assim o dizem, lembram-se? )

So much para a política de desenvolvimento à empresário do Norte, que já está morta e enterrada há muito tempo.

Dah!!

Mais um brinde ao Freddie!

E à sua "malha" mais famosa. Aqui ao lado de outros pesos pesados: Herbie Hancock, Ron Carter, Joe Henderson e Tony Williams

Freddie Hubbard R.I.P.

Tive o privilégio de vê-lo no Hot Club, em noventa e tal. Se bem me lembro (porque raios não escrevo um diário?!) acabava de recuperar de uma doença que o havia impossibilitado de tocar durante um par de anos. Quando toda a gente (Jamiroquay, Brand New Heavies, etc...) estava a tocar o som que ele ajudou a inventar nos anos 70, ele voltou a tocar Hard Bop, como quem diz "agora imitem lá isto, hehehe..." Eu gosto de gente assim. Que não concede. Lembro-me da surpresa e do prazer que me deu ouvi-lo ao vivo. Tinha um som potente, vibrante, mas melodioso e por vezes até lírico.
Não chegou a ver 2009. Foi participar na grande jam session eterna e nós perdemos mais uma lenda viva.

A luta e os seus problemas


"CONFRANGEDOR, neste processo, foi o Parlamento. E, com ele, evidentemente, os grupos parlamentares e os partidos. Foram incompetentes e fizeram tolices. Foi possível, por exemplo, aprovar uma lei que continha oito disposições inconstitucionais! Mostraram um comportamento contraditório e arrogante: vários partidos diziam uma coisa na televisão e votavam de modo diferente. Foram covardes e cederam à chantagem regionalista. Finalmente, cometeram acto impensável: automutilaram-se, isto é, abdicaram de competências e desistiram de funções de Estado."

António Barreto, artigo no Público por via do seu blogue Jacarandá.

Para não dizerem que ele fala, fala mas não faz nada

Esta terapia foi desenvolvida em conjunto por engenheiros da NASA e cientistas laureados e tem sido usada, com grandes resultados, até pelo Cristiano Ronaldo:

-antipirético para baixar a febre + analgésico para o incómodo das mialgias (mande alguém ir à farmácia buscar);
-leitinho ou chazinho quente para desinflamar a garganta;

(adenda para os pós-modernos: bombada de spray de água do mar em cada narina para desentupir o nariz)

-ficar de cama até sentir-se melhor (logo aqui implica, obviamente, deixar os serviços de urgência em paz).


VoC, um blogue de serviço público.

Está tudo imbecil

Qual o grau de autonomia pessoal de alguém que vai a caminho das urgências por causa de uma gripe?

Mais um ano que passou...

... Sem ter visto o Música no Coração.

(inspirado aqui)

O fim de uma farsa

Após três votações, dois vetos e declarações ao país, o presidente da república acabou por promulgar uma lei com a qual não concorda.

A um ano do seu centenário, a "República" idealizada pela junta revolucionária que tomou o poder em 1910 morreu definitivamente: o regime volta a sediar-se num parlamento todo-poderoso diante do qual o chefe de estado tem apenas consentida a autoridade de fazer ouvir a sua augusta voz.

sábado, janeiro 03, 2009

Exemplos de países periféricos (*)

Austrália

População: 21 milhões
PIB: USD 908.8 mil milhões
Crescimento PIB (2007): 4.3%
Desemprego: 4.4%
Literacia: 99%

Restrições ao crescimento: seca, importações, moeda forte; deficiências em infrastruturas e um mercado laboral pouco flexível também dificultam o crescimento das exportações.

Dadas as suas reservas de petróleo e gás natural, a Austrália não importa electricidade.

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(*) a propósito disto.

Pérolas na colecção Berardo


Autor desconhecido (Portugal)
Legenda de quadro, 2008

A boa tradução obriga à conversão de conceitos. Aquilo que seria considerado 'imobilismo' noutras línguas é, para o português, a tão desejada 'tranquilidade' (só não é 'sossego' porque seria termo demasiado saloio para uma galeria de arte).

Em Portugal os europeus constipam-se

Ao contrário do programado, não houve eleições antecipadas em Dezembro na Ucrânia e não foi desta que os pró-russos conseguiram mandar o presidente Yushchenko para melhor.

E que faz a Rússia quando não lhe fazem a vontade? Corta-lhes o gás.

Claro que nos lares da caixilharia ordinária e radiadores a óleo, vestiu-se mais um casaquinho e o assunto passou ao lado.


Bom dia, bom ano.