domingo, dezembro 21, 2008

quarta-feira, dezembro 17, 2008

A leste nada de novo

O russo, apesar da carreira e casamento, ainda era novo (25? 26?) e acredito que foi com inocência que se exprimiu.
Comparava ele as línguas ucraniana, a falada na Bielorrússia e o russo, sendo a segunda quase indistinta do russo próprio. "De modo geral, também há quase nenhuma diferença entre russos e bielorrussos", acrescentou.
"E com os ucranianos?", perguntei .
"Bom, não tanto, pois ali existe alguma influência dos nacionalistas".

Quem aguentar este vídeo até ao fim que me escreva que eu compro-lhe o livro



-E música, que se põe?
-Sei lá! Olha, mete uma clássica qualquer que isso não paga direitos de autor.


Vai haver umas alminhas retorquindo que há amadores no "tube" sabendo ler melhor que isto. Por favor, tenham dó da piquena: com textos destes qualquer um perde o tino, quanto mais o timbre.

Série Grandes Momentos Mediáticos

E a gripe das aves? Já acabou?

Marquetingue 2



O mercado-alvo aqui é outro e não há cá confusões: há três referências à proveniência do produto só nesta face da embalagem. O produtor é dos rijos e, como se pode ver pelo design neo-realista, está-se nas tintas para mariquices de computadores: quando o sr. Pinhais enlatou a primeira sardinha, os espanhóis eram uns matarruanos que se andavam a degolar uns aos outros e ainda haviam de passar uns bons quarenta anos de fome até terem dinheiro para uma lata de conserva portuguesa.

O uso exclusivo do inglês na rotulagem acaba por explicar por que razão nunca vi tal coisa à venda nas grandes superfícies nacionais.
O que não explica é como este e outros possíveis distribuidores conseguiram desencantá-la.

Marquetingue


Era uma vez três: um espanhol (à esquerda, sem direito a bandeira); um português; e um francês.

Reparem nas embalagens. Reparem na forma como cada produto procura diferenciar-se dos demais, numa área de mercado onde a origem é uma mais-valia a evidenciar (*).
E, depois, reparem nos preços.

(*) Julius Meinl.

ADENDA: pior do que eu pensava, o conteúdo é português mas o continente é espanhol.

segunda-feira, dezembro 15, 2008

Sabedoria popular

Não há cagança sem mijança, lá diz a sabedoria popular.

A não ser que se sofra de verborreia.

Os partidos novos

O Movimento da Esperança, o Movimento Alegre, o outro Movimento-que-não-me-lembro-agora...

Uma nomenclatura a transpirar optimismo.
Obviamente, não tenho favoritos e parece-me que, à excepção do segundo, vão acabar em águas de bacalhau.
Mas quando há quem responda com movimentos políticos alternativos ao panorama desolador com que a partidocracia tradicional nos presenteia, só posso agradecer. Ainda que tenham origem naqueles e venham, no fim, apenas servir de espora para regenerações internas...

Em todo o caso, na minha humilde opinião - cinismo devidamente sacudido - a superioridade da democracia representativa está na possibilidade dos descontentamentos irem a votos. Assim não fora (aí vem a piadinha) e ainda eramos capazes de nos ver gregos.

domingo, dezembro 14, 2008

Pessoa pop

A origem dos protestos está nos protestos (3)

Dado o estado a que chegou a revolta popular nas principais cidades gregas (essencialmente, aquelas com universidades), o PASOK, o PC grego e as duas centrais sindicais acharam que a solução para o fim da destruição e do descontentamento era, respectiva e independentemente, a queda do governo, a queda do governo e uma greve geral.

A origem dos protestos está nos protestos (2)

Há réplicas no resto da Europa, embora em menor escala, dos tumultos gregos. Estas levam a crer que, ao contrário do descrito pelos indicadores económicos, os jovens de Copenhaga vivem tão mal como os jovens de Atenas.

A origem dos protestos está nos protestos

Alexis Grigoropoulos foi morto por um polícia depois de atirar pedras ao carro-patrulha onde este seguia.

sábado, dezembro 13, 2008

Não tarde nada temos também que arranjar fitinha

Enquanto em Braga alguns grupos começam a querer extender a proibição de fumo a toda a restauração (aquela gente é, de facto, puritana), no Reino Unido a discriminação sobre a minoria vai de vento em popa e o fumador, já tratado em público como um leproso de outros tempos, cada vez mais sofre pela lei.

Como a ilegalização objectiva do tabaco é complicada, o fascismo higiénico opta pela criminalização do fumador. Não é apenas em locais públicos que este se sente a opressão e a planeada proibição de exposição de cigarros no local de venda - associando clandestinidade à compra de cigarros, é a ponta do iceberg. A propaganda e pressão social entrou pela privacidade adentro e, por exemplo, o aluguer de casas está, na prática, vedado a fumadores.

Mas o cúmulo do ridículo surgiu agora: enquanto nesse e noutros países se avança no sentido de conceder direitos iguais a qualquer minoria, há vereadores de subúrbio que, em pleno delírio de nicotinofobia, decidiram proibir os casais de fumadores de adoptar crianças.

Acho que está a começar a altura de escolher a cor da fita.

ADENDA: a proposta do vereador de Redbridge, Michael Stark, já foi votada e aprovada, extendendo esta proibição às crianças maiores de 5 anos.

Tendo em conta o número de crianças de qualquer idade havia, na altura da votação, uma falta de 10 000 famílias de acolhimento no Reino Unido
.

Temos praças de jorna outra vez

As velhas praças de jorna não foram uma criação literária do neo-realismo. Existiram nos anos 30 e 40 do século passado, em pleno fascismo, às portas de Lisboa, no Ribatejo e Alentejo e pensar-se-ia que a evolução social da Humanidade e até mesmo do país tivesse acabado com tal aviltamento. Mas não. Há novas praças de jorna, com essa ou outra designação, e com tanta pobreza e desemprego é pegar ou largar.

Estes homens, que viajam como gado e morrem como tordos, só chegam às páginas dos jornais cobertos por um lençol na berma de estrada. Toda a gente sabe que existe essa modalidade de arrebanhar e transportar mão-de-obra. Mas a classe política e os pregadores situacionistas têm coisas mais nobres com que se preocuparem.


João Paulo Guerra, no Sorumbático

sexta-feira, dezembro 12, 2008

quarta-feira, dezembro 10, 2008

Blood Red Shoes - I Wish I Was Someone Better (Pinkpop 2008)

São só dois.

Mas parecem quatro.

Agora, ao vivo.

segunda-feira, dezembro 08, 2008

Se isto acontece no paraíso irlandês, imaginem o resto

O meu "Ensaio sobre a cegueira" preferido

"O amor é cego", conto de Boris Vian (L'Amour est aveugle, primeiro publicado na Paris-Tabou, n°1, 1949, e depois na compilação Le Loup-garoup, 1970).

Oh-oh

Pakistan’s Spies Aided Group Tied to Mumbai Siege

Direitos humanos no Reino Unido

Enquanto o ministro-sombra era preso e interrogado, e a sua casa vaculhada ao abrigo dos decretos anti-terrorismo, o Foreign Office celebrou a Declaração Universal dos Direitos do Homem botando discurso e atribuindo prémios.

Edificante. Ainda para mais por se ter esquecido de convidar para a cerimónia os súbditos de Chagos, arrancados à força do seu arquipélago natal por razões de superior interesse nacional, e aos quais ainda hoje recusa compensações de maior.

Tanto barulho para nada


Como já no Claro foi feita referência, o Congresso do PC acabou, Carvalho da Silva irá continuar à frente da CGTP e o senhor que se lhe segue não será o retratado.

quarta-feira, dezembro 03, 2008

A Madeira é o Jardim

A emissão da assembleia regional online foi atrasada 5 minutos para corte editorial. Isto é possível porque o sinal televisivo apenas pode ser acedido a partir dos gabinetes do PSD, só depois seguindo dali para a régie.

Fiquei a saber ainda pelo Público que a disposição das câmaras de televisão na sala de debate também tem a sua lógica:

"Para captarem imagens das sessões, as câmaras da RTP-Madeira e de outras televisões têm espaço obrigatório junto à bancada de imprensa, atrás das bancadas dos partidos da oposição, onde antes ficavam os deputados da maioria. Contrariando a tradição parlamentar que distribui os partidos consoante o seu posicionamento ideológico, o PSD decidiu, em anterior legislatura, passar da direita para a esquerda do hemiciclo para que os seus deputados sejam filmados de frente e os da oposição de costas.".

Há muitos anos, quando passava uns dias com amigos em Porto Santo, um cavalheiro local fez questão de nos dizer, enquanto realçava a latitude e a distância entre continentes, que eles, do arquipélago, não eram europeus mas sim africanos.

Honestamente, acho a distinção irrelevante. A não ser que esse senhor tivesse querido de alguma forma explicar as razões da especificidade da democracia madeirense e o porquê da sua região se parecer cada vez mais com um Zimbabué em miniatura.

segunda-feira, dezembro 01, 2008

Jumpin' In

Kenny Wheeler (trompete), John Abercrombie (guitarra), Dave Holland (contrabaixo), John Taylor (piano), Peter Erskine (bateria)

Parte 1



Parte 2

Em 1640 havia castelhanos mas não havia SIDA

Agora, em 2008, não só voltou a haver castelhanos como também há SIDA.

Nenhum deles tem remédio mas a prevenção ajuda. Com patriotas ou filipinos, use sempre camisinha.


VoC, um blogue de serviço público.

Para compreender o que se está a passar na Tailândia (3)


Visto de Bangkok, o in loco de Nuno Caldeira da Silva

domingo, novembro 30, 2008

Que saudades do Vasco Lourinho

Primeiro, desprevenidos, chamaram-lhe Mumbai; umas horas e um par de comentadores depois, redescobriram Bombaim.

A informação noticiosa portuguesa transformou-se numa rábula de António Silva, num papagaio desassombrado que vai traduzindo com autoridade o pouco que entende da cê-éne-éne à família lá das berças. Sem cultura, sem vocabulário, sem brio, sem vergonha. E, ao contrário do Leão da Estrela, sem graça nenhuma.

Para compreender o que se está a passar na Tailândia (2)



Q&A da BBC News, e o in loco de Jonathan Head.

Sensibilidade cultural ou Aquelas mentiras todas, afinal eram todas verdade

Eu também sou a favor da sensibilidade e especificidade culturais.

Tenho todo o respeito pelas formas próprias de democracia e pelas especificidades das sociedades Asiáticas, que as tornam incompatíveis com modelos de democracia alienígenas e importados do Ocidente.

Mais! Eu chego mesmo a ser a favor da defesa de sensibilidade e especificidade culturais do próprio Ocidente!

No Ocidente nós respeitamos os Direitos Humanos e a propriedade intelectual. Não obrigamos as empresas estrangeiras que se estabelecem entre nós a partilharem o capital com empresas locais.

Vamos defender a nossa especificidade cultural, impondo restrições ao comércio e entrada de capitais oriundos de países que não respeitam a nossa especificidade cultural e com os quais temos, muito por causa disso, um défice crescente na balança comercial.

Não se trata aqui, claro, de defender os Ocidentais e os seus interesses.

A atitude aplaudida no momento é loar a saída de milhões de Asiáticos da pobreza e aplaudir ainda mais o empobrecimento do Ocidente, fruto, claro, da Democracia e da Liberdade, que tanta importância tirou aos "irmãos mais velhos", àqueles senhores sábios que nos diziam o que fazer (porque a política não é para pessoas decentes) e que agora tanto se excitam com a antevisão de um possível regresso da sua importância, ante o Asiático e galopante triunfo dos seus congéneres.

Para compreender o que se está a passar na Tailândia (1)


Combustões, o in loco de Miguel Castelo-Branco

sábado, novembro 29, 2008

"Cavacogates"

João Miranda, cronista do Blasfémias, cronista do DN, e investigador em biotecnologia nas horas vagas (sem linque conhecido), prossegue uma interessante campanha de auto-promoção procurando, incansável, interstício onde possa encunhar aquele enredo cavaquista que ele próprio engendrou.

Na última "cacha" que li, Miranda acusa Cavaco Silva, enquanto candidato presidencial e a partir de notícia do Público, de ter recebido apoios em contado de accionistas e administradores do BPN.

Esta epifania não deixa de ter graça. Que, para salvaguarda do mito republicano, toda a gente olhe para o lado sempre que se fala em independência partidária do presidente ainda vá; o episódio Alegre apenas serviu para exemplificar, outra vez, como a canalha se entricheira na partidocracia, mesmo que seja a do outro. Afinal, há um todo um modo de vida a preservar.

Agora, seremos todos tão ingénuos, como João Miranda quer fazer crer, que ninguém saiba que as campanhas são financiadas por uma mole de investidores com interesses tão variados, podendo ir da vaidade inócua de uma comenda no 10 de Junho a um lugar em comitivas empresariais ou um ouvido compreensivo em caso de emergência?

A mera diversificação dos activos em carteira leva alguns dos filantropos a financiar irmãmente as partes rivais. Alternativamente, a filiação obriga à concentração de capital. Que é o mesmo com se financia o partido dos seus olhos noutras ocasiões. Partidos que estão impedidos de financiar campanhas presidenciais para garantir a independência do futuro presidente.

Enfim, uma risota.

quinta-feira, novembro 27, 2008

sábado, novembro 22, 2008

As melhores são as velhas

Cidadão estaciona no lugar reservado ao ministro das Finanças/presidente da Sociedade Lusa de Negócios (conforme o século). O polícia, condescendente, intervém:

-Ó amigo, não deixe aí a viatura que o "dr." Cadilhe pode aparecer a qualquer altura...
-Não se preocupe, sr. agente, que o carro tem alarme.

quinta-feira, novembro 20, 2008

Saudades dos eléctricos

Esta posta do Menos1carro fez lembrar-me uma evidência: o carro é o melhor aliado dos grandes chópingues contra as lojas tradicionais. Não só o tráfego intenso empurra a peonada para fora do centro das cidades como estes se transformam em locais de passagem rodoviária para as compras no subúrbio a caminho de casa.

Se eu sou capaz de ver isto, tenho a certeza que alguém na CML também é, não?

Instruções de instalação do cartão SIM da Virgin Mobile aqui há atrasado

Pull me out
Push me in
Turn me on.

A corporação


A Plataforma Sindical dos professores recusou a "comissão de sábios" independentes (qualificativo que por cá nunca encontrou merecedor) sugerida por António Vitorino.
Não há surpresas: para os sindicatos a Educação pertence-lhes, o seu objectivo confunde-se com os interesses próprios. O Povo não é para ali chamado.
Noutros tempos chamavam a isto "corporativismo".

quarta-feira, novembro 19, 2008

Duran Duran Ordinary World directors cut

Cantada por Somn Lennon. LOL!

Antes que comecem as más-línguas

Dias Loureiro, administrador executivo da Sociedade Lusa de Negócios que ocultou das contas oficiais operações de aquisição de empresas off-shore, foi ministro da Administração Interna e não da Justiça ou Finanças.

Não há, portanto, incompatibilidades a denunciar.

terça-feira, novembro 18, 2008

L'ennui



And I call you baby I will and I do
Persuade you in though I know that we're through
I let you think that I'm yours when I'm not
Keep you here though I'm ready to drop the last line

A grande bosta já cá chegou

Depois do investimento feito no lóbi para a proibição do tabaco, a cadeia de cafés que são a negação de um café, Starbucks, abriu a "primeira" (!) loja em Portugal.
Numa ousada operação de marquetingue, a bica vai ao público a 1.20 euros.

Quando é para encherem um sítio de atrasados mentais estes americanos não dão hipótese.

Prémio Dardos

O Claro, uma das principais referências desta casa (e José Mateus um dos nossos sete leitores que não vem cá ter por acaso) teve o bom gosto e a fineza de distinguir o VoC como "um dos blogues que contribuem de forma significativa para o enriquecimento da cultura virtual, através da veiculação de valores culturais, éticos, literários, pessoais... premiando os blogueiros que demonstram a sua criatividade através do pensamento vivo e através das formas de comunicação que utilizam para o expressar."

(a baba corre eflúvia, digo-vos)

Segundo se lê, "estes selos foram criados com a intenção de promover o salutar convívio entre os bloggers e como forma de demonstrar carinho e, reconhecimento por um trabalho, que agregue valor à Web."

Ora bem, quem recebe o “Prémio Dardos”, e o aceita, deve:

1. Exibir a respectiva marca /imagem;
2. Lincar o blogue através do qual recebeu o prémio;
3. Escolher quinze (15) outros blogues aos quais atribuirá o "Prémio Dardos".

(quinze para nós é um número catita pois dá cinco a cada de nós, não é, Luís?).

Passo a indicar os meus escolhidos, por ordem aleatória:

Tempo contado, de J. Rentes de Carvalho, um fabuloso contador de histórias;

Dragoscópio, porque o autor é completamente doido como eu nunca vi e é um gosto passar a vista por aquelas arengas;

O Cinco dias (reconstruido), porque sou fã número um do António Figueira;

O Carmo e a Trindade, um blogue colectivo e transversal de cidadania em Lisboa;

Finalmente, o Timor online, por ter sido quase a única fonte de informação desde a independência que se tem preocupado em denunciar a tentativa de transformar aquele país em mais um caso Fidji ou Salomão.

E passo a palavra ao Aardvark e ao Luís (a papa já está feita, basta lincarem a esta posta).

segunda-feira, novembro 17, 2008

Imprensa de referência

Um comentário num jornal online levou ao comentário pedagógico no Jugular (naturalmente, que as caixas de comentários dos jornais online são de fugir). No original, o autor insurgia-se contra a existência de notícia sobre alguém, na sua opinião, desconhecido.

Melhor retrato da imprensa portuguesa não há: como o jornalismo internacional é uma cópia do que se publica de véspera no estrangeiro (nem sempre devidamente traduzida) e como o nacional tem a oportunidade e profundidade de tratamento que lhe é permitida pelos acionistas, grupos de pressão ou cultura do jornalista, o leitor médio exige uma imprensa sem qualquer papel pedagógico, inovador ou provocador. Em resumo, habituou-se a que os jornais estejam limitados a "falar do que todos já conhecemos" e até se irrita se o tentam educar.

domingo, novembro 16, 2008

Valha-nos S. Paulo

Nas últimas postas, o Dorean ligou a emigração crescente com a (falta) de educação dos Portugueses.

Para o Dorean, a falta de crescimento económico do país é consequência da falta de educação e causa da emigração crescente e inevitável (para já).

Concordo com a segunda parte da tese. Tenho mais dificuldade em reconhecer fundamento à primeira parte.

Comecemos pelo fim (será?). A emigração crescente é um produto inevitável da economia. Na economia, nada se cria, nada se perde, tudo se transforma. Se Portugal vende menos do que compra e se o investimento estrangeiro não compensa esta diferença, então, num mundo de livre circulação de bens, capitais e pessoas, são os Portugueses que se vão embora. Empobrecem e enfraquecem o país mas enriquecem-se a eles próprios, e fazem muito bem.

Mais importante que Portugal ser forte é os Portugueses serem felizes.

A 1ª parte da ideia do Dorean é mais contestável. Partilho inteiramente da sua urticária em relação ao pouco interesse dos Portugueses pela educação e pelo conhecimento. Mas questiono que a solução para os prolemas económicos do país passe pelo aumento da educação (qualificações) dos Portugueses.

Pelo contrário, defendo a ideia, antipática e pouco urbana, de que o aumento do nível de educação dos Portugueses é uma causa, e não uma consequência, do progresso da economia.

Aliás, acho até que isto acontece em todo o lado, com excepção dos países comunistas, onde o aumento dos níveis de educação não parece ter trazido nenhuma melhoria visível na economia.

Não vou insistir em exemplos anedóticos, baseados em países que têm tido ultimamente crescimentos de dois dígitos na sua economia e que têm tudo menos recursos humanos qualificados.

Não vou também examinar a especificidade da economia Inglesa. Limito-me a lembrar duas coisas: O Reino Unido é um país exportador de petróleo e a língua Inglesa é, por si, um factor inevitável de geração de receitas e de atracção de emigrantes, nomeadamente de emigrantes qualificados (e começa aqui a contradição).

Vou antes pegar no fundamento da coisa. A ideia é que a economia Portuguesa é fraca porque a produtividade é baixa. A ideia seguinte é que a produtividade da força de trabalho, sem dúvida o maior gerador de riqueza num país sem recursos naturais, é baixa porque a educação é baixa.

É um facto que a produtividade de economia Portuguesa é baixa. Mas eu sustento que essa baixa produtividade é, em primeiro lugar, um produto da geografia. Nomeadamente da localização remota do país.

A dimensão natural dos mercados da economia Portuguesa é pequena. É mesmo a menor da Europa. E isso mede-se de forma simples. Num mapa da Europa, tracem-se circunferências centradas em Lisboa (ou no Porto, se se fôr bairrista). Usem-se raios de 400, 700 e 1200 quilómetros.

Ao redor de Lisboa, qual a população existente , nos raios indicados?

Para facilitar, quais as grandes cidades?

400 quilómetros ao redor de Lisboa estão o Porto e Sevilha. 700 quilómetros estão Madrid e Rabat! Com 1200 quilómetros chega-se a Barcelona e a grande parte de Marrocos.

Centrem-se agora esses círculos ao redor de outras cidades Europeias, nomeadamente das capitais.

Conclui-se facilmente que mais remota que Lisboa só Reikjavik, na Islândia.

Se, por absurdo, se movesse Portugal para o mar do Norte ou para o canal da Mancha, a nossa produtividade aumentaria rapidamente.

A situação geográfica torna a nossa economia fraca e as economias fracas dispensam recursos qualificados.

Um retorno à emigração serve para demonstrar esta realidade. Hoje em dia, a emigração Portuguesa não se compõe só de recursos não qualificados. Aliás, tu sabes isso muito bem, Dorean.

Os poucos que nos lêem pensem no número de relações que foram viver para S. Paulo, no Brasil ou que passam o tempo em ponte aérea com (S. Paulo de) Luanda.

Mas também a emigração para a Europa é diferente. Ela não inclui só pessoas sem qualificações. Cada vez mais ela inclui recursos qualificados. E isso acontece porque as economias Europeias têm mais necessidade desses recursos que a nossa. Porque são mais evoluídas.

Antes de chorarmos a nossa falta de educação, vale a pena olharmos com realismo para a nossa situação e identificar um modelo de desenvolvimento em que tenhamos vantagens competitivas.

Provavelmente o apregoado cluster do mar será um dos caminhos.

Mas, acima de tudo, vale a pena olharmos para as nossas forças e tirar partido delas, de preferência a chorarmos permanentemente as nossas fraquezas, tentando aparecer bem em todas as fotografias de todos os indicadores internacionais.

Entretanto, a emigração é uma das formas que as pessoas encontram para lidar com a fraqueza da nossa economia.

sábado, novembro 15, 2008

Teste-surpresa "Educação e demografia"

Considere dois países, Reino Unido e Portugal:
Em 2001, 39% da população britânica abaixo dos 30 anos detinha uma licenciatura.
Em 2001, 45% da população portuguesa abaixo dos 18-24 anos tinha abandonado o ensino obrigatório sem o concluir (*).

Identificar:
-qual o país com taxa de crescimento populacional positiva;
-qual o país com nível salarial médio mais alto;
-qual o país com menor crescimento económico no período de 2001 ao presente;
-quem emigra para onde em busca de trabalho não-qualificado e quem emigra para onde com o objectivo de gozar rendimentos.

_________________________________________
(*) No segundo caso, os dados são do Gabinete do Ministro da Educação, 6 de Março de 2003.

sexta-feira, novembro 14, 2008

É a emigração, estúpido!


"Portugal vai perder mais de meio milhão de habitantes até 2050, ao contrário da maioria dos países da Europa Ocidental, que terão um aumento da população nas próximas décadas. (...) Espanha, pelo contrário, sobe de 44,6 para 46,4 milhões.

'Não parece haver uma aparente razão para que a população espanhola aumente mais que a portuguesa. A natalidade de ambos os países tem sido mais ou menos a mesma', referiu ao DN o presidente da Associação Portuguesa de Demografia (APD), Mário Leston Bandeira.
"

No DN de ontem.

Ovos e tomates

Escreve o Ricardo S. Carvalho no Esquerda Republicana que já a 5 de Março escrevia:

«sou só eu, ou há aqui uma falha colossal na mensagem que os professores "em luta" querem fazer passar? vejamos, estamos a falar de uma classe profissional cuja principal tarefa é educar e, em seguida, avaliar. e que agora vem para as ruas berrar que ou não querem ser avaliados, ou não concordam com a forma como essa avaliação deve ser feita. sendo ainda que, nalguns casos de debates públicos, até o fazem sem muita educação para com os seus interlocutores... mmmmm... sou só eu, ou a mensagem que passa para os alunos é: se não estão contentes em vir a ser avaliados no final do ano lectivo, tudo o que têm que fazer é gritá-lo bem alto! e não se calem!(...)»

De facto. Daí que não me cause espanto algum a bandalheira de ontem em Chelas.
Só lamento que, mais tarde ou mais cedo, não venha a ser apenas esta "classe" a fazer bom proveito da incúria que semeia.

quarta-feira, novembro 12, 2008

segunda-feira, novembro 10, 2008

Os Contentores no Cais de Alcântara e o Terminal da Trafaria

Não há falta de soluções que agradem a gregos e troianos. Texto completo no Claro.

"Os Contentores no Cais de Alcântara e o Terminal da Trafaria

A propósito deste muito emocional caso dos contentores em Alcântara e da Liscount, (...):

Carta do Prof. Brotas a Helena Roseta




2 de Novembro de 2008

Cara Helena Roseta,

Ouvi parte da sua entrevista televisiva, creio que na passada 5ª feira, e a minha assinatura (que não dei) foi solicitada para uma petição contra o aumento dos contentores no cais de Alcântara. Há neste assunto dois aspectos: o físico do alargamento da área do cais destinada aos contentores, e o político/financeiro, da obra ser, pelo menos em parte, paga pela Liscont, a troco do alargamento sem concurso público da duração da sua actual concessão.

Com respeito ao primeiro, há que dizer que uma vasta área bem servida por caminho de ferro, que era usada para movimentação e depósito de contentores, foi urbanizada na sequência da EXPO 98. Em consequência, os contentores espalharam-se por Lisboa e pelos arredores, e hoje, o cais de Alcântara, nitidamente acanhado, é, na cidade, praticamente a única zona onde podem estacionar e ser movimentados os contentores chegados e que vão ser embarcados.

A Administração do Porto de Lisboa e a Câmara sentiram-se, naturalmente, obrigados a resolver este problema que tende a agravar-se. A solução proposta foi a de aumentar, com terrenos ganhos ao rio e com a demolição de alguns edifícios, a zona destinada aos contentores e de deslocar para Santa Apolónia os navios de cruzeiros.

Esta solução, que tem inconvenientes vários, é uma solução provisória porque, se não for tomada nenhuma outra, dentro de alguns anos o cais de Alcântara estará de novo saturado. Contra ela manifestam-se desde já alguns cidadãos?. Mas o que é que propõem? Nada fazer?

Acontece que, no estuário do Tejo, há uma outra zona altamente propícia para a construção de um grande terminal portuário. É a zona da Trafaria, onde já está instalado um terminal para graneis cerealíferos, um dos dois maiores da Peninsula Ibérica, e que pode ser facilmente ampliado para outras valências, sobretudo se a obra for conjugada com o fecho da golada (ligação por terra ao Bugio) uma obra absolutamente necessária para proteger as praias da Caparica e garantir a boa entrada da barra do Tejo. (...)

O problema do terminal da Trafaria é não ter, neste momento, caminho de ferro. (...) Mas, basta uma linha com cêrca de 10 km para o ligar à linha que passa na ponte 25 de Abril, com o que fica ligado a toda a rede ferroviária nacional e, depois, à rede europeia quando for feita a linha de bitola europeia do Poceirão a Badajoz.

É habitual analisar as grandes obras públicas do ponto de vista da relação custo/benefício (...):
1- A ligação do cais da Trafaria à rede ferroviária existente.
2- O fecho da golada.
3- A ampliação do terminal portuário da Trafaria para outras valências.

Há uma corrida contra o tempo. Se estas 3 obras forem decididas e construidas sem grandes demoras, o crescimento do trafego de contentores no cais de Alcântara pode ser travado e mesmo significativamente diminuido. As obras de expansão da zona dos contentores feitas agora em nada impedem que o cais mantenha, ou pelo menos venha a recuperar a sua função de cais turistico em frente do Museu de Arte Antiga.

Com respeito à questão político/financeira do aumento do prazo da concessão sem concurso público, uma outra questão preocupa-me muito mais. Foi o ter ouvido (não vi nada escrito) que se prepara a privatização do terminal cerealífero da Trafaria.

O que é que está, ou pode estar, em vias de privatização: as instalações actualmente existentes (que são as de um dos dois maiores terminais cerealíferos da Península Ibérica) ou a possibilidade de construir, com custos relativamente diminutos, um dos melhores portos da Europa, fundamental para o papel que Lisboa, cidade portuária, pode vir a ter no futuro.


Peço-lhe que se interesse por este assunto.

Com as melhores saudações

António Brotas"

sábado, novembro 08, 2008

The Last Shadow Puppets

Por falar em militarismo...

No mínimo, vale pelas pernas da patinadora.

sexta-feira, novembro 07, 2008

Para a Madeira e em força!

O que se passa na Madeira foi e é atroz. Tanto que obriga a ouvir por aí vozes que, com fastio, entregam o território à "independência" (como se tal fosse possível).

Eu, militarista, integralista, conservador, digo o oposto: para a Madeira e em força!
E que se acabe de vez com esta palhaçada. Quem se deixa governar assim de facto não alcançou a autonomia de jure.

Sr. Presidente da República, a integridade da Constituição que jurou defender exige-o: cumpra o seu mandato ou abdique. Caso contrário, é preferível um rei; esse não tem partido.

Blood Red Shoes - I Wish I Was Someone Better

I really wish

Da superioridade da Europa

Muitas e transversais foram as loas à eleições na América e aos americanos, que "só ali é possível acontecer revoluções destas" e assim. Da minha parte, a única coisa que me impressionou foi a excelência da retórica capaz de multiplicar o número de eleitores activos (85%). Fora isso, nada ali causa inveja a nenhum europeu nem serve de lição de democracia para ninguém no mundo. Alguns exemplos aleatórios:

-as dúvidas levantadas quanto à idoneidade do processo de votação e contagem de votos levavam quase a imaginar a necessidade da presença de observadores da ONU;

-a cupidez doentia e hipócrita pela vida privada dos candidatos;

-a influência esmagadora do racismo, da xenofobia, do sexismo;

-last but no least, pago um jantar de lagosta (*) a quem me indicar um candidato a vice-presidente que estivesse convencido que "África" é um país. Juntas de freguesia e agrupamentos desportivos incluidos.



______________________________
(*) inspirado no Sorumbático

Meta-phishing

"11 - 2008

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Service. Abbey Group plc
"


(sic)

quinta-feira, novembro 06, 2008

Onde estavas tu no 19 de Dezembro de 2007? (ou, "Um blast from the past")

(sendo que o blast também é já do ano passado e alguém pô-lo no tube)
Quinze ou vinte anos depois descubro estes macacos no Songbird Club. Estavam vivos e ainda se recomendavam. Nada mudaram enquanto, para quem os ouvia antes, tudo mudou.
Ladies and germs, The Band of Holy Joy com Fishwives:

Prémio "o voto ao metro quadrado é que era"


"Um país às cores

Olhando para a América de 2008 e a de 2004, parece que uma das maiores diferenças é que a vitória Democrata não muda a cor de quase todos os Estados, ao contrário, por exemplo, do que aconteceu nas últimas presidenciais. Uma das razões é porque os democratas ganham nos Estados com mais população, claro. In any case...


publicado por Henrique Burnay às 01:58"


Tem graça que os australianos ainda não se lembraram desta.

quarta-feira, novembro 05, 2008

Morreu Yma Sumac



A auto-intitulada princesa inca dava conta de quatro oitavas sem franzir um sobrolho.
Paz à sua divindade.

domingo, novembro 02, 2008

Felaccios - A culpa é do Socialismo

Felaccio nº1: A Freddie Mac e a Ferggie Mae (ou lá o que eram) foram entidades fundadas no New Deal. Como elas foram as responsáveis pelo sub-prime, a culpa do sub-prime é do New Deal. Como o New Deal é socialista, a culpa é do sub-prime é do socialismo.

Ou então: O Lehman Brothers faliu. Faliu, porque arriscou demais a comprar créditos de alto risco, que depois revendeu, cobrindo parte do risco em excesso. O Lehman Brothers faliu porque foi culpado pelo sub-prime. O Lehman Brothers foi fundado em meados do século XIX, em pleno auge do liberalismo. Logo, a culpa do sub-prime é do liberalismo.

Felaccio nº2: Os investidores privados foram obrigados a cobrir os excessos de risco assumidos pela Fredie Mac e pela Ferggie Mae (ou lá o que eram) devido às pressões sinistras e poderosas dos governos e da máquina estatal. Eles foram "obrigados" a fazê-lo. Logo, a culpa do sub-prime é da excessiva intervenção dos governos nos mercados. Não foi resultado da ganância e imprudência dos investidores e gestores privados.

Ou então: O Bin Laden destruiu as Twin Towers porque a política de George W.Bush e dos EEUU oprimia o mundo Muçulmano. Ele não o fez porque é um terrorista que pretende tomar o poder na Arábia Saudita. Ele fê-lo porque as criminosas políticas de Bush o obrigaram a tal. Logo, a culpa do derrube das Twin Towers é de W., claro.

Aos piadistas do Oliveira de Figueira

Produzimos menos que consumimos. Isso significa que parte do país anda a vender à outra o que ninguém faz. A bem de cada um fazer pela vidinha, tornamo-nos um país de "consultores comerciais", gerentes émebiados, percenteiros de ALD na garagem.
Estavam agora à espera que os nossos representantes fossem o quê?

Os países civilizados também têm universidades com "tectos de vidro"

Credere, Obbedire, Combattere

Em Portugal, o entusiasmo pela possível vitória de Obama é compreensível: para muita gente, e mais que outra coisa, esta representa o fim da era Bush e da política que aqueles trogloditas impuseram a um mundo onde não têm mandato. É certo que há um elemento histriónico a ajudar na conversão, como ficou provado com o célebre debate Kennedy-Nixon e o sucesso das respectivas prestações consoante a assistência era televisiva ou radiofónica. Nesse ringue de personagens, Barack aparece como uma espécie de Morgan Freeman rejuvenescido para salvar o planeta da catástrofe; com John McCain, percebo não haver heroísmos de passado guerreiro que o resgatem daquela postura esclerótica e vozinha de rato Mickey.

Noutro tipo de nativos, e talvez porque se julguem de direita, o esforço emocional e estilístico depositado nos ataques à candidatura democrata não consegue deixar outra impressão que não seja de ou pavlovianismo partidário (como se o partido republicano desse algum valor a lealdades de periferia), ou dor-de-cotovelo pela derrota anunciada (como se o partido democrático americano partilhasse alguma radícula que seja com a esquerda europeia). Defesa de programa de governo proposto pelo veterano de guerra, nem o cheiro.

Aliás, se houve tentativa de algum comentário mais construtivo para apoio da candidatura republicana durante esta campanha, aconteceu por causa de Palin. Infeizmente, a demência dos argumentos convence qualquer um (menos os próprios) que a apologia só poderia ser da autoria de alucinados para quem um alce empalhado ou o ceguinho do metro também seriam excelentes candidatos a vice-presidentes do mundo inteiro, desde que lhes fossem religiosamente apontados pelo glorioso GOP.

_____________________________________________
Declaração de desinteresses: não voto nas eleições americanas e não apoio qualquer candidato.
Esta posta não tem qualquer referência directa ou indirecta às opiniões do Aardvark.

segunda-feira, outubro 27, 2008

A ver navios

Eu, se fosse o MST, ia à procura do computador junto ao rio.

domingo, outubro 26, 2008

Orgulho

Orgulhar-me-ia de ter escrito este post do Pedro Mexia.

Enterrem definitivamente a revista, p.f..



Foi sempre assim: quando consegue fugir à rábula do padre ou político, à cançoneta e ao trocadilho de liceu, a comédia portuguesa torna-se genial.
Livrem-se agora do grotesco que lhes serve de muleta que já estão no bom caminho.

sábado, outubro 25, 2008

I kid you not



As moscas-do-vinagre, Drosophila melanogaster, têm um cérebro muito pequenino e reproduzem-se constantemente. Dadas as semelhanças, e o facto de dispormos já de bastante informação genética, seria um excelente sistema animal para investigar o desenvolvimento e comportamento social de organismos mais primitivos como os Sarah palin.

Vídeo descoberto via Jugular.

ADENDA:


Richard Wolffe, correspondente na Casa Branca para o Countdown da MS-NBC: "Keith, I am going to be as restrained and measured as I possibly can about this. But this is the most mindless, ignorant, uninformed comment that we have seen from Governor Palin so far. And there has been a lot of competition for that phrase."

sexta-feira, outubro 24, 2008

A nova realidade

O telefone Vermelho já não liga Washington a Moscovo.

Liga Tóquio a Pequim.

Islândia

Não é, obviamente(?), o país do Islão.

The Communards - Don't Leave Me This Way [7

Pink pop

A música e o queijo

Gosto tanto de música como de vinho. Por isso sou pouco esquisito e consumo sem pudor as maiores zurrapas.

Pet Shop Boys - Always On My Mind

A-ha - Take On Me

ryuichi sakamoto - rain(live)

John zorn - batman (naked city)

Laura Branigan - Self Control

Tom Waits Big In Japan

Alphaville - Big In Japan

Guano Apes - Big in Japan Live TOTP

quinta-feira, outubro 23, 2008

terça-feira, outubro 21, 2008

Alegria

Neste momento de refundação (a possível) do sistema em que vivemos, chamemos-lhe o que quisermos, tudo se põe em causa.

Alegra-me que assim seja.

Já não era sem tempo.

Fico comprazido (ufa!).

A vingança do Inglês

Mal acabasse o Europeu, trocavam Queirós por Scolari. Só acho que, para finalmente vencerem a selecção portuguesa, também não seria preciso tanto.

segunda-feira, outubro 20, 2008

Gato Fedorento - Gajo de Alfama

Um dos melhores sketches dos gatos.

Eu sou como o gajo de Alfama

Dispersão de risco

Hoje, fizeram-me a seguinte analogia entre a crise do subprime e o seu modelo de gestão de risco e a forma como muitas empresas funcionam hoje em dia:

Não é só na crise do sub-prime que se revelam os dotes dos artistas da gestão para a dispersão do risco.

Nas empresas é comum hoje em dia vender-se produtos que não se tem (tipo mercado de futuros) e comprometer (sem consultar) as áreas técnicas com os prazos acordados, delegando-lhes a responsabilidade do seu cumprimento.

Este modelo de "dispersão de risco" é igualzinho no princípio ao modelo que levou à crise do subprime (desonestidade, irresponsabilidade?).

Cumprem-se objectivos de receitas e objectivos pessoais em troca do aumento dos custos operacionais da empresa e do sacrifício daqueles em cima de quem o risco foi disperso.

Isto é uma questão de (de)formação moral. É uma questão de verdadeira (falta) de educação, de ganância e de hipocrisia.

domingo, outubro 19, 2008

Hipocrisia

Ninguém se condói hoje em dia a atacar o capitalismo especulativo e a glorificar o seu fim.

Andaram calados que nem ratos, com medo de perder o emprego e a reputação e entusiasmados a jogar na bolsa.

Agora rugem como leões.

Mas o capitalismo não acabou e depressa estará de volta.

E lá irão eles calar-se outra vez.

Finalmente, a origem da crise do subprime

Começou realmente com Reagan (e Thatcher)

Quando começaram a desmontar o sistema de segurança social tiveram de substituir contrato social existente, para manter as pessoas sossegadas.

Os Ingleses e Europeus não foram tão longe. Por outro lado, o kinship existente nos países Europeus forma parte desse contrato social.

Nos EEUU foi-se mais longe, desmantelada a segurança social, o contrato social baseou-se exclusivamente no crescimento económico e no aumento do consumo privado.

Impostos baixos, investimento externo, crédito fácil, aumento do consumo, mesmo com empregos mais precários e mais mal pagos.

Tudo isto para substituir a segurança social, mantendo os pobres sossegados, endividados, com casa e a consumir.

E um dia a casa foi abaixo.

Pergunta (racista! muito, muito racista)

Será que os liberais acedem ao portal do sapo?

Survey

Uma pergunta no sapo, hoje, é se as pessoas gostam da música de Ney Matogrosso.

O resultado da eleição é o seguinte:
Sim: 1654
(24%)
Mais ou menos: 1807
(26%)
Não: 1932
(28%)
Não sei quem é: 1506
(22%)

Surgem assim duas hipóteses aos vencedores, aqueles que não gostam da música de Ney Matogrosso.

Podem formar uma coligação políticamente coerente com aqueles que não sabem quem é, adoptando uma política de combate ou indiferença à música de Ney Matogrosso. Essa política seria coerente mas esta coligação tem uma maioria mínima de votos em comparação com aqueles que gostam, muito ou mais ou menos, da música de Ney Matogrosso.

Podem alternativamente optar por um bloco central, coligando-se com aqueles que gostam mais ou menos da música de Ney Matogrosso e obter assim uma maioria sólida.
Mas a política resultante dessa coligação será equívoca.
Os que gostam mais ou menos da música de Ney Matogrosso não vão consentir uma política que persiga, descrimine ou fique indiferente à música de Ney Matogrosso.
Como tal, esta coligação, tendo uma maioria estável, não permite a apresentação de um programa coerente.

Está em aberto portanto qual a decisão daqueles que não gostam da música de NeyMatogrosso

com letras pequeninas

dito isto tudo, continuo a achar que o mccain é melhor escolha que o obama, que tem demasiadas ligações perigosas para o meu gosto. uma questão de família. mesmo com o apoio do sensato collin powell. mesmo com a catastrófica escolha de sarah palin para a vice-presidência.

E o burro sou eu?

Parece incrível, mas façamos a comparação.

Os gestores financeiros são (eram) mitificados, pagos a peso de ouro e vistos como super-homens: trabalhavam 25 horas por dia, levavam uma vida invejável e ainda punham o focinho nos media para criticar os políticos e a sua falta de amor ao mercado, declarando-os responsáveis pelo declínio do poder e competitividade do Ocidente.

Os gestores são os indivíduos indigitados pelos accionistas das sociedades cotadas em bolsa para gerirem as ditas sociedades das quais os accionistas são os legítimos proprietários.

Na realidade, os gestores estão para os accionistas como os políticos estão para os cidadãos.

Os cidadãos são, na realidade, accionistas do estado.

Comparemos agora a eficácia com que os cidadãos e os accionistas têm controlado a sua propriedade e as pessoas a quem entregam a procuração para a administrar.

Os políticos ganham muito menos que os gestores embora o seu âmbito de responsabilidades seja muito maior.

Quando são despedidos não levam indemnizações milionárias (na melhor das hipóteses, tornam-se gestores).

Estão muito mais sujeitos ao escrutínio dos media e, não só não são deificados, como toda a gente diz mal deles.

Ou seja, os cidadãos accionistas, como eu, são mais exigentes e exercem um escrutínio bastante mais apertado sobre os procuradores que administram as suas posses do que os educados investidores e gestores de participações que assumem papel equivalente nas sociedades com capital disperso em bolsa.

E o burro sou eu.

E ninguém se mata?

Em 29, proliferaram os suicídios em Wall Street, como Viriato Soromenho Marques muito bem lembrou no seu artigo da (Visão?).

Na crise actual, até agora ninguém se matou.

Viriato, analisou muito bem as causas, que eu subscrevo integralmente.

Fica aqui o meu resumo: em 29, a honra e a honestidade eram mais valias necessárias para se poder trabalhar no mundo financeiro. Muitos que soçobraram na altura, resolveram pagar com a vida. Não subscrevo a solução, mas na crise actual, aquilo que se vê é os irresponsáveis irem para casa com os seus milhões de indemnização no bolso, sossegadinhos da vida.

Há ou não diferença de moral entre esta sociedade e a de 29? E a sociedade pós 29 ainda veio a ganhar uma guerra mundial e a dominar o mundo. A nossa sociedade só decai.

Com os sistemas de coordenação e controle existentes hoje e a honradez e honestidade de 29, esta crise nunca teria podido aparecer.

Não podem ao menos ser presos ou proibidos de comprar Havanos e comer trufas?

É a globalização, estúpido!

Neste momento, já vários especialistas em economia e gestão explicaram as causas da crise financeira da Europa e US e apontaram várias direcções a seguir.

Como eu não percebo nada de economia abstenho-me de tecer mais comentários sobre o assunto. Pelo menos até ao dia em que me apeteça voltar a falar sobre aquilo que não sei, numa área em que aqueles que mais sabiam quase que destruiram o mundo Ocidental.

Mas vale a pena pegar num ou dois indicadores económicos e analisar as consequências políticas da crise.

De política percebo eu, enquanto eleitor, e assumir que não percebo de política é aceitar a ideia de que a democracia Ocidental (há outros regimes a que chamam democracia mas qualquer um pode pegar numa palavra e dar-lhe a semântica que quiser) não é um sistema político adequado.

Ainda não estou preparado para isso.

Então, indicadores. Um: os valores dos activos detidos pelos países Ocidentais equivale a 2,3,4 vezes o seu PIB anual. Viram o que aconteceu à Islândia? O Ocidente endivida-se com base na valorização dos activos que detém. Se essa valorização dimimuir para metade, significa que vamos passar a poder gastar apenas metade daquilo que gastamos actualmente (grosso modo).
Se o valor desses activos diminuir para metade, ainda correponderá a mais do que o PIB anual de muitos países pcidentais.

Quanto mais alto se sobe, maior é a queda. Por isso é que os Chineses gostam deles altos e loiros.

Dois: quem são os países com superavit na balança de pagamentos e com maiores reservas financeiras? Ou seja, quem pode "pagar o pato"? Melhor ainda: quem é que vai ficar a mandar? A China, a Índia, o Brasil, a Rússia, a democracia de Singapura e os sultanatos do petróleo Islâmicos.

Ou seja, BRIC, países emergentes e sultanatos do petróleo.

Oxalá que sejam a Índia e o Brasil quem pague mais o pato, isto é, que fiquem a mandar.

Mas há dois outros países, Ocidentais, que, ao contrário dos outros, tolos, acumularam reservas,e podem ajudar a pagar o pato.

O primeiro é a Noruega, porque é um sultanato do petróleo e porque é um país "comunista", onde os supermercados são controlados pelo Estado e que não partilha da mentalidade irresponsável que assolou o Ocidente.

O outro é o Japão, que é Ocidental apenas no sentido geopolítico e de quem muitos dizem ser também um país "comunista".

É curioso que um país que está há quinze anos com indicadores macroeconómicos desfavoráveis, tenha agora a capacidade para "pagar o pato" e até concorrer com a China nesse aspecto (tal como, no passado, pagaram a 1ª guerra do Golfo, em quantias discretamente depositadas nos cofres do tesouro Americano)

Talvez seja por eles acordarem mais cedo que toda a gente.

Mas eu acho que as razões são outras e são duas:

1º. Não consomem mais do que produzem, são poupados, trabalhadores, leais ás empresas (como as empresas lhes são leais a eles), estudiosos e vivem, de facto, numa cultura de honradez e honestidade que chega a ser ligeiramente repressiva. Esta atitude explica os indicadores económicos de estagnação, que correspondem à realidade económica de uma economia Ocidental que vê os seus recursos drenados pela competição desleal que lhe é imposta numa economia globalizada e que reduz naturalmente os seus padrões de consumo para não se endividar.

2º Realmente ainda produzem e exportam alguma coisa. O modelo de deslocalização que eles usaram manteve no Japão o essencial do processo produtivo. Não ficaram apenas com as mariquices da moda : o design, o conceito e outras merdas do género, como fizeram nos UUSS e como a Alemanha chegou a fazer (agora está a desfazer). As empresas foram leais ao país e aos operários Japoneses, acharam perigoso para a independência nacional deslocalizar a produção de elementos estratégicos dos seus produtos, confiaram na capacidade superior, know-how, disciplina, dedicação do operário e do engenheiro Japonês e em décadas de conhecimento não escrito desenvolvido numa sociedade com uma indústria centenária.

Por isso aí estão eles, prontos a pagar a crise, odiados pelo governo Chinês, que, como sempre, não consegue mandar neles.

O Ocidente deitou fora tudo isto, em nome do glamour ideológico e consumista idealizado na figura mítica do jovem banqueiro de sucesso, sofisticado e urbano, que em Londres ou NY leva uma vida de actividade profissional frenética, de delírio consumista e hedonista, em busca de uma rápida acumulação de dinheiro.

Os EEUU e o UK foram os mais maltratados mas nenhum país ocidental se safa. A Alemanha já tinha percebido a asneira de deslocalizar a sua indústria e tirá-la das mãos competentes, pacientes e especializadas do operário e do engenheiro Alemães.

Percebeu tarde, perdeu know-how que vai demorar anos a recuperar, mas ainda vale a pena voltar atrás.

Entretanto, fomos todos lixados pelos Yuppies (lembram-se da palavra), que quase destruíram o Ocidente.

Lixados com F grande.

O que se podia fazer com o salário de um gestor de um banco de investimento falido

Dar entre 100 e 500 bolsas de investigação a jovens doutorados e candidatos a Doutor nas áreas da física pura e fundamental, matemática, ciências humanas, etc.

A química, biotecnologia, medicina, etc, estão bem fornecidas.

Na física, tem-se desenvolvido a ciência dos materiais, e há um progresso picométrico na física da partícula.

Mas desde o Nazismo e da imigração para os EEUU dos físicos Alemães, não tem havido nenhum progresso disruptivo na física teórica e fundamental.

A matemática, as ciências humanas e a filosofia, com excepção da Psicologia e das autoproclamadas "Ciências da Comunicação" (propaganda ao bom estilo de Goebels e Trotski?), têm estado votadas ao abandono.

O Ocidente só recupera do seu declínio se recuperar e financiar o gosto do conhecimento pelo conhecimento, a curiosidade epistemológica.

Só recupera, como recuperou no passado: através do respeito pela cultura e pela ciência, pelos progressos disruptivos que estas podem proporcionar; só recupera, recuperando os valores tradicionais do humanismo ocidental, gerados nos últimos 500 anos e tão vilificados nos últimos 25.

Só recupera se o intelectual independente e o cientista puro (o cientista filósofo) recuperarem o prestígio de que gozaram no passado.

Entretanto, à direita...

Ali no Corta-fitas já não foi tanto um(a) cisma o que precipitou as mudanças. Ironicamente, parece que a causa do abandono solidário de blogueiros está na saída de P.C.P. por desvio à linha editorial.

A/O Cisma



Zangaram-se, digamos assim, quando se preparavam para ultrapassar em visitas o Abrupto, e o Blasfémias, e mais não sei quem.
Pela minha parte, continuarei a seguir com branco e ecuménico interesse as vozes saídas dos púlpito e antipúlpito desta esquerda blogosférica.

quinta-feira, outubro 16, 2008

OE 2009 explicado às criancinhas

Vai aumentar a despesa para estimular a procura interna. Crêem os senhores do governo que assim se ressuscita o crescimento económico. Crêem também que tal é suficiente para ganhar as próximas legislativas.

Mas se não há aumento produção que dê receita para benesses (ou para satisfazer o consumo), de que cartola vem este coelho?
Do endividamento externo, claro.

As eleições em Portugal são como os carros: pagamo-las a preços dinamarqueses mas com salários de búlgaro.

OE 2009

Aí está ele.
Não digam que vêm daqui.

quarta-feira, outubro 15, 2008

Comentário de café aos nóbeis

O que prova que o prémio para a economia foi bem escolhido é que aqueles que investem o dinheiro deixado pelo sr. Alfredo tiveram dividendos suficientes para o pagar.

O ninho do cuco

Diz Medeiros Ferreira, certeiro como sempre, no seu Bichos carpinteiros:

"No meio da crise financeira cis-atlântica, há um país que continua igual a si próprio: a Suiça.Os bancos helvéticos ainda não pediram qualquer aval ao Estado."

Porque será?

1509: Guerra de Impérios

A Guerra das Estrelas é para miúdos. O Senhor dos Anéis também cheira um bocadinho a leite azedo. E já nem falo daqueles espartanos de tanga...

3 de Fevereiro de 1509, ao largo de Diu.
De um lado, um vice-rei rebelde, sedento de vingança pela morte do filho.
Do outro, as armadas da Sereníssima República de Veneza, do Império Otomano, do Sultanato Mameluco do Egipto, da República de Ragusa (Dubrovnik), e dos Sultões de Calecute e de Guzerate.
Ao todo, mais de cem barcos de guerra.
O prémio, o domínio dos mares e do comércio mundial.


Disto é que deviam fazer filmes, pá.

(via Claro)

Não é sumo de laranja, é laranjada



Julija Tymoschenko nunca foi flor que se cheire embora tenha estado lado a lado com Yushchenko na famosa revolução laranja de há anos atrás contra o candidato pró-russo e as influências de Moscovo. Pergunta-se agora o que a terá feito trocar de fidelidades durante a crise georgiana e acabar com a aliança que mantinha no parlamento com o partido do presidente.

Ora bem.

Julija é dona de uma fortuna pessoal calculada em 11 mil milhões de dólares (ver o interessantíssimo "Casino Moscow" de Matthew Brzezinski, 2001) e um caso exemplar de capitalismo selvagem de leste, começando na distribuição de vídeos (sem piadinhas) e acabando no gás natural que vende aos industriais seus compatriotas a $300 por milhar de metro cúbico.

Em Julho passado, e imediatamente antes da intervenção de Putin na Geórgia, Alexey Miller da Gazprom fez da empresa da primeiro-ministra ucraniana um parceiro preferencial ao vender-lhe o precioso combustível por $179.5/Km3, um preço normalmente reservado para amigos como Viktor Yanukovych (para quem já se perdeu nesta história, o tal candidato pró-russo).

Tendo em conta a enorme dependência da Ucrânia de gás russo e a margem de lucro garantida, 60%, é preciso explicar mais alguma coisa?

terça-feira, outubro 14, 2008

segunda-feira, outubro 13, 2008

Coisas que não interessam a ninguém

No meio disto (...), pode ser que os espanhois um dia nos emprestem dois ou três dos seus linces para irem vegetar para o vergonhoso jardim zoológico de Silves, construido com dinheiro de uma obra (a barragem de odelouca) que vai fragmentar precisamente aqueles habitats que deviam servir de último reduto da espécie em Portugal.

Ucrânia entregue à sua sorte

Gás natural, Polónia e Bálticos: real-politik mais que suficiente para a Alemanha, com o aval dos E.U.A., assinar novos acordos com Putin e vir recusar o alargamento da NATO ao país de Yushchenko.

Ver mais: Stratfor (via Claro).

Entretanto, a crise política provocada pelos fantoches do Kremlin obrigou o presidente ucraniano a dissolver o parlamento. As eleições serão em Dezembro.
Siga a marinha?

Enquanto o parlamento rejeitava o casamento civil para homossexuais

O que eu andava mesmo a pensar é se insolubilidades iminentes ainda irão dissolver algumas daquelas uniões de facto (4? 10? 30 anos?) que por aí se celebraram à doida em sede de agência bancária.

Um questão geracional, talvez

Não foi no mesmo dia, foi quase duas semanas antes :)

Haider morreu mas podemos dormir descansados


O homem correspondia em pleno à caricatura dos filmes do pós-guerra: filho de membros austríacos do Partido Nacional-Socialista alemão e herdeiro de uma fortuna pessoal com origens menos escorreitas (propriedades do tio que as teria 'confiscado' a um judeu italiano desaparecido durante a guerra...).

Dizem que Jörg Haider era o único obstáculo a uma aliança entre o FPÖ (Partido da Liberdade) e o BZÖ (Aliança para o Futuro da Áustria). Receiam os mesmos que agora seja possível traduzir os quase 30% de votos conjuntos em ministérios de extrema-direita.

É verdade que o antigo delfim de Haider e actual líder do rival FPÖ, Heinz-Christian Strache, fez da intenção de expulsar imigrantes o seu cavalo de batalha e esse é terreno onde as duas tribos não se atropelam.
Mas acontece que Haider tinha moderado o discurso nos últimos anos e o seu eleitorado, consequentemente, também mudou. De neo-nazis declarados, votavam nele agora os racistas envergonhados que a participação no governo do ÖVP (Partido Popular, conservadores) desiludiu no plano económico.

Por isso mesmo não acredito em bruxas. Um Haider moderado talvez pudesse ser considerado aceitável numa coligação de direita com os conservadores. Mas Strache representa o Haider do passado, quando a Europa isolou diplomaticamente o país em protesto contra a presença do líder extremista no governo. Assim, embora o bloco central que tem governado a Áustria (e que precipitou as eleições) esteja desgastado e os 30% de Strache sejam muito apetecíveis para uma maioria de direita no parlamento, o ÖVP aprendeu a lição de 1999 e duvido que volte a convidar caricaturas daquelas para seu gabinete.


Fora a política, quis a ironia do destino que este paladino da pureza e ordem germânica fosse morto por violar a lei conduzindo um carro da VW, construtor criado por Hitler, ao dobro da velocidade legal, e depois de passar a noite numa discoteca.

quinta-feira, outubro 09, 2008

Uma parábola do monetarismo

E dos tristes tempos que vivemos?

I Get Around

The Lehman Brothers?

Valorização de activos

A marca Lehman Brothers pode ser vendida a uma banda.

Ficava bem.

terça-feira, outubro 07, 2008

A crise do subprime explicada às criancinhas

Há quem diga que já nem liga ao feriado do 5 de Outubro

São más-línguas. Só foi assim porque calhou a um domingo.

domingo, outubro 05, 2008

Vão mas é trabalhar!

Não consigo perceber

Tanta emoção àcerca das casas atribuídas pela câmara de Lisboa a camaradinhas, e não só.

Há anos que se sabia que as pessoas mais inesperadas ganhavam os concursos para as melhores casas que a câmara dispunha. Que sorte!

De qualquer forma, ainda bem que o assunto foi tornado público.

Só acho estranho é que as virgens ofendidas não se manifestem com tanta veemência contra os negócios que o estado faz com os grandes grupos privados.

Se o palerma de esquerda arranja um negociozito miserável e mesquinho para arranjar a vidinha, é crucificado como Cristo, mas se o tubarão de direita sonega milhões ao estado em negócios de construção civil, PINs, defesa ou segurança, fica tudo sossegadinho e ninguém pia.

Claro!

A sinopse



"São... Personagens que estão entre o que são e o que querem ser... Um pouco como nós, se tivessemos um narrador omnipresente."

Mas que a autora é gira, lá isso é.



via Corta-fitas
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PS.: Aardvark, sossega o facho.

Eh pá!|

A Timoshenka é que podia chicotear-me e torturar-me à vontade!

Que diabo, nunca consegui aranjar uma laika daquelas!

sexta-feira, outubro 03, 2008

E a cadelinha diz que sim

O urso volta às declarações bombásticas que costumam preceder as intervenções bombistas:

"Pointing to a report published in Russia's Izvestiya newspaper this week, Mr Putin said Ukrainian weapons and military experts may have been used in combat against Russian troops during the brief war with Georgia in August.

If Russia received proof of Ukraine's military involvement, Moscow would 'build its relations accordingly with those who allowed this to happen', he said.

Ms Tymoshenko
[a primeiro-ministra ucraniana] said she was confident that 'such facts [would] not be confirmed'."

O "accordingly with those" traduz-se por sentar a Laica ao colo e atacar o seu presidente, o quase-assassinado Yushchenko.

O Ocidente nem comenta. Siga a marinha.


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Correcção: nesta posta dei como acordada a retirada da Esquadra do Mar Negro de Sebastopol para o ano 2012; na realidade, o pres. Yushchenko tinha arrancado do também então pres. Putin a retirada dos russos de território ucraniano em 2017. Desculpas pelo erro.

quarta-feira, outubro 01, 2008

Love it or leave it, pás



Em boa hora sacado ao Lusitânia Insólita.

Postais de férias, 3

Pubs rigorosamente iguais aos de Great Yarmouth, bifes a emborcar canecas às 3 da tarde, clones de pizzarias, lojas de pechisbeques e bonés de praia "Algarve", stag parties deprimentes a lembrar Bratislava, ementas com três pratos medíocres ao preço de nove, mais bolonhesa da ordem, muito neon, muito cardhu (blegh!), e muita possidonice. Nem um único letreiro em português.
A regra dos quinze por cento de área construida, rigorosamente mantida durante décadas, acabou, os mamarrachos explodem por todo o canto e são impingidos ao incauto no meio da rua, com isco de passeio turístico "gratuito".

A albufeirização de Vilamoura está completa.

Postais de férias, 2

Para entrar em Sutton Hoo, Inglaterra, e ver ao longe dois ou três montes de terra (são túmulos de anglos importantes mas ninguém sabe de quem ao certo) paga-se os olhos da cara. Mas com o dinheiro, o National Trust financia a investigação sobre os mesmos e construiu um museu ao lado onde se conta a história da ascenção e queda do povo que deu o nome ao país.
Há projecção de documentário vídeo e reconstituição à escala do principal túmulo (com barco e tudo). Os painéis incluem o relato da descoberta arqueológica nos anos trinta. Há letreiros, mapas, guias auriculares (com leitura de poemas coetâneos), um chorrilho de informação, incluindo um timeline para enquadramento com a história de outros lugares do mundo.
O sítio, para quem não sabe, fica no meio do nada da planície do Suffolk.

O castelo de Silves é quase contemporâneo, vem do século 8.º. Para lá entrar, paga-se um euro e qualquer coisa a um senhor que nos entrega um A5 couché onde está impresso o bilhete-mapa. Há umas vitrines à frente com t-shirts alusivas mas sem vontade estética. E é tudo.

Mais abaixo na cidade, num jardim simpático, uma pequena exposição gratuita de poesia almôada do último rei muçulmano de Silves tem ao dispor cartazes de turismo andaluzes em rama para colecta de turista confuso.

Postais de férias

Era meia-noite, não tinha tabaco, fui à marina.

Da fila para o balcão, avistei um cavalheiro alto, muitas rugas, cara quadrada, olhos pequeninos mas simpáticos, que aguardava pacientemente pela ajuda da empregada.

Tinha um panamá de lona enfiado até às orelhas e foi a voz o que me primeiro o denunciou: era o good Palin.
Na ultra-periferia da Europa e do alto do seu globe-trottismo, parecia indiferente ao circo político levantado pela sua homónima provinciana e muito mais preocupado em regatear um porto razoável debaixo do anonimato de bife forreta.

terça-feira, setembro 30, 2008

A mais bipolar das duas bandas

A queda do império!

Talvez já tenham percebido...

Que eu não exulto com a perspectiva do desaparecimento do Capitalismo.

Eu temo o desaparecimento da Democracia.

Periferia e percepção

Ouvido ao almoço: "Viena é a 3ª cidade europeia com maior número de assaltos, 23 por mil habitantes!".

Presumo que se comparava uma cifra anual com outras diárias. Não é só em Portugal que os loucos justificam o pânico com números e tudo.

O Ser Hergróvino

Teve alguém mas só deu beijos.
Se a língua se descuidava, lavavam-na imediatamente com álcool.
Existe, segundo o próprio, um em dez milhões.
Certa vez, passou a noite inteira no pátio do oitavo andar para estar ao pé do sono dessa amada que dormia no 7.ºD.
Não "pode" ter relações sexuais. Bebe entre quatro e meio a seis litros de coca-cola por noite, directamente da garrafa de um e meio. Tudo sempre de fato e gravata.
Diz-se especialista em dança tecno.

Lisboa, 6 I 1999

Pequena nota sobre as Nationalratswahlen in Österreich 2008


Uma aliança entre o FPÖ e o BZÖ é tão provável como, por cá, o PCP se vir a juntar ao BE.

Preocupante sim é que quase um terço do eleitorado se deixou ir na cantiga de dois xenófobos.

E olhem que estamos muito, muitíssimo longe de dizer que há um surto de criminalidade violenta nas ruas de Viena ou Graz...

segunda-feira, setembro 29, 2008

E não é obrigatoriamente de consulta pública?

"PS: Passado o torpor do escândalo, interessante mesmo era conhecer a listagem dos restantes três mil e tal inquilinos e os critérios que presidiram à atribuição de cada casinha. Talvez desse para perceber melhor algumas comissões de honra…"

Notícias preocupantes

"Venezuela orders 1 million laptops from Portugal
- one of several bilateral deals that Portuguese officials valued at more than US$3 billion.
"

No International Herald Tribune online

Obama, filho

Não ataques a demência de Palin. Ataca antes a demência de quem a escolheu.

Este fim-de-semana vi televisão

E nela, o blogger Bernardo Pires de Lima.
BPL, num programa qualquer de informação (SIC Notícias?), fazia comentários a notícias dos jornais.

Uma senhora (jornalista?) perguntava-lhe, "então e que acha disto?" e BPL resumia o conteúdo do texto do jornal e acabava com "e isto parece-me preocupante".

Por exemplo, a terceira visita de Hugo Chavez a Lisboa é, para o investigador em relações internacionais, "deveras preocupante" (ou coisa assim do género). Infelizmente o leigo telespectador não teve direito a qualquer argumento que desse substância àquela confissão e a senhora, reverente, sediava-se pela mona lisa.

No mesmo registo, Marcelo Rebelo de Sousa diz umas coisas ao domingo numa rubrica apêndice de um telejornal diário. Em horário nobre, despacha meia-dúzia de conselhos de leitura lendo os títulos, os autores e as editoras directamente da capa dos mesmos. Às vezes, quando o autor é conhecido (leia-se, é presença certa no top da Barata), até faz referência a uma obra anterior que toda a gente tenha na estante. E.g., "Depois de Equador, Miguel Sousa de Tavares volta a escrever um romance histórico (...)", e segue para o próximo.
A análise à política externa também não é o seu forte.

E, finalmente, a ficção.

Há novelas até às duas da manhã. Quando não há novelas até às duas da manhã, há concursos ou realities até às duas da manhã (eu sei que estes não são ficção mas prefiro acreditar que sim).

Há por aí pérolas, estou certo. Mas, no cômputo geral, a SIC Radical, em q.b., entretém; e a RTP2, em meio ao charco, brilha como uma caveira cravejada de diamantes (aí está a referência a fait-diver de Expresso no melhor estilo MRS).
O resto faz-me sentir um bocado marciano.

P.S. que já me esquecia disto: apesar da necessidade imperiosa dos portugueses, morro-e-estalo-todo-senão-tenho-um-plasma, diria que 95-99% das emissões são em 4:3.

quarta-feira, setembro 24, 2008

terça-feira, setembro 23, 2008

LOVE

domingo, setembro 21, 2008

Outra manipulação

Os Direitalhaços insistem em falar apenas das empresas "salvas" pela administração Americana: a Mae Fae, ou lá o que é, e a AIG.

Sendo as primerias semi-públicas, usam-nas como exemplo do fracasso do "Socialismo".

Mas e os Bancos já salvos, e os falidos, o Lehman Brothers, o Merrill Lynch?

Também são exemplos do Socialismo?

Que Diabo! O que é que não é exemplo do Socialismo então? A Lenovo? O Banco da China?

Percebi o problema: o Liberalismo falha porque não é aplicado como deve ser. Claro! Como é que eu não tinha pensado nisso? Afinal, aconteceu o mesmo com o Comunismo.