domingo, julho 29, 2007

Natalidade

O imparável João Miranda é investigador em ciências biológicas (deve ter muito tempo para olhar para as moscas :) ) e blogueiro no blasfémias , esse presuntivo blogue do putativo liberalismo.

Nas suas deambulações de dogmático estilo marxista, comissário político do purismo liberal, escreve hoje no DN sobre a natalidade, lamentando que as medidas governamentais de incentivo à natalidade incentivem acima de tudo a natalidade nas classes baixas não incentivando a natalidade na classe média.

Começo por mostrar a minha admiração pela ausência de crítica ás ajudas governamentais. Devia vir numa das 5500 regras contraditórias do liberalismo Mirandês que a ajuda do estado a certos indivíduos em função do tamanho do agregado familiar é uma violação básica do bom princípio liberal da regulação mínima do estado e do tratamento igual dado a todos os cidadãos.

Mas as regras são 5500, logo são forçosamente contraditórias, logo servem para justificar tudo, como eu exemplifiquei anteriormente aqui.

Sobre a natalidade propriamente dita, acredito que o rapaz seja parte interessada no assunto, mas ele devia começar por olhar para o umbigo da sociedade que ele tanto adora e pensar (há sempre uma primeira vez para tudo) no quanto a vida moderna dissuade as pessoas de ter filhos.

Sem ser cínico basta pensar que: os empregos estão nas cidades, que as cidades são perigosas, têm escolas públicas perigosas e más e escolas privadas caríssimas e onde nem sequer se consegue pôr os filhos sem se ter pedigree de nobreza com pelo menos três gerações.

Que um bairro exemplar como o Parque das Nações em Lisboa não tem um centro de Saúde nem escolas públicas suficientes.

Que não há espaços verdes.

Que os transportes públicos são insuficientes.

Que dois pais que trabalhem as 10 a 12 horas diárias que a bela iniciativa privada exige hoje em dia não só não têm nem tempo para ir buscar os filhos e para os educar como não têm sequer ânimo para os consolar quando eles acordam à noite.

Que há mães em licença de parto a quem é pedido que comecem a trabalhar durante o período da licença (não por real necessidade ou benefício da empresa mas porque as modernas IDEOLOGIAS de gestão assim o exigem).

Que as pessoas casadas e pais de filhos são hoje discriminadas profissionalmente a favor de pessoas solteiras, divorciadas ou sem filhos e com maior disponibilidade temporal e mental para se dedicarem a trabalhos que exigem cada vez mais a dedicação das pessoas.

Sendo cínico, pode-se ainda pensar que, para o capitalismo internacional, é conveniente que as classes médias profissionais não tenham filhos, mimados e exigentes, habituados à liberdade e às regras democráticas.

É preferível a sua substituição por imigrantes, submissos, trabalhadores e pouco habituados a gozar os direitos individuais de cidadania. Toda a gente escreve dizendo que é preciso destruir a preguiça e mordomias dos Europeus: a 1ª guerra mundial já tem 100 anos.

Só refiro esta interpretação cínica e conspirativa porque ela não é da minha autoria mas sim de um profissional motivado, cínico, sem filhos, divorciado e vencedor.

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